quarta-feira

O paranóico

Nossa cultura é paranoizante. Ensina que se deve desconfiar até da própria sombra.
"Todo conhecimento é paranóico." (J. Lacan)
- Imagine que tem uma posição de responsabilidade e de liderança numa organização e demite um colaborador seu, mas depois constata que esse mesmo colaborador continua a trabalhar consigo.
- Imagine que é fautor de provas que visam incriminar terceiros, mas fala em seriedade, transparência e justiça no espaço público.
- Imagine que fala em cooperação mas, na prática, molda a sua conduta pelo veio da conflitualidade, da intriga e da parcialidade.
- Imagine que percebe ataques ao seu carácter ou reputação sendo rápido a reagir, mas tratando-se doutro actor com quem é suposto manter alguma cooperação institucional já não adopta a mesma conduta, se possível deixando-o queimar em lume brando na praça pública.
- Imagine que enviava um colaborador seu para manipular terceiros tendo por objectivo colocar uma notícia nos media a fim de incriminar um PM em funções mas, ao mesmo tempo, fala das férias, do tempo, da praia e do seu estado d espírito.
Isto revela que confiar nos outros é a coisa mais estúpida que existe, mas também não se pode viver doutro modo. Aliás, as relações humanas vivem e organizam-se com base nessa confiança. Se os semáforos não funcionassem, se o sistema bancário não funcionasse, o mesmo se diga do sistema de saúde, educação e o mais... o que seria de nós?! Seria o caos.
Daqui decorre que não obstante confiarmos nos outros ser um risco, não conseguimos passar sem esse cimento social, ou seja, fomos concebidos genéticamente para confiar. Fácilmente esquecemos desconfianças, traições, vinganças e rancores (só alguns). De modo que não vale a pena ser paranóico e confundir um microfone com o sininho ao pescoço dum gato que se passeia pelos jardins do Palácio Rosa.
O PR anseia por ser justo e honesto, até porque é essa a imagem que deu de si ao país durante décadas, além de humilde e de comer bolo rei de boca aberta. Mas ao primeiro sinal esse sentido de justiça é discutível, pois a primeira medida que tomou foi demitir o seu colaborador mais fiel e antigo - para livrar a sua própria pele do cancro político que criara. Fernando Lima, ao que parece, falou em nome de Cavaco (estaria mandatado para o fazer), o que implicaria que Cavaco soubesse préviamente dessa démarche de Lima junto de Alvarez, jornalista do Público do Sr. Fernades da Sonae. Pois ninguém está vendo Lima marcar um rendez-vous com um colega seu jornalista para lhe fazer um ditado sem que préviamente Cavaco o tenha instruído com minúcia acerca do trabalhinho que o dito Lima teria de executar. Executou mal.
No fundo, a razão e a justiça são as grandes armas do paranóico, já que a sua razão e a sua justiça, na medida em que o paranóico não está talhado para o Estado de direito - onde a razão se discute e a justiça reside nos códigos. Isto significa que para o paranóico a sua verdade tem de sair vencedora e a sua justiça tem de se fazer a todo o custo (demissão do pobre Nandinho Lima).
E quando se fala em segurança, não é do SIS ou do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal que se fala. Do que se fala, por mais ridículo que se trate, é dum anti-virus do Panda ou um velhinho Norton que tornava os PCs ainda mais pesados. De facto, o PR Cavaco Silva denunciou uma gritante ignorância funcional acerca de muita coisa ao mesmo tempo. Se tivesse de fazer exames psicotécnicos nem segurança poderia ser. Além de desconhecer Os Lusíadas. Algumas pessoas, mais limitadas, certamente, ainda vão na converseta demopopulista e autojustificatória de Cavaco cujo discurso de ontem foi, a todos os títulos, lamentável: descurou propositadamente o essencial: Lima foi ou não mandatado por ele para plantar uma notícia falsa nos media a fim de incriminar Sócrates com base nas falsas escutas que S. Bento estaria a fazer a Belém?! Não respondendo, foi a isto que cavaco acabou por responder. O resto foram derivações da silly season que qualquer estagiário de semântica e hermeneutica intui à légua.
Tudo isto entronca com a teoria geral do paranóico. Alguns isolam-se e vão para o campo onde se dedicam a treinar galinhas, outros pretendem domesticar bois com chicotes, outros ainda pretendem montar avestruzes como se cavalos se tratasse. Outros ainda, não tendo gosto pelas coisas do campo e não sabendo ficar em casa para evitar estragos, dedicam-se à identificação das vulnerabilidades computacionais que sempre existiram, até na NASA e no Pentágono, embora pareçam estar a revelar a descoberta da pólvora pela 1ª vez na vida reportada directamente de Boliqueime. Cavaco, de facto, deu de si uma triste e pobre imagem - pessoal, política e institucional.
Nuns casos opta-se por seguir estratégias temporárias para iludir uma comunidade, fazendo-se passar por aquilo que nunca se foi, mitigando seriedade com sacanagem, transparência com negócios opacos envolvendo acções da SLN não cotadas em bolsa mas igualmente rentáveis, ou meter a intelligence como estratégia de condicionamento de terceiros no sistema.
Em rigor, quando se está na esfera pública, com intensa exposição política, existe sempre um problema que tem de ser resolvido, é o da gestão dos sentimentos. Mormente num contexto eleitoral complexo e problemático, repleto de traições, vinganças, lutas e humilhações, rancores e ambições desmedidas - onde existe sempre espaço para o ressentimento, raiva e vontade de destruir políticamente o outro, e escasso espaço para a solidariedade, ou cooperação institucional ou estratégica, como diria o "outro", para inglês ver.
Esta é hoje uma das grandes questões colocadas sobre a mesa: como é que Cavaco e Silva vai conseguir domesticar o seu ciúme político relativamente a Sócrates - que terá de indigitar para formar governo e com tem terá, forçosamente, de coabitar?! Num quadro complexo: um PR muito enfraquecido lidando com um PM líder duma maioria relativa, logo dum governo a prazo e tendencialmente instável.
Com isto não estamos defendendo que o PR é paranóico, o que pretendemos sublinhar é que se (até) Freud não fosse um homem teimoso e talvez um pouco paranóico a Psicanálise, ciência fundada por si, também não teria avançado.
O problema de Belém é que é o excesso (invocando, ridiculamente, o caso das escutas que nunca existiram, senão na mente trapaceira dum PR ressentido com o caso do Estatuto dos Açores) que caracteriza a insanidade política de Cavaco, que prefere hoje o conflito à cooperação, a confusão à transparência, o truncamento de dados ao rigor, etc.
Naturalmente, um quantum de desconfiança terá sempre de existir, ela é até saudável para aferir comportamentos e proteger-nos dos riscos e incertezas do mundo actual. O problema é que Belém já não sabe dosear essa carga, e de lá só tem soprado uma tal intensidade de desconfiança, uma paranóia que acaba por interferir com a própria qualidade do pensamento político, social e económico que é imperioso ter quando se está em elevadas funções do Estado.
Talvez por isso Sócrates tenha ganho as eleições legislativas, pois soube sempre manter elevação no discurso e na sua atitude, e hoje acabou por puxar as orelhas a cavaco quando disse que o assunto das "escutas", engendrado por Belém, está enterrado e que não tenciona regressar a ele. Parecia um Sócrates a dar uma lição ao tio Cavaco que há muito já perdeu o norte.
Nesta medida Sócrates revela ser a "boa moeda" por contraponto à "má moeda" (que em tempos Cavaco cunhou a Santana) e que hoje é representada pelo próprio Cavaco; vemos um Sócrates estabilizador por contraponto a um Cavaco intriguista, quezilento e a caminho acelerado da insanidade, intensamente desconfiado de tudo e de todos, até do seu próprio staff presidencial. O que prova que Cavaco já começou a desconfiar da sua própria sombra.
Estas mutações bruscas de comportamento são reveladoras da personalidade do PM (construtivo e estabilizador) e do PR (conflituoso e fragmentador).
Diria, para concluir, o seguinte: a identificação do psiquismo de quem nos governa é de extrema importância não apenas para determinarmos o nível e consistência das políticas públicas, como também o grau de cooperação e/ou conflitualidade no sistema. Últimamente, e duma forma lamentável, temos constatado essa veia no PR que ao não desmentir publicamente a veracidade das alegadas escutas, porque interessavam politicamente à sua amiga Ferreira Leite em contexto de campanha eleitoral, deixou intencionalmente que Sócrates fosse queimado a lume brando na arena pública, ficando sob suspeita.
Eis o objectivo de Cavaco. Ao invés do que Sócrates fez com Cavaco, ao afirmar que o PR nunca tinha referido a questão das escutas, mas sim um seu assessor - o mesmo que foi demitido. Estas nuances são de extrema importância. Deus e o diabo, como diria AV, estão nos detalhes...
Ao realismo de Sócrates contrastamos o lunatismo político de Cavaco, o que me leva a supôr uma de duas coisas:
- ou Cavaco está como está em resultado do envelhecimento precoce que tem sido alvo nos últimos anos;
- ou é a sua má consciência e má fé política que o tem empurrado para uma perda progressiva das signifcações e dos símbolos com elevado significado político para a República, a ponto de não se importar em envolver o SIS nas tramóias congeminadas por si na Travessa do Possolo - de que Fernando Lima terá sido seu vigário na cadeia global dos acontecimentos que se desnudaram e deixam mal Belém na fotografia de família, manchada pelos assessores intrometidos em programas eleitorais e no apoio activo à entronização de Manuela Ferreira Leite no Congresso de Guimarães o ano passado.
Atrevo-me mesmo a dizer que caso Cavaco não consiga domesticar esses seus delírios que culminam em pensamentos desorganizados, em que os factos não colam entre si gerando uma imagem de conjunto completamente estilhaçada, com associações perdidas e uma racionalidade política ausente, então Cavaco caíu no seu próprio pântano político que o paralisará, e um homem assim não conseguirá andar, e não andando torna-se impossível concluir com alguma dignidade o seu mandato, nem mesmo empurrado por Sócrates de um lado com a muleta do SIS do outro.
Requiem por cavaco..., na dobra dos sinos!!!
Adenda:
Imagem picada no Jumento
STRANGE LOVE by Depeche Mode

Ryuichi Sakamoto - Love and Hate (Live 1994)

terça-feira

Certos políticos evocam-me o "paradoxo" do Burro de Buridan

O burro de Buridan foi concebido na obra de Aristóteles e depois desenvolvido pelo filósofo Buridan (na Idade medieval) e visa explicitar a razão pela qual o burro entra num indeterminado processo de indecisão quando confrontado com um balde de água e um fardo de palha. O burro estando ao mesmo tempo com muita sede e com muita fome não sabe que decisão deve tomar em primeiro lugar, e é essa indeterminação que acaba por o matar, dado que o burro não consegue tomar uma decisão racional e/ou estabelecer uma prioridade.

Na política, na economia, na sociedade e na vida das organizações em geral há actores que revelam a mesma indeterminação, desde logo pelas palavras e formulações que encontra para apresentar as suas ideias. Cavaco, no seu discurso d' hoje, acabou por revelar o paradoxo do burro de Buridan, não foi claro, entrou em flagrante contradição, introduziu areia na engrenagem e, com isso, tornou-se no principal fautor de instabilidade política nacional. Mesmo sendo preferível adiar decisões até que se disponha de mais e melhor informação - hoje os portugueses constataram que aquele adiamento do esclarecimento do PR só redundou num conflito institucional ainda maior entre Belém e o Governo.

Cavaco, consciente ou inconscientemente, acabou por se colocar no papel do burro de Buridan ao não saber falar claro, chamar as coisas pelos nomes e, razão maior, estabilizar as relações politico-institucionais entre os órgãos de soberania.

Numa palavra: Cavaco está cada vez mais isolado e é o principal virús do sistema político, por isso pode não conseguir terminar o seu mandato.

O ressentimento acumulado do PR na sequência do diferendo acerca do Estatuto dos Açores, da derrota da sua amiga Manuela Ferreira Leite está hoje a consumir a mente envelhecida e pouco sagaz daquele que deveria ser o principal elemento estabilizador do sistema político português.

Cavaco fala ao país: onde é que está o crime?! pergunta ele...

A montanha pariu um rato numa tonelada da tautologias autojustificatórias dum PR em fim de ciclo que até pergunta: mas onde é que está o crime?
Pelos vistos, estava em Fernando Lima que falou demais, inventou factos para incriminar o governo e como não era Chefe da Casa Civil teve de ser demitido. De resto, alguém já alguma vez viu o referido Chefe da Casa Civil falar?! Quem será...
Afinal, Cavaco vive traumatizado, mas não é por causa das relações Belém - S. Bento na sequência no diferendo acerca do Estatuto dos Açores, mas por causa da alegada violabilidade do sistema informático da Presidência da República. E com isso alimentou uma polémica que dura há meses para ajudar a sua amiga Ferreira Leite a chegar a S. Bento. Cavaco, então, não teve interesse em estancar o assunto porque interessava politicamente a Leite. Saíu tudo trocado, a idosa sofreu uma derrota humilhante, Lima, capacho de Cavaco há mais de 20 anos, foi demitido e Cavaco perdeu a credibilidade e a confiança junto do seu tradicional eleitorado. Muito provavelmente, já não terá condições de fazer um 2º mandato, mesmo que queira.
Numa palavra, e após a publicação do mail no DN em que o jornalista do Público põe a nu as intenções manhosas de Fernando Lima, que falou a mando do PR, Cavaco perdeu em toda a linha. E a letra e o espírito do seu discurso de hoje é sintomático dessa má consciência.
Melhor fora que o PR fosse alí ao Colombo do engº Belmiro e comprasse um Portátil a sério para poder enviar e receber mails com fiabilidade à sua amiga Ferreira Leite. Assim, deixaria de denunciar o mau perder que sempre teve.
Portugal esperava mais deste PR que, na prática, tem tratado o país e os portugueses como se todos vivessemos no Portugal dos pequeninos.
Obs: Um aviso ao dr. Nunes liberato... Oxalá nunca fale, senão já sabe o que lhe sucede...
Quanto a Fernando Lima, nem uma só referência ao seu nome, eis a forma como Cavaco trata os seus colaboradores mais directos e mais antigos.
Arranje-se um anti-virús ao Sr. PR. que em vez de ser, como deve, um factor de estabilidade no País, acaba por ser fautor de mais instabilidade e intriga no sistema político. Cavaco, temo bem, já não terminará o seu mandato.
Esperemos que o seu ressentimento e vingança não se traduza em adiar a indigitação do PM que formará novo governo e decida designar outras forças para o fazer violando, assim, a legitimidade democrática traduzida nos votos em urna.
A falta de clareza propositada de Cavaco só pode originar estas nebulosas. Cavaco é, hoje, objectivamente, o principal elemento de conflitualidade do sistema político nacional.
Hoje, com excepção do PSD de Ferreira Leite, Cavaco tem todos os actores políticos e analistas contra si. Por isso, não admira que o PR possa ser destituído a qualquer momento.
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TSF:

Dos homens de Estado ao estado a que os homens chegaram: a cristalização de Cavaco

O PR Cavaco Silva é um homem previsível, por isso o risco de fazer análise antes de ele ler os seus textos oficiais é baixo, senão mesmo nulo. Pelo que diz e pelo que omite, na sua cadeia cirúrgica dos silêncios do poder que procura alimentar e, doravante, justificar, Cavaco sempre foi um político previsível, um homem normal, médio na sua forma de pensar e actuar. A deriva que procurou jogar em sede de plena campanha eleitoral, assente nas alegadas escutas foi, objectivamente, uma tentativa de interferir no curso e nos resultados eleitorais.
Como? Ajudando Manuela Ferreira Leite, sua amiga pessoal e hiper-protegida de Belém a chegar a S. Bento, e condicionando Sócrates na sua acção. Cavaco, na prática, quis lançar uma espécie de Freeport II à cara de Sócrates na esperança de lhe minar o moral de campanha, desmotivá-lo, prendê-lo à angústia e à inacção e, no limite, levá-lo à paralisia. Eis o magno objectivo de Cavaco. Eis o que o dito Cavaco hoje à noite procurará tornear, derivando o seu discurso para questões laterais que o batalhão de assessores se encarregaram de engendrar para encher o discurso d' hoje à noite. Será como encher um túnel de vento através de leques...
E isto é tanto mais triste quando um homem, qualquer que ele seja, nada tem para dizer e é, por força das circunstâncias, obrigado a falar. Cavaco caíu na sua própria esparrela, por isso é hoje um político sem cotação no mercado das ideias, sem valor facial, minado pela sua própria ambição desmedida de querer teleguiar S. Bento a partir do Palácio Rosa. Cavaco, no limite, é, hoje, curiosamente, um político que representa a "má moeda", cunhando-se a si próprio pelos vícios da sua acção no terreno, violando os princípios da isenção e da imparcialidade que era suposto ter enquanto Presidente de todos os portugueses. Cavaco converteu-se no chefe de fila da actual comissão liquidatária do PSD.
A hiper-protecção que concedeu a Dias Loureiro no caso BPN, às acções que comprou e vendeu à latere dos mecanismos formais do mercado, as interferências sucessivas de Belém em S. Bento, alguns vetos infundados, os apoios descarados que os assessores de Belém deram a Ferreira Leite aquando da sua forçada entronização no PSD no âmbito do fatídico Congresso de Guimarães.. Todas essas evidências violam o princípio da imparcialidade e da isenção que o PR deveria ter relativamente aos demais partidos políticos.
No decurso da guerra psicológica que sempre se empreende em contexto eleitoral, Cavaco teve um momento de fraqueza e resolveu conceber um expediente que servisse simultaneamente os interesses políticos do PSD e os seus interesses pessoais e políticos, e foi aí que entrou em cena o peão Fernando Lima ao tentar plantar uma falsa notícia na Madeira para comprometer Sócrates e todo o Governo em funções. As coisas tiveram um efeito de boomerang e Lima foi jogado borda fora como quem cospe o caroço duma azeitona para o caixote do lixo da rua da Junqueira. Cavaco ficou comprometido perante os portugueses e prometeu falar após as eleições legislativas. É o que fará logo à noite, se nenhuma situação anómala ocorrer entretanto.
E o que fará Cavaco com o seu discurso da noite? Falará ele de escutas, do SIS, do país real, da alegada asfixia democrática, do método da ditadura para empreender reformas em Portugal, do fracasso rotundo de Ferreira Leite, da agricultura, da competitividade nacional, das exportações, do PIB, das energias renováveis, da melhor forma como poderá executar a tal cooperação estratégica com Sócrates?! Não sabemos.
O que sabemos é que Cavaco procurará, dentro daquele seu estilo que os portugueses já conhecem bem, entre o enjoado e o angustiado com a saliva no canto dos lábios a acumular-se e a gargante seca a patinar reclamando água, tentar fazer a quadratura do círculo:
- dizer-se um idealista e, como tal, justificar a sua atitude em nome de valores universais e que o faz sinceramente, quanto quanto é possível sabê-lo;
- dizer-se um cínico invocando o sagrado egoísmo pessoal confundido com a razão de Estado à moda de Nicolau Maquiavel algarvio.
No primeiro caso procurará assimilar os verdadeiros interesses do seu País aos da humanidade, portanto Cavaco deseja uma presidência da república mais segura, livre de microfones, porque também é esse o seu desejo para o mundo, para a humanidade. É o tropismo universal de Cavaco, pugnando por um mundo livre, justo e sem microfones, ainda que ele tenha confundido um microfone com o sininho de um gato que vagueava nos jardins do Palácio Rosa.
Se optar por seguir o segundo caso procurará (re)sofisticar os indícios e/ou as evidências que tem (ou que foram forjadas) a fim de justificar que nada se pode e deve sacrificar à segurança do Estado, mesmo que, por ridículo, o enredo perpasse pela alegada escuta de um órgão de soberania sobre outro, ou seja, de S. Bento sobre Belém, apesar do escasso interesse intelectual e político que sopra destas paragens, a ajuizar pela fraca produção política do PR desde que tomou posse.
Cavaco, na prática, vagueará entre o mais ridículo idealismo universalista (justificando os direitos dele com os da humanidade inteira, credo!!!) e o realismo mais demodé da década de 80 do séc. XX que o procurará respaldar atrás do escudo da sua lamentação angustiante. Uma lamentação que não passará duma ilusão discursiva que já o está a conduzir à ruína política, mas não sem tentar intoxicar a opinião pública como fez no decurso da campanha eleitoral: enunciando o problema e depois dizendo que não falaria. Então para que fez o enunciado do problema assente nas alegads escutas a Belém, senão para criar dificuldades suplementares a Sócrates e ao Governo?!
É óbvio que Cavaco não conhece a obra de L. Wittgenstein, mas também é bom não querer fazer dos portugueses uma cambada de alienados que vão à bola e vêem o programa do Fernando seara, o paraquedista de Sintra que se locupletou do seu artificial amor ao Benfica para assaltar o poder autárquico.
Cavaco é hoje um homem só, rigidificado nos métodos de acção, cristalizado no tempo, embaraçado com ele próprio pelos seus próprios silêncios do poder que não soube administrar. O PR lida mal com o imprevisto, ele não sabe imaginar novas soluções para velhos problemas, e hoje está confrontado com isso.
Numa palavra: o PR ficou dentro do seu próprio colete-de-forças, donde estribucha, tentando acenar aos seus reclamando ajuda, mas já ninguém o vê ou ouve.
Cavaco,enquanto político (já ia para dizer homem de Estado!!!) sempre teve medo do risco, e, agora, já com alguma idade, dá um passo maior do que a perna e sabe que está na iminência de cair. Mas também sempre foi prudente, só que desde que tomou posse não soube cultivar esse valor tornando-se o chefe de banda do PSD de Ferreira Leite, e é esse alinhamento partidário e pessoal que irá esmagá-lo perante os portugueses e perante a história, quem sabe mesmo impedi-lo de concluir com dignidade o seu mandato. Perante tanta pobreza politico-institucional até Mário Soares ganha um novo élan na história política contemporânea.
Cavaco, mesmo antes de falar, até porque nada terá para dizer, é já um homem politicamente morto e Belém transformou-se num imenso cemitério.
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Whatever "Ferreira Leite" Wants- Sarah Vaughan

Recordar Richard Nixon. Frost Nixon Interview Watergate Tapes

Frost Nixon Interview Watergate Tapes - Official DVD Trailer - Frost/Nixon - www.frostnixon.com

Real Richard Nixon: PAT (6) - Watergate & Resignation

Eagora, Cavaco? - p'lo Jumento -

Suceda o que suceder até ao termo do seu mandato, Cavaco Silva ficará na história da democracia portuguesa como o pior dos Presidentes da República. pela primeira vez se ouviu falar em renúncia e muito provavelmente será o primeiro Presidente da República a não se recandidatar ao um segundo mandato. Pela primeira vez um Presidente da Republico interferiu num processo eleitoral, isto depois de os seus assessores terem sido acusados de se terem envolvido desde as eleições directas que escolheram a ainda líder do PSD até à elaboração do mini programa eleitoral do PSD, uma forma desastrada de Ferreira Leite aderir ao SIMPLEX.
Nunca se ouviu falar tanto de assessores, nunca se ouviu falar com tanta frequência de “fontes anónimas de Belém”, nunca as comunicações oficiais de um Presidente ou a substituição de assessores chegaram aos jornais através de fontes anónimas. Cavaco confundiu a Presidência da República com um gabinete pessoal e em vez de servir o cargo tem-se servido dele para gerir a democracia em função dos seus objectivos políticos pessoais.
É o grande respeito que os portugueses têm pela Presidência da República que justifica que Cavaco Silva não tenha explicado de forma cabal o seu negócio de acções da SLN. A desculpa de que se realizou antes de se candidatar ao cargo não é suficiente, o diploma (universitário) de Sócrates é bem mais antigo e houve investigações por parte do Ministério Público.
É nossa obrigação preservar a dignidade da instituição Presidência da República e, se for necessário, ajudar Cavaco a terminar o mandato com dignidade, não tanto pela sua pessoa mas sim pela do cargo para que foi eleito. Mas isso não signifique que, como político, esteja dispensado de esclarecer as dúvidas que os seus negócios familiares ou sobre as actividades políticas dos seus assessores.
Cavaco disse que ia fazer perguntas porque as questões de segurança são importantes. Talvez tenha razão, mas foram os portugueses que o elegeram e não lhe cabe apenas fazer perguntas, também deve responder às perguntas dos concidadãos que os elegeram.
Cavaco deve dizer aos portugueses se é ou não verdade que ganhou muito dinheiro com um lote de acções cujo preço de compra e de venda foi fixado por Oliveira e Costa, fora da bolsa. Seria interessante saber se os preços fixados para as acções correspondiam ao valor da SLN ou se foi fixado de forma a proporcionar lucros acima do razoável. Seria igualmente interessante saber quem comprou as acções ao preço que foram vendidas. Cavaco deve esclarecer se ele ou algum dos seus familiares teve mais negócios ou relações profissionais com a SLN ou o BPN.
Depois de tudo o que se passou seria interessante saber tudo sobre as actividades dos seus assessores que tenham ultrapassado os limites do que se espera de um assessor do Presidente, tendo em conta os limites constitucionais à actividade do Presidente da República. Fernando Lima foi o único assessor envolvido em actividades conspirativas ou outros assessores, para além de se envolverem nas actividades do PSD, usaram o seu cargo para prejudicar o Governo da República?
Obs: Publique-se com carácter de urgência com menção expressa de que segue uma resma para Belém.

Caso das escutas é uma «inventona», diz Silva Pereira

TSF
Caso das escutas é uma «inventona», diz Silva Pereira
O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, encarou, na segunda-feira à noite, o caso das alegadas escutas a Belém por parte do Governo como uma «inventona» e um «disparate».
Pedro Silva Pereira e Pacheco Pereira trocam palavras sobre o caso das escutas a Belém.
O caso das escutas a Belém foi discutido, segunda-feira à noite na SIC Notícias, entre Pedro Silva Pereira e o social-democrata Pacheco Pereira, com o ministro da Presidência a garantir que acusar o Governo de escutar Belém não passa de uma invenção.
«A possibilidade de existência de escutas em Belém feitas pelo Governo» através de quem quer que seja «é um disparate» e «uma inventona», afirmou o governante.
Obs: Cavaco não sabia como dar os parabéns ao Governo socialista e a Sócrates em particular, na sequência das eleições legislativas. Então escolheu a noite de hoje para fazer a sua festa, dar o seu apoio a Sócrates e, assim e duma forma cínica e hipócrita, tentar obter o apoio do PS para um eventual 2º mandato de Cavaco em Belém.
No fundo, é a estratégia saloia previsível por parte de um saloio na política.

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segunda-feira

Cavaco e a montanha que parirá um ratinho com um apito ao pescoço

Juro pela minha honra dizer a verdade e só a verdade...
O PR Cavaco Silva montou uma cabala contra Sócrates alegadamente fundada numa questão de segurança, mas a estória foi mal urdida, Fernando Lima - que é um amador da espionagem da Junqueira, deixou rasto e foi despedido, como quem joga um isqueiro sem gáz para o lixo.
Lima, Ferreira Leite, Fernando Nogueira, há uns anos, todos eles assumem os traços de um vício comum nas mãos de Cavaco: para sobreviver politicamente o PR não hesita em os trucidar publicamente para se manter no poder. Amanhã parece que Sua Exª o PR irá tentar convencer os tugas de que na base da sua preocupação reside uma genuína questão de segurança, as famosas - e alegadas - escutas de S. Bento a Belém. E, claro, ninguém vai acreditar nas balelas de cavaco que apenas visava ajudar a sua amiga Ferreira Leite a subir a escadaria de S. Bento. Não conseguiu. Nem empurrada.
Se houvessem provas verdadeiramente incriminatórias relativamente ao gabinete de S. Bento teriama sido apresentadas, porque só assim Sócrates seria destituído do poder e Ferreira Leite mais fácilmente chegaria ao poder. Cavaco não fez nada disso, porque não tinha nem tem indícios, evidências, factos ou provas nesse sentido.
Por isso talvez fosse melhor o dito cavaco, que tem feito um mandato politicamente miserável, assumir a sua verdadinha de alcofa e contar uma estória à sua medida, que poderia começar e findar assim:
  • Cavaco ia a passar na cozinha do Palácio Rosa às 3 da madrugada para comer um pastelinho de bacalhau e beber um moscatel de Palmela, pisou a pata do gato que leva ao pescoço um sininho estridente. Este, na sequência da pisadela do pé chato do PR, deu um grito que se ouviu no Restelo, a Maria acordou, os assessores a dormir no Pátio dos Bichos vestiram as ceroulas espantados, o motorista pôs-de de alerta e até os pastelinhos de Belém deram à costa com uma oferta de solidariedade e uma travessa de bolos - que Cavaco come sempre de boca aberta, jogando perdigotos boca fora.
    Foi, afinal, o sininho que traíu Belém. O sininho parecia, afinal, o microfone que Cavaco confundiu com o badalo que o pescoço do gato transportava e cuja pata Cavaco pisou. E daqui nasceu a maior das confusões do mundo que quase ia metendo Leite em S. Bento e destruindo politicamente Sócrates. Ainda bem que o gato era dos bons, e a ilusão de Cavaco rebentou como uma bolha de sabão macaco, um pouco como a "qualidade" das argumentações frouxas a que o ainda PR já habituou os tugas.
    Amanhã veremos se esta estorieta valerá tanto ou mais do que a curiosidade etnográfica que Sua Exª o PR irá tentar vender aos portugueses, fazendo de todos nós parvos e alienados.
    Tenho para mim que o PR só já terminará o seu mandato segurado por Sócrates dum lado e amparado pelo SIS do outro...
    Amanhã regressaremos ao tema apara explicitar o sinónimo dum conceito emergente da Ciência Política que faz carreira entre nós: o parkinsonianismo político.
Imitação: Cavaco Silva toma posse

Cavaco Silva em bolo-rei

Boa noite. Eu sou Cavaco Silva e esta é a minha comunicação...

Karunesh e M. Jackson - a caminho da Guarda -

Michael Jackson - Billy Jean

Wonderfull Chill Out Music by Karunesh

O simulacro do Macroscópio: António Preto vai a Presidente do PSD

Como gesto de reconhecimento, gratidão e até magnanimidade António Preto, afilhado de Manuela Ferreira Leite, decide solidarizar-se com a sua madrinha e, para limitar os estragos da sua derrota política contra Sócrates, avança sózinho para a liderança do PSD. Já convidou Helena Lopes da Costa para sua vice-presidente, uma empresa do Norte ligada ao sector das escolas de condução para seu patrocinador e também já obteve o agreement de Belém, sendo que, para o efeito, Cavaco já ordenou à sua "matilha" de assessores colocar o know-how político da junqueira ao serviço da candidatura de Preto no próximo Congresso extraordinário do PSD a realizar no Natal deste ano na bela cidade dos fenómenos: o Entroncamento.
O jornal Públicu irá cobrir o evento 25h por dia.
Daqui só poderá sair um fenómeno curioso de seguir diante a estupefacção geral que deprimiu este ano e meio de gestão liquidatária do PSD pela mão de Ferreira Leite.

Mira Amaral também pede a cabeça à idosa (Ferreira Leite)

O ex-ministro do PSD Mira Amaral disse hoje que Ferreira Leite "está acabada politicamente" devido ao “desastre” eleitoral e avançou que Rui Rio e Passos Coelho têm condições para assumir a liderança dos sociais-democratas.

Destak/Lusa destak@destak.pt
Obs: Era de esperar esta posição de Mira Amaral. Aliás, exceptuando António Preto, Pacho Pereira e Aguiar Branco - além da própria - é com dificuldade que vejo mais alguém que apoie a sua manutenção no PSD. Só Marcelo, claro!! Mas este diz sempre o contrário daquilo que pensa para baralhar os seus adversários políticos, portanto não é para levar a sério.

Ferreira Leite foi demitida pelo voto dos portugueses, diz Nogueira Leite

TSF Ferreira Leite foi demitida pelo voto dos portugueses, diz Nogueira Leite
António Nogueira Leite, apoiante de Pedro Passos Coelho e ex-secretário de Estado, considerou, esta segunda-feira, em declarações à TSF, que a presidente do PSD foi demitida pelo voto dos portugueses nas eleições legislativas.
António Nogueira Leite, e ex-secretário de Estado, diz que os portugueses rejeitaram Ferreira LeiteAntónio Nogueira Leite diz que foi a falta de um projecto para o país que ditou a derrota do PSDNogueira Leite diz que o PSD não pode deixar «que sejam sempre os mesmos a condicionar de fora»
Para Nogueira Leite, os resultados das eleições de domingo mostram que Manuela Ferreira Leite foi demitida pelas portugueses e, por isso, a social-democrata deve abandonar a liderança do partido depois das autárquicas, agendadas para 11 de Outubro.
«A estratégia seguida pela direcção de não apontar uma linha de rumo concreta para o país, de não ser capaz de explicitar um conjunto de políticas reformistas, limitando-se a estar presente, foi rejeitada pelos portugueses», disse o apoiante de Passos Coelho.
O antigo secretário de Estado do Tesouro do governo de Durão Barroso disse que «é extraordinariamente negativo que se tente encontrar no Presidente da República um responsável pelo mau resultado da direcção do PSD».
O social-democrata frisou que foi «a falta de um verdadeiro projecto para o país que ditou a derrota» do PSD.
António Nogueira Leite acrescentou que espera agora que o partido reflicta e escolha uma nova liderança. Apesar de apontar Passos Coelho como uma boa solução, o ex-governante considerou que, mas mais que isso, é necessário que o partido se renove nos métodos e na preponderância que algumas opiniões externas têm tido na escolha das lideranças do PSD.
«Não podemos deixar que sejam sempre os mesmos a condicionar de fora», sublinhou.
Obs: Faça-se um Congresso extraordinário com um único ponto na agenda: demita-se a idosa.

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Fale Sr. Presidente Cavaco Silva...

... Diga o que lhe vai na alma.
Desabafe com os portugueses Sr. Presidente...

Narrativas legislateiras

"Algo" enfastiou no diálogo dos pesos pesados entre Marcelo Rebeleo de Sousa e António Vitorino. Esse algo foi Marcelo repetir mais de uma dezena de vezes: "o dr. António Vitorino", tamanha a consideração que nutre pelo ex-Comissário. Mas o mais interessante da noite foi, precisamente, a forma como a noite interpretativa entre ambos terminou: Marcelo, num misto de lamúria e de inveja referir que Sócrates já estava em campanha por estar a apoiar António Costa à CML (como se vê na imagem abaixo); ao que António Vitorino retorquiu: não vi Ferreira leite ao lado de Pedro santana Lopes, ou o inverso, tanto faz. Também aqui Marcelo perdeu objectivamente o debate da noite para António Vitorino. Afinal, AV foi mesmo do "dr." da noite.
Sócrates tem o dom da ubiquidade, e ainda estava numa eleição (legislativa) já estava a dar uma "mãozinha" a António Costa para Lisboa. É bom ver esta amizade na política cuja esfera de acção é, por natura, traiçoeira e vingativa. Também aqui a Sr.ª Manuela Ferreira Leite e o Sr. professor Cavaco e Silva poderão aprender algo com este gesto. Nem sempre a política está armadilhada de maledicência, escutas e cabalas, e é bom reconhecer quando existe solidariedade efectiva entre os actores políticos do nosso país, seja nos bons momentos seja nos momentos menos bons.
Ao avistar este espécime nunca sei se estou diante de um Dinossaurus-rex ou se estou perante Raul Castro, irmão do ditador cubano, Fidel Castro, qual lagarto de comoro que acha que mesmo quando os portugueses votam num sentido estão doentes e alienados. Al berto João Jardim há décadas que faz o "transfer", i.é, imputa a terceiros a doenças de que é portador. Trata-se dum caso clínico que a política jamais conseguirá tratar. Portanto, o mal só desaparecerá quando os madeirenses ganharem alguma maioridade intelectual, política e moral. Quando isso ocorrer correm com aquele pequeno ditador da ilha, talvez o remetam para um país da OUA.

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Cavaco e Silva está cada vez mais pressionado pela ditadura das circunstâncias: se a sua amiguinha ganhasse Cavaco jamais falaria na cabala que montou para derrubar Sócrates, as alegadas escutas a Belém, uma óbvia manobra de diversão para Cavaco ajudar Leite a subir a escadaria de S. Bento e ser alguém na política em Portugal. Se, ao invés, Leite perdesse, como era mais do que previsível, Cavaco terá Sócrates (os media e a sociedade civil no seu conjunto) "à perna", e agora cavaco terá de sair da toca e ter a coragem de dizer algo ao país. Ou será que ainda está a coligir provas ou evidências?! Se nada fizer será um gesto de cobardia política que só minará ainda mais a sua permanência em Belém; fazendo-o, é bom que não emende uma mentira com outra ainda maior. Confesso que Cavaco não conseguirá findar o seu mandato com dignidade, e para mal dos seus pecados tal só acontecerá se Sócrates o ajudar. Tamanha a humilhação em política. Aquele que Cavaco tentou destruir políticamente é precisamente aquele que o ajudará a atravessar a passadeira do palácio Rosa.
O país teme pelo futuro político do ainda PR.
PS: Será que Cavaco ainda está preocupado com o caso BPN, seus contornos e pessoas ligadas ao meio?!
Seja como for, aguarda-se a devida indigitação de Sócrates para formar governo. Ferreira Leite sempre poderá dar uma bela assessora de Comunicação de Cavaco em Belém, substituindo o enorme vazio do jornalista Fernando Lima, especialmente a ajuizar pelo jeito que a senhora tem para comunicar e trocar notas com os media.
Com jeito, num próximo discurso no American Club, a ex-pupila de cavaco ainda defende a tese de que os media mais afoitos devem ser todos presos quando criticarem a oposição. Aguardemos para ver.
Já agora, alguém viu por aí o filósofo da marmeleira, Pachecus Pereira...

domingo

Discurso de vitória de Sócrates

Sócrates viu renovada a confiança no PS e na sua liderança para governar Portugal por mais 4 anos. Num contexto difícil e exigente. Entre ser apeado do poder e obter a maioria absoluta Sócrates fez o possível (esperado), ou seja, obter a maioria relativa. Podendo governar sózinho, tendo todo o espaço de manobra para firmar acordos pontuais com os demais partidos políticos com representação na AR.
Como pontos fortes fácilmente identificamos no actual PM uma liderança forte, autor duma campanha eficiente e pela positiva e uma JS entusiasta que deu um élan de futuro ao PS e uma esperança renovada em Portugal.
No fundo, os ataques canalhas do PR e de Ferreira Leite, seu apêndice, não bastaram para diminuir a vitória do PS e de Sócrates muito em particular, que fez, mais uma vez, uma campanha decente e com elevação na política.
Em rigor, Sócrates venceu porque é, de todos os candidatos a PM, aquele que melhor tem um Programa político para Portugal, executar reformas e modernizar o País, com mais justiça social e estabilidade, valor que não deverá ser questionado apenas pelo facto de o governo emergente não dispôr duma maioria absoluta.
Resta, doravante, ao Sr. Silva, o homem das escutas que não se sabe ainda como irá terminar o seu pobre mandato presidencial, proceder aos mecanismos constitucionais para indigitar Sócrates para formar novo Governo.
Deixamos aqui uma caneta Bic ao Sr. Silva para formalizar esse procedimento constitucional.

Almeida Santos emocionado.

Louçã igual a si próprio: arrogante, pesporrento, autista e com escassa cultura democrática: esqueceu-se de reconhecer a vitória a quem efectivamente a ganhou, o que revela um tique autoritário que, curiosamente, ele costuma imputar ao vencedor. Louçã colocará Portugal em perigo, dada a exposição económica e financeira que coloca o País. Nenhum empresário decente verá este crescimento do BE com bons olhos, razão por que merece atenção especial.

Projecções dão vitória ao PS, com maioria relativa

Cabisbaixa, sem voz, desanimada, cadavérica, salazarenga no estilo e timbre de voz, Manuela Ferreira leite representa um Portugal caduco, decadente, sem ideias e bota-abaixista. Foi o pior que irrompeu no PSD, e o resultado do Congresso de Guimarães está à vista: uma coisa fúnebre, embora fosse de esperar em função da sua prestação enquanto oposição. O partido laranja há muito que a deseja ver pelas costas, e nem já as autárquicas a safam, apesar das tretas de Marcelo que, de puxar tanto pela senhora, ainda a parte naqueles seus elogios fúnebres em que ninguém acredita. Nem Marcelo, que apenas teatraliza...
Vieira da Silva foi o escolhido para declarar a vitória do PS nestas eleições leigislativas. Não ter a maioria absoluta obriga o PS a suavizar-se e a sofisticar-se no diálogo político-partidário e institucional com os demais agrupamentos políticos. Ou seja, o PS sózinho poderá governar o País, e deve fazê-lo, mas com um outro tom e seguindo um método de governação diferente. Mais dialogante.
António Vitorino entende, e bem, que Cavaco deve indigitar o PM, José Sócrates para formar Governo. Por outro lado, AV também sublinhou um ponto interessante na RTP: Ferreira Leite conseguiu um miserável resultado, já que conseguiu a "proeza" de arrecadar ainda menos deputados do que Pedro santana lopes em 2005. Pobre Marcelo que alí faz o papel de defender o indefensável, ou seja, de sustentar a manutenção de Ferreira Leite à frente do PSD - porque na Europa os líderes da oposição que perderam também ficaram. Marcelo deve viver em Marte, porque tem picos de realismo seguido de análises estapafúrdias que o deviam envergonhar. É pena que o analista seja tão parcial quando avalia Leite, quando dele se exige seriedade e isenção.
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Projecções dão vitória ao PS, com maioria relativa
O PS é o vencedor das eleições legislativas de 2009, conseguindo uma maioria relativa, segundo as projecções das estações de Televisão SIC, TVI e RTP. O Bloco de Esquerda afirma-se como terceira força política. A abstenção atingiu valores superiores a 2005.
O PS venceu as eleições legislativas de 2009, segundo as projecções das estações de televisão, num acto eleitoral em que a abstenção subiu face aos resultados das legislativas de 2005, com uma variação entre os 36,9 e 43 por cento.
Segundo as projecções da SIC/, o PS consegue entre 36,2 e 40,4 por cento dos votos seguido, à distância, pelo PSD, que terá conseguido entre 26,9 e 30,7 por cento dos votos. O Bloco de Esquerda fixa-se como a terceira força politica, na sondagem da SIC, conseguindo entre 9 e 11,2 por cento dos votos.
O CDS/PP surge como quarto partido mais votado, com uma pe4rcentagem dos votos entre 7,7 e 9,9 por cento. A CDU consegue entre 6,5 e 8,7 por cento dos votos.
A projecção da SIC aponta para uma abstenção entre 36,9 e 41,1 por cento.
As projecções da TVI apresentam valores muito semelhantes aos da SIC. O PS consegue entre 36 e 40 por cento dos votos seguindo do PSD, que consegue entre 26,3 e 30,3 por cento dos votos. O Bloco de Esquerda aoparece como terceira força politica, conseguindo entre 8,5 e11,5 por cento dos votos.
O CDS alcança 8,6 a 11,6 por cento dos votos e a CDU entre 6 e 9 por cento.
As projecções da RTP também dão a vitória ao PS, com 36 a 40 por cento dos votos, seguido à distância pelo PSD que consegue apenas 25 a 29 por cento dos votos.
O Bloco de Esquerda consegue entre 9 e 12 por cento dos votos, o CDS/PP 8,5 a 11,5 por cento dos votos e a CDU entre 7 e 10 por cento dos votos.
Legislativas 2009
Obs: Regressa Pedro Passos Coelho; solicite-se dois comentários: a António Preto e a Helena Lopes da Costa e, já agora, pergunte-se também a Cavaco Silva se vai elaborar doutrina sobre as alegadas fugas de segurança no Palácio Rosa ou se vai meter o "rabinho-entre-as-pernas e assobiar ao cochicho.." Com sorte ainda descobre um apito onde esperava identificar um microfone.

sexta-feira

Sócrates está em trânsito...

...DUMA MAIORIA RELATIVA PARA UMA MAIORIA ABSOLUTA (A 2ª)
O mérito reformista do Governo em funções, a mediocridade da oposição (em concreto o PSD), a parcialidade provinciana, persecutória e pseudo-securitária de Cavaco e a crise financeira e económica global são os factores que mais consolidam este trânsito. Por isso não é de admirar que no Domingo Sócrates possa arrecadar, através dos votos expressos em urna, a sua (2ª) maioria absoluta.
Até porque Portugal precisa de duas coisas em simultâneo, ou melhor três:
  • Estabilidade política;
  • Continuidade das reformas, o que só se consegue com um Estado forte, desenvolvimentista (aposta no investimento público de qualidade);
  • E com legitimidade democrática viabilizada pela necessidade estratégica dessa maioria absoluta.
    Eis a nossa convicção. Eis a nossa aposta.
    Até Domingo!!!
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    Imagens Jumento - também em trânsito para uma maioria esmagadora.

Recta final - por António Vitorino -

O sublinhado é nosso.
Recta final por António Vitorino, in DN
Ocupados como estamos com a campanha eleitoral, com os discursos dos candidatos e os episódios mediáticos que têm marcado estas duas últimas semanas, quase nem nos apercebemos de que o mundo continua a girar à nossa volta.
Progressivamente vão-se consolidando os sinais de uma retoma económica ainda frágil, mas que vai chegando a vários quadrantes geográficos e sectores económicos. No final desta semana ocorre a terceira reunião do G20, ocasião para fazer o balanço das políticas de estabilização financeira e de combate à crise, bem como de dar um impulso à nova arquitectura financeira global, para a qual foram dados importantes contributos pelas propostas sobre regulação e supervisão divulgadas pela Comissão Europeia.
No domingo, mais de 80 milhões de alemães vão a votos e as sondagens indicam que o perfil político do futuro Governo não está ainda estabilizado, oscilando entre uma grande coligação e um acordo de partidos do centro-direita.
E faltam apenas oito dias para que os irlandeses decidam do destino final do Tratado de Lisboa, através de novo referendo.
Algumas incógnitas importantes serão, pois, preenchidas nestes próximos dias.
A dimensão dessas escolhas em nada diminui aquela que os portugueses serão chamados a fazer também no próximo domingo. O que for a vontade livremente expressa através do voto vai determinar a forma como o nosso país enfrentará o mundo pós-crise nos próximos anos.
As sondagens mostram que a escolha passa por uma opção entre um governo liderado pelo PS ou um governo liderado pelo PSD. Só o PS pode ainda aspirar à maioria absoluta. Caso contrário, voltaremos ao período de governos minoritários.
Por muito que o tema seja embaraçoso para alguns, a questão da governabilidade decerto não deixará de estar no centro das preocupações de muitos eleitores. Daí a obsessão de alguns em tudo fazerem apenas para impedir que o PS possa reeditar a maioria absoluta.
Podem mesmo procurar iludir a questão da governabilidade, considerando-a de somenos importância, ou até tentar jogar no medo, inventando acordos secretos e coligações inverosímeis. No fundo, quem conta ter ganhos eleitorais apenas através da federação de vários descontentamentos foge da temática da governabilidade como o diabo da cruz.
Mais difícil de perceber é a atitude de quem, aspirando a ser governo, se convenceu de que bastaria premir a tecla do descontentamento para ganhar.
O maior factor de empobrecimento desta campanha deriva, pois, do facto de o PSD ter abdicado da sua vocação reformista e ter dirimido as suas diferenças internas pela via de um programa eleitoral que prima pelas meias palavras, pelas ambiguidades, pela afirmação de uma coisa e do seu contrário e pelo desejo de conciliar todas as queixas e protestos sectoriais na mira de agregar votos.
Do ponto de vista do resultado saberemos o que efectivamente rendeu esta táctica no domingo à noite. Mas, do ponto de vista da clareza e da transparência da escolha, dificilmente se conseguem reter as três ou quatro ideias-força que definem a identidade da candidatura política do PSD, em nome das quais se mobiliza uma base de apoio que perdure ao longo do tempo de uma legislatura. É nesta omissão que começa o problema da governabilidade do País.
Por isso, não basta afirmar que a governabilidade não depende da fórmula política do futuro Governo, se apoiado numa maioria absoluta no Parlamento ou se dispondo apenas de uma maioria relativa. Porque a estabilidade governativa disso também depende. Mas, sobretudo, a preocupação com a governabilidade do País joga-se no plano das ideias e da vontade política posta ao seu serviço. Perante a dimensão dos desafios, das ameaças e das incógnitas do mundo pós-crise, necessitamos mais do que nunca de um rumo e da capacidade de definir, afirmar e defender os nossos próprios interesses nacionais. Se subvalorizarmos, na nossa escolha colectiva, a clareza dos propósitos e as condições da governabilidade, só nos poderemos queixar de nós próprios.
Essa é a magia da democracia: o de sermos todos igualmente responsáveis pela definição do nosso interesse colectivo! Não votar é também uma forma de nos diminuirmos como cidadãos.
Obs: É curioso notar que AV qualifica o actual PSD naquilo em que ele efectivamente se transformou: um partido-protesto, federador de descontentamentos, de meias-palavras, autor do bota-abaixo, sem identidade, ideário, rumo ou estratégia. E mais curioso é notar que o que se diz do PSD seria igualmente aplicável ao Bloco de Esquerda do fundamentalista Louçã.
Na prática, Manuela Ferreira Leite conseguiu num ano, após o Congresso de Guimarães em que alguns cavaquistas ligados à assessoria de Belém entronizaram a senhora na presidência do partido, igualizar o actual PSD ao radicalismo do BE (um partido anti-sistema que promete tudo e o seu contrário), um e outro são hoje a face da mesma má moeda: partidos anti-Estado social e anti-investimento público, que é, hoje, mais do que nunca, a mola propulsora da dinamização económica e a alavanca da riqueza e do emprego.
É nisto que o Governo PS está apostado, e que PSD e BE, paradoxalmente (ou talvez não) rejeitam. Até parece que o PSD de Manuela Ferreira Leite, de súbito, e por umas estranhas influências, passou a ver na Albânia o seu modelo de desenvolvimento e de futuro.

quinta-feira

O grande Sócrates renascido das cinzas

No passado recente, por ocasião das manifs dos profs e das guerras neocorporativas das magistaturas contra o Governo, vaticinou-se a morte política súbita a Sócrates. O desemprego, a insegurança, a agricultura e a educação foram - e são - nós górdios deste e de qualquer governo. Cá e na Europa. Mas de repente tudo parece ter mudado a contento do actual PM: o Freeport parece nunca ter passado duma novela sul-americana que se foi esgotando por falta de financiamento do seu guião; o caso BPN atinge mais Cavaco e o velho cavaquismo (e alguns familiares do actual PR); a oposição vertida em Ferreira Leite é uma mola para Sócrates, a avaliar pelos dislates que a senhora diz, que representa o grau zero da política; o PS tem agora uma vantagem de 8 pontos percentuais sobre o PSD (tsf); já se regista algum take-of económico, o que anuncia a tendência de retoma; Louçã perdeu o debate económico com Sócrates, os PPRs crucificaram o trostskista que só tem verborreia e nenhum projecto de modernização para o país; Cavaco está ilhado, murado e à beira de se demitir por falta de autoridade e de legitimidade no exercício das suas funções presidenciais por ter montado uma cilada sem precedentes ao Governo para colocar em seu lugar uma sua amiga em S. Bento. Todos estes factores encadeados revelam que Sócrates é como um gato, tem sete vidas. Neste quadro não me admiraria que o cenário da maioria absoluta esteja sobre a mesa com renovado realismo e interesse. E se assim for terei de pagar um jantar. E temo que não me deixem ser eu a escolher o lugar do repasto. Numa palavra: Sócrates está à beira de renovar a sua maioria absoluta. Por isso teremos de ser humildes, educados e gratos:

    • obrigado Cavaco, obrigado Manuela Ferreira Leite. Estão bem um para o outro.

in TSF:

quarta-feira

O grande Laborinho Lúcio (Cavaco e Silva)

De Laborinho Lúcio recordo uma resposta sua quando perguntado pela jornalista: "O Sr. é ministro..." Desculpe, eu não sou ministro, estou ministro! - respondeu o ex-ministro de Cavaco.
Como já foi noticiado, Paulo Mota Pinto, um nome do comando-geral do PPD/PSD, que até tinha obrigação de decência por ser quem é, criticou as alegadas pressões de dirigentes do PS sobre a magistratura. Estaria em causa que membros do Conselho Superior da Magistratura, indicados pelo PS, questionassem que o juiz Rui Teixeira tivesse a nota máxima na respectiva avaliação.
O ponto estava - e bem - em que essa nota máxima poderia não ser correcta se se verificasse que outros tribunais mostraram, ao decidir casos subsequentes, que o trabalho de Rui Teixeira tivera falhas importantes. Avaliação é isso mesmo - mas alguns acham que qualquer pessoa que tenha prejudicado um dirigente do PS tem direito, daí para a frente, a estar acima de qualquer avaliação e a seguir numa passadeira vermelha de veludo. E quando assim não seja - são "pressões" e "asfixia democrática" e um chuveirinho de disparates.
Ora, mais uma vez, estamos perante um disparate deste PSD à moda de MFL.
Como entretanto foi amplamente noticiado: a suspensão da avaliação de Rui Teixeira foi proposta por Laborinho Lúcio.
Laborinho Lúcio, para quem não se lembra, foi ministro da Justiça de Cavaco Silva e está nomeado pelo actual Presidente da República para o Conselho Superior da Magistratura. E a sua proposta foi aprovada por esmagadora maioria desse órgão, não foram 3 homens do PS!.
Esta é a consistência da campanha do PSD sobre a asfixia democrática.
Só tolices. Injúrias. Falta de sentido da responsabilidade. Pressões sobre todo e qualquer órgão da República apenas para tentar lançar poeira sobre a paisagem e lama sobre o PS.
Pode gente desta chegar ao governo de Portugal?
Obs: Pergunte-se a MFL se quer que chamemos o INEM...
Grato à "Olguinha R." pela partilha desta informação.

Ferreira Leite foi “ministra de má memória. É o grau zero da política, é a má moeda

QUEM ESTALA QUEM...
  • FERREIRA LEITE REPRESENTA O GRAU ZERO DA POLÍTICA
Margarida Gomes, Leonete Botelho
Como ministra da Educação, “tratou mal os alunos e tratou mal os professores”. “Nesse tempo, sim, é que não era dada liberdade aos professores para se manifestarem publicamente, para dizerem o que é que pensavam, para darem as suas opiniões. Ela proibiu os professores de falar com a comunicação social. Aí, sim, é que havia asfixia democrática”, afirmou Edite Estrela, aludindo ao despacho conhecido por “lei da rolha", assinado pelo ministro adjunto Couto dos Santos quando Ferreira Leite tutelava a pasta da Educação no ultimo Governo de Cavaco Silva.
Para rebater as acusações do PSD de que o investimento público hipoteca o futuro, a eurodeputada recordou o tempo da presidente ‘laranja’ como ministra das Finanças: “Vendeu ao Citibank os títulos da dívida da Segurança Social, que nós estamos a pagar agora. Ela, sim, é que hipotecou o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos”.
Com o seu discurso “pela positiva”, José Sócrates preferiu realçar a sua obra: “O maior investimento público que alguma vez se fez em Trás-os-Montes foi feito exactamente agora: a auto-estrada Bragança/Vila Real, o IC5, o IP2 e o maior número de barragens que há muito tempo esperavam”.
Para disparar contra a sua principal adversária. “Aqueles que andam para aí a dizer que este não é o momento para fazer investimento e construir auto-estradas, pois eles que venham aqui, dizerem aos cidadãos do distrito de Bragança quantos anos mais é que tinham de esperar para que, finalmente, se fizesse justiça com o distrito de Bragança e com Trás-os-Montes”, destacou.
Um discurso na lógica do que tem feito um pouco por todo o país. Por onde passa, Sócrates refere sempre a obra local em curso ou a futura, em jeito de promessa, afirmando que está a “fazer justiça” à região onde, em cada momento, se encontra.
Apesar de todo o entusiasmo com que foi recebido em Bragança, Sócrates não ficou para o almoço, o que desagradou a muitos dos presentes. “Mas ele não está aqui com o povo”, lamentavam alguns. A justificação avançada é que o líder do PS seguiu mais cedo para ter tempo de gravar o último tempo de antena do partido.
Na jornada por Trás-os-Montes, a caravana começou o dia em Macedo de Cavaleiros onde, em visita ao Instituto Piaget, Sócrates repetiu como “prioridades” da sua acção a educação, o Estado social e o investimento em ciência.

O desatino político de Belém tem um fundamento: o erro de paralaxe

Quando ocorre uma alteração da posição angular de dois pontos estacionários (Belém e S. Bento) relativos um ao outro enquanto vistos por um observador em movimento, dá-se o efeito de paralaxe. Trata-se, pois, duma alteração de um objecto contra um fundo devido ao movimento do observador.
Ora é certo e sabido que Cavaco tem um perfil mais executivo do que presidencial, especialmente no nosso sistema político semipresidencialista em que o papel do PR é relativamente discreto e sem grandes poderes actuantes, além dos vetos e dos pedidos de fiscalização preventiva e sucessiva da constitucionalidade dos projectos-lei, das mensagens aos portugueses e das famosas presidencias abertas cujo modelo Cavaco copiou de Mário Soares. Além da intriga, naturalmente, que parece tem sido o prato forte de Belém, à falta de melhor praxis política.
Isto decorre assim porquê?
A nosso ver por causa do tal perfil executivo que Cavaco tem, da necessidade congénita em ajudar a sua incapacitada amiga, Ferreira Leite, a ser alguém no sistema político em Portugal, por um ódio de estimação (não assumido) a Sócrates, e, talvez razão mais importante (decorrente das anteriores), por um efeito de deslocação do actor-Cavaco Silva quando olha e procura intervir no sistema político que integra. Ou seja, Cavaco esquece-se frequentemente que já não é Primeiro-Ministro, com isso alteram-se as suas condições políticas, objectivas e subjectivas, e é essa circunstância de mudança de ângulo na avaliação dos fenómenos políticos e da relações de força que se estabelecem na arena política que alimenta o confusionismo que vai na cabeça do ainda PR.
Ou seja, Cavaco percepciona uma mudança na posição com que vê a política, mas, na prática, não há mudança real, trata-se apenas duma mudança imaginária porque o actor-Cavaco - mudou de sítio: em vez de estar sentadinho no Palácio Rosa a ver diplomas e a cortar fitas pelo Portugal profundo, Cavaco tem-se armado aos cucos nos jardins do Palácio de Belém e começa a fantasiar: ele são escutas, ele é o apoio à sua amiguinha e ex-pupila Ferreira Leite, ele é receber os majistradaos e sindicalistas e demais corporações que estejam na red zone contra Sócrates.
Cavaco, na prática, tem sido um mau presidente porque tem violado sistemáticamente os valores e os princípios que disse nortearem a sua conduta presidencial: isenção e imparcialidade. Já para não falar na tal treta da cooperação estratégica com o Governo. Cavaco tem sido o oposto: parcial e toma partido pelo PSD de Ferreira Leite. Facto que gera o descrédito junto do eleitorado que o elegeu e que já não voltará a votar nele.
E se a mudança na cabeça de Cavaco aparece como real (pensando ele que é ainda PM, e não PR) tal pode resultar de um delírio do poder somado ao próprio efeito de envelhecimento e, acima de tudo, porque o observador-actor Cavaco e Silva mudou de sítio.
E é esta falha de percepção lamentável resultante do erro de paralaxe que faz de Cavaco hoje uma espécie de homeless desnorteado da política em Portugal, a mesma que gera o efeito de descontinuidade que converte o PR no elo mais fraco e menos credível do sistema político nacional.
Neste colete-de-forças em que o PR caíu pergunto-me se não seria mais eficiente o País aproveitar a onda dos dois actos eleitorais que se avizinham (legislativas e autárquicas) e inscrever na agenda mais um: as eleições presidenciais antecipadas.
O que seria uma inovação em Portugal.