sexta-feira

A incerteza da política e as poliarquias competitivas de Pedro Passos Coelho

Em Portugal pouco importa o que se é, mas o que já se foi, nesta linha PPCoelho encontra-se hoje com ex-ministros das Finanças, todos da área do PSD, pessoas estimáveis e intelectual e profissionalmente inteligentes que já deram provas à sociedade. Miguel Beleza, Catroga, Campos e Cunha (este é mais neutro).
Todavia, o denominador comum que os liga é terem sido do psd, sendo que Cunha saíu em ruptura com Sócrates por causa do TGV, mas todos têm hoje contas a ajustar com esse passado e não desistem dele. Mas, obviamente, nem tudo é partidário e político, permanece uma grande incerteza na eficácia desses grandes investimentos públicos que é o pomo da discórdia. Com a agravante de Portugal poder seguir pelo cano da Grécia, ante o ataque especulativo que nos empobrece.
Medina Carreira também adorna o ramalhete para deprimir mais a economia nacional. Mas a solução destes senhores, caso estivessem no governo, seria exactamente a mesma: seleccionar os investimentos, aumentar os impostos, cortar em algumas despesas correntes do Estado. Foi o que fizeram quando integraram o poder. Nada de novo, portanto.
Todavia, não podemos esquecer que o Estado em Portugal emprega quase um milhão de pessoas, depois há mais dois milhões de pessoas que estão dependentes desse nó, por via familiar. No plano do empresariado, sabe-se que a nossa estrutura produtiva - é formada por "piquenas e médias empresas", como diria a srª Ferreira, mas ou estão a fechar ou são insolventes, portanto todas elas dependem dos apoios e incentivos do Estado para produzir e exportar.
Logo, o Estado é que é entre nós "o grande patrão", o resto é paisagem, e sendo-o é natural que cria a ideia de que só ele pode (e deve) lançar as grandes obras públicas para gerar emprego e por a economia a mexer, desde que, naturalmente, o faça com regras através de concursos públicos que visem a incorporação da tecnologia e de todo o know-how nacional integrado na execução desses investimentos públicos. Pois se nós vamos para o Sul dos EUA produzir geradores de energia, através da Efacec, que fornecem a energia aos casinos da América, porque razão não poderemos integrar as linhas de produção do TGV, nem que seja pedindo uma ajudinha à defunda Sorefame - cujo capital de experiência não pode ser esquecido.
Mas a grande vantagem da entrada de PPC em cena foi, de facto, ter obrigado o PM a dialogar com o PSD e, assim, a dinamizar as poliarquias competitivas existentes em Portugal a fim de produzir a melhor doutrina económica, o melhor pensamento político a fim de se chegar a conclusões seguras acerca do que pode e deve ser o melhor para a economia nacional em matéria de realização de investimentos públicos.
Espera-se que estas reuniões de PPC com os ex-ministros das Finanças possa trazer essa luz, com estudos seguros e não difundir na opinião pública mais incertezas.
Mas, infelizmente, aquilo que acho irá suceder é mais incerteza, pois se não for o Estado em Portugal a dar o pontapé de saída para esses investimentos, não são, seguramente, as empresas do sector privado que ou estão falidas, ou não têm incentivos ou fundo de maneio para arrancar com uma pequena obra de vão de escada, quanto mais para fazer a linha do TGV, construir o aeroporto internacional de Lisboa ou as barragens tão necessárias à nossa agricultura que foi morrendo aos poucos pelas imposições comunitárias.
O mais curioso em tudo isto é notar que caso amanhã Sócrates convidasse Medina Carreira para substituir Teixeira dos Santos nas Finanças, o "catastrofista da Sic" faria exactamente o mesmo que o actual titular da pasta, e quem diz ele diz Catroga, Beleza e tutti quanti...
A lógica do exercício do poder nada tem a ver com a lógica da análise crítica nos media, eles sabem-no e é também por isso que não querem ir para o poder. Teriam depois de fazer exactamente o inverso daquilo que defenderam na véspera.
Mas uma coisa esta boa gente tem de compreender: a responsabilidade do analista é leviana e inconsequente; a responsabilidade do político é pesada e, por vezes, pode esmagar sociedades inteiras. E o pior, às vezes, é nada fazer fingindo que se decide algo...
Ou, pior ainda, criando um tabú..., tão típico de Belém!!!

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Relendo Delors - por António Vitorino -

Quando nos anos 90 o Conselho Europeu deu o seu acordo ao projecto da moeda única europeia, Jacques Delors, então presidente da Comissão Europeia, temperou a euforia do momento recordando que estava em causa um projecto de União Económica e Monetária (UEM) e que estas duas componentes deveriam ter-se por inseparáveis.dn
Desde esse momento, sempre que a ocasião se proporciona, o mesmo Delors tem alertado para a hipertrofia da componente económica em relação à monetária. Os seus alertas depararam-se sempre com reservas de sinal contrário: de um lado, opunham-se-lhe os fundamentalistas do mercado livre, que viam na moeda única e na desejada componente económica da UEM uma forma de limitar as competências nacionais em termos de política orçamental e fiscal; de outro lado, opunham-se-lhe também os defensores da ortodoxia monetarista gerada a partir do Banco Central Alemão, para quem a gestão da política monetária em nada poderia ser contaminada pela tentação de uma coordenação das políticas económicas prosseguidas pelos governos, que sempre teria de comportar uma qualquer forma de limitação da independência dos bancos centrais.
Estas visões, sendo diferentes entre si, acabaram sempre por convergir no bloqueio das sucessivas tentativas de desenvolver o pilar económico da União Económica e Monetária europeia.
No Tratado de Lisboa aditou-se uma referência ao crescimento económico a par da estabilidade dos preços no elenco dos objectivos da União, embora tenha permanecido inalterado o artigo correspondente sobre a moeda única europeia. Foi assim aberto um (pequeno) espaço adicional para os defensores da coordenação das políticas económicas nacionais, desenvolvido com mais detalhe no artigo 136.º do mesmo Tratado.
Contudo, os concretos mecanismos de tal coordenação não sofreram ainda uma alteração em linha com aqueles enunciados objectivos.
Na sequência da crise grega, sugiram vozes exigindo o reforço dos mecanismos preventivos e sancionatórios pelo desrespeito das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. O facto de essas vozes virem agora também da Alemanha é particularmente significativo! E mesmo que essas vozes falem apenas em nome da preservação da integridade do Pacto de Estabilidade e Crescimento, na realidade é do vazio de coordenação das políticas económicas que já estão a falar…
Com efeito, o que de momento mais importa é acorrer à situação grega e impedir o efeito de contágio que já se faz sentir em relação a Portugal, à Espanha e à própria Itália. E, se este movimento de pressão sobre estes países (a que acresce ainda a Irlanda) parece querer meter no mesmo saco casos que são muito distintos entre si, importa não perder a oportunidade que esta crise representa para revisitar os avisos de Delors nos anos 90.
A impreparação da União para responder a uma crise com estas características, de par com a irracionalidade típica de uma acção especulativa concertada contra o euro, acrescendo ainda as hesitações alemãs e a imagem de divisão que assim é dada, são tudo factores que, a arrastarem-se no tempo, põem em causa a credibilidade da moeda única europeia. Os países que estão a ser especialmente visados sofrem já e sofrerão durante bastante tempo os efeitos económicos e sociais desta situação. Mas, a prazo, será o conjunto dos países da Zona Euro que será confrontado com o preço da inacção ou da ambiguidade na resposta que tarda. De pouco adiantará querer ter um protagonismo activo nas discussões globais sobre a moeda utilizada nas trocas internacionais se a Zona Euro evidenciar que nem da sua estabilidade interna consegue cuidar.
Ora, quando há duas semanas a Comissão avançou com algumas (ainda tímidas) propostas de coordenação das políticas económicas nacionais (coordenação dos processos orçamentais nacionais, orientação anticíclica das políticas fiscais, fundo de estabilização financeira), a reacção de muitos Estados membros foi fria e distante, como se a crise grega não tivesse servido sequer para aprenderem alguma coisa para futuro.
Não será de lhes recomendar que voltem a ler o Delors, só que desta feita com mais atenção?
Obs: Com os gregos aprendemos muita coisa, especialmente filosofia e, doravante, a pensar na melhor forma de proteger a nossa economia, a economia europeia no seu conjunto dos ataques especulativos. Talvez um módico de filosofia ajude. O direito romano para aqui pouco ou nada vale e o dinheiro germânico tarda em chegar à Grécia que anda a poluir a Europa..
Recuar a Delors (1985-95) para recordar uma europa económicamente pujante e política e institucionalmente concertada é um exercício útil mas, ao mesmo tempo, frustrante: por um lado, evoca-nos o crescimento continuado do Velho Continente e o acesso aos fundos comunitários que asseguraram as grandes obras públicas em Portugal que facilitaram a emergência da classe média e a modernização da nossa economia; por outro, relembra a decadência da gestão corrente que hoje constatamos.
Uma Europa que nem uma agência de rating tem para nos defender daquilo que é o timing e as leituras dos indicadores económicos e financeiros dos países, debilitando-os ainda mais perante a gula e a avareza dos interesses e dos ataques especulativos.

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Loucura - por Carlo Dossi -

Os loucos abrem os caminhos que depois emprestam aos sensatos.
Tema: Loucura
Obs: Temo que a economia nacional - a propósito dos investimentos públicos - entre nesta incerteza continuada e se agrave, apenas restando determinar quem entra primeiro em jogo e quem mais tem sucesso. Ou seja, será que nas actuais condições da economia internacional e global, funciona o princípio do multiplicador de Keynes que faz funcionar a procura interna, ou tudo não passa duma mão invisível que já se tornou demasiado patente, mas que, ainda assim, pouco ou nada resolve.

Ao estado a que chegámos...Só comparável ao estado da Justiça em Portugal

Procuradoria-Geral da República pediu ajuda à justiça norte-americana para conseguir retirar do YouTube as escutas feitas no âmbito do processo Apito Dourado, noticia a TSF.
Pinto Monteiro enviou uma carta rogatória para os Estados Unidos (Enric Vives-Rubio/arquivo)
De acordo com a mesma fonte, o procurador-geral da República enviou uma carta rogatória para os Estados Unidos onde pede que os responsáveis da justiça do país intercedam junto da Google para retirar da Internet as escutas que envolvem o presidente do FC Porto, Pinto da Costa.
O porta-voz da Google, dona do YouTube, Bill Echikson, não conhece o caso concreto, mas garante que a empresa respeita a lei. “Não sei se já recebemos um pedido das autoridades para retirar este conteúdo, mas a regra geral é clara, se o pedido é legítimo, vem do Governo, chega por escrito e respeita a lei, então obedecemos. Somos respeitadores da lei”, adiantou, também à TSF.
Há cerca de três meses Pinto Monteiro abriu um inquérito que pretende apurar como é que as conversas gravadas durante a investigação do Apito Dourado foram parar à Internet. Na mesma altura Pinto da Costa apresentou uma queixa contra desconhecidos.
Já o Departamento de Investigação de Acção Penal do Porto garante que os pedidos para retirar as escutas do YouTube respeitaram a lei portuguesa e o recurso às entidades competentes. Contudo, Manuel Lopes Rocha, que é advogado especialista em Direito Informático, e que já esteve à frente de casos semelhantes, disse à mesma rádio que não percebe a opção de enviar uma carta rogatória quando um pedido directo ao YouTube costuma ser rápido e eficaz.
Obs: O sr. PGR deveria, talvez, proceder a um inquérito interno para apurar a razão de tanta fuga ao segredo de justiça oriunda do seu millieu em lugar de se preocupar com o sr. Pinto da Costa, mas isto é sintomático do nível, da competência e dos poderes que as instituições tradicionais têm sobre os poderes mediáticos emergentes, em particular aqueles que têm projecção na Net. Acrescento que sempre que vejo as declarações do sr. Pinto Monteiro a debitar sobre as condições de funcionamento da justiça em Portugal lembro-me daquelas declarações peripatéticas de Souto Moura, e sempre que me lembro destas recordo a performance de Pinto Monteiro. Enfim, uma verdadeira fantochoda que, qualquer dia, nem o Youtube deseja. E é esta gente, paradoxalmente, que fala em nome da Justiça em Portugal. O que significa que o actual PGR, por ninguém o levar a sério, desde logo o seu corpo de funcionários, também contribui para o abaixamento do rating da república. E isto é tanto mais curioso se notarmos que em tempos o sr. PGR - referindo-se a blogs - equiparava-os a cartas anónimas que jogava para o lixo, hoje teme a internet - via Youtube - por achar que ela desregula as condições de realização de boa justiça. Pinto MOnteiro evoca-me Souto Moura, como referimos, mas também me lembra um vendedor de farturas do Colombo em dias de futebol que fala, fala, fala, mas... Pobre justiça a que temos.

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Zeinal Bava assume paternidade do negócio

Zeinal Bava assume paternidade do negócio por LusaHoje
O presidente da comissão executiva (CEO) da Portugal Telecom (PT) disse hoje no Parlamento que foi "o pai" da ideia de fazer o negócio de compra de parte minoritária da Media Capital.
Zeinal Bava respondia assim a uma pergunta do deputado do Bloco de Esquerda que o questionou sobre a paternidade do negócio.
"Quem foi o pai ou a mãe do negócio? Cada ideia tem um rosto, um nome, alguém disse: e se comprássemos?", questionou João Semedo.
Zeinal Bava respondeu que o interesse da PT na tomada de participação numa televisão já tem muitos anos, muito antes de 2007, tendo ponderado até em 2003 a hipótese de adquirir 15 por cento da SIC.
João Semedo reforçou a pergunta questionando sobre a ideia de negócio recente relativamente à TVI e Zeinal Bava respondeu que a ideia foi sua.
"Claro que fui eu. Naturalmente vendo que é um plano estratégico considero que é uma oportunidade boa", disse o presidente da Comissão Executiva da Portugal Telecom.
Zeinal Bava está a ser ouvido na comissão de inquérito criada para "apurar se o Governo, directa ou indirectamente, interveio na operação conducente à compra da TVI e, se o fez, de que modo e com que objectivos".
Além disso, a comissão visa "apurar se o primeiro ministro disse a verdade ao Parlamento, na sessão plenária de 24 de Junho de 2009", quando referiu que não tinha sido informado sobre o plano.
Para analisar estas questões, os deputados querem ouvir 21 figuras.
O primeiro ministro será o último a ouvir e, provavelmente, através de depoimento escrito.
Obs: Pergunte-se ao filósofo da Marmeleira se já satisfez a sua curiosidade mórbida e se, doravante, irá propor o nome de Zeinal Bava para PM apoiado pelo velho barão do psd que vive da imagem dos media e que o PSD de PPCoelho empurrou para a última linha das bancadas parlamentares.

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Incognito e Joss Stone

joss stone - you had me

Joss Stone & James Brown Men's World

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quinta-feira

Honestidade - por Joseph de Maistre - dedicada às famigeradas agências de "roubing" que vivem do "gaming"

Não sei como é a vida de um patife, nunca o fui; mas de a de um homem honesto é abominável. J. de Maistre.
Tema: Honestidade

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Redução do rating português considerada “duvidosa” no Financial Times Deutschland

A redução da nota da dívida de Portugal pela agência de “rating” Standard & Poor´s foi hoje considerada “duvidosa” pela edição alemã do Financial Times, que sublinha que a economia portuguesa teve uma forte recuperação nos últimos meses.Público
“Os dados macroeconómicos de Portugal não pioraram nas últimas semanas e meses”, afirma o chefe do gabinete de estudos económicos do Dekabank, Ulrich Kater, no mesmo jornal.
Outro economista citado pelo Financial Times Deutschland, Roland Doehrn, do Instituto de Pesquisa RWI, defendeu também que a situação económica de Portugal “não é motivo” para agravar a nota da sua dívida.
“Os problemas económicos de Portugal e da Grécia não se agudizaram agora, o que mostra, mais uma vez, que as economias nacionais, durante a crise, se tornam um joguete dos mercados internacionais, com forte apoio das agências de rating”, observou ainda Doehrn.
No artigo chama-se ainda a atenção para o facto de, em Março, Portugal ter subido no Índice ESI da Comissão Europeia, que mede diversos indicadores, de 91 para 95,2 pontos, enquanto a Grécia desceu sucessivamente no mesmo índice nos últimos cinco meses.
Commerzbank considera realista a previsão de crescimento do Governo
Além disso, as previsões de crescimento económico do Governo português – de 0,7 por cento do Produto Interno Bruto em 2010 e quase um por cento em 2011 – são positivas e na opinião dos analistas do Commerzbank, segundo maior banco privado alemão, são também “bastante realistas”.
O jornal alemão destaca ainda que Governo e oposição chegaram a acordo em fins de Março sobre um novo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e que a dívida pública portuguesa, 78,6 por cento do PIB, “é moderada”, em comparação com os 115 por cento da Grécia.
Porém, na opinião de Charles Wyplosz, professor no Institute of International Studies, de Genebra, citado pelo Financial Times Deutschland, entretanto “já não interessam as perspectivas económicas de um país, quando este cai na mira dos mercados”.
“Nos dias que correm, todos os países com défices e dívidas elevados são vulneráveis a ataques dos mercados, porque, quando os investidores começam a apostar contra um país, os outros vão atrás”, explicou o economista.
Agências alimentam “círculo vicioso”
Wyplosz afirmou ainda que as agências de “rating” desempenham um “papel especial” neste processo, como “os canais de transmissão do círculo vicioso” que amplificam o sentir dos mercados.
É possível, no entanto, travar esta espiral e acalmar os mercados, “não através do anúncio de um pacote de ajudas financeiras de outros países, mas sim através da implementação do mesmo pacote”, refere Ulrich Leuchtmann, perito em macroeconomia do Commerzbank, dando o exemplo do que aconteceu na Hungria.
Quando este país da Europa de Leste iniciou negociações com o FMI, há dois anos, os mercados não reagiram, mas quando as primeiras ajudas chegaram, a taxa de risco da Hungria melhorou.
Obs:
Já se percebeu que as agências de rating do costume têm uma agenda política (escondida) sobre a fragilidade económica dos países em dificuldades, e é sobre eles que pretendem ganhar dinheiro, de forma parasitária e sem escrúpulos gerando e convocando ainda mais as ondas especulativas que se põem em marcha no terreno por parte dos investidores especulativos, sempre ávidos e fazer dinheiro.
Nesta ordem, o timing que escolhem para lançar os seus avisos à navegação é cirúrgico e tem um fito económico e financeiro altamente especulativo.
Talvez não foi marginal repensar na taxa Tobin a ser aplicada em sede de transações em bolsa...
Assim sendo, seria de toda a conveniência que a Europa constituísse de forma credível uma grande Agência de Rating para avaliar com maior rigor e isenção os indicadores económicos com que hoje os países têm ou não crédito internacional.
Esta seria uma reforma importante na Europa a 27, não se compreende por que razão Durão Barroso não mexe uma palha nesse sentido, e os países membros, através dos seus ministros das Finanças, também não propõem nada nesse sentido. O que revela bem o estado de letargia desta Europa.

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quarta-feira

A democracia pró-activa de Sócrates e de Pedro Passos Coelho no novo "consórcio político" em gestação

Criticamos aqui tantas vezes a forma como a democracia é exercida pelos dirigentes políticos, sempre de modo muito partidário e pouco virada para o bem comum, que exige uma capacidade realista de analisar os problemas das pessoas encontrando para eles propostas de solução que tenham cabimento na nossa sociedade.
Hoje, ao invés desta generalizada prática entre nós, vimos que o PM e o principal líder da oposição (impensável caso Ferreira leite ainda estivesse na direcção do PSD), deram as mãos para concitar esforços e encontrar as melhores ideias para evitar que os mercados e a economia portuguesa sofram mais estragos, em face da onda especulativa que, da Grécia para a Europa, está em curso. Desvalorizando a nossa dívida soberana e a cotação da economia portuguesa perante os mercados internacionais que servem de prestamistas ao país nesta imensa economia de casino parida pela globalização predatória e pelos mecanismos gerados pelo neoliberalismo selvagem que remontam ao Consenso de Washington.
Por isso, no plano dos princípios foi "bonito" ver aqueles dois homens fazendo esforços para reabilitar a economia portuguesa num contexto de hiper-turbulência financeira e especulativa.
Tanto mais que as sociedades complexas em que vivemos não se deixam representar nem mobilizar facilmente, e a democracia directa ou forte também não é praticável entre nós, daí a grande utilidade deste novel "consórcio político" entre PS e PSD para limitar os estragos, mediante a antecipação de medidas no PEC pensadas pelo governo e a introdução de outras medidas equacionadas pelo PSD a fim de reduzir a despesa pública e, assim, expurgar, as ervas daninhas na nossa economia, como défice orçamental, a inflação e o desemprego, já na casa dos dois dígitos, com cerca de 570 mil desempregados entre a nossa população activa.
A esta luz, a entrada de PPCoelho - e do PSD - em jogo é vista como um reforço da democracia e das finanças públicas em Portugal, é como se Portugal, espera-se, passasse a contar com mais um ministro das Finanças, tornando mais presente e mais representada os cidadãos na política portuguesa, como se fossem necessários mais consumidores no mercado para o vigiar e controlar.
Assim, a democracia portuguesa fica mais representada, as decisões são mais pluralistas porque passa a funcionar o compromisso entre os dois grandes partidos do arco da governação, as deliberações ganharm mais força e a possibilidade de errar fica mais circunscrita. Se a receita não funcionar, o recém-líder do PSD também passará a ser corresponsabilizado, naturalmente!!!
Os assuntos públicos ficam, doravante, mais vigiados, a sua complexidade beneficia agora da massa cinzenta do PSD, logo é mais pluralismo social e político que concorre na formulação das decisões ligadas às políticas públicas neste compromisso político emergente da era pós-Ferreira leite.
Veremos, pois, que resultados darão este novo "consórcio político", este bloco central em gestação, na configuração das boas práticas para reduzir o défice, a inflação e o desemprego. Para evitar, por um lado, o agravamento de algum autismo político e da externalização da política (que come à sociedade a sua energia criativa mediante a pesada carga fiscal de que é alvo) e, por outro, atenuar a demoesclerose do nosso regime político em matéria de representação no exercício do poder em Portugal.
Naturalmente, podemos (e até devemos) perguntar que é feito das propostas do CDS, do PCP e do BE para este consórcio político em formação, talvez algumas delas, pudessem contribuir, com realismo, para o reforço do nosso contrato social que também anda em baixa.
Ou seja, chegou o tempo em que a generalidade dos governos minoritários na Europa ser ajudada pelos principais partidos da oposição, não porque isso atalha o caminho para as oposições chegarem ao poder mais cedo, mas porque se reforçam as políticas públicas e as energias que aplacam as devastadoras forças especulativas que do exterior pretendem proceder ao saque em Portugal, como em tempos fizémos no decurso da colonização e da criação dos impérios que deu origem ao chamado Euromundo...
Se isto merecer algum fundamento, concluirmos que, de vez em quando, em Portugal a democracia política entra ao serviço da democracia económica e social, e isso, só por isso, já é um grande activo político, porque revela, entre outras coisas, uma grande maturidade democrática, impensável com a pupila de Cavaco à frente do PSD...
Por vezes, é mesmo necessário colocar a desconfiança e as pequenas traições de lado, e afirmar o valor da confiança política, que também vale para a esfera económica, já que esta se regula pelo jogo de espectativas.

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Política pura e aplicada em S. Bento: Sócrates e PPCoelho de mãos dadas...

Estes dois homens não se irão encontrar mais logo em S. Bento para trocar garrafas de vinho ou elogios, nem canetas parker, apesar de terem mais em comum do que factores que os diferenciem. Jovens, bem-falantes, com charme, com telegenia, a diferença é que PPCoelho quer o lugar de Sócrates, e este não o quer perder para um rival, neste caso do PSD. Mas a pressão social, nas ruas e nos media, obrigou o PM a ceder para olear a máquina e lá anuiu em receber PPC para falarem do rating da dívida nacional, que ficou pelas ruas da amargura após a Standard & Poor´s, que não deveria ser levada a sério, ter lançado ainda mais incertezas nos mercados. E pior do que Portugal ter um dia Ferreira leite em S. Bento seria sofrermos agora um brutal ataque especulativo que empobreceria ainda mais a nossa economia real. De facto, as políticas públicas em Portugal têm que atender mais e melhor à diversidade de casos na sociedade nacional, desde a redistribuição da riqueza, da igualdade e equidade, aspectos a que o governo jamais poderá ficar insensível no quadro do PEC para os próximos quatro anos. Nesse horizonte até parece que a sociedade passou a ser encarada como um conjunto de minorias e o governo como uma ONG encarregue de atender aos seus pedidos. Se assim for, já não é mau. E, confessemos, ver o PM com PPCoelho é muito diferente de o ver ladeado por esse "bacalhau seco" (sem ofensa ao bacalhau) que em dois anos de "gestão do economato" do PSD não foi capaz de apresentar uma única ideia ao país.
Contudo, uma leitura mais neo-realista, conforme o esprit du temp, habilita-nos a supor que Sócrates e Coelho conseguem restaurar o velho mundo em Portugal, remetendo para o caixote do lixo da "estória" o desencantamento do mundo que falava Weber, e mais modernamente M. Gauchet.
E como estamos em vésperas de receber o Papa, que tem face e um esgar diabólico, ficando muito a dever à majestade do seu predecessor, o excepcional João Paulo II, ainda pode ocorrer um milagre entre a Lapa e S. Bento, daí resultando a despolitização (e consequente despartidarização) das políticas públicas em Portugal e da forma de as pensar e executar para atingir os melhores resultados para a economia nacional e para o bem-estar dos portugueses. Que vivem, ou sobrevivem, hoje, com o esgar do Papa...
A democracia tem de ser algo mais do que a simples protecção de interesses e fins mais ou menos privados, ou partidários..., ainda que no fim vingue sempre o mercado.
Notas: Se a reunião correr bem vai tudo para o Kiss beber um Vodka-Laranja pago pelo Mealha das loiras e dos targas. O Allgarve sempre foi bom para captar investimento. Viva a República e o consenso que nela se encontrar. Com ou sem ironia, confesso que gostaria de ver mais Vieira da Silva no terreno do que Teixeira dos Santos. Mas as coisas são como são.
Let's Groove - Earth wind and fire -

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terça-feira

No fio da navalha para evitar uma situação grega

O líder do PSD reúne-se amanhã de manhã, em São Bento, com o primeiro-ministro para discutir a situação económica do país. Económico
"Falarei amanhã, ao final da manhã, com o primeiro-ministro para saber que medidas do PEC o Governo entende que são necessárias antecipar, mas também comunicar medidas que o PSD considera importantes para que a nossa resposta vá mais longe do que inicialmente avançado pelo Governo", anunciou hoje Pedro Passos Coelho.
O novo líder do PSD responde assim ao repto lançado por Teixeira dos Santos que, após o corte do ‘rating' português para a S&P, sinalizou ser tempo de "Governo e PSD se entenderem.
Passos Coelho falou hoje sobre esse "compromisso atingível", sublinhando que as diferenças entre socialistas e social-democratas "não impedirão de evitar uma crise de financiamento externo e afastar este ataque especulativo".
"Mais vale tarde do que nunca", reforçou, afirmando que "Portugal não está a caminho da Grécia".
Obs: Já se percebeu que não vale a pena tapar os pés com a manta do Bocage, porque ela é demasiado curta e destapa a cabeça. Portugal já começa a sentir essa consciência social de forma larvar a manifestar-se, e até Setembro a dinâmica grevista irá, seguramente, acentuar-se, até pelo sentimento de injustiça social e de descrença que já se instalou na sociedade portuguesa, não apenas porque somos pouco produtivos e crescemos metade dos outros países da Europa, mas também porque o Estado - na sua vertente de máquina legisladora - deveria impedir que "salários à Cristiano Ronaldo" em algumas empresas públicas só geram um sentimento de profunda insatisfação social que poderia - e deveria - ser aplacado. Em nome do bem comum, certamente!!! E apesar de algumas dessas empresas ser de capitais maioritáriamente privados, o Estado deveria dar um sinal de que não é cúmplice com tais disparidades de remunerações. Aqui Cavaco tem razão, ainda que fale sempre com anos de atraso.

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Evocação de Virginia Woolf

O mundo privado e o mundo público estão inseparavelmente ligados... As tiranias e as servidões de um são as tiranias e as servidões do outro.
V.Woolf.
Sem querer esta mestre da literatura definiu bem o que se passa hoje em Portugal na intersecção da política, da vida partidária e empresarial (sector público e privado). Ou seja, os ódios começam na arena política, projectam-se na esfera pública mediante a acção activa dos media e regressam ao sistema político, paralisando-o. Eis o que se passa actualmente em Portugal com o jogo do gato e do rato protagonizado através da comissão de inquérito e conexos. Aqui não há inocentes.

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Niemeyer afirma estar triste pelas disparidades sociais da cinquentenária Brasília

Niemeyer afirma estar triste pelas disparidades sociais da cinquentenária BrasíliaFoto: Vanderlei Almeida/ AFP O arquiteto de 102 anos trabalha em seu ateliê no apartamento em Copacabana
Da AFP http://www.band.com.br/jornalismo/brasil/conteudo.asp?ID=291677
Aos 102 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer fala de Brasília, sua filha pródiga, com o carinho de um pai, mas em entrevista à AFP confessou sentir-se "triste" com as "disparidades sociais" da capital brasileira, que comemora 50 anos esta quarta-feira.
Com as celebrações do cinquentenário de Brasília batendo à porta, o arquiteto mais famoso do Brasil não estará presente em nenhuma das comemorações previstas para a grande data por conta do medo de voar, que o identifica quase tanto quanto à fidelidade ao comunismo, e por um problema na coluna.
"Não posso ir de carro a nenhum lugar tão distante", explicou Niemeyer, que mora no bairro carioca de Copacabana, a 1.400 km da capital federal, erguida do nada em 1960.
"Vou acompanhar as comemorações pelos meios de comunicação com o maior interesse", afirmou.
A filha pródiga
Brasília representa "um momento importante da prolongação e busca renovada da arquitetura mais livre e criativa que venho defendendo desde os meus trabalhos que compõem o complexo da Pampulha, em Belo Horizonte", explicou.
Para as festividades por ocasião do de Brasília, dois dos edifícios emblemáticos da capital, projetados por ele (o Palácio do Planato, sede do governo, e a catedral metropolitana) foram fechados para as primeiras obras de recondicionamento em meio século.
A Praça dos Três Poderes, situada no enorme espaço entre o palácio presidencial, a sede do Congresso e a Suprema Corte, também foi praticamente reconstruída seguindo fielmente o projeto original de Niemeyer.
Mas do projeto original, "bem pensado", à atualidade, "Brasília mudou muito", considerou Niemeyer.
"As cidades-satélite, por exemplo, se expandiram demais, aproximando-se bastante do Plano Piloto", afirmou, em alusão aos limites do projeto original da cidade, caracterizada por grandes espaços abertos, esplanadas e construções de linhas simples e concisas.
No entanto, suas maiores críticas não se dirigem às mudanças de fisionomia de uma cidade que cresce.
"As profundas disparidades sociais que a nova capital apresenta me deixam muito triste", confessou.
"É evidente que compreendo os problemas que derivam de uma metrópole que cresce e representa, infelizmente, o regime capitalista com todos os seus vícios e injustiças", continuou.
Trajetória
Reconhecido como um dos grandes renovadores da arquitetura do século XX, Niemeyer é um fervoroso militante comunista, ganhador do prêmio Lênin da Paz (1963), em um país marcado pelas desiguandades sociais.
Em mais de 70 anos de trabalho, Niemeyer assinou mais de 600 projetos em todo o mundo, uma história que o levou a ser uma figura emblemática do movimento modernista brasileiro. Mas foi a concepção de Brasília, ao lado do urbanista Lúcio Costa, em 1960, que o tornou célebre, rendendo-lhe prêmios como o Pritzker (considerado o Nobel de arquitetura), em 1988.
Ele também participou da concepção da sede da Organização das Nações Unidas (1952), em Nova York, e desenhou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (1996), famosa pela forma de disco voador.
A França, que o acolheu nos anos de exílio, durante a ditadura militar, contra com cerca de vinte obras suas, entre elas a sede do Partido Comunista de Paris (1965) e a Casa de Cultura em Le Havre (1972).
Projetos
O arquiteto revelou que gostaria de poder concretizar um estádio de futebol que projetou "há muito pouco tempo e que apresenta uma forma bastante surpreendente".
Entre seus projetos em andamento, Niemeyer, que é conhecido pelas obras curvilíneas e sinuosas com o corpo da mulher, segundo ele próprio define, destacou "a torre digital para Brasília, e a Universidade Latino-americana em Foz do Iguaçu", um projeto que visa a receber estudantes da região e dar a eles uma formação completa e abrangente, como a que defende o centenário arquiteto.
Fora do Brasil, Niemeyer ressaltou "o Porto da Música em Rosário, Argentina, e sobretudo, o centro cultural de Avilés, na Espanha".
O arquiteto disse, no entanto, que não tem projetos "prediletos": todos "foram elaborados com todo o entusiasmo e o carinho", resumiu, com simplicidade.
Vida
Oscar Niemeyer nasceu em 15 de dezembro de 1907, no Rio de Janeiro. Concluiu o ensino superior em 1928, ano em que se casou com Annita Bildo, com quem teve uma filha. Foram casados durante 60 anos até a morte de Annita, em 2004.
Em 1934, se diplomou arquiteto e no ano seguinte entrou no estúdio de Lúcio Costa e Carlos Leão, onde preferiu trabalhar de graça a se adaptar à "arquitetura comercial", em voga na época.
Em 1936, encontrou-se com Le Corbusier durante um projeto no Rio e, em 1939, viajou com Lúcio Costa para os Estados Unidos, onde construiu o pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York.
Foi em 1940, quando conheceu o futuro presidente brasileiro, Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte, que lhe pediu para criar o "Complexo da Pampulha", concluído em 1943, seu primeiro grande trabalho. Como presidente, Kubitschek incumbiu Niemeyer da "alegria" - em suas palavras - de construir Brasilia, inaugurada em 1960.
"Queríamos fazer uma arquitetura diferente, que gerasse surpresa, suscitasse um maior interesse. Queríamos fazer imóveis que gerassem certo estupor por serem diferentes", disse sobre a cidade.
Aos 102 anos, Oscar Niemeyer se mantém ativo e trabalhando em seus projetos no atelier de janelas curvas, em frente à praia de Copacabana.
Redação: Bruna Carolina Carvalho

OSCAR NIEMEYER É UMA INSTITUIÇÃO QUE NUNCA MORRERÁ. TODO ELE É ARTE, TÉCNICA, INVENÇÃO, BELEZA, SABEDORIA. ELE REPRESENTA O PONTO DE LUZ PARA QUE TODO O HOMEM DEVERIA CONVERGIR, MAS QUE SÓ ALGUNS CONSEGUEM. MEDITEMOS, POIS, NESTE EXCEPCIONAL LEGADO.

Ser Humano Oscar Niemeyer

Chico Buarque e Oscar

UMA HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE OSCAR NIEMEYER

Niemeyer - 100 anos de vida - A festa nas Canoas - 15/12/2007 - joaosaboia.com

100 Oscar Niemeyer

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segunda-feira

A política-espectáculo: o pior da modernidade e o grau zero do pensamento. Eis o tributo de Aguiar-Branco ao sistema político nacional

O político-espectáculo da era Pedro Passos Coelho
Nem sempre a política, e a rotação de lideranças, produz evoluções favoráveis, políticos mais credíveis, linhas de orientação estratégica desenvolvimentistas para o país que gerem os desejados efeitos de modernização que facilitem a melhoria das condições de vida e níveis de bem estar das populações.
O número de circo político feito ontem na AR por José Pedro Aguiar Branco, o advogado queque do Norte, o barão da advocacia de negócios, qual Júdice da capital, representa, no fundo, o conceito de que a política é escrava dos media. E isso é mau para todos nós.
Esta pequena reflexão visa revelar esses contornos do político-espectáculo que visa obter efeitos mediáticos através dos seus discursos sem que isso represente, objectivamente, uma vantagem para a sociedade e para o funcionamento do sistema político. Citar autores revolucionários, num contexto histórico e civilizacional diferente da matriz é, não só perigoso como historicamente arriscado, além de revelar a ignorância histórica, sociológica e polítológica do mensageiro. Foi aquilo que Aguiar-Branco, o principal derrotado interno do PSD, fez no Dia da Liberdade. Citar Lenine no dia da Liberdade é, de facto, verdadeiramente idiota, papel a que o derrotado interno do psd se prestou. Ou seja, e como diria Lenine, fez, precisamente, o papel do idiota útil...
Um dia em que era suposto o representante do PSD não ter citado Lenine, um pequeno defensor da ditadura das vanguardas pensantes do partido, apologista da revolução que hoje qualquer sociedade moderna dispensa. Não é assim que Aguiar ajuda a resolver o problema do desemprego, da inflação, do peso da dívida pública nem do valor do défice orçamental em Portugal. Alguém o enganou ou então foi a sua tremenda fome de protagonismo e a soberba do seu discurso que o traíram.
Mas o número de circo que Aguiar Branco representou, mediante uma análise mais fina, revela outras coisas para a relação política e os media. Já que durante muito tempo os políticos sonharam em domesticar e fazer dos jornais, estações de televisão e rádios os seus capachos, os seus auxiliares. E, nuns casos voluntários, noutros fazendo o frete, o que é facto é que muitos desses media (jornalistas), até por razões de dependência socioprofissional e de estatuto, lá foram fazendo o jeito aos agentes políticos – de que Aguiar Branco ontem deu uma má imagem para o sistema político e para a sociedade. Embora, actualmente muitos desses agentes políticos, e Sócrates também não está completamente imune a este tipo de práticas e de críticas, ainda que tenha atrás de si já obra feita, são esses mesmos media que podem provocar um efeito de boomerang no sistema político, e, nesse caso, as primeiras vítimas são precisamente os agentes políticos que faziam dos media seus capachos. Daí a relação entre políticos e media ser altamente sado-masoquista e de tipo esquizofrénico.
Estranha relação que une estes dois poderes, o político e os media: um oficial, ou outro informal; um tutelar e deliberativo; o outro opinativo, sugestivo e sensacionalista. Mas ambos, cada qual à sua maneira, como vimos reforçada pela comunicação sensacionalista de Aguiar Branco no dia 25 de Abril, recorrendo a teóricos e revolucionários da história do séc. XX a quem a evolução das sociedades ficou a dever o ideário revolucionário que hoje subverte a evolução gradualista das sociedades, contribuem para alimentar esse Estado-espectáculo que faz da política uma companhia de teatro e dos cidadãos meros espectadores alienados que é suposto baterem palmas perante tanta banalidade. Ouvir aquela tralha ideológia de um discípulo de Cunhal seria normal, agora de um social-democrata do séc. XXI?! Só por histrionismo político tantas vezes associado a desordens de personalidade...
Aguiar Branco, para agradar ao seu novel líder e subir na sua consideração, foi um dos piores promotores dessa concepção espectacular da política, nem que, para o efeito, tivesse de conceber um discurso-choque, como a publicidade da Benetton.
Só que essa obediência à sedução da mensagem sem nada dizer à economia e à sociedade, só provoca dependência, sound-bites, alienação. E em função das circunstâncias, da postura e dos temperamentos, aquele tipo de discursos apenas subverte ainda mais a tentativa que hoje, malgré tout, alguns, poucos políticos mais sérios, procuram desenvolver a fim de devolver alguma normalidade à relação sempre estranha entre políticos e media. É este tipo de práticas discursivas que funciona como ervas daninhas para a democracia representativa que importa evitar.
Pois foi dessa relação patológica entre a política e os media, que vivem em simbiose um com o outro, que nasceram dois axiomas que modelaram a vida pública moderna: a opinião pública, resultado da comunicação e que mudou a natureza da política, nem sempre para melhor, como ilustra o discurso de Branco; conferindo aos media a possibilidade de alterar, de facto, a natureza da própria política, seja enquanto arte, seja enquanto techné.
Sem se dar conta, talvez perseguido pela necessidade de reconstruir a auto-estima perdida na sequência da sua maior derrota política interna, Aguiar Branco acabou por contribuir para alimentar aquela relação perversa entre política e media, que vive de sound-bites, de alguma inovação discursiva mas sem resultado prático na construção de políticas públicas de que depende a melhoria das condições de vida dos portugueses.
Numa palavra: o derrotado interno do PSD contribuiu para valorizar esse duelo desigual entre os media e a política, e isso não é tanto responsabilidade destes, mas subproduto de um descontrolo emocional e dum narcisismo que a massa dos indicadores sociais e económicos em Portugal jamais deveria suportar. Até porque daqui à demagogia é um passo, além de que a ilusão e a mentira política também são reforçadas com este tipo de hiper-representações no espaço público que os portugueses dispensariam, especialmente no Dia de comemoração da Liberdade.

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Jovem suicida-se após rejeição em 200 empregos

Família quer criar fundação para ajudar a lidar com o mercado de trabalho. dn
Vicky Harrison estudou som e imagem e tinha o sonho de ser produtora de televisão. Inicialmente foi sobre essa área que incidiu a sua procura de emprego. À medida que o tempo foi passando alargou o âmbito da pesquisa, até ser candidata a empregada de balcão, de mesa, repositora em cadeias de supermercados. Mas a reposta foi sempre negativa. Duzentas recusas e dois anos depois, a jovem britânica, de 21 anos, pegou em várias caixas de comprimidos e suicidou-se por overdose.
A tragédia aconteceu há um mês mas só agora a família parece ter encontrado coragem para tornar o caso público nos media. Os pais e o namorado, a quem deixou bilhetes de despedida, pretendem criar uma fundação que ajude os jovens a lidar com as dificuldades do mercado de trabalho. Numa altura em que as eleições legislativas britânicas estão à porta e o desemprego atinge dois milhões e meio de jovens no Reino Unido, os críticos do Labour, no poder, acusam as suas políticas de estarem a "criar uma geração perdida". Os mais radicais culpam a abertura que existe face aos imigrantes, que fazem o mesmo trabalho que os cidadãos britânicos, mas por salários relativamente mais baixos.
"A Vicky era uma rapariga brilhante e inteligente que entrou em depressão por não conseguir encontrar trabalho. Estar no desemprego durante tanto tempo, parecia-lhe demasiado humilhante", disse a mãe, Louise, de 43 anos, citada pelos media britânicos. "Teve tantas recusas que a sua confiança ficou afectada. Ela sentia que não tinha futuro", afirmou o pai, Tony, de 53 anos, ao jornal local Lancashire Telegraph.
Vicky Harrison cresceu em Darwen, Lancashire, tendo-se formado com boas notas pela Faculdade de Runshaw, em Leyland, integrando depois a universidade londrina de South Bank. Não chegou a completar o curso, porque não estava a gostar muito dele. Foi então que iniciou a difícil missão de entrar no mercado de trabalho. A 30 de Março, recebeu a última recusa de um infantário. No dia seguinte o pai encontrou-a estendida na sala de estar. "Eu já não quero ser mais eu. Não fiquem tristes, a culpa não é vossa, só quero que sejam felizes", escreveu a jovem no seu epitáfio.
A família criou agora um memorial na Internet: http://vicky-harrison.gonetoosoon.org/ contém alguns dados e algumas fotografias de Vicky, permite deixar mensagens de apoio, escrever tributos, acender velas e oferecer presentes virtuais.
Obs: Medite-se seriamente neste tipo de situações que, porventura, é maior do que pensamos, pois as estatísticas oficiais não choram, e só uma parte é oficialmente conhecida, como a violência doméstica e problemas conexos gerados pela sociedade post-modernaça que criámos e que a globalização predatória agravou.
Que descanse em paz.

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Cavaco apagou o affair "Escutas" de S. Bento a Belém a apropriou-se duma ideia do Governo...

Cavaco: mar e indústrias criativas são novas oportunidades do país Por Lusa, PÚBLICO
Na comemoração dos 36 anos do 25 de Abril, o Presidente da República salientou hoje a importância de o país conseguir aproveitar as novas oportunidades, especialmente o mar e as indústrias criativas, a fim de enfrentar os momentos difíceis.
Reconhecendo que “Portugal vive uma grave crise, que é de todos conhecida”, Cavaco Silva lançou o repto de conseguirmos aproveitar as oportunidades oferecidas pelo mar e pelas indústrias criativas.
“Os portugueses perguntam-se todos os dias para onde é que estão a conduzir o país”, notou o Presidente da República. A fim de não “perder tempo” e para enfrentar uma “concorrência que será implacável”, o país precisa de “repensar a sua relação com o mar e as formas como explora as oportunidades que este dá”. Cavaco Silva considera que “importa afirmar a ideia de que o mar é um activo económico maior do nosso futuro” e que “o mar se deve tornar na verdadeira prioridade da política nacional”.
Mas as indústrias criativas também são muito necessárias, com a criação de centros de excelência e pólos de conhecimento em várias cidades, como Lisboa e Porto.
"Potencial que o país não pode desperdiçar"
No entanto, o Presidente alertou para o problema do “número de jovens que partem de Portugal”. Este é "um potencial que o país não pode desperdiçar" e constitui-se como um exemplo dos tempos difíceis.
O Presidente da República alertou para a persistência de desigualdades sociais, sublinhando a existência de situações de privação ao lado de “casos de riqueza imerecida que nos chocam” e lembrando os rendimentos dos altos dirigentes de empresas.
A este propósito, o Presidente da República recordou uma passagem da sua mensagem de Ano Novo em 2008, quando referiu que “sem pôr em causa o princípio da valorização do mérito e da necessidade de captar os melhores talentos, interrogo-me sobre se os rendimentos auferidos por altos dirigentes de empresas não serão, muitas vezes, injustificados e desproporcionados, face aos salários médios dos seus trabalhadores”. Acima de tudo, considerou, “o país precisa de desígnios que lhe dêem mais coesão”.
Obs:
Cavaco mostrou como é que pegando em dois ou três "ovos mexidos" faz uma omelete para um batalhão. Foi aos descontentes, como a fuga de cérebros/emigração económica, salários escandalosos do Mexia & Compª, e dramatizou; depois apanhou uma ideia do Governo - de lançar a economia do Mar, que Ernani Lopes já vem falando há uma década, e pulverizou a ideia juntamente com as indústrias criativas. Com umas pitadas de muito Norte e muito Porto.
Resultado: a salada russa ideal para Cavaco catalizar a base de apoio sociológica para federar os descontentes, apagar da memória a sua tentativa de abater politicamente o PM via inventona das escutas de S. Bento a Belém, remeter para o caixote do lixo da história o poeta Alegre e, assim, abrir alas para entar no Palácio Rosa em 2011.
De súbito, vemos um Cavaco aquático mui defensor da economia do Mar e da pesca do bacalhau (talvez pelo apego aos carapaus alimados, como me diria um amigo); e um Cavaco artesanal falando de indústrias criativas.
Amanhã um assessor de física ventilha-lhe que é necessário apostar nas indústrias do espaço, e lá veremos Cavaco propor imediatamente o lançamento do Po-Sat III para o espaço, numa espécie de reedição de Guerra das Estrelas para conquistar cota de mercados e, assim, eliminar o nosso défice orçamental, inflação e peso da dívida pública.

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Desonestidade intelectual... Idiotas à solta na Lapa

Não surpreende que Aguiar Branco tenha querido fazer um número fora do molde, como diria Umberto Eco, para dar nas vistas, atrair os holofotes dos media, posicionar-se internamente, agradar ao seu novel líder e, assim, marcar o ritmo dos trabalhos parlamentares no Dia da Liberdade. Para o efeito citou a despropósito Lenine, Rosa Luxemburgo.., tudo boa gente que integra "o seu" novel campo ideológico e que passou, certamente, a desejar a evolução das sociedades não já por via pacífica e gradualista, mas através das revoluções, tiros e sangue. Voilá, a novel social-democracia. Esta rotação da história das ideias políticas, sem precedentes nos discursos social-democratas, que até fazem Sá Carneiro rolar no caixão, fez as delícias de alguma intelectualidade lusa, que sem a justificar históricamente (nem podia) viu aqui um pretexto para desancar no Sócrates, mesmo que a história, a ideologia, o encaixe entre aquilo que Aguiar Branco tenha citado e o seu posicionamento pessoal, profissional, político, partidário e ideológico se perfile naquelas referências ideológicas. Tudo aquilo reflecte o mais puro cinismo e hipocrisia politica que deveria ser lamentado, até pelo rigor histórico do pensamento dos autores que citou e do seu contexto histórico-político, mas como dá jeito à intelectualidade ressentida e raivosa a Sócrates ver naquela mestela umas farpas ao PM, o Aguiar citou a preceito, foi inovador e representou uma pedrada no charco. Pobres destes que assim pensam. Pobres dos alunos que aprendem oblíquamente através destes mensageiros anti-socrateiros. Só faltou Aguiar Branco proclamar a tese nacionalista e depois comunista que impulsionou a revolução cubana que fez o barbudo e Che descerem a Sierra Maiestra e depor o ditador Fulgêncio Baptista, o homem de mão dos EUA na área a fim de permitir que a ilha - ainda hoje aprisionada - pudesse continuar a fornecer jogo e lazer, prostitutas, algodão e açucar a uma América decadente. Fica-se com a sensação que Aguiar Branco também foi o inspirador da revolução cubana..., qui ça também o inspirador das Democracia Populares. Bem ou mal, Aguiar irá, para ser consequente com as suas novas referências ideológicas, passar a defender a revolução no seu partido e levantamentos na sociedade a fim de capturar o poder e depois, na linha de Lenine, fazer a revolução do proletariado e abolir o Estado, porque este se torna supérfluo e o povo governar-se-á a si próprio. Mas entretanto instala-se uma elite de vanguarda que operará como Estado totalitário. Mas como em Portugal o povo é sereno, ou "manso", como diria Louçã, ainda é capaz de desculpar estas baboseiras neo-realistas e pseudo-criativas a Aguiar-Branco 36 anos volvidos a revolução de Abril. Branco pode ter formação jurídica, pode até ser uma aristocrata da advocacia de negócios, uma espécie de Júdice encartado do Norte, mas pouca ou nenhuma formação politológica tem, pois deturpa as ideologias e o pensamento de autores e força essa adaptação ao seu psd. Resultado: a bota não bate com a perdigota. E o mais triste é que quem tem responsabilidades de ensino na área contribua para alimentar estas mestelas decorrentes duma grande desonestidade intelectual só porque, por essa via cabutina, se pensa que se pode chamuscar o PM em funções. Não mude o PPCoelho de estratégia parlamentar e verá quantos mais anos é que Sócrates ainda estará no poder. Além do embaraço pseudo-revolucionário que Branco causou no putativo apoio do psd a Belém - que, se calhar, até o dispensa. Enfim, para Aguiar o fim da história renasce através daquelas que são, lamentavelmente, as suas referências... E eu a pensar que ele até poderia citar um J. Rawls... Mas não, Aguiar quer é sangue, feito de revoluções e levantamentos populares, coisas velhas que ele pensa poder regular a globalização predatória que está aí. É com Lenine e Rosa que ele pensa conferir às sociedades um elevado potencial de modernização, competitividade e coesão social no futuro próximo.
Coitado do Pedro Passos Coelho, agora é que ninguém o leva a sério com estas companhias...

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domingo

Porque - por Sofia Mello Breyner Andresen -. Evocação de janita Salomé - Vocábulo Redondo -

Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam mas tu não.
“No Tempo Dividido e Mar Novo”, Edições Salamandra, 1985, p. 79
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Janita Salomé - Redondo Vocábulo

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Pedra filosofal

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Aguiar-Branco no seu melhor... Revolução na revolução em Dia de Abril

Aguiar-Branco queria fazer a diferença, e como hoje a banalidade dos discursos é tanta resolveu improvisar e fazer espectáculo. Para o efeito, foi buscar as referências da esquerda radical para sustentar o seu discurso: Lenin, Rosa Luxemburgo, poderia também ter citado Carlinhos Marx, Bakunine e conexos para fazer a revolução do proletariado do "povo livre" a partir do quartel-geral da Lapa. O PSD ideológico, em rigor, sempre foi uma espécie de "albergue espanhol", abre as pernas e enfia tudo lá para dentro, como em tempos disse o sociólogo e ex-governante António Barreto. Hoje confirmo a deriva pelas palavras do principal derrotado interno do PSD. Paulo Rangel jamais se prestaria a este frete-espectáculo errático. Já agora, alguém viu Rangel?! Enquanto o barão do Norte falava, todos se riam: o PM e o Governo talvez por julgar haver algum equívoco no emissor e na mensagem; o PCP furioso por lhe estarem a roubar os pensadores e as bandeiras; e o BE por razões similares, com o acne político da existência e na disputa das bandeiras ao PCP, ainda que mais urbano, jovem e criativo. E Pedro passos Coelho - que pensaria ele com aquela manta de retalhos que só confirma a ideia de que os partidos são hoje verdadeiras máquinas de poder que tuda fazem e dizem para capturar o poder, nem que, para isso, façam Banda Desenhada ideológica travestida de discurso oficial em Dia de Liberdade... Todas aquelas citações foram históricamente desencontradas, o que revela a ignorância histórica de Aguiar Branco, dificultando, doravante, a liderança a PPCoelho e não prestigia o espaço do centro direita em Portugal. Assim, nem Cavaco deseja o apoio do PSD para as presidenciais de 2011, que agora se travestiu do pior do PCP e do BE. Mas uma coisa é certa: Branco fez espectáculo, meteu a AR a rir, mas nem Ferreira leite faria pior, e isso deixou o CDS de Portas a rir, porque teve a ciência de não ceder ao ridículo ideológico de Aguiar e de ser credível aos olhos dos portugueses. É o que dá Passos Coelho ter confiado este número de circo ao seu ex-rival. Deve ter sido o prémio que lhe deu para o manter no barco. Deixando Cavaco numa situação altamente desconfortável. Veremos se desta vez o douto Marcelo de Sousa, senador instalado da república e depois de ter perdido todas as eleições que havia para perder, vem dizer à turba que gosta muito de Aguiar-Branco por causa do seu "bom senso" e da sua serenidade... Se calhar também é por causa de números destes que os cidadãos eleitores portugueses estão cada vez afastados da vida pública, um facto corroborado pelas elevadas taxas de abstenção para que, agora, o Sr. Branco (e com ele todo o psd de PPCoelho) tão ridicula e lamentavelmente contribuiram. Por momentos cheguei a pensar que Aguiar Branco estava no Circo Chen alí em Sete Rios a domar leões com varas de bambú "confeccionadas" pela sua antiga tutora, Manuela Ferreira leite.

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sábado

Critérios de Boa Governação em vésperas de mais um 25 de Abril

Para a maior parte das pessoas que nasceram após as décadas de 70 e 80 do séc. XX pouco ou nenhuma memória têm do que foi o 25 de Abril, uma revolução pacífica, feita simbolicamente de cravos, mas que poderia ter descambado numa verdadeira guerra civil como sucedeu em inúmeros processos de transição da ditadura para a democracia no séc. XX.
Tomados por adquiridos certos valores, como as liberdades cívicas, sociais, religiosas e políticas que garantem o pluralismo político e religioso, aquilo que as populações querem é mais e melhor democracia social e económica, e para isso há que garantir um conjunto de critérios de governabilidade cuja finalidade visa dar saúde aos mercados financeiros de molde a que a moeda única possa ser sustentada através de políticas nacionais responsáveis por parte dos Estados que integram a União Monetária.
A esta luz correspondem a objectivos de boa governação, mesmo em vésperas de comemorar mais um aniversário da Revolução de Abril, que abriu Portugal ao mundo, desfeito o Império colonial – em que os portugueses foram os primeiros a entrar e os últimos a sair, três grandes vertentes:
1. Uma inflação baixa – a fim de assegurar a competitividade dos produtos e serviços europeus nos mercados mundiais e para evitar que o mercado europeu seja penetrado por produtos e serviços oriundos de outras regiões a custos inferiores ou com menos eficiência produtiva e organizativa que é produzida entre nós. Por isso é tão preocupante que, segundo as estimativas do FMI, o nosso índice de crescimento e de produtividade seja tão baixo, o que dificulta a vida à economia portuguesa em competir em igualdade de condições não apenas com os demais países do espaço europeu, que crescerão mais do dobro, mas também com economias e com mercados oriundos de países terceiros, como são os países asiáticos.
2. Um peso da dívida pública menor, pois se temos um PIB reduzido, e o Estado não empreende as grandes reformas na sua arquitectura interna para libertar as energias necessárias (seja por medo político em não colidir com interesses corporativos (que faz perder eleições), seja ainda porque o Estado se tornou incapaz de corrigir os desequilíbrios internos decorrentes do seu próprio funcionamento. Um comezinho ex: porque razão o Estado não encomenda a sua parecerística a advogados da máquina estatal?! Será que são todos medíocres e produzem maus pareceres!? – é claro que não.
3. E um valor do défice orçamental que seja fixado por valores mais baixos do que os actuais 8%, o que implica uma disciplina financeira que actualmente o Estado não consegue ter, não apenas para financiar as despesas sociais, mas também para induzir e injectar financiamento no chamado Investimento Público de qualidade, i.é, aquele que é estruturante à economia nacional e pode ter um retorno interessante a médio prazo, além de criador de riqueza e de emprego. Além de também nos pouparmos à vergonha de ter de ouvir, fora de portas, o presidente checo, V. Klaus, humilhar Cavaco - e os 10 milhões de portugueses que ele representa - por causa daquele indicador económico que é, seguramente, preocupante.
É óbvio que haverá tantas leituras acerca da Revolução de Abril quantas as perspectivas e posicionamentos. É natural que um empresário bem sucedido veja a revolução duma maneira, um sindicalista veja de outra, um estudante de outra ainda e assim por diante, segundo o perspectivismo de cada pessoa ou instituição.
Mas o que será importante em vésperas de comemorar mais um dia de Abril, dia da Liberdade sem a qual nada se consegue garantir, desde logo o valor da própria Democracia, é que estes objectivos económicos, financeiros e políticos de boa governação garantam, por sua vez, que a moeda europeia precisará de oferecer juros elevados para que os operadores nos mercados financeiros internacionais se considerem adequadamente remunerados pelos riscos que correm em colocar os seus capitais no mercado europeu e em moeda europeia.
Com efeito, o prémio da boa governação, em vésperas de Abril, seria, desse modo, a criação de condições de sustentabilidade do crescimento – que hoje falta – mas que é fundamental para retomar as linhas de equilíbrio desenvolvimentista que Portugal atingiu no tempo de “vacas gordas” aquando da nossa adesão à então CEE, cujo ambiente é hoje difícil repetir e a que o actual Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) também intimida, ainda que possa obrigar a economia nacional a instalar os mecanismos de racionalização económicos necessários para voltarmos a crescer dentre em breve e, assim, mandar os relatórios do FMI, da OCDE e instituições conexas – às malvas.
Abril também é isto, poder traçar o nosso próprio caminho de Crescimento, Desenvolvimento e Liberdade sem estar atado às mestelas que outros nos dizem através de relatórios que são verdadeiros pesadelos para todos e para cada um dos portugueses. E isso representa exactamente o contrário daquilo que amanhã todos desejamos celebrar: a LIBERDADE!!!
Para mim, o Abril de 2010, será poder comemorar o Dia da Liberdade e da Democracia pensando que o país no seu tecido conjuntivo pode (e deve) saber conseguir fazer o seu próprio RELATÓRIO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO, DE PREFERÊNCIA COM MAIS COESÃO E MAIS JUSTIÇA SOCIAL.
A grande dúvida reside em saber se o conseguimos nos próximos anos sob o signo deste decisor oculto que responde pelo nome de globalização competitiva.
Uma coisa é certa: a Democracia, tal como a Liberdade e a sorte - dá muito trabalho a construir, como se vê na imagem supra, na arrumação daquelas bolas-rochosas, que por vezes se tornam tão pesadas que até esmagam populações inteiras...

PS: Nada tenho contra instituições internacionais de regulação económica do tipo FMI, são os restos da IIGM e da ordem pós-Yalt e sistema Bretton-Woods, e em certos casos o seu conselho até é prudente e moderador, noutros casos, uma desgraça como demonstrou à saciedade o Nobel da Economia de 2002, J. Stiglitz. A par disto, sobrevem outra nota que consiste em fixar que a influência deste tipo de instituições, que agora desancam na economia portuguesa, assim como outras agências de cooperação para o desenvolvimento e agências de rating, que agora estão na moda, também manipulam os mercados financeiros globais, situação que debilita o peso dos direitos locais das populações no quadro da participação política e democrática. O problema aqui reside em saber qual das observações que o FMI faz relativamente às trajectórias de crescimento das economias nacionais, através dos seus belos relatórios, são ou não credíveis. Pois muitos deles devem valer tanto comos diagnósticos feitos no passado recente pelas agências de rating. Analisar esta questão é, acima de tudo, uma questão de liberdade de decisão, exercício que também deve ocupar a reflexão do Dia da Liberdade. E o FMI, que se saiba, não andou a distribuir cravos em 1974 nem atacou o velho "Botas" - nem os seus seguidores aquando da transição para a democracia...

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sexta-feira

Insólito: um polvo "realizador"

Um polvo da Nova Zelândia parece ter uma estranha paixão por câmaras de filmar. O mergulhador Victor Huang tentava captar imagens do molusco, quando animal se resolveu a esticar um dos longos tentáculos e arrebatar a câmara do mergulhador. O vídeo é um sucesso no Youtube, com quase dois milhões de visionamentos.iol
Apesar das várias tentativas para recuperar a máquina, o polvo manteve os tentáculos firmes, bem enrolados na câmara, e levou o mergulhador a dar um passeio pelas profundezas do mar.
Como a câmara se manteve ligada, o resultado foi um engraçado vídeo, com imagem do polvo e edição de Victor Huang.
octopus steals my video camera and swims off with it (while it's Recording)

MAIS UM FENÓMENO QUE SE PODE INSCSREVER NO ÂMBITO DA TEORIA DAS CATÁSTROFES...

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Evocação de René Thom e a teoria das catástrofes

René Thom trouxe-nos um novo conceito - a teoria das catástrofes que visa explicar o desaparecimento de um equilíbrio e o estabelecimento de outro consecutivo na sequência duma modificação gerada por uma catástrofe. A metamorfose da lagarta ilustra o conceito, pois trata-se do mesmo ser, apesar da lagarta se ter transformado em borboleta. Contudo, o problema da aplicação deste tipo de teorias aos estudos e previsões da Mãe Natureza é que a teoria das catástrofes não tem tendência para ser normativa, nem profética, ou seja, não anuncia nada, nem mesmo as catástrofes que depois, como se vê, acabam por acontecer, para mal dos nossos pecados que também infligimos à Natureza. Talvez o êxito desta teoria possa resultar de algum malentendido suscitado pela actual impotência que todos nós sentidos em resolver este tipo de problemas e, em conjunto, estudemos formas, tecnologias e meios de lhes responder quando algo semelhante ocorrer. No domínio dos comportamentos humanos, em que entram mais directamente as Ciências Sociais - também era imprevisível o que acabou por verificar-se no 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque - em que aviões comerciais foram utilizados como mísseis para destruir pessoas e edifícios gerando o pânico global. De modo que este tipo de teorias para gerir o acaso, as flutuações, a barbárie, a complexidade são sempre bem-vindas, não porque delas decorram um grau elevado de certezas, mas porque através dos seus estudos e elementos previsores permite-nos fixar um Plano B ou C perante uma situação - humana ou natural - de grau extremo. E isso, na prática, pode ditar a fronteira que separa a vida da morte. Afinal, quem não desejaria dominar a complexidade?! Que não desejaria conhecer o futuro!? Quem não desejaria ser um Deus previsor que andasse por aí a distribuir certezas, dólares, barras de ouro, saúde, felicidade e promessas devida eterna para todos?! Quem não desejaria conseguir fazer milagres?! Se calhar, e ciente de que tudo isso existe oculto e em abundância em Fátima, é por isso que o Papa Bento XVI vem a Portugal... para testar a teoria das catástrofes de René Thom, a nova religião dos tempos, ante a impotência clarificadora e decisora do Cristianismo, do Budismo e do Islamismo.
Em rigor, esta flecha do tempo não é senão aquilo que a prospectiva designa por futuro, a razão de ser do presente, daí o desejo que todos temos em construir essa força produtora de certeza, ou seja, de FUTURO, que é o motor da organização das sociedades.., que, por vezes, redunda em catástrofes naturais ou em acções de terrorismo.

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Preparar para o inesperado - por António Vitorino -

Preparar para o inesperado dn
Embora admita que não seja muito popular dizê-lo por estes dias, confesso que sempre tive um fascínio por vulcões… Recordo sobrevoar a cratera do Etna e sentir a força das entranhas da terra (e a temperatura correspondente) com uma sensação que, em beleza, só se poderia comparar ao nascer pujante do Sol nos Himalaias ou ao melancólico entardecer no delta do rio Mekong.
Entre nós, o único vulcão recenseado, o dos Capelinhos, na ilha do Faial, manifestou-se com visibilidade no ano em que nasci e, desde então para cá, não tem feito saber de si.
Na semana passada, a Europa viveu sob o signo de um vulcão islandês, de nome quase impronunciável (Eyjafjallajokull), que produziu uma sucessão de nuvens de cinzas as quais bloquearam o tráfego aéreo na maior parte do espaço europeu durante quase uma semana inteira. Tendo escapado aos efeitos da nuvem num aeroporto da Europa Central por escassas horas, mantenho intacto o meu apego aos vulcões…
Contudo, não posso ignorar que se acumulam os prejuízos das companhias aéreas provocados pela erupção vulcânica (fala-se em 1,7 mil milhões de euros), que são pungentes as cenas passadas em todos os aeroportos envolvendo as pessoas que tentaram desesperadamente chegar aos seus destinos por outros meios de transporte, e que até o Presidente da República teve que fazer uma longa travessia de automóvel, desde Praga até Barcelona, para regressar da sua viagem oficial à República Checa (e assim escapar às declarações vulcânicas do Presidente Checo Klaus sobre o nosso país!).
O vulcão islandês teve um efeito mais perturbador do tráfego aéreo europeu (e por arrastamento mundial) do que os atentados terroristas do 11 de Setembro, que tiveram o seu epicentro no uso de aviões como armas de agressão.
As catástrofes naturais, as provocadas pela acção humana e as actividades criminosas e terroristas são manifestações da sociedade de risco em que vivemos.
A sucessão de acontecimentos deste género, a sua globalização mediática e a proximidade com que os vivemos, seja directamente seja por conhecermos pessoas por eles afectadas, sublinham um sentimento difuso de insegurança acrescida. Vivemos numa sociedade de risco, atreitos a riscos diversificados que podem num ápice pôr em causa os alicerces fundamentais do nosso modo de vida. E somos chamados a preparamo-nos para enfrentarmos estas realidades, seja prevenindo as agressões, seja respondendo a elas de modo a preservar tanto quanto possível os nossos valores colectivos.
A consciência colectiva terá assim cada vez mais que se preparar para enfrentar o inesperado. Mas como é que tal é possível se, por definição, o inesperado é…imprevisível?
Um atentado terrorista suicidário é imprevisível porque totalmente irracional, mas como o demonstrou recentemente o caso de Metro de Moscovo, é não só possível como pode provocar um impacto devastador cuja prevenção se apresenta sempre muito difícil.
Uma erupção vulcânica não pode ser prevenida, mais a mais quando, como neste caso, o último registo histórico do vulcão islandês data de 1918! Por isso, mesmo que agora se ouçam vozes a dizer que a interdição do espaço aéreo atingido pelas nuvens de cinza terá sofrido de excesso de zelo, a verdade é que a decisão das autoridades orientou-se por um princípio de precaução, dado serem desconhecidos todos os efeitos potenciais das cinzas na segurança aérea. Por muitos custos que tenha comportado para as companhias de aviação e por muito incómodo que tenha causado a milhões de pessoas, a decisão preventiva adoptada parece justificar-se e a ausência de vítimas humanas constitui um valor inestimável perante o risco que outra decisão sempre poderia comportar.
Por isso, seja no plano da segurança colectiva, seja no domínio da liberdade de circulação, seja perante as ameaças das pressões ou de um colapso do sistema financeiro global, prepararmo-nos para o inesperado é, antes do mais, uma atitude cultural, um misto de prevenção, de estudo dos efeitos dos riscos e das catástrofes e de desenvolvimento de capacidades de resposta, num esforço conjunto de autoridades públicas, agentes privados e cidadãos individualmente considerados.
Porque a única coisa certa é de que continuaremos expostos a riscos inesperados.
Obs: Divulgue-se com uma nota de recomendação aos poderes e às instituições europeias, seguindo a melhor prudência da teoria prospectiva, de que a antecipação é a melhor forma de acção e apropriação dos conhecimentos que não dispomos no presente a fim de minimizar os efeitos destes caprichos da Mãe Natureza sobre as pessoas, as empresas e as sociedades.
A criação de um Ministério do Futuro em cada Estado europeu talvez não fosse um acto marginal neste tempo tríbulo e contingente em que vivemos.
Sobretudo quando somos obrigados a correlacionar os desastres naturais às acções terroristas desencadeadas pelos homens, alguns homens...

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