segunda-feira

Mais um ano: mais uma repetição a caminho do óbvio, o fim ou a sua antecâmara. Temos de esperar

Suponhamos que existisse no universo um planeta no qual fosse possível nascer uma segunda vez. Ao mesmo tempo, nos lembraríamos perfeitamente da vida que tínhamos na Terra; de toda experiência que teríamos aqui adquirido. Talvez existisse um planeta em que se nascesse uma terceira vez, com a experiência de duas vidas já vividas. E, talvez, um outro planeta e outros mais, em que a espécie humana renasceria, subindo cada vez um degrau a mais (uma vida) na escala do amadurecimento. Nós, aqui na Terra (no planeta número um, no planeta da inexperiência), podemos ter apenas uma idéia muito vaga daquio que acontece com o homem nos outros planetas. Teria ele mais sabedoria? Estaria a maturidade a seu alcance? poderia atingí-la através da repetição? É só na perspectiva dessa utopia que as noções de otimismo e pessimismo fazem sentido. O otimista acredita que a história humana será menos sangrenta no planeta número cinco. O pessimista é aquele que não acredita nisso. A Insustentável leveza do ser - Milan Kundera
Obs: Poderíamos aqui fazer a contabilidade do deve e haver do ano em matéria política, económica, social e tirar da cartola a grelha do passivo e do activo constante dessa miserável conclusão. Mas creio tratar-se dum exercício banal, rotineiro, oco, sem acrescentar valor acrescentado às nossas ânsias, expectativas, projectos, sonhos e objectivos. Pois tudo é vaidade e vento que passa, como diria o Eclesiastes. Tudo é imperfeito nas coisas humanas, portanto, o que se impõe nesta vida é uma moderação da ciência humana, dos nossos desejos e ambições, senão fazemos a mesma figura de um Santana ou de um Meneses, o que é de evitar.
Dentre em breve abrir-se-á o Ano de 2008, e mais uma vez o sol nasce e põe-se e apressa-se a voltar ao seu lugar, donde volta a nascer. Todos os rios entram no mar, e o mar não transborda. Reunimos sabedoria, mais do que todos aqueles que nos precederam, estudamos muito, blogamos imenso, analisamos as acções do governo, da oposição, intra e fora de muros, da economia à sociedade passando pelo ambiente, mas, no nosso espírito, a loucura e os desvarios são sempre os mesmos.
Com mais ou menos inflação, com mais ou menos desemprego, com mais ou menos impostos, com mais ou menos ataques terroristas, com mais ou menos poluição, com mais ou menos guerras no sistema internacional - tudo isso nunca deixa de ser vento que passa. Porque, em rigor, na sabedoria que nos anima, há também muita tristeza, e o que aumenta a sua ciência não deixa de aumentar (também) a sua dôr.
Eis o eterno retorno que um dia nos há-de matar a todos, porque nesta vida também já vimos partir tantos dos nossos amigos que, muitos em tenra idade, quando chegar a nossa vez da chamada, até a vontade de sucumbir já desapareceu.
O chato da vida é que já nada nos surpreende, pois tudo se repete a uma cadência, a um calendário mais ou menos fixo e rígido. Sem surpresas. Nós só temos de esperar pela hora de chamada nessa tal Estalagem de que falava o Pessoa - que ainda não "morreu". Porque, em rigor, nada mais nos resta fazer, senão esperar.
E o ano de 2008 - pode ser mais um ano de vida, mas também pode ser um ano de morte, de riqueza mas também de miséria, de progresso espiritual, mas também de retrocesso e de fragmentação. Pode ser, afinal, o que Deus quiser, e eu temo tantas vezes que Deus já não pode..., nem com uma "gata pelo rabo".
O ano novo espreita, com as rotinas e as limitações do costume. Preparem-se, portanto, para as habituais repetições. Basta olhar para os ponteiros de um relógio para se perceber melhor esta circularidade do tempo. E por vezes os ponteiros até já estão calcinados, só que o tempo, fora do mostrador, não pára.
E na impossibilidade de o Homem "congelar" a dinâmica do tempo, só lhe resta continuar a fazer aquilo que sempre fez: esperar...

O que José António saraiva disse (e escreveu) de Vitor Constâncio

Por vezes o ex-Director do Expresso, José António Saraiva e Vítor Constâncio encontravam-se socialmente, e é uma dessa conversas sociais que aquele narra no seu livro Confissões de um director de Jornal, Dom Quixote, pág. 117-118. Reza assim:
[...]
"Confesso que estranho o seu nervosismo naquilo que é uma simples brincadeira de férias. À noite pleneámos umas partidas de xadrez. Durante o jantar Constâncio explica que tem dezenas de livros de xadrez, talvez uma centena, e que agora é forçado a jogar contra o computador porque entre os seus conhecidos já não tem adversário à altura. No primeiro jogo eu comçeo a ganhar vantagem, um dos filhos mete-se com ele, diz-lhe qualquer coisa como: "Estavas aí com tanta garganta e estás a perder com o Saraiva", ele volta a enervar-se, manda o filho embora com um gesto brusco, mas acaba por ganhar facilmente o jogo. Com o meu cunhado acontece aproxidamente o mesmo: Constâncio começa a perder, enerva-se, mas finalmente ganha. [...]
"Uma sexta-feira - estou eu na sala dos gráficos a fechar o Expresso - a Maria João Avillez, acabada de chegar da rua, pergunta-me bruscamente:
- Ó Zé António, é verdade que o Vítor Constâncio lhe ganhou ao ténis e ao Xadrez?.
Respondo que sim, embora surpreendido com a pergunta.
- Quem é que lhe disse isso? - quero saber.
- Estive a falar com o Vítor Constâncio e ele disse-me que você o ataca nas suas crónicas para se vingar de ele lhe ter ganho ao ténis e ao xadrez - explica-me.
Quase caio de espanto. Como é possível? Mas é. Um tempo depois, numa pastelaria da Rua Nova do Almada, o Cáceres Monteiro far-me-á a mesma pergunta. E até Balsemão ouvirá queixas de Vítor Constâncio contra mim.
A situação, para além de surpreendente, é absurda.
Os que me conhecem sabem que sou particularmente cuidadoso na referência a pessoas que possam pensar que algo me move contra elas (o que nem sequer é o caso, até porque nunca tive quaisquer pretensões ao ténis ou ao xadrez...). E jamais usaria as páginas do Expresso para fazer ajustes de contas pessoais."
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Marcelo vs Balsemão
cit. in JAS, Confissões de um director de jornal.
"Um dia, no Algarve, o professor André Gonçalves Pereira surgiu na piscina da sua "Casa Redonda" na Quinta do Lago com o Expresso na mão, a rir, e disse para Francisco Balsemão (que era convidado):

- Já viste o que o teu jornal diz de ti? - Balsemão respondeu não ter visto ainda e Gonçalves Pereira informou: - Diz que és - "lelé da cuca".

Na segunda-feira de manhã, em Lisboa, Balsemão mandou chamar Marcelo Rebelo de Sousa e, com o Expresso aberto na secção Gente, perguntou-lhe:

- Sabe quem escreveu isto?

Marcelo disse-lhe que não, que não sabia. Balsemão pegou então no original escrito à máquina, onde, a meio de uma notícia, se intercalara a frase "Balsemão é lélé da cuca", escrita indubitavelmente pela mão de Marcelo.

- Esta não é a sua letra? insistiu Balsemão.
Marcelo reconheceu a autoria, mas apressou-se a explicar:

- Sabe, eu tinha a suspeita de que a revisão estava a trabalhar muito mal e fiz isso para os experimentar. Infelizmente, verifiquei que era verdade.

Balsemão limitou-se a dizer:

- Não preciso de mais nada. Pode sair.

Uns dias mais tarde, em casa de Balsemão, na Quinta da Marinha, teria lugar um pouco edificante epsiódio, com Marcelo a pedir desculpa a Balsemão e a dizer-lhe que o via como um pai."

Cadilhe que vá "protestar" para outro lado...Aposte-se em CSF para o BCP

A conduta de Cadilhe, sob pretexto de lavar a sua honra suja pelas declarações do governador do BdP (Vitor Constâncio), não deixa de ser uma candidatura oportunista para marcar mais uns pontinhos na opinião pública em Portugal... Melhor fora que ele assumisse definitivamente que queria ver Luís Filipe Meneses fora da liderança do PSD. Não sendo uma coisa nem outra, ele que estivesse quieto, ou então que fosse protestar para...
Cadilhe diz que a sua lista é de «protesto»

Obs: O BCP, enquanto instituição financeira não é má, tem tido é gestores estranhos, que têm lesado os accionistas, desviando verbas, praticando ilícitos para efeitos de enriquecimento em causa própria. Acresce que o BP, a CMVM e demais agências de supervisão não têm fiscalizado atempadamente as irregularidades graves que têm sido denunciadas a seu tempo. Agora, até Miguel cadilhe elabora uma "lista de protesto" contra o bcp - com vista à conquista da sua presidência, apenas para limpar a sua honra, pelos vistos suja pela lama de Vitor Constâncio (governador do BdP), quando afirmou que todos os administradores do bcp foram responsáveis pelo estado de coisas a que o banco actualmente chegou.

Com tanto azar que a instituição tem tido, apesar dos lucros, e, agora com mais esta lista de protesto de cadilhe, pergunto-me por que razão o mesmo cadilhe não vai alí para Seattle, nos EUA, protestar contra os subsídios que o governo dos EUA concede aos seus agricultores, ou vai para a porta das multinacionais a operar no Norte, bem perto de si, para evitar que cometam mais um acto de deslocalização deixando pelo caminho mais umas centenas ou milhares de desempregados no quadro desta globalização predatória que temos vindo a assistir em Portugal...

Por outro lado, o que é que o sr. cadilhe tem feito pela captação de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) de qualidade em Portugal? Nada. Ou melhor, o mesmo que Basílio Horta do cds, que já deveria ter sido dispensado por este governo por manifesta ineficiência e inutilidade política.

Bem sei que Cadilhe tem todo o direito a indignar-se pela forma como viu a sua honra ou dignidade profissional afectada pelas declarações do governador do BdP. Isto até parece que já é algo que vem do tempo de construção das Torres das Amoreiras, sabe-se Deus por que razão!!! Mas Cadilhe também terá de compreender que a economia nacional, de que o bcp é uma peça importante, não gira em torno do seu umbigo.
Se Cadilhe "os tivesse no sítio", deixava-se de diplomacias de pantufas e faria uma de duas coisas - ou ambas:
1) Daria uma conferência de imprensa, a partir do Norte - poderia ser na Torre dos Clérigos ou no Palácio da Bolsa, para ter um ar mais solene, ou até a partir da sede de alguma grande empresa do Norte, e diria tudo aquilo que pensa verdadeiramente sobre a personalidade de Vitor Constâncio;
2) E depois poderia enviar para o Expresso ou para o Público um testemunho escrito do seu pensamento sobre a matéria, para memória futura.

Ora, fazer uma "lista de protesto" para concorrer ao bcp é, além duma brincadeira aos bancos, mais uma coçadela no umbigo orgulhoso de Cadilhe. No umbigo pequenino de Miguel Cadilhe, que, em rigor, se julga um reizinho do Norte.

Penso que o país, e o bcp não estão (mais) para aturar estas pequenas vaidades. Numa palavra, e apesar das limitações decorrentes da opção de Carlos Santos Ferreira, aposte-se nesta candidatura para a presidência do bcp, quem sabe se não é desta que até Joe Berardo (que o apoia) deixa de ser o especulador que sempre foi para se tornar num investidor à séria, i.é, verdadeiramente preocupado com o desenvolvimento e o progresso da economia nacional.

Rui Gomes da Silva é um personagem menor num espectáculo de robertos. Uma cabala...

CGD
Obs: De Rui Gomes da silva só tenho más indicações: como docente duma privada era irresponsável, chegava quase sempre 50 min. atrasado, como político um roberto, pessoalamente arrogante, pois tem a pretensão de pensar que trava ou acelera processos de decisão quando os mesmos são realizados entre S. Bento e Belém. Silva é, afinal, um sub-produto político de Santana, e como este não existe a aparência daquele torna-se um simulacro, uma caixinha vazia, sem ideias, sem projecto e com muito "nada" à mistura.
Rui Gomes da Silva é, em si, uma "cabala" dele próprio.

Meneses, o ventrícolo de Gaia não tem espelho em casa...

• BCP
Candidatura de Santos Ferreira situação de «quarto mundo», diz Menezes
O presidente do PSD considera de «quarto mundo» a candidatura de Santos Ferreira e de mais dois administradores da CGD ao BCP. No Funchal, Luís Filipe Menezes criticou o «tratamento discricionário» do Governo à Madeira. [...]
Obs: Sejamos sérios, por razões de transparência de mercado a opção CSF é problemática no bcp. O inside information e a consequente concorrência desleal são variáveis que poderão manifestar-se a qualquer momento, por força da natureza das coisas.
Mas Luís Meneses, ao ter chamado o que chamou ao seu correlegionário - MMendes (ditador, minorca, etc...) - em sede de campanha eleitoral para a conquista do poder no psd, ao ter comprado os votinhos ao Santana, ao ter todo aquele historial político esquizofrénico de "Sulistas contra Nortistas" é, hoje, um candidato a PM do 5º mundo, sendo certo que a sua opção de negociata de ferro-velho de Sacavém (sem ofensa aos sucateiros em geral) que se saldou por ter injectado Santana Lopes no Parlamento - onde não tem revelado nenhuma vocação e perfil para a função (só diminuindo a figura do tribuno e o estatuto do Deputado da nação - que já andava pelas ruas da amargura) afigura-se como uma opção do 8º mundo. Nem no Corno d´África...
Com este perfil, a questão que se coloca a Meneses não é saber se vai ou não a PM e sentar-se no cadeirão de S. Bento em 2009, a magna quaestio que sobre ele impende é saber quanto tempo (mais) vai demorar a escavacar o que resta do fragmentado PSD e qual a sua próxima bernarda.
De facto, Durão e Santana, essa dupla-maravilha do roque e da amiga da política à portuguesa - estão hoje a pagar bem caro as maldades que fizeram ao País através das suas ambiçõpes pessoais que nenhuma correspondência tiveram com o chamado interesse nacional.
Mas ainda bem que foi assim, doutro modo afigurava-se difícil Socas ter conquistado a maioria absoluta, pela 1ª vez no post-25 de Abril por parte do PS. Nem Soares conseguiu tal proeza, mais imputávél ao demérito do psd do que ao mérito de Sócrates, que em 2005 era muito pouco conhecido dos portugueses. Que, segundo o douto Marcelo Rabelo de Sousa, só sabia falar mediante teleponto. Hoje marcelo tem de engolir em seco e dar-lhe publicamente notas elevadas, apesar de ninguém se prestar ao trabalho de dar uma nota que seja ao dito analista - que hoje muito pouca gente já leva a sério.
Sugira-se a Marcelo mais outro mergulho no rio Tejo, com sorte talvez bata com a cachola no casco de algum pavilhão de navio que entretanto passe, e isso sirva para o fazer acordar..., da letargia em que vai navegando.

O Público gostou desta nossa passagem

Agradar a Cavaco
http://macroscopio.blogspot.com/
Entre Belém e S. Bento, o PM optou por não desagradar a Cavaco, e assim estreita ainda mais os laços que têm, imprescindíveis para um bom entendimento no ano de austeridade que arranca em 2008. Sócrates, ao ter viabilizado a opção Faria de Oliveira, ex-ministro do Comércio de Cavaco, ou outra opção convergente como Catroga, outro "homem de Belém", deu uma "cenoura" a Cavaco. Este está agora "obrigado" a criar um clima psicológico e político de bom entendimento com S. Bento na gestão de dossiers "quentes". (...) Entretanto, a entourage da Lapa, guiada por aquele ventríloquo de Gaia que diz querer ser PM ainda neste século, fica convencido de que foi o PSD do Menezes que travou a opção Carlos Santos Ferreira e convencem-se da ilusão do poder que, de facto, não têm.
PS: Já agora aproveito para desejar um Ano de 2008 produtivo aos jornalistas que todos os dias fazem o jornal Público - e informam e formam a opinião pública em Portugal.
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in Público, 31 Dez. 2007
Iniciativa pouco privada

Em 1975 foram nacionalizados os bancos portugueses. E assim ficaram longos anos por teimosia socialista, pois até 1989 a Constituição considerava irreversíveis as nacionalizações. Mas, ainda antes de eliminada a absurda proibição de privatizar, surgiram novas instituições financeiras privadas.

A primeira foi a Sociedade Portuguesa de Investimento, lançada por Artur Santos Silva e que depois viria a transformar-se em banco, o BPI. Outra foi o Banco Comercial Português, a partir de um desafio lançado pelo governo de Mário Soares a Jardim Gonçalves, então em Madrid. Tal como Santos Silva, Jardim Gonçalves concebeu um projecto bancário e convenceu investidores privados a entrarem como accionistas.

O BCP abriu ao público em 1986 e cresceu de forma espectacular. É hoje o maior banco privado português. Ninguém podia prever os recentes desastres, alguns deles com possíveis incidências criminais, que nos Estados Unidos provavelmente dariam cadeia (mas, aí, o capitalismo é levado a sério, sem contemplações para quem infringe as regras).

É verdade que no BCP existiam certos indícios de mau agoiro, como o exagero dos vencimentos dos seus gestores. Mas as operações irregulares agora apontadas são, pela sua gravidade, algo de invulgar entre nós. E só foram conhecidas porque, no quadro da luta interna pelo poder, alguém do banco fez chegar documentos comprometedores a um accionista (Joe Berardo, que depois os apresentou a quem de direito) – em vez de esses papeis terem sido logo entregue às autoridades de regulação do sector bancário, como a lei determina.

O mais deprimente desta história é o golpe dado à esperança de que, em Portugal, emergisse gradualmente uma nova classe empresarial, afirmativa e autónoma, menos dependente do secular encosto ao poder político e com algum sentido cívico e ético. Ainda antes de se falar em Armando Vara para vice-presidente da proposta nova administração do BCP, liderada pelo até há poucos dias presidente da concorrente Caixa Geral de Depósitos (Santos Ferreira, um gestor competente, ex-deputado do PS), Vasco Pulido Valente disse o essencial no Público do dia 23: “não se engana quem desespera do capitalismo português”, considerando “simbólico” que o maior banco privado nacional passe a ser presidido por quem mandava na estatal CGD.

Esquema no qual se empenhou António Mexia, presidente da EDP, empresa que o Estado ainda controla com a sua golden share. Segundo o Público, Mexia terá ponderado candidatar-se ele próprio à presidência do BCP, sendo de tal dissuadido... pelo primeiro-ministro, que precisa dele na EDP.

Claro que há em Portugal empresários autênticos. Mas representam a excepção. A regra, desgraçadamente, continua a ser a do conúbio, directo ou indirecto, com o Estado. É a antiquíssima via portuguesa para o capitalismo. E é sabido que governos considerados de esquerda, como o actual, costumam facilitar a vida aos empresários, ou a parte deles.

O desejo de alguns agentes económicos de estarem próximos do poder politico explica muito do empenho posto na defesa dos chamados centro nacionais de decisão empresarial (lembram-se?). Querem estar no quentinho, junto ao Estado que lhes proporciona bons negócios e os protege da concorrência estrangeira.

Com um presidente e um vice-presidente socialistas e próximos do Governo, este e o PS passarão a ter influência no maior banco privado português, paradoxalmente criado para contrariar a estatização da economia. Sendo que o maior banco, a CGD, já pertence ao Estado. Significativamente, o protesto imediato do líder do PSD foi reclamar a presidência da CGD para um sócio ou simpatizante do seu partido, como veio a acontecer.

Grave, aqui, não é apenas a ânsia de poder dos políticos. Pior é serem accionistas privados a proporcionar esta aproximação do BCP à órbita estatal. Diz-se que o Banco Espírito Santo tem relações privilegiadas com o poder político. Há quem lhe chame o “banco do regime”. Mas, pelo menos, no BES o Estado não manda (talvez o BES mande alguma coisa no Estado, mas essa é outra história).

No BCP são os privados a abrirem a porta ao regresso do Estado ao sector bancário. Não formalmente, claro. Mas só não vê quem não quer.

Há décadas que defendo a iniciativa privada em Portugal. Por isso este caso provoca-me não apenas frustração, mas sobretudo vergonha. A iniciativa de Miguel Cadilhe de apresentar uma lista alternativa poderá atenuar o desconforto? É cedo para saber. Francisco Sarsfield Cabral

Jornalista

Sugestão de destaques: A via portuguesa para o capitalismo é o conúbio com o Estado

Pior do que a ânsia de poder dos políticos é serem accionistas privados a proporcionarem esta aproximação do BCP à órbita estatal

Obs: Um proficiente artigo do Francisco sobre a natureza e comportamento do meio financeiro nacional na sua relação com o Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa banalisou-se, mirrou, auto-implodiu-se na cadeia da sua inexistência...

MarceloRSousa
Blogue
Confesso que, em tempos, havia qualquer coisa no estilo de Maria Cavaco Silva que me suscitava incompreensão, ou, pelo menos, perplexidade. Hoje, estou convertido. À simplicidade, à genuinidade, ao assumir naturalmente – mas com inteligência – o que pode e deve fazer na sua posição [...]
Obs: E é isto que o douto Marcelo vai escrever para o Sol: uma tonelada de banalidades, denunciando a gritante falta de assunto ou de temas de interesse social, económico ou político. Diz-nos que "está convertido". Mas convertido a quê!? Obviamente não está aqui em causa a pessoa da esposa do sr. PR, que nem sequer intervenção pública relevante tem ou goza de um pensamento estruturado sobre a sociedade portuguesa. Com tanta problemática ambiental, social e política só uma pessoa vazia de ideias, politicamente gasta, analíticamente previsível é que incorre nestes lugares-comuns de lana-caprina, unicamente para querer agradar a Belém.
O facto de marcelo ser fluente, ter uma oralidade e um discurso lógico não significa que as suas prestações o sejam. Marcelo é hoje um déja-vu que se ouve e vê entre o WC e a dispensa, a varanda e o quarto dos fundos, nos intervalos do National Geografic e os gatos Fedorentos.
Numa palavra: Marcelo políticamente sempre foi um zero à esquerda, analíticamente está a parecer-se cada vez mais com santana LOpes, fala-fala e não diz nada. Razão têm os gatos fedorentos... Talvez por isso o próprio Marcelo os tenha eleito como figuras do ano, pela sinceridade, naturalmente.
Pergunto-me, com estas narrativas desesperadas, se é o semanário Sol que paga ao articulista para escrever estas banalidades, ou se é este que paga ao Sol para ser publicado. Aposto nesta última opção...
Ou seja: Marcelo não existe. A ilusão que dele temos não passa duma invenção do Teatro que hoje nem numa nota de roda-pé cabia num livro de Bertolt Brecth.

Sugira-se a Meneses a consulta a um astrólogo...**

Menezes condena «saga de perseguição» de Sócrates à Madeira
O presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, manifestou hoje a sua solidariedade com o Governo da Madeira contra os cortes orçamentais do Executivo nacional, condenando a «saga de perseguição» de José Sócrates à região.
Luís Filipe Menezes está na Madeira para a passagem de ano e encontra-se terça-feira com o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim.
Num encontro com jornalistas, Luís Filipe Menezes expressou a sua solidariedade ao Governo Regional em relação «àquilo que tem sido o tratamento discricionário, injustíssimo e persecutório do Governo da República em relação à Região no que diz respeito a transferências orçamentais e a opções de investimento». [...]
**Obs: ... Já que falhou a consulta ao psiquiatra. Meneses esquece-se que o Alberto da Madeira é o símbolo da "democracia mais antidemocrática" em Portugal: 30 anos de poder, sem rotatividade!! Meneses apresenta-se, assim, como o novo "moço de recados" de jardim em Lisboa. Função até à pouco tempo desempenhada com brio e dedicação canina por um deputado do psd, Guilherme Silva.
Enfim, agora é o líder nacional do PSD que procura servir os interesses políticos do líder regional. Bonito!!! Se Meneses fosse esperto, já não digo inteligente, olhava para trás e veria a figura ridícula e subserviente que MMendes fez no passado recente ao enfeudar-se a Jardim, com os resultados conhecidos.
No meu entendimento, a Madeira deveria encontrar mecanismos de autodesenvolvimento e de auto-financiamento que a tornasse menos subsidio-dependente do erário público pago com os impostos dos continentais. O Al berto que fala tanto de autonomia, por vezes roça a independência, pois bem: tem agora uma excelente oportunidade para por à prova essa sua lenga-lenga separatista.
Por mim ele até integrar a Organização de Unidade Africana, embora também aí incorra no risco de ser rejeitado.

domingo

Cadilhe avança, ainda que seja com uma "candidatura negativa"

NOTA PRÉVIA DO MACRO:
Cadilhe é um homem de coragem, aparece sempre nos momentos difíceis. É de se lhe "tirar o chapéu". Diria que começou aqui a queda de Meneses e a ascenção do futuro líder do PSD. Se este cálculo bater certo, estimo que em 2014 Cadilhe estará em boas condições para concorrer ao lugar de PM. Entretanto, Meneses regressou à pediatria num hospital de província.
Cadilhe entrega lista à administração do BCP
30.12.2007 - 19h57 Por Cristina Ferreira Jonas Batista/PÚBLICO (arquivo)
O ex-presidente do Banco de Fomento Exterior (depois integrado no BPI) Miguel Cadilhe (ex-administrador do BCP e ex-ministro das Finanças) entregou esta noite a sua lista candidata à liderança do Conselho de Administração do BCP que integra Miguel Cadilhe, Alexandre Bastos Gomes (actual gestor do BCP), Bagão Félix (ex-ministro e da área seguradora do BCP), João Carvalho das Neves (especialista em "corporate governance"), Carlos Alcobia, Rui Horta e Costa (UBS e ex-CFO da EDP) e Meira Fernandes (ex-BFE).
A iniciativa não anunciada de Cadilhe surge como protesto pela atitude do governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, de ter vindo a público “condenar” todos os membros dos órgãos sociais do BCP desde 1999, antes do final das investigações que estão a decorrer à sua governação, e sem que os visados tenham sido ouvidos no âmbito do processo.
A acção de Cadilhe pode quebrar a frágil unanimidade que se regista à volta da lista de Carlos Santos Ferreira e de Armando Vara, dois dirigentes socialistas viabilizados por Constâncio. [...]
Obs: Digamos que agora é que o mercado vai, de novo, começar a funcionar. Embora aquilo que o PM, José Sócrates deveria fazer era o seguinte: demitir Vitor Constâncio de governador do BP (por incúria funcional) e convidá-lo, logo de seguida, a encabeçar uma 3ª lista à presidência do bcp, desta feita concorrente de cadilhe e de Carlos Santos Ferreira.
Seria uma opção de "muito mercado". E para governador do BP de Portugal - meter um boy do psd, para não deixar Meneses a chorar e com um ataque de histerismo agarrado às farripas de cabelo de Santana e a dizer: "segurem-me senão ainda mato o Sócrates..." Tudo num filme série Y passado na Lapa, com Santana a filmar com uma Cannon Super-8, do tempo da Maria Cachuxa, i.é, do tempo de Lopes - que ainda não percebeu que está a mais na política em Portugal.
O Macro aposta na opção Carlos Santos Ferreira.

Uma troika de malhas-sonoras do meu tempo. Malhas que tecem e ficaram presas aos fios da memória...

Yah Mo B There - James Ingram & Michael McDonald
Barry White, El DeBarge, James Ingram & Al B. Sure!
Barry White-playing your game,baby

A Mafia, a Família.

Remake
Joseph Bonano...

O nosso estilo de vida estava centrado na "Família" (conceito alargado). Uma Família com F maiúsculo, para a distinguir dos parentes próximos), na acepção siciliana do termo, é formada por um grupo de pessoas, amigos ou aliados conjunturais, bem como de parentes de sangue, correligionários políticos, irmãos nos negócios autárquicos ou nacionais, unidos pela confiança uns nos outros. Mas de que confiança se trata? Aparte as suas actividades individuais - criminosas ou normais para encobrir aquelas (branqueando-as), os membros dessa Família têm o dever inabalável de se apoiar uns aos outros, por todas as formas e meios que podem, com vista a prosperarem e evitarem qualquer dano. Ainda que nessa jogada fraudulenta e criminosa, fique uma comunidade inteira a perder. É isto que é uma Família ao estilo da máfia siciliana que o séc. XX testemunhou e o séc. XXI vem hoje sofisticando, com mais ou menos aptidão para a chamada criminalidade política. Ou, como também aqui temos denominado esse conjunto de práticas: sinistralidade política, dado que os acidentes (económicos, fiscais, sociais) com efeitos colaterais na vida de terceiros, i.é, da comunidade, são de monta e devem ser apurados, julgados e condenados.

Há meses já aqui publicámos Joseph Bonano, um contrabandista de bebidas alcoólicas, um pistoleiro, um agiota, um extorsionário e Don da Máfia. Mas a particularidade deste homem é que sempre pensou em si como um homem de honra, um homem para quem a tradição tinha a maior importância, cujo bom nome e reputação vinham antes de tudo.
Aqui vemos Joseph Bonano, que afirmou ter sido raptado, por isso desapareceu na noite anterior ao dia em que devia ser interrogado por um grande júri federal, em 1964. Desconhecemos se tinha alguma fleubite, braço ou antebraço partido de forma a - artificialmente - eximir-se à Justiça. [...]

PS: Dedicamos esta reflexão aos autores morais e materiais das alegadas ilegalidades que têm vindo a ser cometidas no BCP, e, naturalmente, às pessoas que presentemente estão sob investigação, mas também aqueles que no futuro o venham a estar e que se apure sejam responsáveis pelos alegados desvios de verbas para aquisição de acções e outras operações ilegais com isso prejudicando os clientes, os accionistas e, no conjunto, introduzindo mecanismos de concorrência desleal no mercado. Além do enriquecimento em causa própria que, under the circunstances, é crime.

Vitor Constância, cujo silêncio é ensurdecedor - como diria Miguel Torga no outro lado das colinas, até parece que pretende ser administrador do bcp quando terminar o seu mandato à frente do BP, onde é governador. Obviamente, também não sai bem desta estória, o que significa que ficará políticamente marcado. Mais até do que o próprio governo. Julgo que tudo isto se teria evitado se o BP, a CMVM e demais agências de supervisão actuassem atempadamente, mas também aqui a questão das solidariedades cruzadas se colocam, e a dança das cadeiras também, o que leva, forçosamente, a silêncios cirúrgicos e comprometedores na cadeia dos processos decisórios que, mais tarde o mais cedo, se liquidam, por regra, com um lugar de admnistrador no bcp.

Era um dos métodos de "compra de poder" - por parte do "velho jaguar" (sempre na penumbra), Jardim Gonçalves, hoje caído em desgraça. Até já lhe chamam o homem-cato, pois quem dele se aproximar pica-se...

Veremos...

Jardim Gonçalves e Filipe Pinhal sob investigação

Filipe Pinhal e Jorge Jardim Gonçalves são dois
dos responsáveis sob investigação, in CM
O Banco de Portugal (BdP) abriu um processo de contra-ordenação ao BCP e a elementos dos respectivos órgãos sociais, acusando a instituição financeira de esconder informações relacionadas com 17 entidades offshore.
Num comunicado emitido ontem, a instituição governada por Vítor Constâncio disse que o processo tem por base “factos relacionados com 17 entidades off-shore cuja natureza e actividade foram sempre ocultadas pelo BCP ao Banco de Portugal, nomeadamente, em anteriores inspecções.”
Segundo o BdP, “são estes novos factos, apurados a partir de denúncia recente, que justificam toda a actuação que o Banco de Portugal tem conduzido sobre o assunto”, e “não a reconsideração de factos conhecidos e analisados no passado que fundamenta a intervenção que o Banco agora desencadeou”. No comunicado, frisa que até à conclusão dos processos, “nenhum membro dos órgãos sociais do BCP está inibido de concorrer ou exercer funções no sistema bancário, apesar dos riscos que decorrem do eventual envolvimento nos factos sob investigação.”
O processo de contra-ordenação foi anunciado no último dia para a apresentação das listas candidatas aos órgãos sociais do BCP. Como só há uma lista para a administração executiva, Carlos dos Santos Ferreira não tem oposição.
Para a CGD, um dos nomes aventados ontem foi o de Pedro Rebelo de Sousa, sócio da Simmons & Simmons Rebelo de Sousa e irmão de Marcelo Rebelo de Sousa. Oficialmente, o Ministério não avança com nomes. [...]
Obs: Quando se gere o dinheiro dos outros, outros que são clientes - há que respeitar algumas regras by the book: ser transparente, não utilizar o dinheiro dos clientes para outros fins que não os que são previstos, não esbulhar, não desviar verbas, não ocultar dados estratégicos, não dissimular, etc. Parece que o "mestre" Jardim Gonçalves da opus dei é um ás nessa arte, aguardemos agora pelo resultado das investigações e conclua-se pela pena exemplar a aplicar com a devida e justa indemnização aos lesados. Eu, por acaso, não sou accionista do bcp, mas tenho pena senão era mais a pedir a cabeça do velho jaguar, que sempre foi um personagem sinistro pelos métodos que utilizava e pelas fontes de recrutamento de que se valia para implantar a sua rede de feudos dentro da própira instituição.
Teve azar, Jardim Gonçalves neste momento já deve estar arrependido por ter gerido o BCP como quem gere uma sacristia de província, e bem sabemos como aí as cumplicidades matreiras se tecem entre as beatas da terra e o padre oportunista que, não raro, utiliza os falsos sentimentos de gente simples e desprotegida para impôr as suas jogadas. Pede-se justiça neste caso, e que ela seja exemplar.

A ilusão do poder e o simulacro do dia com Meneses à ilharga e "stars in their eyes"...

Supra vemos Meneses [com stars in their eyes...] explicando aos discípulos do Algarve e arredores como se faz o assalto ao poder do Largo do Rato para depôr Sócrates e o governo socialista em funções. Começa-se por reclamar publicamente a nomeação de um boy do psd para a CGD, já que o Banco de Portugal tem uma personalidade da cor socialista. Depois, dada a ilusão do poder daquele que ascendeu na liderança do partido da Lapa comprando os votos ao "menino-guerreiro", como diria o m/amigo F.F., reclama-se a possibilidade de designar 1/3 da composição do governo em funções, incluindo nesse esquema, de preferência, a escolha do próximo ministro das Finanças nesta próxima remodelação ministerial, que já está em curso, uma vez que Socas está de férias. De seguida, Meneses, no quadro da patologia política que o caracteriza e é, em boa medida agravada pelos conselhos que um tal Cunha Vaz lhe dá para melhor lhe tratar da imagem, i.é, da saúde, este psd da Lapa acha que também consegue influir directamente no aumento do PIB, no tamanho e espessura do défice, na veleidade da taxa de juro, na taxa de inflação, wherever. Meneses é um deus-menor que, para a entourage deste miserável psd - tudo consegue fazer. Amanhã (ainda) virá a público dizer que Fátima passará a celebrar-se nas apertadas ruas da Lapa - e que será ele, segundo o sr. dr. rui Gomes da Selva - [que tinha a particularidade de dar uma cadeira de Organizações Económicas Internacionais numa Universidade privada na Junqueira nos idos anos 80/90 de que nada percebia, além de ser um irresponsável por chegar sempre atrasado] - o próximo Papa. Eis a ilusão de Meneses e da sua medíocre entourage que, na ânsia e na fome de poder, acredita em qualquer coisa, até na capacidade de teleguiar Deus nos seus mais misteriosos e insondáveis desígnios. Numa palavra: este Meneses é mesmo um tratado, objecto da mais mais moderna psiquiatria. Ele que é médico deveria saber a diferença entre a loucura e o common sense, mormente em política, mas, pelos vistos, não sabe. É mais um a fazer figura d'urso nesta República do faz de conta. A vantagem da manutenção desta patologia política é que duas pessoas dão valentes gargalhadas: um em Belém, o outro em S. Bento. Aquele chama-se Cavaco, este Sócrates. Um dia Socas ainda se engana e nomeia Meneses para secretário de Estado - sem pasta!!!
Just Jack - Starz In Their Eyes

Esta Jennifer Lopez é uma despojada

Por momentos ainda pensei que Lopez iria tirar tudo, e imitar S. Francisco - que por ter tanto amor para dar se abraçava às árvores a chorar...
Love Don't Cost a Thing
Ja Rule ft. Ashanti - Always On Time
Kanye West - Gold Digger

sábado

A reforma politico-administrativa de Meneses no psd. Um legado memorável... Um grande "partido", todo partido.

Toda a gente sabe como Meneses ascendeu à liderança do psd: comprou os votos do santana - que estava desesperado para ganhar visibilidade pública, nem que seja a "apanhar bonés" no Parlamento, onde não revela uma única qualidade de tribuno, de parlamentar, de legislador, de nada. Limita-se a olhar para um lado e para o outro, como se estivesse a assistir a uma partida de ténis no Jamor, com a sua entourage a bater palmas aos seus dislates na fila de trás. Os amigos são os de sempre: Rui Gomes da silva, pedro Pinto, enfim, a quinquilharia da loja dos 269.
Mas Meneses não desiste na arte da asneira, depois de ter metido Santana no Parlamento, como quem quer meter sangue velho num corpo doente, et voilá o psd de Meneses: "revigorado", tendo santana como tónico.. Meus Deus!!!
Meneses quer ser PM; quer influenciar a escolha pública dos gestores de topo nas agências e instituições do Estado; quer ser oposição credível; quer reformar o psd profissionalizando o partido com um corpo especial de "expertos" em marketing político; quer novas secretárias e, em suma, modernizar o partido e o país nuns dias, além de desmantelar o Estado num ápice. Ou Meneses anda a ver muitos filmes série Y ou é idiota, ou é ambas as coisas simultaneamente.
Seja como for, ele - e a sua entourage - fica a pensar que será PM, que influencia e condiciona as decisões do governo (quando elas são, de facto, influenciadas em Belém), que vai modernizar o partido, e, claro, desmantelar o Estado como quem muda de camisa. É este o psd de Meneses, de Ângelo Correia e do menino-guerreiro/Santana lopes.
Como a imaginação do ventrícolo de Gaia é tanta há já quem pense que foi Meneses que coreografou o vídeo infra... Aprendam como se organizam os ficheiros dos militantes do partido da Lapa. E, por extensão, como se pagam as quotas, a grande reforma administrativa do partido empreendida por Meneses. Ou foi Marcelo!?
Com estadistas desta envergadura d'asa, as dúvidas assaltam-me sempre...
Cant wait for the weekend to begin!
Este era o psd quando Meneses o encontrou e recebeu às mãosinhas de MMendes, que se eclipsou numa cápsula de mercúrio e fugiu para Marte. Será o mesmo partido quando meneses o deixar. Mas ainda mais partido. Chama-se a isso "oposição à própria oposição". É caricato demais para ser verdade, mas é o que temos. Assim, não haverá Anacleto Louçã de reclamar para si o estatuto de oposição, e com razão!!!
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Galleon - So I Begin

A VELHICE - por António Lobo Antunes - e glosado por Joaquim Paula de Matos -

Picado no Memórias Futuras, de Joaquim Paula de Matos
A VELHICE
(Por António Lobo Antunes)
Devo estar a ficar velho: as Paulas Cristinas têm mais de 20 anos, os Brunos Miguéis já vão nos 15, as Kátias e as Sónias deram lugar a Martas, Catarinas, Marianas. A maior parte dos polícias são mais velhos do que eu. Comecei a gostar de sopa de Nabiças. A apetecer-me voltar mais cedo para casa. A observar, no espelho matinal, desabamentos, rugas imprevistas, a boca entre parêntesis cada vez mais fundos. A ver os meus retratos de criança como se fosse um estranho. A deixar de me preocupar com o futebol, eu que sabia de cor os nomes de todos os jogadores do Benfica (…). A desinteressar-me dos gelados do Santini que o Dinis Machado, de cigarrilha nas gengivas achava peitorais.
Se calhar, daqui a pouco, uso um sapato num pé e uma pantufa de xadrez no outro e vou, de bengala, contar os pombos do Príncipe Real que circulam, de mãos atrás das costas como os chefes de repartição, em torno do cedro. Ou jogar sueca, com colegas de boina, na Alameda Afonso Henriques de manilha suspensa no ar, numa atitude de Estátua de Liberdade. (…). Quando der por mim, encontro o meu sorriso na mesinha de cabeceira, a troçar-me, num copo de água, com 32 dentes de plástico. Reconhecerei o meu lugar à mesa pelos frasquinhos dos medicamentos sobre a toalha, que me farão lembrar as bandeiras que os exploradores antigos, vestidos de urso como os automobilistas dos tempos heróicos, cravavam nos gelos polares. (…)
Devo estar a ficar velho. E no entanto, sem que me dê conta, ainda me acontece apalpar a algibeira à procura da fisga. Ainda gostava de ter um canivete de madrepérola com sete lâminas, saca-rolhas, tesoura, abre-latas e chave de parafusos. Ainda queria que o meu pai me comprasse na feira de Nelas, um espelhinho com a fotografia da Yvonne de Carlo, em fato de banho, do outro lado. Ainda tenho vontade de escrever o meu nome depois de embaciar o vidro com o hálito. (…).
Pensando bem (e digo isto ao espelho), não sou um senhor de idade que conservou o coração de menino. Sou um menino cujo envelope se gastou.
Obrigado, António Lobo Antunes, por este texto.
Temos em comum a idade (menos 3 anos que eu nem conta), a fisga, o espelho redondo com a fotografia da Yvonne de Carlo, em fato de banho, do outro lado e o canivete que no meu caso era uma navalha igual à que os trabalhadores do campo usavam na Beira-Baixa e que servia para tudo, incluindo tirar bocadinhos à sardinha frita com uma precisão cirúrgica e cortar os respectivos nacos de pão que acompanhavam, nos seus almoços frugais, a sopa de feijão com couves que lhes davam forças para cavarem de sol a sol.
Vê lá, que tenho ainda presente, como se tivesse sido ontem, o único passarinho que consegui matar com a fisga. Espalmei-lhe a cabeça com a pedra, teve morte instantânea, caiu da árvore redondo, na vertical e eu senti-me vaidoso com a minha pontaria, fosse uma seta em vez de uma simples pedra e eu ter-me-ia sentido um Robin Hood… os restantes passarinhos aos quais fiz pontaria sempre conseguiram fugir.
Faltava-me o treino, eu era um menino da cidade de Lisboa, tal como tu, mas que tinha a sorte de passar as férias na aldeia dos meus avós onde, no Verão, se juntavam os primos todos.
Mal sabia eu, nessa altura, que estava vivendo os tempos mais felizes e descontraídos da minha vida aqueles que, meio século depois, continuam a fazer-me sentir um menino com o envelope gasto…como dizes magistralmente.
Nunca envelhecerei completamente porque esse menino vai estar sempre presente, mesmo aos 90 anos e não é ele que é o intruso.
Intruso, é tudo aquilo que se intrometeu na minha vida e esbateu as memórias da minha juventude e que faz com que o menino, embora presente, esteja cada vez mais longe de mim.
É tal como dizes, não somos velhos, com alguma condescendência seremos meninos que envelheceram.
No teu caso valeu a pena, foste aproveitando o tempo e os anos para escreveres coisas profundamente humanas, que nos falam à alma e que vão ficar para sempre impedindo que morras na memória dos homens embora isso, para ti, já não seja importante.
Importante, verdadeiramente importante, era mesmo continuares sempre menino para poderes chamar aos pombos do Jardim do Príncipe Real, chefes de repartição a passearem de mãos atrás das costas, sim, porque só a perspicácia de observação de um menino poderia ver tal.
Eu, que passei muitas horas nesse Jardim a estudar e a ler na companhia dos tais pombos, só agora, porque falas nisso, acho que alguns também faziam lembrar os polícias de giro do antigamente a passearem a sua autoridade de mãos atrás das costas.
E quanto aos sinais de velhice que referes e que te levam a desconfiar que talvez estejas a ficar velho, brinca com eles, faz chalaça, afinal não és tu um menino cujo envelope se gastou?
posted by Joaquim Paula de Matos at 10:32 AM links to this post Quinta-feira, Dezembro 27, 2007
Obs: Gostaria, mas não vou aqui comentar o texto de António Lobo Antunes, nem o texto, complementar, do meu Tio, Joaquim Paula de Matos. Não o faço para "não estragar a mobília", como se diz na gíria. Mas quero referir que compreendo ambos, entendo o que ambos pensaram e escreveram. Com os meus 41 anos, idade de fronteira entre aquele passado e o futuro que rasga sempre horizontes novos, tudo aquilo que eles escreveram não me é alheio ou indiferente. A fisga, os passarinhos (e as passarinhas, que tombavam sem funeral digno, que eram o nossos estômagos - depois comidos fritos em azeite e alho), os pombos do jardim do Príncipe Real, povoado com aquela 3ª Idade tão deprimente quanto decadente, pois até parece que aquela boa gente não estudou, não trabalhou para saber fazer coisas diferentes na velhice e ocupar melhor os seus tempos livres.
Todas essas memórias assumem hoje novos significados, para mal dos nossos pecados: a fisga converteu-se n'algo completamente diferente por um sector de pessoas que usam o terror para impôr os seus pontos de vista, e os aviões comerciais são, hoje, as modernas pedras jogadas contra - não já os passarinhos - mas contra edifícios com pessoas lá dentro. As consequências são piores. Os reformados do Príncipe Real, que alí jogam à sueca, e assumem o papel de mirones, comentam a bola, a política e a carestia de vida - são hoje "odiados" pelos respectivos netos que, embora sendo licenciados - não podem supor que, um dia, terão uma reforma condigna.
E, portanto, são jovens que já nascem reformados, são os jovens-velhos desta nova velha Europa - agora a 27. Que vivem (ainda) em casa dos pais até aos 40/50 anos e ainda são apanhados com as namoradas a fazer "poucas-vergonhas", além de estourarem com as magras reformas aos velhos, que nem já para os medicamentos chega... Enfim, uma miséria transgeracional. Os tais que jogam à sueca no Príncipe Real e assinalam o "deve e o haver" num cartão que repescaram da véspera, já todo sujo e salpicado com caganetas de pombo e restos de comida de marginais que por alí também dormem ao relento. Os "novos jovens" não jogam à sueca, mas jogam em consolas de PC, e, se calhar, envelhecem ainda mais depressa do que o António Lobo Antunes e o Joaquim Paula de Matos juntos.
Porque apesar de não existir já o império, e a guerra colonial não contar neste novo cômputo social, os jovens d'hoje têm que travar lutas que são, verdadeiramente, novas guerras sociais dentro de muros. Com a agravante de que essa nebulosa chamada globalização - o tal elemento oculto mas interferente em todos os tabuleiros da decisão - acaba por amplificar as vantagens daqueles que são já muito ricos, os chamados aristocratas do risco, mas, por contraponto, agravar ainda mais as desvantagens das multidões em fúria que pouco ou nada têm.
Até me apetece dizer, que cada um envelhece como pode, embora hoje as pessoas da minha geração, creio, envelhecem mais rápidamente do que a geração do António Lobo Antunes e do Joaquim Paula de Matos. Por causa do tal quadro de incerteza, risco e insegurança que faz com que todos os dispositivos socioeconómicos associados entrem em ruptura.
Neste quadro, pergunto-me como será povoado o Príncipe Real daqui por 20 anos? Que fauna humana vegetará por lá! Jogando que jogo? E as mãos, serão colocadas à frente ou atrás das costas?
Penso que haverá de tudo neste terrível jogo de espelhos, até já (pre)vejo o futuro. Um futuro que reflecte homens sem mãos. E assim, como se compreenderá, torna-se mais difícil jogar à sueca...

Lá teremos d'ir a Caxias levar bolo-rei e felhozes a Jardim Gonçalves...

Nota prévia:
Quem te viu e quem te vê... Ri-te, ri-te..., por entre sonhos, felhozes e bolo-rei, em Caxias. É o que faz a gula e a ganância, dois dos pecados capitais que perseguem o homem. O "velho jaguar" está agora ao pé da Rocha Tarpéia, o obelisco donde eram precipitados os traidores em Roma. Só que no bcp a traição foi feita por Jorge ao Jardim Gonçalves, i.é, a ele próprio, na companhia do filho e dum amigo. Tudo em família, portanto. Como mandam os manuais, da Sicília...
BCP: Ministro quer punição exemplar para eventuais ilícitos
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, considerou hoje que devem ser punidos «de forma exemplar» eventuais ilícitos que venham a ser detectados pelas autoridades de supervisão nas investigações ao BCP.
«As autoridades de supervisão devem exercer plenamente os seus direitos. Devem investigar e sancionar em conformidade com a gravidade dos ilícitos que venham a ser detectados e devem fazê-lo de forma exemplar», afirmou o ministro.
Teixeira dos Santos, que falava no Porto, numa conferência de imprensa em que anunciou o nome do novo presidente da Caixa Geral de Depósitos, considerou ainda que «todos temos a ganhar com o regresso da normalidade ao BCP».
«Ninguém ganha com a instabilidade numa instituição tão importante como o BCP para a economia portuguesa», frisou.
Nessa perspectiva, Teixeira dos Santos frisou que «resolver a situação de instabilidade no BCP é do interesse nacional».
Para o ministro das Finanças, a Assembleia-Geral de accionistas do BCP marcada para 15 de Janeiro é uma oportunidade para «de uma vez por todas, fazer com que a estabilidade regresse a esta importante instituição financeira».
Obs: Mudando a realidade, muda também o discurso. Explico-me: o sonho de qualquer ministro, inclusivé o das Finanças, que não chega a ganhar mil cts por mês líquidos, é assumir o cargo de Administrador de um grande banco. O bcp tem integrado alguns desses ex-ministros a ganhar quatro, cinco vezes mais. Hoje, com o "velho jaguar" de pantufas e já na antecâmara do Estabelecimento Prisional de Caxias, quiça com vista para a praia, o discurso ministerial endurece porque ele não visa aqueles que vão começar a mandar, mas os que caíram em desgraça e já não poderão convidar ou dispôr de qualquer influência no futuro. Numa palavra: muda a realidade, mudam os discursos, e só os burros é que não mudam. É a vida.
Mas, de facto, o sr. engº Jorge jardim Gonçalves faz-me lembrar o Alipiosinho do romance político do Conde d'Abranhos, de Eça de Queiroz, em que ostenta virtudes públicas e depois, vai-se a ver, é só vícios privados. Recorde-se que o sr. engº Jorge Jardim Gonçalves, além de ser um opus dei empedernido, impôs uma política de recursos humanos no bcp verdadeiramente lamentável e censurável nas décadas de 80/90, com base na qual não recrutava mulheres para os seus quadros porque estas, por serem mulheres, davam à luz e o banco não poderia pagar as férias de parto porque tinha inúmeros prejuízos. Argumento cabutino e idiota.
É agora o mesmo Jardim Gonçalves que, pelo facto de a esposa se esquecer do casaco de peles em casa manda o piloto do avião ao dispôr, gastar 30 mil cts de gasolina só para fazer a vontade à dama. Isto vale o que vale, mas não deixa de denunciar uma personalidade tão esbanjadora quanto doentia que, lamentavelmente, estava à frente do maior banco privado português. Felizmente, terminou o pesadelo.
A maior pena que lhe deveria ser imputada, além duma forte censura moral, social e até penal, é, cumulutavimente, obrigarem o sujeito a indemnizar o BCP e os respectivos accionistas pelos alegados esbulhos dissimulados que fez à instituição ao longo destes últimos anos. Não apenas para deixar Bg Joe Berardo pregado no chão às gargalhadas, mas por uma questão de elementar justiça na sociedade portuguesa.
Uma pena exemplar para os prevaricadores, portanto. Aqui Teixeira dos Santos, não poderia ter mais razão. Pergunto-me é porque razão ele não explicitou tal ponto de vista há uns meses... Sabe Deus porquê!!!!
Maldito dinheiro..., vil metal!!! Corrompe-nos a todos.., por isso é que gostava de ser rico para o desprezar.

Faria de Oliveira foi a escolha para presidente da CGD

"Faria de Oliveira é o novo presidente da CGD (oficial).
Fernando Faria de Oliveira, actual líder da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em Espanha, foi o nome escolhido pelo Governo para presidir a instituição bancária, anunciou hoje o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. O antigo ministro do Governo de Cavaco Silva irá suceder a Carlos Santos Ferreira na presidência da CGD."
Obs: Entre Belém e S. Bento, o PM optou por não desagradar Cavaco, que assim estreita ainda mais os laços que têm em conjunto, e que são imprescindíveis para um bom entendimento no ano de austeridade que arranca em 2008. Sócrates ao ter viabilizado a opção Faria de Oliveira, ex-ministro do Comércio de Cavaco, ou outra opção convergente na pessoa de Eduardo Catroga, outro "homem de Belém", deu uma cenoura a Cavaco, este está agora "obrigado" a criar um clima psicológico e político de bom entendimento com S. Bento na gestão de dossiers "quentes" que os próximos meses trarão para cima da mesa.
A vantagem de Faria de Oliveira, que terá sempre de agradecer a sua nomeação ao PM dum governo socialista, é que ele já conhece a casa, e regressa a Portugal vindo de Espanha. Veremos, doravante, qual é a estratégia para a CGD e como se comporta no terreno, sobretudo no financiamento das principais obras públicas que terão de arrancar em breve.
Cavaco não só tem agora uma antena de grande captação de sinal na Av. João XXI como tem também o caminho aberto para influenciar, ainda que oficiosamente, o circuito do processo decisório na CGD. Mas que grande entente cordiale entre Belém e S. Bento...
Pelo andar da carruagem, não me admiraria nada que, qualquer dia, Socas pedisse a Cavaco que governasse um trimestre em S. Bento, para fazer o gosto ao dedo em nome dos velhos tempos, e Socas, como contrapartida, fosse aquecer o lugar para o Palácio de Belém, tamanha é a sincronia entre ambos nas questões de pequena, média e alta intensidade na política à portuguesa.
Entretanto, a entourage da Lapa, guiada por aquele ventrícolo de Gaia que diz querer ser PM ainda neste século, fica convencida que foi o psd do Meneses que travou a opção Carlos Santos Ferreira e convencem-se da ilusão do poder que, de facto, não têm.
Et maintenant Carlos Santos Ferreira...

Gotan Project - Diferente

Gotan Project - Diferente

sexta-feira

O carácter oculto ou escondido das coisas

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Tenho de ser sincero: julgo que passo, ou melhor, que passamos, boa parte do nosso tempo falando de coisas que não dominamos na perfeição, em pormenor, com conhecimento de causa. Hoje qualquer pessoa, minimamente informada discorre sobre qualquer tema ou problema. Uma espécie de Faça você mesmo, uma "carpintaria" à medida que cada um desenvolve pensando, com isso, que depois é capaz de fazer móveis ou ser um expert em bricolage.

Por exemplo, quando abrimos a porta do frigorífico, podemos sentir o frio, mas desconhecemos a cadeia de operações técnicas que decorrem resultantes daquela operação, pois o compressor é activado a fim de trabalhar mais e, assim, compensar a energia perdida por se ter aberto a porta.

Por outro lado, se não estudarmos com algum afinco as leis da Política e da Economia dificilmente poderemos compreender sistemas complexos, e alguns são altamente complexos. Quem, senão o própio, poderá compreender Joe Berardo, Jardim Gonçalves ou um terrorista que se faz explodir com bombas à cintura depois de ter disparado contra Benazir Bhuto, a ex-Primeiro Ministro do Paquistão, hoje sepultada!? Embora aqui o móbil seja o mesmo: o lucro nos dois primeiros casos, e o fanatismo no último caso.

De facto, aprendemos pouco da Economia se só extrairmos lições da circunstância de comprarmos leite ou de consumirmos carne e peixe. Como compradores e consumidores aprendemos muito pouco. O mesmo se diga da circunstância de andarmos de avião, também não ficamos a compreender as leis da aerodinâmica. Numa palavra, as falácias que vamos sem querer cultivando e multiplicando, sobretudo quando nos armamos em sabixões ou em treinadores de bancada, decorre do erro das nossas próprias generalizações, muitas vezes resultado de experiências magras e limitadas.

Que sabemos nós de política só porque apertamos a mão a meia dúzia de políticos? É aqui que regressamos à história do termóstato do frigorífico que faz disparar o compressor quando se abre muitas vezes a porta. Em Portugal, por sinal, ainda vemos que muitos políticos cedem quando algumas corporações ameaçam ou fazem, de facto, greve. Embora com este PM, Sócrates, a coisa não tenha funcionado.

Por outro lado, as novas tecnologias, que hoje todos usamos no nosso quotidiano, são, em boa medida, trituradores de postos de trabalho para o conjunto da economia, mas se assim não fosse também não haveria progresso. Mas são as TIC que provocam boa parte da deslocação de empregos, de investimentos, de lucros, e até de mão-de-obra qualificada, pois pensa-se que assim o conjunto da economia ganha em termos comparativos e absolutos.

Um homem de negócios ligado aos petróleos, por exemplo, poderá falar da sua gama de serviços, preços e margens, mas já não conhecerá com detalhe a qualidade das brocas que fazem as perfurações, salvo se for um engenheiro experimentado que tenha metido a mão na massa no decurso da sua vida profissional. E nós, enquanto passageiros de um avião, também podemos referir umas banalidades acerca do conforto do avião em que viajamos, mas já não nos devemos arriscar a fazer comentários que são, em rigor, do foro de engenheiros aeronáuticos.

Ou seja, o que procuro aqui sublinhar é que passamos boa parte do nosso tempo a falar de coisas sobre que temos apenas uma visão superficial ou limitada, embora o façamos sob a aparência de grande conhecimento de causa. Fazendo lembrar aqueles tipos que se formaram na década de 70 e de 80 e querem, hoje, perceber os mecanismos da economia globalizada à luz dessas velhas teorias clássicas e neoclássicas que já há muito estão desactualizadas.

Maquiavel que sabia, de facto, da técnica da Política foi considerado um mero funcionário público, a quem de vez em quando os poderosos duma Itália em unificação entregavam umas embaixadas, para logo regressar à miséria e morrer ao abandono. Este sabia de facto da poda, mas o poder de então tratou-o como se fosse um mero generalista. De que adiantou - também - a Galileu - ter escalado a torre inclinada, que serviu para observar a velocidade de queda dos corpos, pesados e leves, senão para convencer os comerciantes cépticos de Pisa de que a força da gravidade não era uma construção meramente teórica.

E quantas vezes, nas nossas próprias casas, ingerimos medicamentos apenas com base numa mera leitura da posologia dos mesmos!? Muitas vezes, certamente!!!

Mas um dia lixamo-nos e acontece-nos o mesmo que sucedeu ao Galileu. Porque não conseguiu convencer os inquisidores a olhar através do telescópio, visto que a ideologia daqueles defendia que o que o físico via era uma barbaridade que não podia lá estar, a experiência que teve foi ter acabado numa fogueira, e parece que ardeu até às cinzas.

Agora vejam lá se não valerá a pena - continuar a ser generalista, pois mais vale apanhar umas boas críticas do que terminar os dias numa fogueira.

EXPECTATIVAS - por António Vitorino -

EXPECTATIVAS
António Vitorino
jurista
Esta época do ano caracteriza-se por um certo apaziguamento da vida política, propício ao descanso e ao recolhimento familiar.
Não foram as evoluções referentes à situação do BCP e dir-se-ia que estávamos a desfrutar de um curto período de tréguas na refrega política. Esta fase é, pois, favorável a balanços e a traçar perspectivas para o novo ano.
Todos temos a consciência de que o ano que ora finda foi um ano duro e difícil para os portugueses. Os resultados alcançados, sobretudo no plano do equilíbrio das contas públicas e do lançamento de algumas reformas na sociedade, só foram possíveis graças aos sacrifícios dos portugueses e geraram em vários sectores descontentamentos e polarização.
Durante o ano foi-se tornando claro que os portugueses tinham consciência de que a situação do País não se compadecia com o imobilismo ou a desdramatização dos problemas com que nos defrontamos. E que se algumas das reformas iniciadas já produziram resultados, outras há, contudo, que só se poderão aferir com o decurso do tempo.
Por isso o balanço de final de ano que cada um fará varia em função das provações por que passou e das expectativas que nutre para os tempos mais próximos.
As sondagens de opinião que ciclicamente são feitas à escala europeia mostram normalmente os portugueses como dos povos mais pessimistas do continente. Figuramos acima da média quanto ao prognóstico negativo quanto à situação do mundo, do País e da própria perspectiva pessoal.
Em parte esta tendência parece decorrer do fatalismo que perpassa pela nossa cultura colectiva, por uma certa propensão nostálgica e ensimesmada de que individual e colectivamente damos sobejas provas quotidianas.
Mas este ambiente geral não se reproduz de igual forma em todos os estratos sociais. O consumismo natalício disso é um bom exemplo, desde a frequência dos centros comerciais às viagens aos paraísos tropicais. O que apela a uma reflexão séria sobre as desigualdades sociais e as diferenças de expectativas para o futuro próximo.
A igualdade de oportunidades de acesso aos benefícios do progresso económico e social defronta-se com as novas exigências de competitividade da economia no mundo global em que vivemos e com as assimetrias no acesso à educação, à cultura e aos instrumentos do conhecimento e da informação.
À exclusão social decorrente da pobreza, do desemprego ou da velhice acrescem novas causas de exclusão que se reportam às qualificações académicas e profissionais.
Embora alguns, perante esta complexidade de causas de exclusão, pareçam não ter outra resposta que não seja a do "desmantelamento" do Estado e a da privatização integral dos serviços sociais, torna-se cada vez mais evidente que neste combate o Estado tem tido e decerto terá que continuar a ter um papel fundamental. Mas o desafio que se coloca a quem acredita ser possível e necessário construir uma sociedade mais justa e solidária passa pela redefinição desse papel do Estado.
Decerto que não poderá ser apenas um papel assistencial, que minora os riscos de exclusão mas não se mostra suficiente para erradicar as causas da exclusão. Decerto que terá de ser um papel que incentiva mais do que impõe. Decerto que terá de ser um papel que regula mais do que se substitui às iniciativas dos cidadãos e das empresas. Decerto que terá de ser um papel que corrige desigualdades e promove uma redistribuição da riqueza mas que não ignora as crescentes limitações do sistema fiscal para alcançar esses objectivos.
A ideia de que é possível exigir isso tudo apenas de um mercado a funcionar em plena liberdade constitui um presente envenenado para esse mesmo mercado. Pode ser uma forma de "passar as culpas" mas decerto não constitui um meio de responder ao crescimento das desigualdades e dos riscos de exclusão social.
Entre o imobilismo de uns e a bravata desmanteladora de outros é grande o desafio de quem acredita que a justiça social e a solidariedade são valores fundamentais de uma sociedade coesa e de uma democracia moderna. É, pois, grande a expectativa na resposta às desigualdades sociais.
Obs: Um balanço realista feito por António Vitorino. Um balanço tanto mais realista quanto reconhece duas coisas: o mercado de Adam Smith, o tal da mão invisível só gera mais desemprego, exclusão social, desigualdade e pobreza, daí a necessidade de o Estado intervir de forma reguladora, corrigindo desigualdades, sobretudo em matéria fiscal e no domínio da redistribuição da riqueza e da criação de mais e de melhores oportunidades para todos.
A outra conclusão que extraío desta reflexão de balanço e de fecho de ano feita por AV - é que Luís Filipe Meneses é, ao mesmo tempo, aquilo que Joseph Stiglitz designaria por uma falha de mercado e uma falha política. Quando ele fala em "desmantelar o Estado" penso sempre que alguém está a gravar as suas conversas privadas quando ele e Santana lopes estão a jogar à sueca numa divisão da Lapa. Conversas privadas que, óbviamente, nenhum interesse público têm.
Também aqui o País está em crise, e um País em crise é aquele que não tem uma oposição à altura do governo em funções. E é pena, pois quem perde são sempre os portugueses.