sexta-feira

Pensar chinês

Na China tudo tem relação com tudo: intuição, razão, pensamento, acção. É um povo numeroso, como é sabido, são eminentemente práticos, são workaholiks, têm mais a noção dos deveres do que a noção dos direitos, ao invés do homem Ocidental que julga só ter direitos.
Todo o seu pensamento é orientado para as questões práticas, têm elevada consciência social, desenvolvem muito as relações humanas (ent...re chineses), cultivam os valores morais e a práxis política em busca da harmonia. Mas sendo pragmáticos - tal não significa que descurem o lado transcendental do mundo a fim de atingirem uma consciência mais elevada. Estádio alcançado só pelos sábios, homens iluminados - seja pelo lado prático da vida, seja pela dimensão mística do universo.
É assim que o gestor/decisor/político chinês se comporta quando negoceia com interlocutores internacionais, seja para comprar participações em empresas ocidentais (EDP, por ex.), seja para negociar um Tratado internacional que envolva a transição de soberania dum pedaço de território (Macau) para soberania chinesa.
- Hoje a China é CREDORA de meio mundo, são os novos senhores da economia global. E são assim porque trabalham mais, consomem menos, geram menos desperdício e canalizam todas as suas energias de formiguinha para a produtividade e a competitividade globais ao serviço da causa global chinesa. Portanto, o séc. XXI será o século chinês - com a sua marcada espiritualidade, mas também com a posição quase hegemónica que alcançaram no mundo dos negócios globais - cujos termos e condições passaram a ditar em qqr canto do mundo.
- Por estas razões, a Rep. Popular da China é hoje um rei em movimento, com a sua sabedoria intuitiva e contemplativa, a sua quietude, armas que fazem deles hábeis negociadores em qqr domínio de actividade, em qqr canto mundo.
- Sem querer dormimos com eles, pousamos nossas cabeças nas suas almofadas, navegamos na Net com energia produzida por eles, pedimos empréstimos aos bancos para comprar casa, carro e fazer férias controlados por eles.
- Neste universo de "conquista e glória" (como que a vingar os tratados desiguais do séc. XIX) parece que só as mulheres chineses é que não nos agradam, ou não despertamos nelas qqr interesse, o que não surpreende. Pois quando um deles morre tb desconhecemos para onde vai, aliás, descobrir o pensamento dum chinês é sempre o maior dos sarilhos, a maior das opacidades, o enigma dos enigmas.
- É com esta gente com que hoje o mundo inteiro tem que dormir e acordar. Para o melhor e para o mais enigmático...
- Numa palavra: aprendamos mandarim.

Etiquetas:

terça-feira

Spinelli Group - Manifesto -

Altiero Spinelli (Roma, 31 agosto 1907 – Roma, 23 maio 1986) foi um político italiano, teorizador da criação de uma união federal europeia e do federalismo europeu. Ele foi, juntamente com Ernesto Rossi e Eugenio Colorni, extensor do Manifesto de Ventotene e fundador do Movimento Federalista Europeu. Ele foi também comissário europeu e deputado do Parlamento Europeu depois das elecções europeias de 1979 até a morte dele, em 1986. in Wiki.
«It will be the moment of new action and it will be the moment for new men: the moment for a free and united Europe», Altiero Spinelli
Si je savois quelque chose utile à ma patrie, et qui fût préjudiciable à l’Europe,(…) je la regarderois comme un crime.” Montesquieu
More than ever, the challenges we face today are worldwide: climate change, resource exhaustion and environmental destruction, economic and financial regulation, nuclear threat and collective security, fairer trade, peace-building…
In this new world, every European country is a small country. But we have one advantage: we have built together a European Union. It is a remarkable construction in which European nation-states, some even long divided by protracted conflicts, decided to be “united in diversity” and form a Commonwealth, a Community in the true sense of the word.
Striving for shared peace and prosperity, we managed to work together and combine forces, thus fostering unprecedented prosperity, democracy and reconciliation on the continent. National states gave away sovereign powers to institutions in order to reach common goals and an “ever closer” Union.
Unfortunately, whereas the formidable challenges of a manifold crisis demand common responses, drawn at least at European level, too many politicians fall tempted to believing in national salvation only. In a time of interdependence and a globalised world, clinging to national sovereignties and intergovernmentalism is not only warfare against the European spirit; it is but an addiction to political impotence.
Today things are moving in the opposite direction, towards a looser instead of a closer Union, towards a more national instead of post-national Europe. Throwing the Community spirit behind, Member states let short-term national interests cloud the common vision. They favour intergovernmental solutions above European solutions. Almost to the point of breaking up the Euro, the most concrete symbol of European integration.
We oppose this backward and reactionary direction. Europe has been yet again abducted – by a coalition of national politicians. It is time to bring her back. We believe that this is not the moment for Europe to slow down further integration, but on the contrary to accelerate it. The history of the European Union has proven that more Europe, not less, is the answer to the problems we face. Only with European solutions and a renewed European spirit will we be able to tackle the worldwide challenges.
Nationalism is an ideology of the past. Our goal is a federal and post-national Europe, a Europe of the citizens. This was the dream the founding fathers worked so hard to achieve. This was the project of Altiero Spinelli. This is the Europe we will go for. Because this is the Europe of the future.
Obs: Hoje, mais do que nunca, a Europa, aquela que é feita do pulsar das nações e dos sentir dos povos - não pode aceitar o pensamento único franco-germânico, que guia a Europa para uma ideia parcial e interesseira que ofende e penaliza o que deve ser o velho ideal e o novo projecto europeu.
É contra essa hegemonia em gestação, esse directório "merkosy" - abaixo denunciada pelo sociólogo U. Beck, que devemos todos recuperar a letra e o espírito do Manifesto de Altiero Spinelli e reconstruir a ideia fundadora da Europa para, a partir dela, conceber uma verdadeira e autentica federação de Estados europeus que promova o desenvolvimento, a prosperidade, a democracia, a liberdade. O que pressupõe, na actual conjuntura, uma regulação da economia e dos mercados por parte dos agentes políticos que têm verdadeira legitimidade política para apontar o rumo da história que a dinâmica das sociedades deve seguir.

Etiquetas: ,

Créons une Europe des citoyens - por Ulrich Beck, sociologue et philosophe

Nota prévia: a importância do pensamento político, filosófico e sociológico de U. Beck foi, de facto, significativo. Desde logo, porque Beck conseguiu distinguir a 1ª onda de modernidade da segunda, ou seja, enquanto que naquela o Estado, a economia e a sociedade viviam com estruturas colectivas estáveis: emprego, rápida e crescente industrialização, rendimentos constantes; na 2ª modernidade, ao invés, os fundamentos das sociedades europeias são postos em causa, desde logo pelo interferente oculto que foi (e é) a globalização competitiva geradora - no seu seio - de rupturas económicas e sociais múltiplas, como a deslocalização das actividades empresariais, o desemprego, as revoluções de género e os chamados riscos globais provocados pela crise ecológica agravada pelo modelo de desenvolvimento económico que vínhamos seguindo e que fazia perigar a sustentabilidade do nosso próprio planeta. Eis a relevância do legado deste sociólogo e filósofo alemão, U. Beck, que anteviu as dinâmicas dum novo capitalismo que iria mudar o nosso estilo e padrão de vida, obrigando-nos a mudar também o quadro de referências que tínhamos em mente e que norteava a vida colectiva do homem nas últimas décadas.
O bold é nosso.
in Le monde
L'Europe a déjà accompli une fois un miracle: celui d'avoir transformé des ennemis en voisins. Face à la crise de l'euro, la question cardinale se pose aujourd'hui différemment: comment l'Europe peut-elle, dans l'avalanche de risques d'un monde globalisé, garantir paix, liberté et sécurité à ses citoyens? Pour cela, il ne faut rien moins qu'un second miracle: passer de l'Europe de la bureaucratie à une Europe des citoyens.
Il fut un temps où, après la restructuration de la dette grecque, chacun poussa un soupir de soulagement et se prit à espérer: l'Europe est vivante et peut-être même suffisamment forte et habile pour surmonter ses problèmes. Puis le premier ministre grec Georges Papandréou annonça qu'il voulait consulter son peuple sur une question qui engageait son destin. C'est alors qu'apparut une réalité cachée, l'envers du décor: celui qui, dans cette Europe si fière de sa démocratie, veut la pratiquer, devient une menace pour l'Europe ! Papandréou se vit contraint de renoncer à la démocratie.
Nous avions espéré avec Hölderlin que là "où est le péril, croît le salutaire aussi". Force est de constater qu'une tout autre réalité se profile : là où est le salutaire, croît le risque aussi. En tout cas, une question angoissante vient se nicher furtivement : ce qui est censé sauver l'euro va-t-il abolir l'Europe démocratique? L'Union européenne "sauvée" ne sera-t-elle plus l'Union européenne telle que nous la connaissons, mais un Empire européen dominé par l'Allemagne? Cette crise sans fin va-t-elle accoucher d'un monstre politique?
Il n'y a pas si longtemps, il était encore fréquent de médire de la cacophonie de l'Union européenne. Subitement, l'Europe a un numéro de téléphone. Il se trouve à Berlin. Angela Merkel en est l'actuelle propriétaire.
Hier, il semblait que la crise soulevait la vieille question de la finalité de l'Union européenne. L'Europe doit-elle devenir une grande nation, une confédération d'Etats, un Etat fédéral, une simple communauté économique, des Nations unies indépendantes, voire quelque chose d'historiquement nouveau, à savoir une Europe cosmopolitique, fondée sur un droit européen, et qui coordonne politiquement des Etats nationaux européanisés? Tout cela ressemble soudain à un folklore issu de temps révolus.
"Quelle Europe voulons-nous?" Cette question donne faussement à penser qu'après le sauvetage de l'euro, on pourrait encore avoir le choix. Il semble qu'il soit trop tard, au moins pour les Grecs, les Italiens et les Espagnols. Le gouvernement grec, celui qui doit exiger le plus de ses citoyens, est de fait placé sous tutelle et se trouve dos au mur face aux troubles que connaît le pays. On fait appel à des professionnels de la liquidation, comme Mario Monti ou Lucas Papadémos. Car les plans d'économies se sont révélés suicidaires pour les dirigeants des Etats endettés qui ont dû céder leur place. Ce fut tout d'abord le cas en Irlande et au Portugal, puis en Grèce, en Italie et en Espagne.
Ce n'est pas seulement la structure du pouvoir qui a durablement changé, mais c'est une nouvelle logique de pouvoir qui émerge. Voici à quoi ressemble la nouvelle "Europe de Merkel" (Der Spiegel du 31 octobre): le pouvoir obéit à une logique d'empire, non pas militaire mais économique, qui établit une différence entre pays débiteurs et pays créanciers (c'est pourquoi, il est absurde de parler de "IVe Reich"). Son fondement idéologique est ce que j'aimerais appeler l'euronationalisme allemand, soit une version européenne du nationalisme du deutschemark.
C'est ainsi que la culture allemande de la stabilité est élevée au rang d'idée européenne dominante. La stabilisation du pouvoir hégémonique repose sur l'assentiment des pays européens indépendants. Comme Adenauer en son temps, certains croient que le modèle allemand exerce une force d'attraction magnétique sur les Européens. Il est plus réaliste de se demander sur quoi repose le pouvoir de sanction. Angela Merkel a décrété qu'une perte de souveraineté était le prix à payer pour un endettement démesuré.
Les pays qui n'ont pas adopté l'euro se sentent exclus des processus de décision qui déterminent le présent et l'avenir de l'Europe. Ils se voient rabaissés au rang de simples observateurs et n'ont plus voix au chapitre politique. La Grande-Bretagne, qui est entraînée vers une position insignifiante en Europe, en est l'exemple le plus évident.
Pourtant au sein des pays de la zone euro, le nouveau centre de pouvoir, secoué par la crise, connaît également une division dramatique, cette fois entre les pays qui sont ou seront bientôt sous perfusion du fonds de sauvetage et ceux qui financent celui-ci. Les premiers n'ont plus d'autre issue que de se plier aux exigences de l'euronationalisme allemand. Ainsi, l'Italie, sans doute l'un des pays les plus européens, est-elle menacée de ne plus jouer aucun rôle dans les choix décisifs de l'Europe d'aujourd'hui et de demain.
Le multilatéralisme devient ainsi unilatéralisme, l'égalité hégémonie, la souveraineté retrait de souveraineté, la reconnaissance de la dignité démocratique d'autres nations dépossession de cette reconnaissance. Même la France, qui a longtemps dominé l'Union européenne, doit à présent suivre les préconisations de Berlin parce qu'elle craint aussi pour son triple A.
Cet avenir, qui germe dans le laboratoire du sauvetage de l'euro, dont il est pour ainsi dire un effet secondaire intentionnel, ressemble effectivement, j'ose à peine le dire, à une variante européenne tardive de l'Union soviétique. L'économie planifiée centralisée ne consiste plus ici à élaborer des plans quinquennaux pour produire des biens et des services mais pour réduire la dette. Leur application est confiée à des "commissaires" qui, sur la base de "mécanismes de sanction" (Angela Merkel), sont habilités à tout mettre en oeuvre pour détruire les villages Potemkine de pays notoirement endettés. On connaît le destin de l'Union soviétique.
Pourquoi avons-nous à présent une Europe allemande malgré les mises en garde insistantes de Thomas Mann dans le passé? L'Allemagne ne peut pas être allemande sans l'Europe. Déjà la réunification des deux Allemagnes n'a été possible que grâce à la pacification de l'Europe. Dans la crise de l'euro, ce qui est "allemand" et ce qui est "européen" (ou doit le devenir) est de nouveau également tissé d'une manière nouvelle. L'Allemagne est trop souveraine, trop puissante, trop européenne et impliquée dans l'économie mondiale pour pouvoir s'offrir le luxe de ne pas sauver l'euro. Un éléphant ne gagne pas la confiance en se faisant passer pour un pauvre moineau. Le chemin vers l'empire européen est donc de nouveau pavé de bonnes intentions européennes. Comme toujours, le mot "pouvoir", tabou en Allemagne, est remplacé délibérément par "responsabilité", le mot préféré des Allemands.
Angela Merkel décline la "responsabilité européenne" selon les maximes du pouvoir de l'euronationalisme allemand. Il s'agit donc de chercher des réponses allemandes à la crise européenne, et même, en fin de compte, de faire de la culture de la stabilité allemande la réponse passe-partout cette crise. Il en résulte un mélange d'engagement européen réel et de nationalisme authentique, d'engagement européen plus ou moins feint vis-à-vis de l'étranger mais aussi de nationalisme plus ou moins feint face au scepticisme croissant des Allemands à l'égard de l'Europe. Le pouvoir tente ainsi, de manière pragmatique, de concilier l'inconciliable, c'est-à-dire, dans un climat anti-européen en Allemagne, de sauver l'euro et l'Union européenne et de remporter des élections.
La chancelière procède à un partage national des valeurs européennes. A l'intérieur: la démocratie; à l'extérieur: losers can't be choosers ("Les perdants ne peuvent pas être ceux qui choisissent"). La formule magique de l'Allemagne d'après-guerre, la "politique de stabilité", implique, pour les autres, de renoncer à nouveau à la liberté politique.
Dans un mélange, digne d'Angela Merkel, d'assez grande confusion, d'hypocrisie, de rigueur protestante et de calcul européen, le gouvernement Merkel, y compris l'Européen Schäuble, érige l'euronationalisme allemand en ligne directrice d'interventions politico-économiques dans les pays de la zone euro qui ont péché. Il ne s'agit rien moins que de civiliser un Sud trop dépensier, au nom de la "raison économique", de "l'Europe" et de "l'économie mondiale". Notre politique financière est d'autant plus allemande qu'elle est européenne: telle est la devise.
Toutefois, cette structure hégémonique ne pourrait-elle pas receler la possibilité de lever les blocages de l'Union européenne? Je dis bien "pourrait". En effet, comment gouverner cet énorme espace de 27 Etats membres s'il faut, avant chaque décision, convaincre 27 chefs de gouvernement, conseils des ministres et Parlements? La réponse est contenue dans la question. Contrairement à l'Union européenne, l'empire européen est de facto une communauté à deux vitesses. Seule la zone euro (et non l'Union européenne) jouera à l'avenir un rôle avant-gardiste dans l'intégration européenne. Ne serait-ce pas là une chance alors qu'il est urgent d'imaginer de nouvelles institutions?
Il est question depuis assez longtemps déjà d'un "gouvernement économique". Ce qui se cache derrière cette notion doit être précisé, négocié et expérimenté. A plus ou moins court terme, les euro-obligations, très controversées, seront vraisemblablement mises en place. Wolfgang Schäuble, le ministre des finances allemand, plaide d'ores et déjà pour l'introduction d'un impôt sur les transactions financières auquel, au sein de l'Union européenne, la Grande-Bretagne opposerait assurément son veto.
Cependant, cette voie vers une Europe des apparatchiks, avec un Politburo à Bruxelles ou à Berlin, parachève la malformation congénitale de l'Europe et pousse à l'extrême le paradoxe d'une Europe qui existe bel et bien sans Européens. Plus encore, les citoyens des pays financeurs se sentent dépouillés et ceux des pays débiteurs mis sous tutelle. L'Europe devient l'ennemi. Au lieu d'avoir une Europe des citoyens, on assiste à un mouvement de colère des citoyens à son égard.
Le président américain John F. Kennedy a autrefois étonné le monde entier en proposant la création des Peace Corps. Pourquoi la nouvelle Européenne qu'est Angela Merkel ne pourrait-elle pas à son tour étonner le monde en soutenant la mise en oeuvre de l'idée suivante: la crise de l'euro n'est pas seulement une question d'économie; il s'agit aussi d'engager par le bas l'européanisation de l'Europe; il s'agit de diversité et d'autodétermination, d'un espace politique et culturel dans lequel les citoyens ne peuvent plus continuer à se sentir ennemis avec, d'un côté, les mis sous tutelle et, de l'autre, les dépouillés. Créons l'Europe des citoyens, maintenant!
Traduit de l'allemand par Valérie Bonfils
Sociologue et philosophe allemand. Né en 1944, à Stolp, aujourd'hui Slupsk en Pologne, il est l'auteur notamment de "La Société du risque. Sur la voie d'une autre modernité" (Aubier, 2001) et, avec Edgar Grande, de "Pour un empire européen" (Flammarion, 2007). Il est membre du groupe Spinelli en faveur d'une Europe fédérale depuis sa création, au Parlement européen, en septembre 2010.

Etiquetas: ,

sábado

Vaclav Havel - e O Poder dos Sem Poder -

Quando se perde um intelectual da dimensão, espessura e qualidade de Vaclav Havel perde-se um manancial de informação, conhecimento e sabedoria. Mas quando se perde um intelectual excepcional que também conseguiu ser um político de excepção numa fase turbulenta da história do séc. XX, então estamos perante várias perdas, sobretudo por parte de alguém que soube desenvolver um combate contra a ex-URSS que dominou durante cerca de 60 anos todos os países do centro e leste europeu - através duma ideologia totalitária derivada do czarismo absoluto e de que, hoje, Putin ainda é uma sequela no sistema "democrático" russo, a avaliar pela forma como combina o artificial abandono e regresso ao poder, em pleno contexto de fraude eleitoral e de corrupção no aparelho de Estado. O que não é novidade em ditaduras disfarçadas de democracias pluralistas - em cujo sistema o papel da burocracia é predominante, já que dela depende toda a "dinâmica" da vida social e económica. E que é controlada por uma oligarquia de funcionários do partido, da clic militar e dos serviços secretos - que estão infiltrados em todas as áreas da sociedade.
Havel conhecia bem a natureza e papel da ideologia - que era uma janela para o mundo e oferecia aos homens a ilusão da identidade, da dignidade e da moralidade no quadro dum comunismo de Estado que espoliou, torturou a assassinou milhões de homens e de mulheres ao longo de sete ou oito décadas de comunismo, desde Lenine até à queda do Muro de Berlim - para o qual muito contribuíram L.Valesa (Polónia), o Papa João Paulo II, Gorby e, claro, um conjunto de intelectuais e cientistas sociais checos, de que aqui destaco Vaclav Havel, R. Battek, Vaclav Benda (matemático), P. Uhl entre outros.
Havel também sabia que quanto mais fraca é uma ditadura menos estratificada é o seu nível de modernização, o que facilita o campo de acção do ditador sobre a sociedade e a economia. Ou seja, o ditador pode empregar mais ou menos o seu poder e disciplina tanto mais consiga evitar os processos complexos relacionados com as funções sociais típicos de sociedades mais modernas e complexas. Ao invés, quanto mais moderna, avançada e complexa for uma sociedade mais difícil se torna ao ditador exercer o seu mando absoluto sobre ela, na medida em que esse tipo de sociedade ganhou autonomia face ao poder, tem indivíduos com ligações internacionais importantes que estão conectados entre si e operam em rede. Daí a extrema importância dos dissidentes na revolução de veludo na antiga república da Checoslováquia, antes da separação de veludo entre as duas repúblicas nessa federação.
Havel foi exímio na avaliação do poder dos dissidentes e na identificação do papel que poderiam desenvolver contra a ditadura vigente teleguiada a partir de Moscovo, como mais um satélite regional. E foi do exame atento que Havel fez dos dissidentes e do potencial que "o poder dos sem poder" (powerless) comportava, que se chegou à conclusão da natureza do poder e das circunstâncias no seio da qual esses "sem poder" operavam.
O nervo da acção de Vaclav Havel tinha, de facto, como referência O Poder dos sem Poder, que se tornou numa síntese genial no plano sociológico e até no domínio sociopolítico, analítico e da literatura mais alargada aos aspectos da arte, ciência e cultura para desenvolver um tal poder de abstracção capaz de descrever os fenómenos sociais que questionavam a sustentabilidade da ditadura comunista vigente, e que reclavama pela urgência das democracias pluralistas no centro e leste europeu, e em particular na então Checoslováquia.
Foi a partir desse conceito que Havel iluminou as especulações filosóficas e políticas essenciais à mudança a fim de operar a modernidade que se exigia na sociedade, na economia, no sistema político e, sobretudo, ao nível das mentalidades e dos velhos hábitos formatados ao longo de décadas de estalinismo ideológico controlado pelos aparelhos partidários fiéis a Moscovo em puro alinhamento à chamada doutrina da soberania limitada imposta por Leonidas Bresniev, na década de 70 do séc. XX.
Havel compreendeu que podia "jogar" com este novo conceito operacional para institucionalizar a realidade post-totalitária, liberta de moralismos do passado, e começar a construir a utopia democrática e exterminar definitivamente com a ditadura comunista no seu país, teleguiada pelo então império da ex-URSS que ruiu como um castelo de cartas.
Vaclav Havel partiu, mas conseguiu criar, com a ajuda dos dissidentes, uma sociedade civil com massa crítica, com opinião livre, com partidos políticos diferenciados que se respeitam e competem entre si pela captura do poder em contexto de eleições, e que sabe diferenciar as várias instâncias do poder, que hoje é limitado pela lei, e não pelo arbítrio do ditador que interrompia a ligação entre as pessoas instilando neles o medo, ingrediente básico que fazia do povo um rebanho obediente totalmente controlado pela ditadura de partido único que manietava o Estado.
Havel, e os seus amigos dissidentes, acabaram com esse MEDO cristalizado no modelo do ditador cesarista, acabando também com a corrupção de Estado/partido generalizada, com o oportunismo da clic militar e com a mediocridade em que assentava a sociedade checa sob a ditadura comunista que Vaclav Havel soube escavacar.
Foi sobre esta personalidade maior do séc. XX que o miserável PCP votou contra uma manifestação de pesar votada pelos demais partidos com assento parlamentar.

Etiquetas: ,

quinta-feira

As dívidas à Super-Nação por parte dos Estados (devedores)

Portugal, em resultado de gastar além daquilo que pode, de más políticas públicas e de alguma gestão ruinosa dos recursos do Estado recolhidos por impostos sobre os contribuintes portugueses, ficou nas mãos dos credores que ora ditam as regras não só no Estado, mas em casa de cada um de nós, portugueses.
E quem são esses "novos amigos" de Portugal e dos portugueses: as redes económicas privadas, transnacionais, aquelas que J. Stiglitz, nóbel da economia, criticou no início do ano 2000, pelo teor das políticas neoliberais que, em lugar de os ajudar a sair da recessão e pobreza em que caíram, ainda agravavam mais a sua já débil condição socio-económica.
São essas redes económicas que controlam e manietam os poderes de Estado. Controlam e formam uma espécie de novel "super-nação" que, sem base territorial, mitigada por várias nacionalidades e pelos interesses cruzados que comportam, escapam ao controlo de qualquer instituição governamental, comanda hoje e de forma progressiva as instituições dos diversos países e as suas políticas públicas, ou seja, por intermédio dessas organizações que respondem pelo nome de FMI, BM, BCE - os Estados, ou alguns deles, sobretudo os mais endividados, converteram-se numa mera ficção jurídica, já que perderam toda a soberania económica, fiscal e política sobre as respectivas populações.
E procede assim, na medida em que essa "super-nação emergente", no caso a Troika, constituiu-se num potentado económico em relação ao qual dependemos, já que têm o domínio absoluto das nossas dívidas de Estado (que congregam a nossa dívida privada, quase três vezes superior áquela) e que, por esse facto, nos torna completamente dependentes dessa nova entidade supranacional.
Até porque os Estados não têm aletrnativa a converter as suas dívidas aos seus novos protectores em dívidas públicas, tomando-as a seu cargo. A partir daí, serão liquidadas, sem qualquer compensação, e a um juro brutal, quase "judeu", pelo conjunto do seu rebanho, ou seja, dos seus cidadãos e dóceis contribuintes. Os mesmos que passam também a responder, através dos seus impostos, por todos os erros praticados pelo respectivo Estado, que concebeu mal as suas políticas públicas, tomou decisões de lesa-pátria para proteger interesses particularistas de pessoas, como a que resultou da nacionalização do BPN, em 2008, cabendo hoje a cada contribuinte português cerca de 350 euros para colmatar essa cratera ratificada pelo então Gov, mas com a anuência de Belém e do então Governador do BdP, Constâncio. Trata-se aqui dum caso de polícia, o que revela bem a inércia do nosso sistema de justiça.
Ou seja, a nossa dívida pública mistura-se com a lamentável dívida privada, tudo será reciclado e incumbirá ao Estado pagar a pesada factura, até pelos juros e serviço da dívida, que é brutal. Grande parte do PIB nacional será todo afectado nesse pagamento, mas esse é o preço que hoje todos temos que pagar pela mentira política de sucessivos governos que, nos últimos anos em Portugal, nos prometeram o paraíso na terra.
Razão por que hoje vivemos um naufrágio camuflado, mas que já não é - ou deverá ser - atribuído a crises temporárias ou de tipo conjuntural. A nossa crise é, de facto, profunda e, por isso, é de tipo estrutural, pelo que levará décadas a sairmos dela de forma sustentável.

Etiquetas:

O intelectual e a política - Vaclav Havel -

O intelectual e a política 21.12.2011 - 16:58 Por Václav Havel
(via Público)
Será que um intelectual – por virtude dos seus esforços em ir além da superfície das coisas, em entender relações, causas e efeitos, em reconhecer os itens individuais como partes de entidades maiores e assim derivar uma consciência mais profunda desses factos e uma responsabilidade pelo mundo – se adequa à política?
Posto deste modo, cria-se uma impressão que considero ser o dever de qualquer intelectual de participar na política. Mas isso é absurdo. A política também envolve um número de requisitos especiais que só a ela são relevantes. Algumas pessoas preenchem esses requisitos; outras não, independentemente de serem intelectuais.
É minha convicção profunda que o mundo precisa – hoje mais que sempre – de políticos iluminados e previdentes que sejam suficientemente arrojados e tolerantes para considerar coisas que estão para além do âmbito da sua influência imediata tanto no espaço como no tempo. Precisamos de políticos dispostos e capazes de se erguer acima dos seus próprios interesses, ou dos interesses particulares dos seus partidos ou estados, e de agir de acordo com os interesses fundamentais da humanidade de hoje – isto é, de se comportar do modo que todos se deviam comportar, mesmo que a maior parte não o faça.
Nunca antes a política esteve tão dependente do momento, das disposições fugazes do público ou dos meios de comunicação. Nunca antes foram os políticos tão impelidos a perseguir o efémero e o tacanho. Parece-me muitas vezes que a vida de muitos políticos prossegue do noticiário televisivo de uma noite, para a sondagem à opinião pública da manhã seguinte, para a sua imagem televisiva na noite seguinte. Não tenho a certeza se a era actual de meios de comunicação de massas encoraja a emergência e crescimento de políticos da estatura de, digamos, um Winston Churchill; duvido que tal aconteça, embora possam sempre haver excepções.
Resumindo: quanto menos a nossa época favorece os políticos que se entregam a reflexões de longo prazo, mais esses políticos são necessários, e portanto mais intelectuais – pelo menos aqueles que correspondem à minha definição – deviam ser bem-vindos na política. Esse apoio poderia ser proveniente, entre outros, daqueles que – por qualquer razão – nunca entram na política, mas que concordam com esses políticos, ou pelo menos partilham a natureza moral subjacente às suas acções.
Oiço objecções: os políticos devem ser eleitos; as pessoas votam em quem pensa como elas. Se alguém quer progredir em política, deve prestar atenção à condição geral da mente humana; deve respeitar o ponto de vista do chamado eleitor “médio”. Um político deve, goste ou não, ser um espelho. Não deve ousar ser um arauto de verdades impopulares, pois o reconhecimento das quais, embora talvez no interesse da humanidade, não é considerado pela maioria do eleitorado como fazendo parte das suas preocupações imediatas, ou poderá mesmo ser considerado como antagonista dessas preocupações.
Estou convencido de que o propósito da política não consiste em satisfazer desejos de curto prazo. Um político também deve procurar o apoio popular às suas próprias ideias, mesmo que impopulares. A política deve implicar convencer os eleitores de que o político reconhece ou compreende algumas coisas melhor do que eles, e é por essa razão que devem votar nele. As pessoas podem assim delegar num político certos assuntos que – por uma variedade de razões – não conseguem apreender, ou com os quais não se querem preocupar, mas que alguém tratará por eles.
Claro, todos os sedutores das massas, tiranos potenciais, ou fanáticos, usaram este argumento para suportar a sua posição; os comunistas fizeram o mesmo quando se declararam o segmento mais iluminado da população e, por virtude desta alegada iluminação, arrogaram-se o direito de governar arbitrariamente.
A verdadeira arte da política é a arte de ganhar o apoio das pessoas para uma boa causa, mesmo quando a perseguição dessa causa possa interferir com os seus interesses particulares momentâneos. Isto devia acontecer sem impedir alguma das muitas maneiras em que podemos confirmar que o objectivo é uma boa causa, garantindo assim que cidadãos confiantes não são dirigidos para servir uma mentira e sofrer desastres como consequência, numa busca ilusória de prosperidade futura.
Deve ser dito que existem intelectuais que possuem uma muito especial capacidade para cometer este mal. Elevam o seu intelecto acima do de todos os outros e eles próprios acima de todos os seres humanos. Dizem aos seus concidadãos que se não entendem o brilho do projecto intelectual que lhes é oferecido, é porque são mentalmente limitados e ainda não se içaram às alturas habitadas pelos proponentes do projecto. Depois de tudo o que passámos no século XX, não é muito difícil reconhecer como pode ser perigosa a atitude deste intelectual – ou antes, deste quase-intelectual. Lembremo-nos de quantos intelectuais ajudaram a criar as várias ditaduras modernas!
Um bom político deve ser capaz de explicar sem tentar seduzir; deve procurar humildemente a verdade deste mundo sem clamar ser o seu dono profissional; e deve alertar as pessoas para as boas qualidades que possuem, incluindo um sentido dos valores e interesses que transcendem o pessoal, sem se apropriar de um ar de superioridade nem impor o que seja aos seus iguais. Não deve ceder aos ditames dos humores públicos ou dos meios de comunicação de massas e ao mesmo tempo nunca dificultar o escrutínio constante das suas acções.
No reino de uma tal política, os intelectuais deviam fazer sentir a sua presença numa de duas maneiras possíveis. Podiam – sem achar isso vergonhoso ou aviltante – aceitar um cargo político e usar essa posição para fazer o que consideram correcto, não apenas para se agarrar ao poder. Ou poderiam ser quem empunha um espelho para os que estão em posição de autoridade, garantindo que os últimos servem boas causas e que não começam a usar lindas palavras como uma máscara para más acções, como aconteceu a tantos intelectuais na política nos últimos séculos.
Václav Havel, falecido a 18 de Dezembro, era aquele intelectual raro que, em vez de forçar a sua entrada na política, viu a política ser-lhe imposta. Em 1998, enquanto era Presidente da República Checa, ofereceu a seguinte reflexão sobre os benefícios e os perigos da sua opção de carreira.
Tradução de António Chagas/Project Syndicate
Vaclav Havel foi, acima de tudo, um grande escritor e intelectual ao serviço da política e do bem comum dos povos do centro e leste europeu - que durante décadas estiveram sob o jugo soviético. O seu activismo, mediante o manifesto pelos direitos humanos - Cap. 77, o O Poder e os Sem Poder, que lhe deu um status global, escavacaram a velha ditadura no seu país e foi uma lufada de ar fresco que ajudou a libertar os antigos satélites de Moscovo que os oprimia através da velha teoria da "soberania limitada" de Leonidas Bresniev. Havel foi um estadista, mas foi, acima de tudo, um intelectual de excepção ao serviço dessa causa nobre que é o bem comum. Partiu hoje, mas o seu imenso legado fica.

Etiquetas:

terça-feira

Qdo o que é imposto em Portugal se revela impossível

Ante todas as dificuldades das finanças e da economia portuguesa, pergunto-me se o que nos é hoje imposto não será impossível?!

Tudo o que de pior a Europa tem, em matéria de legislação laboral ou outra, copiamos gentil e obedientemente, nem que seja para parecermos o "bom velho aluno". Parece até que hoje cada homem em Portugal (e também na generalidade da Europa) tem que ter um direito especial para merecer viver, já não basta aquele direito à vida inalienável que se adquire à nascença.

Todavia, sabemos que só uma minoria muito excepcional é provida de poderes, regalias e privilégios considerados incontestáveis, e que gozam esses direitos quase por uma inerência hereditária, quase monárquica.

Quanto ao resto da humanidade, círculo maior que não se inscreve naquela pequena circunferência de privilegiados, para "merecer" viver terá que fazer uma prova acrescida de utilidade aos mercados, e só depois de a Srª Dona Economia dar o seu agréement é que aquele sujeito se encontra apto para o respectivo serviço na actual sociedade completamente subjugada às regras da economia que, por sua vez, está dependente da lei maior das finanças públicas.
Na prática, não existe hoje economia, existem apenas negócios. É dentro deste colete-de-forças, que impede a cada português hoje de aceder a um conjunto de direitos e de os cumprir socialmente, que me parece que aquilo que nos é imposto pelas finanças alemãs - e que as finanças nacionais são o fiel executor, se revela impossível.
Na prática, estando bloqueados um conjunto de acessos aos portugueses, Portugal converte-se num povo sem história, sem futuro. Embora tenhamos alguma biografia.

Etiquetas:

El Futuro Digital Ya Esta Aqui HD

Etiquetas:

Nicholas Negroponte - Schools without Schools

Etiquetas:

sábado

Evocação de Edgar Morin - um mestre de sempre -

Pensemos na saúde, na educação, no ambiente ou no estado da nossa rua não podemos alhear-nos da dimensão política que elas ocupam se queremos compreender o nosso mundo e o nosso tempo e, por extensão, influenciar o curso dos acontecimentos e os nossos destinos e o próprio destino.
Morin deu-nos isto: pensar largo, rasgando horizontes e, ao mesmo tempo, soldava as pontas dos problemas que estudava e aprofundava.
A dado momento, Morin dizia que a política, contrariando a ideia um pouco hoje instalada entre a partidocracia que reina entre nós, à esquerda e à direita, lança o maior desafio ao conhecimento. A política é, defende ele: uma coisa geral que requer ideias gerais num mundo em que os conhecimentos gerais são insuficientes por serem gerais e os conhecimentos especializados são insuficientes por serem especializados. A política diz respeito a todos os domínios do conhecimento do homem e da sociedade, ainda que esses conhecimentos sejam ao mesmo tempo balbuciantes, compartimentados e enganadores. A política trata do que há de mais complexo no universo - os assuntos humanos - , e a sua relação com os assuntos humanos tornou-se extremamente complexa.
Actualmente Morin tem 90 anos. É obra.

Etiquetas:

quinta-feira

George Steiner : “L'Europe est en train de sacrifier ses jeunes”

in Télérama
George Steiner. Photo : Gloria Rodriguez/Contour by Getty Images.
Nietzsche, Héraclite et Dante sont les héros de son nouveau livre, Poésie de la pensée, mais ils attendront un peu. George Steiner nous accueille dans sa maison de Cambridge avec une confidence farceuse, entre une tranche de panettone et un café : lors des débuts de l'Eurostar, il proposait de donner un shilling au premier enfant qui apercevrait un poisson dans le tunnel sous la Manche. « Les parents étaient effarés ! » s'amuse le professeur de littérature comparée. Ce mélange de facétie et d'érudition, d'intelligence et de gentillesse, caractérise bien George Steiner. Né en 1929, à Paris, d'une mère viennoise et d'un père tchèque qui avait eu la prescience de l'horreur nazie, ce maître à lire polyglotte a déchiffré Homère et Cicéron dès son plus jeune âge, sous la houlette de son géniteur, un grand intellectuel juif, féru d'art et de musique, qui voulait éveiller en lui le professeur (le sens propre du mot « rabbin »). En 1940, la famille embarque pour New York sur le dernier bateau parti de Gênes. Après des études à Chicago puis à Oxford, Steiner rejoint à Londres la rédaction de The Economist. Il traverse à nouveau l'Atlantique pour interviewer Oppenheimer, l'inventeur de la bombe atomique, qui le fait entrer à l'institut de Princeton. C'est le « tournant » de sa vie. Tout en publiant ses grands livres, Tolstoï ou Dostoïevski, Langage et Silence, etc., souvent issus de la matière de ses cours, il fonde le Churchill College à Cambridge, devient critique littéraire au New Yorker et rejoint l'université de Genève. Rencontre avec un grand humaniste européen, dont la pensée a fait le tour du monde.
“Si l'on n'est pas saisi dans sa jeunesse par un espoir, fût-il illusoire, que reste-t-il ? Rien.”
L'Europe vit une crise profonde. Son effondrement est-il selon vous possible?
En son état actuel, c'est possible. Mais on va s'en sortir d'une façon ou d'une autre. L'ironie, c'est que l'Allemagne pourrait dominer de nouveau. Reculons d'un pas. Entre le mois d'août 1914 et le mois de mai 1945, l'Europe, de Madrid à Moscou, de Copenhague à Palerme, a perdu près de 80 millions d'êtres humains dans les guerres, déportations, camps de la mort, famines, bombardements. Le miracle, c'est qu'elle ait subsisté. Mais sa résurrection n'a été que partielle. L'Europe traverse aujourd'hui une crise dramatique ; elle est en train de sacrifier une génération, celle de ses jeunes, qui ne croient pas en l'avenir. Quand j'étais jeune, il y avait toutes sortes d'espoirs : le communisme, et comment ! Le fascisme, qui est aussi un espoir, il ne faut pas se tromper. Il y avait aussi, pour le Juif, le sionisme. Il y avait, il y avait, il y avait... Tout cela, nous ne l'avons plus. Or, si l'on n'est pas saisi dans sa jeunesse par un espoir, fût-il illusoire, que reste-t-il ? Rien. Le grand rêve messianique socialiste a débouché sur le goulag et sur François Hollande - je prends son nom comme un symbole, je ne critique pas sa personne. Le fascisme a sombré dans l'horreur. L'Etat d'Israël doit survivre impérativement, mais son nationalisme est une tragédie, profondément contraire au génie juif, qui est cosmopolite. Je veux être errant, moi. Je vis d'après la devise du Baal Shem Tov, grand rabbin du XVIIIe siècle : « La vérité est toujours en exil.»
La mondialisation ne favorise-t-elle pas cette errance?
Il n'y a jamais eu une telle fermeture géographique. Quand on quittait l'Angleterre, on pouvait aller en Australie, en Inde, au Canada ; il n'y a aujourd'hui plus de permis de travail. La planète se ferme. Chaque nuit, des centaines de personnes essaient de rejoindre l'Europe depuis le Maghreb. La planète est en mouvement, mais vers quoi ? Horrible est le destin actuel des réfugiés. On m'a fait l'honneur, en Allemagne, d'un grand discours devant le gouvernement. Je l'ai terminé ainsi : « Mesdames et Messieurs, toutes les étoiles deviennent maintenant jaunes.»
“En Malaisie, on parle trois langues. Cette idée d'une langue maternelle est une idée très nationaliste et romantique.”
Vous sentez-vous malgré tout toujours européen?
L'Europe reste le lieu du massacre, de l'incompréhensible, mais aussi des cultures que j'aime. Je lui dois tout, et je veux être là où sont mes morts. Je veux rester à portée de la Shoah, là où je peux parler mes quatre langues. C'est mon grand repos, c'est ma joie, c'est mon plaisir. J'ai appris l'italien après l'anglais, le français et l'allemand, mes trois langues d'enfance. Ma mère commençait une phrase dans une langue et la finissait dans une autre, sans le remarquer. Je n'ai pas eu de langue maternelle, mais, contrairement aux idées reçues, c'est assez commun. En Suède, on a le finlandais et le suédois ; en Malaisie, on parle trois langues. Cette idée d'une langue maternelle est une idée très nationaliste et romantique. Mon multilinguisme m'a permis d'enseigner, d'écrire Après Babel : une poétique du dire et de la traduction et de me sentir chez moi partout. Chaque langue est une fenêtre ouverte sur le monde. Tout ce terrible enracinement de Monsieur Barrès ! Les arbres ont des racines ; moi, j'ai des jambes, et c'est un progrès immense, croyez-moi!
Dans Poésie de la pensée, votre nouveau livre, vous rappelez que Sartre voulait être à la fois Stendhal et Spinoza. Le style mène-t-il à la pensée?
Oui, toute philosophie est un acte de langage. Le rythme, le vocabulaire, la syntaxe, tout ce qui nous conduit vers la poésie, nous le rencontrons également dans le texte philosophique, aussi abstrait soit-il. « Toute pensée commence par un poème », écrivait Alain à propos de Valéry. Les grands penseurs sont souvent des écrivains suprêmes, tels Nietzsche ou Kierkegaard. Bergson, l'un des maîtres de la langue française, a reçu le prix Nobel de littérature. Platon mérite d'être comparé à Shakespeare en ce qui concerne la création de personnages, de gestes dramatiques. Mais la relation entre pensée et écriture peut aussi se révéler conflictuelle. Certains philosophes tiennent à écrire très mal, à suffoquer l'écrivain en eux, comme Hegel, roi de l'anti-style. Cette double tradition du génie lyrique chez un Platon et celle de la pédagogie sévère, du système, chez un Aristote est là depuis le début.
“N'oublions jamais que les deux guerres mondiales furent des guerres civiles européennes.”
La littérature et la philosophie sont-elles encore complices aujourd'hui?
Les deux formes me semblent menacées. La littérature a choisi le domaine des petites relations personnelles. Elle ne sait plus aborder les grands thèmes métaphysiques. Nous n'avons plus de Balzac, de Zola. Aucun domaine n'échappait à ces génies de la comédie humaine. Proust aussi a créé un monde inépuisable, et Ulysse, de Joyce, est encore tout proche d'Homère... Joyce, c'est la charnière entre les deux grands mondes, celui du classique et celui du chaos. Jadis, la philosophie aussi pouvait se dire universelle. Le monde entier était ouvert à la pensée d'un Spinoza. Aujourd'hui, une immense partie de l'univers nous est fermée. Notre monde se rétrécit. Les sciences nous sont devenues inaccessibles.
Qui peut comprendre les dernières aventures de la génétique, de l'astrophysique, de la biologie ? Qui peut les expliquer au profane ? Les savoirs ne communiquent plus ; les écrivains et les philosophes sont désormais incapables de nous faire entendre la science. La science brille pourtant par son imaginaire. Comment prétendre parler de la conscience humaine en laissant de côté ce qu'il y a de plus audacieux, de plus imaginatif ?
Je m'inquiète de savoir ce que veut dire « être lettré » aujourd'hui - «to be literate», l'expression est encore plus forte en anglais. Peut-on être lettré sans comprendre une équation non linéaire?
La culture est menacée de devenir provinciale. Peut-être faudra-t-il repenser toute notre conception de la culture. Je veux vous raconter une expérience qui m'a infiniment ému : un soir, l'un de mes collègues de Cambridge, un prix Nobel, un homme charmant, avec lequel je dînais, m'a demandé de l'aider sur un texte de Lacan auquel il ne comprenait rien. La modestie d'un grand scientifique comparée à l'orgueil, à la superbe, de nos byzantins maîtres de l'obscurité...
Vous défendez la culture classique de l'honnête homme, et en même temps vous insistez sur sa fragilité. Pourquoi?
Parce que la grande culture a failli devant la barbarie. N'oublions jamais que les deux guerres mondiales furent des guerres civiles européennes. L'Allemagne, le pays de Hegel, Fichte et Schelling, matrice de la pensée philosophique, a connu la pire des barbaries. Les humanités ne nous ont pas protégés ; au contraire, elles ont souvent été les alliées de l'inhumain. Buchenwald n'est situé qu'à quelques kilomètres de Weimar. Comment certains hommes pouvaient-ils jouer Bach et Schubert chez eux le soir et torturer le matin dans les camps?
“Apprendre par cœur, c'est entrer dans l'œuvre même: ‘Tu vas vivre en moi et je vais vivre avec toi’.”
A quoi sert la culture, alors, si elle ne nous rend pas plus humains?
Elle rend supportable l'existence. Ce n'est pas gai d'être mortels, non, ce n'est pas gai du tout. Nous sommes tous confrontés au cancer, au stress, à la peur ; chaque jour peut porter un adieu, et il n'y a rien de plus angoissant. Je vais vous confier une chose bien enfantine : ma femme et moi venons de perdre notre chien Ben. C'est horrible pour nous, tant cet animal a été au centre de notre vie - et même sur la couverture du Cahier de L'Herne qui m'a été consacré!
Je ne peux passer une journée sans musique, sans beauté, sans poésie. C'est ma réassurance, ma survie. La compagnie des grands maîtres me donne un sentiment infini de fierté et de reconnaissance. Je veux leur dire merci. En les apprenant par coeur. Ce que nous apprenons par coeur, personne ne peut nous l'enlever. Ni la censure, ni la police politique, ni le kitsch qui nous entoure. Apprendre par coeur, c'est entrer dans l'oeuvre même : « Tu vas vivre en moi et je vais vivre avec toi. » Les textes marchent à côté de nous ; se promener avec un poème de Baudelaire, c'est être en très bonne compagnie.
Selon vous, les nouvelles technologies menacent le « silence » et l'« intimité » nécessaires à la rencontre avec les grandes oeuvres...
Oui, la qualité du silence est organiquement liée à celle du langage. Vous et moi sommes assis ici, dans cette maison entourée d'un jardin, où il n'y a pas un autre son que notre conversation. Ici, je peux travailler, je peux rêver, je peux essayer de penser. Le silence est devenu un luxe immense. Les gens vivent dans le vacarme. Il n'y a plus de nuit dans les villes. Les jeunes ont peur du silence. Que va-t-il advenir de la lecture sérieuse et difficile? Lire une page de Platon quand on a un Walkman sur les oreilles? Cela me fait très peur. Les nouvelles technologies transforment le dialogue avec le livre. Elles abrègent, simplifient, connectent. L'esprit est «câblé». On ne lit plus de la même façon aujourd'hui. Le phénomène Harry Potter apparaît comme une exception. Tous les enfants de la Terre, l'enfant esquimau, l'enfant zoulou, lisent et relisent cette saga ultra anglaise douée d'un vocabulaire riche et d'une syntaxe sophistiquée. C'est formidable. Le livre est un grand défenseur de la vie privée. Il n'y a pas en français de mot pour dire « privacy ». « Intimité » le traduit très mal. L'Angleterre est encore un pays de « privacy ». Ce qui peut avoir des côtés absurdes : on peut être voisins pendant cinquante ans et ne pas échanger une seule parole. Ce culte de la « private life » a une immense valeur politique : c'est une capacité de résistance.
“Avec l'art conceptuel, non, je n'arrive pas à suivre.”
Vous venez d'évoquer Harry Potter. Au détour de Poésie de la pensée, vous osez un rapprochement entre la dialectique de Hegel, négation de la négation, et le « rien de rien » d'Edith Piaf. Pourquoi la culture populaire ne vous a-t-elle pas plus intéressé?
J'ai raté le coche. Notamment avec le cinéma. Si je pouvais reprendre ma vie, j'essaierais de comprendre pourquoi, parmi les forces créatrices de la fin du XIXe au début du XXe siècle, le film devrait peut-être passer en première place. Shakespeare, aujourd'hui, écrirait des scripts. Je me suis trompé, tant j'étais un enfant du grec et du latin et d'un père ultra conservateur classique. On ne peut pas être à jour sur tout. Avec la musique, oui : j'écoute des compositeurs qui viennent après Boulez et qui me passionnent. Avec l'art conceptuel, non, je n'arrive pas à suivre : je vais à Beaubourg, on me montre une pile de briques en me disant que c'est une oeuvre importante, je ne sais pas quoi dire ; alors que je comprends Bacon qui cite Velázquez, Greco et Goya. Il vaut mieux être honnête sur ses erreurs que d'essayer de bluffer.
Vous ne vous considérez pas comme un créateur?
Non, il ne faut pas confondre les fonctions. Même le critique, le commentateur, l'exégète le plus doué est à des années-lumière du créateur. Pouchkine disait : « Merci mon traducteur, merci mon éditeur, merci mon critique, vous portez mes lettres, c'est moi qui les écris. » Moi aussi, je porte le courrier. C'est un très grand privilège, mais qui n'a rien à voir avec le miracle d'un vers qui va chanter pour toujours. Nous comprenons mal les sources intimes de la création. Par exemple, nous sommes à Berne, voilà des années... Des enfants partent en pique-nique avec leur institutrice, qui les met devant un viaduc. Ils dessinent, l'institutrice regarde par-dessus l'épaule d'un bambin ; il a mis des bottes aux piliers ! Tous les viaducs, depuis ce jour-là, sont en marche. Cet enfant s'appelait Paul Klee. La création change tout ce qu'elle contemple, quelques traits suffisent à un créateur pour nous faire voir ce qui était déjà là. Quel mystère déclenche la création ? J'ai écrit Grammaires de la création pour le comprendre. A la fin de ma vie, je ne comprends toujours pas.
Comprendre, serait-ce manquer l'art?
En un sens, je suis content de ne pas comprendre. Imaginez-vous un monde où la neurochimie nous expliquerait Mozart... C'est concevable, et cela me fait peur. Les machines sont déjà interactives avec le cerveau : l'ordinateur et le genre humain travaillent ensemble. Il se pourrait d'ailleurs qu'un jour les historiens se rendent compte que l'événement le plus important du XXe siècle, ce n'était pas la guerre, ni le krach financier, mais le soir où Kasparov, le joueur d'échecs, a perdu sa partie contre une petite boîte en métal. Et noté : « La machine n'a pas calculé, elle a pensé. » Quand j'ai vu cela, j'ai demandé leur avis à mes collègues de Cambridge qui sont les hauts rois de la science. Ils m'ont dit qu'ils ne savaient pas si la pensée n'était pas un calcul. C'est une réponse effrayante ! La petite boîte pourra-­t-elle un jour composer de la musique?
Juliette Cerf Télérama n° 3230 Le 12 décembre 2011

Etiquetas: ,

quarta-feira

Miami Vice Soundtrack: Moby feat Patti Labelle

Etiquetas:

quinta-feira

Symphony of Science - 'We Are All Connected'

Etiquetas: , ,

quarta-feira

Ser chefe de cozinha é como integrar a máfia... Entrevista a Anthony Bourdain

Etiquetas: