sábado

Uma enorme lixeira - por João Marcelino -

por João Marcelino31 Outubro 2009
DN 1 Uma parte da elite portuguesa tem tudo a ver com o lixo de Ovar. Viciou-se no negócio. Não consegue conceber a vida para além do dinheiro e do poder, do conforto mais hedonista e da traficância de influência. Não se lhe fale em felicidade, em cidadania ou em projectos sociais, esses conceitos desnecessários, infantis, próprios de quem não sabe nada da vida. Conversa inútil!
O importante é discutir o negócio, criar uma rede de amigos, ter os números de telefones certos. Em certos círculos, Portugal é uma pequena sociedade muito podre, consequência má de uma coisa boa: a integração europeia que nos inundou de subsídios, de auto-estradas, de cursos de formação, de rotundas, de abates nas pescas e na agricultura, de explorações virtuais e muita construção de primeiríssima qualidade. O caldo ideal para se desenvolver algo de intrínseco às pessoas que habitam a Europa do Sul: a tendência para a corrupção. É assim em Itália, na Grécia, também em Espanha, como se vê. Porque é que deveríamos, ingenuamente, esperar que Portugal fosse diferente?
2 Não falo de casos concretos, mas faço uma viagem no tempo. Há dez anos, a justiça portuguesa, saloia e reverencial, made in Estado Novo, ainda não investigava os ricos e poderosos.
Algo começou a mudar com o chamado "processo Casa Pia" e o aparecimento de uma nova geração de juízes e procuradores.
A partir daí, apesar das fragilidades, as elites passaram a ser incomodadas com regularidade. Os casos Portucale, submarinos, "Operação Furacão", CTT, Freeport, "Apito Dourado", os processos ligados ao poder local, BCP, BPN e BPP e agora a "Face Oculta", que inaugura a visita às empresas do sector Estado, mudaram o panorama de forma radical. Provavelmente, quem saiba ler os sinais do tempo, será até tentado a acreditar que muitas outras surpresas irão aparecer nos próximos meses, talvez mais fortes do que aquelas que nos foram servidas nos últimos dias.
A questão está em que muitas destas investigações, por motivos vários, produziram resultados escassos. Ou seja, um bom princípio (tratar todos os cidadãos por igual) nem sempre é tudo.
3 De uma justiça com medo passámos a uma justiça que, a muitos cidadãos, parece agora ter agenda.
Não tenho a certeza disso, e até gostava de estar enganado, mas há muitas coincidências. Por exemplo, os submarinos emergiram logo a seguir às últimas eleições. A "Face Oculta" também pareceu respeitar o calendário eleitoral. Mas a verdade - reconheço - é que diríamos o mesmo (sobre a agenda), ou até pior, se qualquer desses casos tivesse vindo conspurcar o período em que, de voto na mão, ciclicamente somos tentados a acreditar que Portugal vai ficar melhor.
Sou, portanto, modesto nas aspirações. Gostava de ter a certeza de que não há um PS-PSD dentro da PJ e do Ministério Público. Que a Maçonaria não arbitra. Que outros lobbies não fiscalizam. Que investigadores e procuradores não aspiram apenas ao simples protagonismo à custa do bom-nome de alguns cidadãos. Que a justiça não pensa, corporativamente, em devolver ao poder político pretensas afrontas.
Se não for esse o caso, se apenas se estiver a construir uma verdadeira democracia, um verdadeiro Estado de direito, com profissionalismo e devoção à causa pública, por uma sociedade mais justa e menos corrupta, então que se avance com todos os processos. E que estes, sem sombra de prepotência, com respeito pelos direitos individuais e pelo bom-- nome dos envolvidos, se tornem mais rápidos, os factos sejam provados e as sentenças, enfim, passem a ser exem- plares. Portugal está a precisar disto, porque estas coisas que vamos sabendo, a conta-gotas, metem nojo e dão-nos a ideia de que vivemos numa lixeira demasiado pestilenta.
Mais do mesmo no PSD. De um lado continua Pedro Passos Coelho. Do outro, as tropas de Manuela Ferreira Leite querem agora manter-se no poder com Marcelo Rebelo de Sousa. O elitista eixo Lisboa-Porto quer evitar a todo o custo o regresso do "populismo" (já interpretado por Santana Lopes). As duas metades da laranja definitivamente não colam - nem que Cristo descesse à Terra...
Obs: Divulgue-se pelo realismo e oportunidade do tema e, já agora, para que a culpa/responsabilidade não morra solteira e o sistema de Justiça não continue a ser a bandalheira que tem sido em Portugal. A tal ponto de ser ela, por vezes, que deveria sentar-se no banco dos réus - juntamente com os alegados corruptos deste país.

sexta-feira

Touch and Go - Straight to number one e Europa

After years of hate

Contagens decrescentes - por António Vitorino -

Contagens decrescentes
por António Vitorino, dn
É fundada a expectativa de que o Conselho Europeu deste final de semana acelere a contagem decrescente para a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, uma vez definidas as respostas às últimas resistências da República Checa.
Num momento em que ainda decorrem os jogos de nomes para preencher os lugares cimeiros previstos naquele tratado (especialmente a presidência permanente do Conselho Europeu e do alto representante para a Política Externa e de Segurança), este Conselho Europeu será também a derradeira oportunidade para a União definir uma posição comum para as negociações de Copenhaga, em Dezembro, sobre o quadro global pós-Acordo de Quioto acerca das alterações climáticas.
Quer a existência de uma posição negocial comum europeia quer a probabilidade de um acordo global em Dezembro estão longe de se poderem dar por adquiridas. Um falhanço das negociações globais, no final do ano, seria particularmente doloroso para a Europa, que tem assumido, nestes domínios, uma posição liderante e proactiva. A nova posição da Administração Obama constitui uma janela de oportunidade imperdível, mas a relutância da China e da Índia pode tornar as negociações difíceis. Nesta matéria, a Europa não pode morrer na praia e, por isso, desde já, importa que o quadro negocial com quem os europeus se irão munir neste Conselho Europeu seja um sinal claro não apenas de empenhamento mas também de capacidade de construir pontes entre todos os participantes na Conferência de Dezembro, muito em especial entre os países desenvolvidos e as economias emergentes.
Mas este Conselho Europeu será também dominado por uma outra contagem decrescente: a da retirada dos apoios financeiros especiais que os governos europeus alocaram como resposta à crise financeira e económica global.
Neste ponto já se percebeu que existem divergências entre os Estados membros da União, quer quanto ao calendário quer quanto à intensidade dessa retirada.
Dos 27 países da União, 20 apresentam défices orçamentais superiores aos limites do Pacto de Estabilidade e Crescimento (o que inclui 13 dos 16 países da Zona Euro) e as projecções da Comissão apontam para que, de 2014 a 2016, a dívida pública dos países da União se situe em torno dos 100% a 110% do PIB. Os defensores da ortodoxia do pacto pressionam para que, perante este panorama, se defina um calendário de consolidação das contas públicas, apontando para que se dêem já os primeiros sinais no decurso do ano que vem ou o mais tardar em 2011.
A esta leitura contrapõem os países mais pressionados pela crise económica que o desemprego na União, em 2010, continuará a crescer (ficando a média acima dos dois dígitos) e que as previsões de crescimento apresentadas pelo FMI apontam para uma retoma económica muito frágil (0,3% no ano que vem), razões suficientes para manter o nível dos estímulos fiscais e financeiros estaduais, remetendo o processo de consolidação das contas públicas para um horizonte mais dilatado no tempo.
Neste capítulo, a posição determinante poderá vir da Alemanha, onde o acordo programático da nova coligação no poder prevê uma substancial redução de impostos que, inelutavelmente, subalterniza a prioridade da consolidação orçamental. O que constitui, sem dúvida, uma novidade nas tradicionais posições germânicas…
Mas há ainda uma quarta contagem decrescente de que pouco se tem falado e que é indissociável das demais: a que deverá conduzir a uma nova estratégia de desenvolvimento económico e social na Europa, a ser adoptada na Primavera que vem, sob presidência espanhola. Ao chegar ao seu termo o decénio da chamada Estratégia de Lisboa, aprovada durante a presidência portuguesa em 2000, há que retirar lições do que funcionou bem e do que não resultou e, consequentemente, preparar o quadro de referência da próxima década. Ora, este novo quadro de referência terá de incorporar quer os compromissos de Copenhaga quer a necessidade de resposta às consequências dura- douras da crise económica e social deste último ano e meio, muito em especial no plano da competitividade das empresas europeias e do desemprego.
Em Bruxelas dá-se hoje o pontapé de saída de um semestre decisivo para o projecto europeu do futuro.
Obs: Divulgue-se em nome do ideal europeu.

quinta-feira

Regresso a Aron - que ainda não foi substituído nem esquecido

Regresso a um mestre, porventura um dos maiores do séc. XX: Raymond Aron. Um grande teórico, um excelente professor, um filósofo cujas preocupações, equações e ideias foram seminais no decurso do séc. findo e cujas derivas transbordaram para o séc. seguinte.
A sua higiéne mental comprometeu-nos a todos, a potência das suas reflexões políticas não deixava ninguém indiferente, a sua forma de escrever também não, de modo que o seu legado foi poderoso, seminal. Em Portugal um ex-ministro de Salazar que ainda passeia a sua surdez pelos estúdios de tv ainda o tentou plagiar, com ajustamentos e copianços anglo-saxónicos ridículos mas sem nunca o igualar.
O seu legado foi de tal modo importante que somos ainda tentados a interpretar o mundo com a sua grelha de análise e o seu método de apreensão dos acontecimentos sociais e políticos. A sua teoria, a sua sociologia, a sua praxeologia e a sua história foram fundamentais para nos ajudar a compreender a marcha do mundo que findou com a Guerra Fria, a que se seguiu outro muito diferente, mas não foi essa diferença que bastou para desactualizar o pensamento de Aron ou desclassificar a sua imensa e seminal obra, de que aqui destaco o Paz e Guerra entre as nações.
A sua ligação teórica, histórica e intelectual à potente obra de Max Weber permitiram a Aron fazer exercícios intelectuais e diagnósticos que mais ninguém conseguiu fazer em todo o séc. XX, especialmente em matéria de Paz e Guerra entre as nações, desactualizando Sartre, perspectiva que complementou relativamente à personalidade dos homens políticos do seu tempo, à natureza (e fraqueza) das democracias e dos regimes totalitários, à política internacional, e, em regra, às escolhas e aos compromissos que é necessário fazer quando se está a trabalhar a política pura e aplicada, esse misto de técnica e de arte.
Seja para gerir pequenos assuntos de segurança e defesa inscritos na ordem doméstica, seja para equacionar novos perigos que hoje os fundamentalismos ligados aos terrorismos globalitários e a proliferação nuclear colocam aos Estados, às sociedades, aos povos e ao sistema no seu tecido conjuntivo. Esta intensificação dos problemas na área da Segurança & Defesa também acaba por nos recordar a velha ideia que já há uma década se ensina na academia segundo a qual aquela fronteira entre assuntos internos e assuntos internacionais se esbateu com a globalização social, tecnológica, económica, financeira e, acima de tudo, esse novo formato de globalização competitiva - que veio trazer uma nova intensidade, escala e dimensão à natureza dos problemas com que hoje os decisores na área se têm de defrontar.
Tendo sempre presente, naturalmente, que a Política de Defesa Nacional é alimentada mediante estudos parcelares e de conjunto que retratem a realidade estratégica envolvente, identificando as ameaças e os desafios, à luz dos grandes desígnios nacionais contidos na CRP e nas leis-paraconstitucionais, nunca esquecendo os meios que é possível disponibilizar para realizar os tais objectivos do Estado. Ou seja, só se pode fixar uma ideia de como se deve actuar para manter a segurança de Portugal durante um certo período de tempo e num dado contexto, findo os quais as correlações de força mudam, as alianças alteram-se, as variáveis desactualizam-se, como as relações com as próprias pessoas. Daí a necessidade de se andar sempre com o Conceito Estratégico de Segurança Nacional na "ponta da língua", porque será ele, de par com outros instrumentos e conceitos estratégicos da área, que permitirá ir afinando a "máquina" da Defesa e Segurança Nacional nesta 1ª metade do séc. XXI - que conheceu o terrorismo globalitário no 11 de Setembro e ainda não o conseguiu expurgar da face da terra.
Numa palavra, Aron continua indispensável para compreender o mundo, a sua matriz ajuda-nos a equacionar as causas dos problemas (do nosso declínio), e também nos ajuda a encontrar soluções para esses mesmos problemas. A filosofia e a história - se estiverem presentes nessas equações de poder - acabam sempre por ser ciências resolutoras dos nós górdios contemporâneos, e isso remete-nos, forçosamente, para a recuperação da conduta específica do diplomata e do soldado. Dois homens, dois símbolos que agem representando as suas comunidades, o embaixador representando o país em nome do qual fala; o soldado no campo de batalha e, se necessário for, dando a vida por esse ideal de comunidade que é o seu país.
E apesar do mundo ter mudado muito nos últimos 20 anos, nos seus equilíbrios de forças, tecnologias e modos de aplicação do Poder, da Influência e da Autoridade, os três principais conceitos da CP, aqueles dois personagens, o embaixador e o soldado, vivem simbolizando as relações internacionais do nosso tempo - que, não raro, ainda põe de lado a diplomacia para resolver os seus diferendos através do recurso à guerra. A história é esse cemitério pejado de homens e mulheres que ilustram esse facto.
Talvez por isso também valha aqui a pena recuperar outra fórmula; si vis pacem, para bellum, se queres a paz prepara-te para a guerra. Eis a melhor forma de construirmos a paz, a democracia e o desenvolvimento, até porque o ódio e as guerras, como diria o Papa João Paulo II - começam sempre no coração dos homens.
A Segurança e a Defesa do país, nesta perspectiva integrada das Relações Internacionais, remete para a salvaguarda do máximo de Liberdade e de acção conforme com a realidade que sistemáticamente nos condiciona, directa ou indirectamente. Assim sendo, tudo tem relação com tudo, ou seja, as missões concretas do nosso aparelho de forças militar intra e extra-muros afecta os chamados subsistemas sociais cujos objectivos devem ser cumpridos por cada um desses vectores estratégicos nacionais - e que intersectam a política externa, as finanças, o ambiente, a cultura, a comunicação, a saúde, a educação, a política interna, a rede de transportes e o mais que afecta a segurança e a coesão económica e social de um país.
Com estas notas singelas deixamos aqui esta breve evocação ao genial Raymond Aron, meu mestre, mestre de muitos e mestre dos tempos.

Keane: uma pérola

Keane - Nothing In My Way

Spiralling - Keane

Santana lopes mistura os seus interesses privados com serviço público

Tristeza:
- santana ainda não percebeu que a credibilidade é como a virgindade, uma vez perdida...
Santana Lopes disponível para ocupar lugar de vereador em Lisboa mas impõe condições. Público
Obs: Sugira-se a Lopes que se faça representar por António Preto com o beneplácito da sua madrinha Manuela Ferreira leite que, por sua vez, tem a anuência de Belém. Tudo boas moedas, portanto.

Secretários de Estado já estão escolhidos

O Governo já foi constituído, faltava saber quem ia desempenhar os papéis de secretários de Estado. Hoje foram anunciados os nomes e as equipas estão completas. Veja aqui composição dos Ministérios.
O primeiro-ministro, José Sócrates, trocou de secretário de Estado Adjunto, passando a pasta para as mãos de José Almeida Ribeiro.
Luís Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros, mantém dois secretários de Estado - João Gomes Cravinho e António Braga – e substitui Teresa Ribeiro por Pedro Lourtie, que era chefe de Gabinete do primeiro-ministro.
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, mantém o núcleo duro da sua equipa, substituindo apenas um membro. Emanuel dos Santos, Carlos Costa Pina e Gonçalo Castilho permanecem. E entra Sérgio Vasques, que substitui Carlos Lobo.
Pedro Silva Pereira, ministro da Presidência, fez algumas alterações na sua pasta. Laurentino Dias mantém-se no Desporto e Maria Leitão Marques na Modernização Administrativa. E entram duas caras novas, depois de Jorge Lacão ter ficado com o Ministério dos Assuntos Parlamentares. José Junqueiro e Elza Pais entram nesta secretaria de Estado com as pastas de Administração Local e Igualdade, respectivamente. Sendo esta última uma pasta nova.
Augusto Santos Silva, ministro que trocou os Assuntos Parlamentares pela Defesa Nacional, terá como secretário de Estado Marcos Perestrello, candidato nas últimas autárquicas à Câmara de Oeiras.
O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, decidiu remodelar o seu Ministério, contando agora com três caras novas. José Conde Rodrigues, como secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, ( e que estava na Justiça), Dalila Araújo, na secretaria de Estado da Administração Interna, e Vasco Franco, na Protecção Civil.
Alberto Martins, que trocou a liderança parlamentar pela pasta da Justiça, vai contar com João Correia e com José Magalhães, que estava na Administração Interna.
O novo ministro da Economia, Vieira da Silva, leva consigo um secretário de Estado com quem trabalhou no Ministério do Trabalho – Fernando Medina, e mantém Fernando Serrasqueiro, à frente da pasta da Defesa do Consumidor, e Bernardo Trindade, na área do Turismo. Carlos Zorrinho, que foi um dos responsáveis pelo Plano Tecnológico, assume a pasta da Energia e Inovação.
Na Agricultura, António Serrano, vai contar com dois secretários de Estado, cujas caras são novas neste Executivo. Rui Barreiro e Luís Vieira.
António Mendonça, que assume o Ministério das Obras Públicas, mantém Paulo Campos, mas substitui Ana Paula Vitorino por Carlos Correia da Fonseca.
A ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, terá como secretários de Estado Humberto Rosa, que já desempenhava funções no anterior Governo, e Fernanda Carmo.
Helena André, ministra do Trabalho e Segurança Social, mantém Pedro Marques e Idália Moniz. E acrescenta Valter Lemos, que estava na Educação, para substituir Fernando Medina que seguiu Vieira da Silva para o Ministério da Economia.
Ana Jorge, ministra da Saúde, vai continuar a contar com Manuel Pizarro, e passa a contar também com Óscar Gaspar.
A ministra da Educação, Isabel Alçada, terá duas caras novas no Ministério. Alexandre Silva e João da Mata.
Mariano Gago, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, mantém a equipa, que conta com apenas um secretário de Estado – Manuel Heitor.
A ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, vai contar com Elísio Summavielle, uma das caras novas desta lista.
Jorge Lacão, tal como aconteceu com o seu antecessor, Augusto Santos Silva, não tem qualquer secretário de Estado.
Obs: Deseje-se boa sorte aos novos secretários de Estado cuja missão é coadjuvarem os respectivos ministros, nunca os trair e, ao mesmo tempo, ampará-los na queda quando as coisas correm mal.

quarta-feira

Sobre Sophia

Sobre Sophia
SOPHIA
Da lusitana antiga fidalguia
um dizer claro e justo e franco
uma concreta e certa geometria
uma estética do branco
debruado de azul.
Sua escrita é de nau e singradura
e há nela o mar o mapa a maravilha.
Sophia lê-se como quem procura
a ilha sempre mais ao sul.
Manuel Alegre

UCCLA homenageia Nuno Krus Abecasis. Um legado importante na cidade de Lisboa

Tenho uma memória mais visual do que prática da obra que Krus Abecasis deixou na cidade de Lisboa - cuja área metropolitana tem hoje cerca de 30% da população do país e apresenta um PIB per capita superior à média da União Europeia fazendo desta região a mais rica do país.

Krus Abecassis tinha ascendência judaica e era formado em engenharia no Instituto Superior Técnico, foi um destacado militante do CDS (do tempo de Freitas do Amaral e de Adelino Amaro da Costa), integrou o governo de coligação do PS com o CDS em 1978, na qualidade de Secretário de Estado das Indústrias Extractivas e Transformadoras. Em 1979 é eleito autarca da capital, com maioria absoluta e depois reeleito em 1985, completando, assim, uma década de mandato na Câmara Municipal de Lisboa. Só por isso, foi "obra".

Portanto, aqui, ao contrário de outros autarcas da cidade de Lisboa, não houve desígnios nem chamamentos para Belém nem para outras funções, Krus Abecasis criou raízes na CML e aí fez a sua obra e lavrou alguns dos seus sonhos - recentrando na gestão da cidade de Lisboa uma das funções mais nobres de Portugal.

E como foi um dos fundadores da União das Cidades Luso-Afro-Américo-Asiáticas (UCCLA), em 1985 e da Fundação Cidade de Lisboa, em 1989, seria normal que fosse homenageado a título póstumo. No fundo, um tributo à memória para que o presente e o futuro sejam mais promissores.
Ainda que fosse mais visual do que no detalhe a memória que guardo deste autarca, que "dormitava" nas conferências onde ia mas que no final respondia a todas as questões com um rigor extra-matemático, é hoje associado ao seu legado a ideia de alguém que teve visão para Lisboa e tentou fazer da cidade um agente transformador e cosmopolita do seu tempo, do nosso tempo - cuja obra hoje outros continuam, embora ajustada a novos contextos de desenvolvimento social e urbano, envolvendo novos desafios de modernização a que o ritmo do tempo e da civilização obriga.

Canção de Lisboa - Jorge Palma -

António Costa já decidiu elenco camarário

Costa já decidiu elenco camarário, CM
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, já distribuiu responsabilidades pelos vereadores da lista Unir Lisboa eleitos nas autárquicas de 11 de Outubro, com maioria absoluta, e que formarão o próximo executivo camarário. O responsável, que regressou ontem "recomposto" ao trabalho, após uma semana de férias, disse ao CM que os novos protagonistas da autarquia da capital vão "certamente gerir bem".
O próximo executivo lisboeta inclui vereadores do PS, do movimento Cidadãos por Lisboa, de Helena Roseta, e da associação cívica Lisboa é Muita Gente, de José Sá Fernandes. No total são nove eleitos, que terão a responsabilidade sobre os destinos da cidade já a partir da próxima quarta-feira, dia 4 de Novembro, dia em que deverá ter lugar a tomada de posse do novo executivo camarário.
Neste novo mandato, António Costa optou por não ficar com pelouros, ao contrário dos últimos dois anos e meio. Já a número dois da lista, a arquitecta Helena Roseta, ficará responsável pela Habitação, o arquitecto Manuel Salgado manterá a pasta do Urbanismo e Sá Fernandes deverá continuar a gerir os Espaços Verdes.
As novidades começam com a quinta eleita, Dalila Araújo, ex-governadora civil de Lisboa, a quem António Costa pensa atribuir a Acção Social e a Segurança. Segue-se Catarina Vaz Pinto, ex-secretária de Estado, que deverá suceder a Rosália Vargas na Cultura. Manuel Bito deverá ficar com a Educação, Desporto e Obras Públicas e Fernando Nunes da Silva com a Mobilidade. A difícil pasta das Finanças ficará entregue à economista Maria João Mendes.
Pedro Santana Lopes, do PSD, mantém o tabu sobre se vai assumir o cargo de vereador na autarquia.
Obs: Desejamos boa sorte aos Srs. vereadores/as e um one way ticket para Santana em direcção à Figueira da Foz, quem sabe daqui por 4 anos haja lugar a mais uma plantação de palmeiras.

Lapsos virtuais na designação dos ministros

Pior seria ir ao site do Ministério da Educação e, em vez de ver Isabel Alçada, encontrar lá o nome do sacristão comunista Mário Nogueira, por lapso, óbviamente.
Lapso por lapso...

terça-feira

Cavaco-narciso

Quando vimos ontem na tomada de posse "um Cavaco" pedindo um Governo para a legislatura completa, ou seja, 4 anos, e Sócrates advertindo para a responsabilidade da oposição, perguntamo-nos por que razão os dois principais actores do vértice do aparelho de Estado têm de prometer um ao outro aquilo que se torna óbvio aos olhos do eleitorado e do país?! Parece até que ambos pretendem produzir frases e mensagens que configurem um discurso que faça sentido e que perante a ameaça do caos - ambos reclamem estabilidade, exigência, crescimento económico, combate ao desemprego, combate ao endividamento externo, melhoria da qualificação dos portugueses. É tudo isso que interessa ao XVIII Governo constitucional e aos portugueses em geral.
Mas o que foi curioso notar foi a colaboração discursiva de Cavaco por ocasião da tomada de posse do referido Governo:
a ausência de um apoio maioritário no Parlamento não é, por si só, um elemento perturbador de governabilidade. A ausência de maioria não implica o adiamento das medidas que a situação do País reclama", afirmou o Presidente da República, sublinhando que "para qualquer Governo o horizonte temporal de acção deve ser sempre a legislatura".
Cavaco recorreu à sua própria experiência enquanto PM para garantir a Sócrates que terá em Belém não o velho obstáculo das escutas manhosas e dos vetos duvidosos, mas um actor no vértice do Estado que colaborará com S. Bento, talvez até no corte de cabelo, tal deverá ser a cooperação estratégica. De tal modo que além de Silva Pereira, Cavaco deverá fazer um corte de cabelo semelhante, passe a ironia de barbeiro.
Como Cavaco conhece as dificuldades da década de 80 do séc. XX, arroga-se o direito de dissertar sobre as dificuldades do nosso tempo, pena é que não tenha partilhado com o PM ou com os ministros ou secretários de Estado alguns desses conhecimentos - que seriam tão importantes para sair da crise e fazer crescer a economia, potenciar as condições de empregabilidade nacional, melhorar as qualificações nacionais, atrair mais e melhor investimento directo estrangeiro, etc. Cavaco, sabendo-se conhecedor de tais escolhos, nada fez nos últimos anos junto do Governo para ajudar os portugueses a sair da crise. A iniciativa mais estrondosa que se lhe conhece foi um dado imaginário que o ia autodestruindo: as escutas que levou à demissão do seu principal assessor de imagem, Fernando Lima.
Depois Cavaco refere mais um conjunto de "eus":
"Não me movo por cálculos políticos", assegurou o Presidente da República. Que antes tinha deixado uma outra frase que soou ainda a eco da controvérsia em torno do Estatuto dos Açores: "Nunca faltei à palavra dada e aos compromissos que assumi, em público ou em privado" (a acusação que expressou aquando da aprovação daquele diploma).
Cavaco, de facto, mistura os papéis e os tempos em política. Por um lado, ainda não se habituou à ideia de que é PR no séc. XXI e não PM, por outro lado julga que por colocar as situações e os problemas na 1ª pessoa passa a dispôr automáticamente duma varinha mágica para resolver os problemas sociais e económicos nacionais. Tudo isto vindo de Cavaco só pode cheirar a esturro, pois conhecem-se os projectos políticos de Cavaco, também se conhece a sua área política e as suas intenções em fazer um 2º mandato presidencial, por isso é natural que já tenha começado a fazer o TPC-político a fim de seduzir o PS nas próximas eleições presidenciais, em que a novidade, apesar de tudo, foi o milhão de votos de Manuel Alegre contra o próprio Mário Soares, que enfrequeceu a esquerda e dividiu algumas personalidades e interferiu com o próprio sentido da história.
Ou seja, Cavaco desistiu definitivamente da sua pupila Manuela Ferreira leite, desistiu também de alavancar um candidato - tipo Marcelo - à liderança do PSD que depois o encaminhe para a luta por S. Bento contra Sócrates e o PS. Cavaco já pagou essa factura política das escutas demasiado cara: não conseguiu ajudar Ferreira leite a subir a escadaria de S. Bento, descredibilizou o PSD, enterrou-se a si próprio às luz dos portugueses e, hoje, perante tudo isso, promete solidariedade, estabilidade, cooperação junto do Governo.
Por este andar, não seria de estranhar que Cavaco ainda se oferecesse como voluntário do Governo Sócrates para, no Verão, apagar os fogos juntamente com os bombeiros, no Inverno resolver o problema das cheias, sobretudo em Lisboa onde, porventura, António Costa precisará duma ajudinha de Belém para desentopir as sargetas de Sete Rios que entupiram o ano passado, e, vendo bem as coisas, ainda dar uma mãosinha junto da nova ministra Helena André, titular da pasta do Trabalho e da Solidariedade Social - a encontrar soluções alternativas para combater o desemprego em Portugal.
A ser assim o PS ainda apoia Cavaco para mais um mandato em Belém. Veremos se Manuel Alegre, como se espera, começa a fazer "poesia política" que interfira com aquele novelo cínico de Belém.

segunda-feira

Cavaco ambivalente e repleto de mea culpas em versão Palácio da Ajuda (sem desmaios)

Lisboa - O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, deu hoje posse ao XVIII Governo Constitucional, o segundo executivo liderado por José Sócrates.
Reconhecendo «por experiência própria», as dificuldades de um governo minoritário, o Presidente da República apelou ao sentido de responsabilidade dos partidos e dos parceiros sociais em vista de um governo de quatro anos, «o horizonte temporal de acção» de «qualquer Governo», disse.
No início do seu discurso, o chefe de Estado afirmou que o Governo que hoje toma posse tem plena legitimidade para governar, que lhe advém das urnas, mas lembrando que «inicia funções num momento particularmente difícil da vida nacional».
Cavaco Silva sublinhou que o executivo inicia funções numa altura de «situações económica e social preocupantes», sobretudo, com o desemprego e o endividamento externo, pelo que «todos são chamados a actuar com grande sentido de responsabilidade».
(c) PNN Portuguese News Network
Obs: O PR escolhe o momento da tomada de posse para se penitenciar dos erros recentemente cometidos em Belém e, por outro lado, denunciar que ainda não esqueceu a confusão de papéis entre o cargo de PM e de PR. Misturando ambos revela que não sabe bem o que pretende para o país e que papel nele quer assumir no sistema político. Por este andar Cavaco ainda reclama para si o cargo de ministro das Finanças, já que também ocupou essa pasta num Governo de Sá Carneiro. Já lá vai algum tempo.
Paulo de Carvalho - E depois Do Adeus

O julgamento de António Preto, começa terça-feira nas Varas Criminais

António Preto à esquerda na imagem.
António Preto, cuja inclusão nas listas do Partido Social Democrata (PSD) às legislativas causou polémica por estar envolvido num processo judicial, responde por crimes de falsificação de documento e fraude fiscal qualificada, em co-autoria, no chamado “caso da mala”.
António Preto, que pertence à Comissão Política Distrital de Lisboa do PSD, é acusado de ter recebido 150 mil euros dos empresários de construção civil Virgílio Sobral de Sousa e Jorge Silvério, que terão entregue aquela quantia em dinheiro em envelopes e malas. Os empresários respondem por fraude fiscal qualificada e no conjunto os três arguidos terão lesado o Estado em 37,5 mil euros. Os ilícitos descritos pela acusação verificaram-se durante uma campanha para a Distrital de Lisboa do PSD, que António Preto venceu.
Em sua defesa, António Preto já alegou que o dinheiro era pagamento por serviços de advocacia, mas como o contrato de prestação de serviços terá sido firmado já depois da entrega do dinheiro e da emissão dos recibos foi ainda imputado o crime de falsificação de documento. O julgamento realiza-se na 5.ª Vara Criminal no Campus da Justiça de Lisboa, no Parque das Nações.
Obs: Em função do historial do elemento é de admitir que vá de muletas, mãos enjessadas e afónico. Não podendo prestar declarações, a justiça ficará a adiada para as calendas gregas... da Lapa e da rua da Junqueira.

domingo

Que padrão de governação Sócrates seguirá...

Sócrates enfrenta hoje o desafio do cirurgião na mesa das operações, ou seja, a arte e a techné da governação de Portugal esperam tudo do PM. Não dispondo da sua velha maioria absoluta, que lhe permitia governar o país com folga política e parlamentar pelo apoio absoluto que dispunha na Assembleia da República, Sócrates é hoje chamado a negociar com as oposições, individualmente ou em bloco, acordos pontuais relativamente a certas matérias de maior sensibilidade que carecem do apoio de outros partidos políticos com representação parlamentar.
Se, por um lado, Sócrates não estranhará esta nova necessidade na configuração política, já que foi o PM que mais vezes foi à AR prestar contas às oposições e ao país (ganhando sempre todos os debates parlamentares), por outro tem, agora, uma responsabilidade acrescida, que consiste em ter a flexibilidade suficiente de procurar consensos onde antes impunha as decisões da sua velha e cessante maioria parlamentar.
Eis os desafios da democracia pluralista.
Não basta ganhar as eleições, tem também que se saber conquistar a anuência geral e concreta das oposições para fazer aprovar as leis da República que irão fazer as reformas necessárias que os portugueses precisam para sair da crise, meter a economia a funcionar e eliminar a preocupante taxa de desemprego, quebra de investimento e fraco crescimento no país. Tudo desafios que não se resolvem apenas com leis, naturalmente.
Esta é a verdade dos factos, mas há que saber como estabelecer o melhor método e o melhor critério para alavancar a governação neste contexto crísico, que convoca a arte e a técnica dos governantes e dos decisores para a formulação das melhores leis, dos melhores acordos de concertação social e das melhores negociações na esfera internacional, sobretudo no plano comunitário que se coloca a Portugal nos próximos anos, e de que depende a nossa saída da crise e a modernização da nossa Justiça, Educação, Agricultura, Indústria, Saúde e demais sectores da economia nacional que hoje se encontram num estádio de subdesenvolvimento que penaliza os portugueses e afasta qualquer investidor externo que pense em Portugal como destino do seu investimento.
Vejamos os quatro grandes pressupostos que formatam o padrão de governação e de cultura política a que Sócrates se poderá agarrar para governar Portugal nesta delicada conjuntura económica, social e política.
Apresentamos aqui esses quatro pressupostos por ordem crescente de importância.
O fatalismo (típico do comportamento de Ferreira Leite) que rejeita o risco, desejava eliminar o investimento público, aceita o destino, remete para o esquema da privatização os constrangimentos da segurança social jamais poderia ser solução governativa para Portugal. Esta era, em traços gerais, a opção decadente de Ferreira Leite.
A via da hierarquização das estruturas burocráticas aplicadas ao futuro governo assente na valorização das competências dos governantes, na obediência das rotinas e na mera estruturação das decisões de Estado em função daquelas competências seria pretender converter Portugal numa Alemanha, o que seria impraticável. Aqui um Governo Sócrates teria a maior dificuldade em acelerar processos de tomada de decisão dada a ausência duma orientação inovadora no governo.
Seguir a 3ª via, ou seja, impor o pluralismo enquanto filosofia de governo, o sentido da solidariedade de grupo com as expectativas de protecção de grupo aos interesses sociais em maior dificuldade, buscar consensos a todo o custo e estruturar o poder ao estilo de António Guterres – talvez não seja a melhor opção na actual fase de crise social, económica e política. O país carece de um governo de choque para sair da crise, e não para atender às reivindicações de corporações enquadradas por organizações e interesses particulares e que, por essa razão, colidem com o interesse geral e o bem comum que o Governo deve procurar salvaguardar.
Por último, talvez o Governo que hoje toma posse liderado por José Sócrates deva seguir um padrão de funcionamento e de cultura política que procura aliar a competitividade, com a valorização do risco, a lógica de mercado e a valorização contratual entre o Estado e os “privados” no quadro da estruturação dos poderes separados previstos no nosso sistema político e dos equilíbrios institucionais que hoje tem em Belém um PR parcial, enfraquecido, desnorteado e que escolheu uma questão imaginária – as escutas – para uma dupla finalidade: denegrir a imagem do Governo e a do PM em particular e ajudar a colocar Manuela Ferreira Leite em S. Bento. Ambos os objectivos foram gorados, por isso Cavaco saíu derrotado e enfraquecido dessa luta política.
Ainda que esta última via seja o padrão de sociedade liberal que melhor serve ao país no momento presente tal não exime o Estado de consolidar as suas políticas sociais, apostar na qualificação socioprofissional dos portugueses, atrair Investimento Directo Estrangeiro (IDE), aumentar a produtividade do país e redistribuir melhor a riqueza nacional. Se assim for potencia-se a justiça social entre os portugueses, diminuindo-se as desigualdades sociais que ainda hoje separam os muito ricos dos muito pobres, os “have” dos “have nots” em Portugal.

sábado

Sinistralidade política: Ferreira Leite escolhe sucessor

Manuela Ferreira Leite anunciou ontem que vai convocar um novo Conselho Nacional para depois da discussão do Orçamento do Estado para 2010. Ordem de trabalhos: marcação de eleições directas para a sua sucessão na liderança do PSD. Já Passos Coelho assumiu que é preciso começar a mudar e vinculou a actual direcção ao mau resultado das eleições legislativas de 27 de Setembro. O pré-candidato espera agora um rival, DN. Manuela Ferreira Leite garantiu ontem ao Conselho Nacional que vai convocar eleições internas para a liderança do partido após a discussão do Orçamento do Estado para 2010, que deverá decorrer no primeiro trimestre do próximo ano.

Obs: São conhecidas as relações políticas e psico-afectivas estreitas de Ferreira Leite com o seu amigo e deputado suspenso António Preto, que vai a julgamento no final do mês por alegados actos de corrupção no famoso "caso da mala", por isso é natural que a actual directora da Comissão liquidatária do PSD queira influir na escolha do seu sucessor, e que este seja, no seu desejo, António Preto. Eis a "política de verdade" de Manuela Ferreira Leite, patrocinada por Belém na corrida a S. Bento, apoiante de Pedro Santana Lopes a Lisboa e a principal responsável por ter incluído na lista nacional de deputados do PSD à Assembleia da República um alegado corrupto: António Preto. Tudo, portanto, más moedas, para retomar a terminologia de Cavaco Silva há uns anos...

quinta-feira

A composição do novo Governo: continuidade, renovação e algumas surpresas

Antecâmara:
A composição de um Governo é sempre um compromisso entre continuidade (naquilo que há de bom na equipa anterior), renovação (com injecção de pessoas qualificadas oriundas da sociedade civil e com provas dadas) e capacidade reformista nos sectores da sociedade mais resistentes. Constituir um governo é, pois, cruzar o risco com a segurança, a competição com a protecção, a capacidade de gerar equilíbrios em função dos recursos disponíveis. Este governo espelha esses compromissos (políticos, económicos e técnicos), mas aguardemos para ver a representação no terreno destes novos actores, a 2ª equipa através dos secretários de Estado - em inúmeros casos, de grande importância. E depois a forma como as oposições se comportarem no plano doméstico e de qual for a evolução do comportamento da economia mundial e europeia sobre as variáveis internas - de que depende, em rigor, as condições endógenas e exógenas do nosso próprio desenvolvimento - que deve convergir cada vez mais com os índices de desenvolvimento socioeconómico dos países europeus que hoje estão no pelotão da frente.
José Sócrates apresentou, esta quinta-feira, a constituição do XVIII Governo Constitucional o ao Presidente da República. O novo Governo vai ter cinco mulheres em 16 ministros e apresenta no seu conjunto oito novos ministros.
Num total de 16 ministros, são novos Alberto Martins (Justiça), António Serrano (Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas), António Mendonça (Obras Públicas, Transportes e Comunicações), Dulce Pássaro (Ambiente e Ordenamento do Território), Helena André (Trabalho e Solidariedade Social), Isabel Alçada (Educação), Gabriela Canavilhas (Cultura) e Jorge Lacão (Assuntos Parlamentares).
Transitam do XVII para o XVIII Governo Constitucional, mantendo as mesmas pastas, seis ministros: Luís Amado (Estado e Negócios Estrangeiros), Teixeira dos Santos (Estado e Finanças), Pedro Silva Pereira (Presidência), Rui Pereira (Administração Interna), Ana Jorge (Saúde), Mariano Gago (Ciência, Tecnologia e Ensino Superior).
Embora mudando de pasta, continuam também no Governo Augusto Santos Silva (transita dos Assuntos Parlamentares para a Defesa Nacional), Vieira da Silva (muda do Trabalho e da Solidariedade Social para a Economia, Inovação e Desenvolvimento).
João Tiago Silveira, que foi secretário de Estado da Justiça, assume agora as funções de secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.
Lista dos ministros propostos pelo primeiro-ministro, José Sócrates, ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva:
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Dr. Luís Filipe Marques Amado
Ministro de Estado e das Finanças Prof. Doutor Fernando Teixeira dos Santos
Ministro da Presidência Dr. Manuel Pedro Cunha da Silva Pereira
Ministro da Defesa Nacional Prof. Doutor Augusto Santos Silva
Ministro da Administração Interna Dr. Rui Carlos Pereira
Ministro da Justiça Dr. Alberto de Sousa Martins
Ministro da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento Dr. José António Fonseca Vieira da Silva
Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas Prof. Doutor António Manuel Soares Serrano
Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações Prof. Doutor António Augusto da Ascenção Mendonça
Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território Engª. Dulce dos Prazeres Fidalgo Álvaro Pássaro
Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social Drª. Maria Helena dos Santos André
Ministra da Saúde Drª. Ana Maria Teodoro Jorge
Ministra da Educação Drª. Isabel Alçada (Maria Isabel Girão de Melo Veiga Vilar)
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Prof. Doutor José Mariano Rebelo Pires Gago
Ministra da Cultura Drª. Maria Gabriela da Silveira Ferreira Canavilhas
Ministro dos Assuntos Parlamentares Dr. Jorge Lacão Costa
Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros Dr. João Tiago Valente Almeida da Silveira
Governo José Sócrates Política Portugal
Sublinhamos o nome de Gabriela Canavilha para a pasta da Cultura. Sendo uma pianista dá vontade de dizer que a Música (a boa música) regressou à Cultura. De resto, a música é um dos seus ingredientes, por isso desejamos boa sorte à Maria Gabriela e ao restante elenco governamental.

Saramago é crente, mas não o confessa. Deus nunca lhe fez prefácios

Saramago ao postular nos seus romances que, confesso, nunca tive a paciência de ler até ao fim, que o Deus da Bíblia é "mau e vingativo" e o Outro - da criação do mundo - é inexistente, procura reduzir a criação da natureza a um acidente cósmico explicado pelos físicos ou, mais comezinhamente, ao novelo que engendra nos seus livros, de efeito mais limitado, seguramente. Mas, com sorte, ainda somos capazes de descobrir que o escritor escreve sempre com um Cristo ao lado e outro no bolso, adormece em plena oração pedindo a Deus que lhe prorrogue o prazo da vida por mais uns tempos, e sempre que conclui mais um livro deve dar uma escapadela à missa da manhã, por regra com poucas pessoas e dirfarçado, para prestar tributo ao Senhor pela força que lhe deu por mais uma narrativa e pela dádiva da própria vida. Creio que a grande frustração do escritor é não ter Deus, ou seu filho Jesus Cristo, a assinar-lhe os prefácios. E se assim for tal revela que Saramago é um homem muito crente, embora tenha vergonha em públicamente o confessar.

quarta-feira

Leia a Bíblia - são os desafios que Saramago deixa aos portugueses

A Bíblia, o livro dos livros, é o book mais vendido em todo o mundo. Tem uma arquitectura fenomenal, composto por vários livros do Antigo e do Novo Testamento, alguns desses livros são profundamente didácticos, aprende-se mais com os Evangelos, seguramente, do que a globalidade da obra de Saramago, que, por certo, é assinálável e até já mereceu o Prémio Nobel da literatura. Mas toda esta polémica em torno do lançamento do seu novel book é, creio, gratuita por várias razões: poucas pessoas leram o livro, poucas pessoas têm cultura religiosa e filosófica para tecer comentário crítico pertinente, a questão funalinizou-se e extremou-se pela contraposição das várias religiões e seus representantes em Portugal que não entendem esta perseguição de Saramago à Bíblia, além dum conjunto de razões que se prende à personalidade do autor, à relação de ódio que este nutre pelo actual Papa e mais umas quantas razões mesquinhas que jamais deveriam ocupar os portugueses, hoje confrontados com questões mais candentes ligadas ao seu futuro colectivo.
Mas não deixa de ser curioso que se fale tanto dum livro que práticamente ninguém leu, já se fala em censura e em inquisção, porque um atrevido eurodeputado do PSD estampou no seu site oficial a opinião segundo a qual o escritor deveria mudar de nacionalidade, tendo, como reacção, Edite Estrela à perna no Parlamento europeu. Enfim, é o mata-mata do costume com estes cérebros exaltados para mostrar serviço: uns ao partido, outros à conta bancária e ao orgulho de ser escritor, outros a outros valores mais ou menos atendíveis mas que remetem para lutas de poder e/ou que fácilmente são questões politizáveis.
Não sou fã do escritor, acho que um Vergílio Ferreira, uma Agustina são, verdadeiramente, melhores escritores mas que, por algum motivo, não se nobilizaram, mas isso não me impede de reconhecer em saramago que este deva limitar a sua liberdade de expressão na sua produção literária. Deve fazê-lo aguentando-se depois ao contraditório. É assim nas democracis avançadas e pluralistas que, lamentavelmente, o dito Saramago não defendeu no pós-25 de Abril - em que até chegou a sanear colegas seus jornalistas na direcção do DN só porque não alinhavam com a linha editorial dura que o PCP - pela sua pena - impunha na Direcção. Enfim, pecadilhos de saramago que hoje poucos lembram ou conhecem. Adiante. Mas todos os homens têm uma história!!!
Referir, como faz o escritor, que a Bíblia é um "manual de maus costumes e um catálogo de crueldades" é uma tirada marketeira para parecer lapidar e definir o indefinível. Há, de facto, textos na Bíblia, como o livro da sabedoria/Eclesiastes, por exemplo, que o escritor certamente desconhece, que são verdadeiras obras de arte literária, de filosofia, são textos seminais profundamente inspiradores e que convidam à reflexão, como Saramago pretende fazer com os seus livros, embora nem sempre consiga.
De resto, o Eclesiastes, seria um pseudónimo mas cuja doutrina gira à volta de três pontos que aqui recordamos:
- a vaidade das coisas humanas, e nisto saramago deveria sériamente meditar;
- a imperfeição da ciência humana, e nisto o escritor deveria meditar;
- e a moderação dos nossos desejos e ambições - e nisto saramago também deveria reflectir, até pela sua própria felicidade, visto que o escritor já se encontra na antecâmara do termo da vida, muito frágil, por vezes, deve até baralhar as ideias e dizer o contrário daquilo que pensa.
É tão pouco sério o escritor acusar as igrejas - que ele critica no livro - de não se submeterem a leituras alternativas acerca da Bíblia, como é redutor as igrejas e os respresentantes dessas religiões do livro pretenderem limitar a liberdade de expressão do escritor. Mas porque as coisas nascem tortas é que vemos, hoje, um Mário Davi do PSD a fazer o papel de censor-mor do reino, papel desempenhado por Sousa lara há uns anos, quando este era sub-secretário de Estado da Cultura do Governo de Cavaco - arredando o livro de Saramago dum concurso; assim como é estéril ver uma Edite Estrela do PS - armar-se em libertária, falar em nome do escritor e acusar os que criticam o escritor, só porque Saramago se nobilizou, de fundamentalista. Tudo isto é uma exaltação parva que só serve para alimentar gente tontinha.
Nem Edite nem Davi têm razão, a questão é, por natura, bem mais complexa e ultrapassa-os em absoluto. As suas lógicas são meramente politico-partidárias, as lógicas que precisamente menos interessam para a clarificação desta polémica. Manual de maus costumes e um catálogo de crueldades foi a prática dos PCPs por essa Europa fora durante quase todo o século XX e que Saramago pouco ou nada questionou. É óbvio que em nome da religião, da colonização, dos Descobrimentos e da cristianização se cometeram crimes hediondos na humanidade. O Marquês de Pombal também fez das suas cá dentro, até Judeus queimou vivos alí perto da Ginginha do Rossio. O que só prova que a razão e a verdade se encontram acima do escritor e vai para lá das opiniões partidárias e transcende muito a opinião formal dos representantes das religiões ofendidas em Portugal, na sequência de mais este livrinho de Saramago que ninguém leu.
Por isso, quando Saramago defende que "o Deus da Bíblia não é de fiar, é vingativo, rancoroso e má pessoa" - pensei que ele se estivesse e reportar aos líderes da ex-URSS e de quase todos os dirigentes dos PCPs europeus e até, convenhamos, de uma boa parte da humanidade. Porque o homem, na matriz hobesiana, é mau por natureza, a sociedade é que tende a civilizá-lo e a torná-lo mais harmonioso na vida em sociedade. Mas para isso temos de assimilar um conjunto de valores a que Freud, com propriedade, chamava Cultura e, no topo da pirâmide, Civilização. Portanto, não sei bem quem pretende impôr uma visão sobre o mundo: se o escritor ao ser redutor nas suas palavras e nas suas frases marketeiras; ou as igrejas ao defenderem-se das farpas do escritor. Caim, que matou o irmão, não espelha os valores nem a complexa filosofia e o conhecimnto na Bíblia.
Saramago, como, por certo, desconhece a Bíblia, ou só leu aquelas partes(inhas) que escolheu para alimentar a sua narrativa e construir o seu argumento ficcional, não sabe que uma geração passa, outra lhe sucede, mas a terra subsiste sempre. O sol nasce e põe-se e apressa-se a voltar ao seu lugar, donde volta a nascer. O vento vai em direcção ao sul, depois declina para norte; gira, torna a girar continuamente e recomeça as suas idas e vindas. E todos os rios entram no mar...
A Bíblia, ao invés do que supõe o escritor, transcende a carnificina em que os partidos comunistas envolveram o séc. XX, vai também além dos incestos que preocupam Saramago, e ainda supera todas as violências de todo o género humano. A mim, por exemplo, sempre me fez confusão - sendo Saramago um defensor dos direitos humanos e das liberdades, o escritor nunca ter feito um romance sobre as miseráveis condições de vida a que o seu então amigo Fidel Castro, o lagarto de Havana, tem submetido o povo cubano desde a revolução da Sierra Maiestra, em 1959?! Num país onde ainda hoje se mata e manda matar por mero delito de opinião.
Onde os escritores, como Saramago, são metidos na prisão por simplesmente afirmarem os seus pontos de vista. Isto deveria preocupar Saramago e por várias razões: porque foi amigo pessoal de Fidel Castro (um ditador), porque se diz um escritor cosmopolita e, portanto, com preocupações universais, e porque se trata duma luta do bem contra o mal, da imposição da democracia (inexistente em Cuba) sobre a ditadura disfarçada de democracia que raul castro, seu irmão e que conta com apoio do aparelho militar que o regime alimenta, de forma canhestra, tem dirigido. Tudo isto decorre sob a atmosfera de um povo humilde que deseja ardentemente a morte de Fidel, mas ninguém o admite nas ruas de Cuba.
Estes seriam, certamente, temas, problemas e equações sociais que saramago poderia (e deveria) explorar nas suas narrativas e nas suas metalinguagens para vender os seus romances. Mas o escritor acaba por escolher outras abordagens.
Tenho para mim que, de facto, o escritor só conhece aquelas partes da Bíblia que servem para industriar o seu novelo, e desconhece o essencial. E o essencial está patente na doutrina do Eclesiastes, o livro da sabedoria, quando se defende que o homem, qualquer que ele seja, deverá limitar a sua vaiadade, a sua imperfeição e moderar os seus desejos e ambições.
Ora, Saramago na idade que tem e no estado já cadavérico que apresenta deveria fixar-se nesta doutrina e, nos dias que lhe restam, ater-se às verdadeiras causas da desgraça humana - que não estão dentro da Bíblia, mas nos corações dos homens, como no do seu amigo Fidel Castro que por ainda não ter morrido, e até é heresia dizer isto, tem subjugado milhões de cubanos à miséria, à fome e à degradação moral, intelectual e humana. Na prática, e por paradoxal que seja, a sobrevivência de Fidel em Cuba implica o adiantamento sine die da democracia, logo da perpetuação das condições materiais que mantém o subdesenvolvimento.
Numa palavra, o escritor tinha outras guerras para travar, outras lutas por empreender, poderia ajudar a libertar a humanidade das grilhetas que alguns ditadores moribundos - como Castro - impõe aos homens, mas Saramago persegue outra rota, por seu ateu, fixou-se nos odiosinhos de estimação aos materiais religiosos e daí não consegue sair.
E não saindo também não se consegue libertar.
Saramago ainda não entendeu que tudo deve ser realizado a seu tempo debaixo dos céus, tudo tem a sua hora. O escritor, e lamentamos o facto porque é também o nome de Portugal que entra na liça, ainda não percebeu que, na vida, e citando mais uma vez o Eclesiastes, há tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que se plantou; tempo para matar, e tempo para edificar...

Um lúcido Editor. do Jumento

A política tem destas coisas, o mesmo Cavaco Silva que parece ter dado rédea solta aos seus assessores para conspirarem contra Sócrates, com o objectivo claro de levar Manuela Ferreira Leite a São Bento, vê-se agora orçado a andar com Sócrates ao colo se quer ter esperança de vir a ser reeleito Presidente da República. Quando Sócrates tinha a maioria absoluta mas ficou vulnerável face à crise financeira Cavaco optou por lhe tirar o tapete, agora que Sócrates não conta com uma maioria absoluta Cavaco vê-se obrigado a protegê-lo.
O que irá pela cabeça de um Fernando Lima que há poucos meses promoveu falsas acusações com o objectivo de destruir Sócrates e agora vê Cavaco pedir aos partidos que deixem passar o programa de governo e o orçamento?
A diferença no comportamento de Cavaco Silva explica-se pelo calendário eleitoral, antes Cavaco tinha uma estratégia em função as legislativas, agora actua em função das eleições presidenciais. Este é o prior dos cenários para Cavaco Silva, parte com a imagem de um político que não tem perfil nem está à altura das exigências do cargo de Presidente da República, é forçado a apoiar o partido que não queria ver no governo, não vai conseguir gerir o processo de mudança na liderança do PSD e nem este nem o PS lhe vão agradecer o que tem feito.
Cavaco vai usar o protagonismo que a ausência de uma maioria absoluta lhe proporciona para assumir o papel de garante da estabilidade o que não deixa de ser irónico, quando essa estabilidade estava assegurada pela existência de uma maioria absoluta foi ele e os seus assessores que assumiram a função de desestabilizar. Só que este apoio ao PS fá-lo perder a confiança da direita e é pouco provável que lhe traga simpatias à esquerda.
Se quiser os votos da direita Cavaco terá de desagradar ao PS mas isso levaria a uma grave crise política e, muito provavelmente, a uma derrota nas presidenciais. Se quiser os votos à esquerda Cavaco terá de desagradar à direita mas isso pode levar à implosão de um PSD que precisa de se livrar dos cavaquistas para reencontrar a sua identidade, mas que depois de mais de duas décadas a servir de eucaliptal cavaquista perdeu o seu espaço político.
O mesmo Cavaco que sonhou ver-se livre de Sócrates é agora prisioneiro do líder do PS, a sua reeleição vai depender da estabilidade política e da recuperação da economia. Por outras palavras, se Cavaco quer ser reeleito terá de ajudar Sócrates a recuperar a governar bem e a manter-se no governo e, muito provavelmente, a recuperar a maioria absoluta.
Cavaco apostou e perdeu, não só perdeu como ficou com grandes dívidas de jogo de que Sócrates é o grande credor. O PSD vai aprender uma dura lição, Cavaco Silva é um político que apenas se serviu dele para satisfazer as suas ambições pessoais e fará tudo o que for necessário para sobreviver, incluindo ajudar à destruição do partido que o deu à luz na vida política.
Obs: É triste constatar que o actual PR entende o conceito de interesse nacional se este se conformar com as suas ambições políticas pessoais, e se nos reportarmos à história política recente verificaremos que cavaco sempre actuou assim. Claro está que na década de 80 do séc. XX beneficiou dos milhões de contos que jorravam Portugal adentro provenientes de Bruxelas que serviram para construir estradas, escolas e hospitais na sua famosa política do betão, mas volvidos os tempos das "vacas gordas" Cavaco teria não apenas muita dificuldade em governar como grande incapacidade em fazer diverso entendimento daquele pessoalíssimo conceito do que é o interesse nacional: sempre o interesse pessoal e político de Cavaco. Ora sabemos que, não raro, os interesses pessoais e políticos de cavaco não interessam nem ao menino jesus, como se viu no caso das escutas nem no apoio lamentável que deu à sua pupila em sede de eleições legislativas. Cavaco já não sabe apenas em que consiste o conceito de interesse nacional - que deveria observar - o seu problema é mais grave, pois desconhece o sinónimo da palavra: imparcialidade. Cavaco, em rigor, tem sido aquela espécie de árbitro que recebe por fora para meter os amigos no poder. Perdeu. Mas por aqui também se aquilata da tão proclamada seriedade do actor em política. A outra também falava em "política de verdade"... Estão mesmo bem um para o outro.

Cavaco recusa ser "esmiuçado" no Gato Fedorento

DN

Obs: Ainda bem que o PR não aceitou ir ao programa, o seu tipo de humor-bolo-rei não se ajusta, de facto, ao humor inteligente dos Gato fedorento. Assim Cavaco poupa os portugueses a mais uma depressão presidencial e, quem sabe, a dezenas de perdigotos na atmosfera. É o pecadilho de não se saber comer de boca fechada.

Lamentamos!!!

O funeral político do cavaquismo com 20 anos de atraso

Correio da Manhã

O caso das alegadas escutas a Belém foi fatal para o Presidente da República. Se em Julho deste ano a actuação de Cavaco Silva era avaliada pelos portugueses com um 15,6, em Outubro a prestação do Chefe de Estado caiu para 9,6, segundo uma sondagem CM/Aximage, efectuada entre 12 e 16 de Outubro. Curiosamente, no que se refere às preferências dos eleitores para o próximo político a ocupar o cargo de Presidente da República, Cavaco Silva consegue vantagem sobre Jorge Sampaio, António Guterres e Manuel Alegre.
A forma como o Presidente conduziu a polémica das escutas ao Palácio de Belém abalou não só a cooperação estratégica com o Governo, como está a sair cara a Cavaco Silva junto do eleitorado. A queda de seis pontos percentuais na avaliação do Chefe de Estado entre Julho e Outubro – precisamente os meses em que o caso rebentou e fez muita tinta correr –, só tem comparação com uma avaliação feita a António Guterres, enquanto primeiro-ministro e líder da presidência portuguesa da União Europeia (UE), em 2000. (..)
Obs: Pergunte-se a Cavaco e Silva se em 2010 tenciona acusar a Assembleia da República - na pessoa de Jaime Gama - de sofisticar o mecanismo das escutas do Parlamento a Belém. E em 2011 imputa igual desígnio ao Tribunal Constitucional - terminando essa roda dentada da virtual perseguição na Madeira de Alberto João Jardim. O cavaquismo já foi enterrado há 20 anos, mas ainda se fala nele, pelas piores razões, como se vê: escutas...
Mais uma invenção dos jornalistas, dirá Fernando Lima, o sacrificado.

Xadrez

terça-feira

Requiem pelo novel Governo...

TSF
Programa do Governo deverá ser discutido na primeira semana de Novembro
A discussão do programa do novo Governo de José Sócrates só deverá ocorrer no início da primeira semana de Novembro. Os líderes dos partidos, reunidos esta quarta-feira, não chegaram no entanto a acordo quanto ao número e à composição das próximas comissões parlamentares
.
Quando ainda se aguarda que o primeiro-ministro indigitado, José Sócrates, comunique ao Presidente da República, Cavaco Silva, a lista do novo Governo, a conferência de líderes parlamentares terá recebido sinal de que o processo da posse deverá estar concluído dentro de duas semanas.
Em Dezembro deve chegar ao Parlamento a proposta de Orçamento de Estado para 2010, sendo que o debate sobre esse tema deverá acontecer em Janeiro, seguindo-se a revisão do Programa de Estabilidade e Crescimento.
Na reunião dos líderes partidários, o CDS-PP formalizou a proposta para que a área da agricultura tenha honras de comissão própria e contou com o apoio do BE, já que com a criação de mais uma comissão (de 12 para 13) os bloquistas ganhariam uma presidência.
Assim, o Bloco e o CDS-PP poderão liderar cada um uma comissão parlamentar, enquanto o PSD será responsável por liderar cinco e o PS seis.
No entanto, a discussão da composição das comissões fica adiada, porque falta saber a composição do governo para se perceber quais vão ser as grandes áreas, e também porque PCP e PSD consideram que em vez de aumentar o número de comissões deve haver uma nova arrumação de áreas.

O regresso a Agostinho da Silva

O tempo aparece agora fundido em Outubro e no Outono que nos empurra lá para trás, no outro tempo. O tempo de Agostinho da Silva, das conversas sem agenda prévia em que tudo se equacionava. Ninguém se justificava perante a história, apenas tínhamos sangue a circular nas veias e nervos a teleguiar o discurso. Hoje, provavelmente, faltam aos portugueses esse sangue, esses nervos, essa capacidade de realização, essa seriedade, essa vontade e um tremendo espírito de missão de um Vasco da Gama. A quem o passado e o futuro se sumiram perante a vida, de modo que nele avultava só um grande tempo presente que se tornava necessário atender. Hoje os portugueses têm pressa nessa satisfação, sob pena de continuarem a emigrar e a escavacar-se cá por dentro.
Então o que falta para alavancar o Mundo?!
Não será por de parte uma justificação perante a história. Convém, pois, que se faça uma troca de sinais e que passemos a querer ser grandes e generosos - como Agostinho da Silva soube ser - e a querer ser grandes, nobres e generosos não já por um padrão de passado, mas por um padrão de futuro. E é aqui que começam as dificuldades, visto que nos atemos apenas às referências do passado e daí não conseguimos levantar vôo.
Contudo, mal vai a vida e o mundo quando surgem certezas, como diria o outro que hoje anda por Belém a fazer figuras tristes, ou seja, a fazer fraca a gente forte.

Corenell vs. Lisa Marie Experience - Keep On Jumpin

Cavaco Silva recebe chumbo histórico dos portugueses em Outubro

Pela primeira vez em muitos anos, a actuação de um Presidente da República é avaliada negativamente pelos portugueses. Talvez tivessémos que recuar ao período pós-revolucionário para eventualmente encontrarmos uma avaliação igual. JN
--------------------------------------------------------------------------------
Agostinho Leite
Pela primeira vez em muitos anos, a actuação de um Presidente da República é avaliada negativamente pelos portugueses. Talvez tivessémos que recuar ao período pós-revolucionário para eventualmente encontrarmos uma avaliação igual.
Com crise ou sem crise, política, social ou económica, os chefes de Estado estiveram sempre acima dos humores dos portugueses. Aníbal Cavaco Silva acaba de abrir um precedente: é possível um presidente sair mal na fotografia.
Conseguiu-o com o desenlace do caso das escutas, no mês seguinte àquele em que decidiu vir a público falar sobre o caso, à hora dos telejornais. Cavaco falou sobre o caso em 29 de Setembro. Em Outubro, em resposta à sondagem da Aximage para o Negócios e o "Correio da Manhã", 42,4% dos portugueses entende que o Presidente tem actuado mal, quando questionados sobre como Cavaco Silva tem actuado nos últimos 30 dias.
Apenas 35,5% do universo de respostas considera que o Presidente esteve bem, contra ainda 15,9% que diz assim-assim. Esta avaliação é ainda mais relevante quando se pediu aos portugueses que dessem uma nota de 0 a 20 de avaliação da actuação de Cavaco Silva em Outubro. O presidente recebeu um chumbo: 9,6! Nunca Cavaco Silva tinha descido do bom (14,5 foi a sua nota mais baixa, em Outubro de há um ano).
Entre os restantes líderes, Paulo Portas é o que recebe a melhor avaliação dos portugueses, com um 12,3. José Sócrates recebeu 12,1 e Jerónimo de Sousa e Francisco Louça aparecem separados por uma décima (11,5 e 11,4, respectivamente). No mesmo mês, apenas Manuela Ferreira Leite surge com avaliação negativa. Os portugueses dão-lhe um 6! Ver Ficha Técnica
Obs: Desconfio que se desta vez o PS não apresentar candidato e o BE apoiar Cavaco a um 2º mandato a Belém até Manuel Alegre, a fazer poesia no jardim do Campo Grande, conquista Belém. Este Cavaco é, de facto, uma vergonha nacional, e nos casos em que ocorre um desvio das funções formais do cargo de PR para fins partidários, como foi o caso das escutas engendrado pelo ainda PR para ajudar a sua amiga Ferreira Leite, a Constituição da República Portuguesa deveria conter um anexo que pudesse limitar ou mesmo destituir o PR em funções.