quinta-feira

Evocação de Osho - sobre a VERDADE -


A verdade não é democrática. O que é verdade não é decidido por meio de uma votação; caso contrário, nunca poderíamos chegar a qualquer verdade. As pessoas votam no que é fácil – e as mentiras são fáceis porque não é preciso fazer nada acerca delas, basta acreditar. A verdade requer um grande esforço, decoberta, risco, e precisa que você caminhe sozinho numa via que ninguém percorreu anteriormente.

Obs: Osho e Maquiavel - dois homens muito distintos, dois seres de excepção que se reencontram nestas páginas. Ficam ambos. 

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A internalização dos interesses. Mudança de paradigma no estudo da Ciência Política em Portugal



Os príncipes conduzem os povos, e os interesses conduzem os príncipes. Mas estes, por vezes, curiosamente, são conduzidos por interesses e paixões demasiado particulares que não se podem inscrever na teoria do interesse de Estado (visando o bem comum que falava Aristóteles) de que aqueles deveriam ser os guardiões. 

Tomemos aqui, apenas como pano de fundo algumas condutas públicas já conhecidas por um titular governamental, sem que, no entanto, nos reportemos a ele in concreto, até por ser muito pouco elaborado intelectualmente: nos conceitos, nas articulações, na racionalidade política - enquanto arte e techné da governação - que acaba por explicitar mais pelas omissões do que pelo que é dito. Um excesso de prudência que revela medo, naturalmente. Ou seja, não nos interessa aqui o sujeito político em causa, apenas detectar uma tendência que pode estar em curso na sociedade política em Portugal e que remete para aquilo que denominamos a internalização dos interesses na república (para não a designar privatização de interesses de Estado). É, pois, essa mudança de perspectiva sociopolítica que nos interessa analisar.

Para o efeito, cumpre dizer que os tempos críticos que correm, nos domínios financeiro, económico e social na Europa (que é muito desigual) - são de tal modo excepcionais e graves que a natureza dos conflitos sociais, por extensão, também terá que mudar. E esta preocupação, decorrente de os problemas passarem a centrar-se mais no interior das sociedades, acentuando aí as suas clivagens, afecta a lente através da qual captamos a realidade neste imenso jogo de sombras e de percepções. 

Na prática, esta conflitualidade doméstica, até pelo crescente desemprego, falência de empresas e conflitualidade social, agravada pelo esbulho fiscal, fará com que os decisores não tenham tanta pressão para se preocupar com o nível da ameaça externa, inúmeras vezes apresentada ao povo de forma exagerada, por vezes fantasiada, para passarem a centrar-se, de facto, na gestão corrente das questões ditas domésticas, ainda que haja correlação entre as economias nacionais e a economia internacional e o que se passa na economia global, naturalmente. 

Mas esta alteração de foco deve-se, não apenas, à natureza dos problemas, que passaram a ter uma dimensão mais doméstica, mas também à natureza desordenada das paixões daqueles que ocuparam as cadeiras do poder, e nem sempre é fácil ordenar paixões e desejos "selvagens" que combinam necessidade de riqueza, prestígio, status, honra e poder. Valores nem sempre fáceis de harmonizar. Talvez só o medo da morte discipline um pouco aquele "núcleo selvagem" de paixões, nele introduzindo algum equilíbrio. 

Ora, o que hoje se pode constatar, tomando por referência o que é conhecido da opinião pública e que contrapõe interesses tão diversos, como as "secretas", alguns grupos empresariais privados com interesses nos media, uma "secção demasiado transversal" do poder político e até de alguma maçonaria, decorre da incapacidade de algumas pessoas, grupos e empresas compatibilizarem as suas paixões e interesses, quer com a lei do país onde operam, quer com as suas próprias paixões desmedidas, aqui definidas enquanto elementos impulsionadores que empurram os homens para obter mais riqueza, poder, status, etc... Esta relação redunda numa espiral de violência psicológica, na medida em que se trata duma fixação por aqueles valores que só é apaziguada quando aqueles objectivos de poder são atingidos. Daí muitas das presões feitas junto do poder em funções via sms, e-mails e outros canais. Quando assim é, entra-se no domínio do patológico, senão mesmo na margem da ilegalidade, como também é do conhecimento público. 

Seja como for, o problema que avaliamos, e o curso destas ideias espelha isso, tem como ponto de partida organismos especiais do Estado, cujas práticas depois se aplicam a homens e a grupos que dele se aproveitam para fins ilícitos, e esta nova (velha) correlação tem importância ao nível da teoria política e da ciência política, ciência que estuda as dinâmicas do poder (oculto) nas suas diversas vertentes e relações.

Na origem deste problema, que tem agitado a sociedade portuguesa no último ano, curiosamente desde que o PSD assumiu o poder, muito embora alguns desses problemas com as "secretas" já viessem do governo anterior, radica uma ideia antiga de Maquiavel: a noção de lançar "as paixões contra as paixões". Sobre a qual passou a dominar a tal razão de Estado (ragione di stato), termo vulgarizado na 2ª metade do séc. XVI, que veio dar autonomia à ciência política perante as questões morais que dominavam a filosofia política da fase pré-Maquiavel. Mas, ao mesmo tempo, visavam identificar uma vontade racional perante as paixões e os impulsos do momento, que agora a práxis de alguns players políticos nacionais contraditam. 

Isto significa que o conceito de interesse passou a ser o orientador da acção na Europa, cujos contornos estão bem patentes na 1ª frase deste enunciado, em homenagem a Nicolau, embora o que na sociedade portuguesa seja preocupante é a natureza compósita desses interesses e paixões, na medida em que há uma grande dificuldade em compreender onde começa o interesse público e terminam os interesses de pessoas e grupos empresariais que aparecem mitigados com o chamado interesse público. E é esta confusão de interesses e paixões que se tornou tão explosiva quanto perigosa em Portugal. De modo tal que os eleitorados deixaram de olhar para quem os representa como pessoas isentas, sérias, transparentes, ou seja, pessoas de bem, agentes políticos confiáveis. Isto pode conduzir, no limite, à passagem duma situação de uma considerável taxa de abstenção a uma revolução. A ser assim, seria lamentável que os problemas da participação política em Portugal se resolvessem. 

Com efeito, têm sido essas paixões, relatados nos media e que são do conhecimento público, que levam a misturar interesses de Estado e apetites desordenados de certas privatizações, interesses e paixões que frequentemente transcendem as forças dos agentes que estão por trás delas. 

Contudo, para aquele que afirma como preceito de governação que "quem mente sai do governo", não deixa de ser curioso que seja obrigado a reconhecer que a doutrina do interesse de Estado tenha vindo a ser seriamente amputada e invectivada pelas tais paixões desordenadas dos homens com apetites desregulados, ainda que tenham sido os mesmos que teorizaram a moralização da vida pública com referência a exemplos menos claros oriundos do Governo precedente. 

Na prática, o que temos constatado nessa relação dangereuse entre "secretas", poder político, grupos empresariais e alguma maçonaria é, precisamente, a circunstância de as paixões individuais dos homens não coincidirem com a prudência necessária que a condução dos negócios do Estado exigiria, e com violação grave de preceitos legais e estatutários por parte de certos agentes de informação que acabaram por encher o corpo político de metástases. 

Ou seja, proclama-se a virtude, mas pratica-se o seu exacto contrário; proclama-se o comportamento virtuoso, mas detectam-se condutas mentirosas com o fito de ocultar interesses empresariais mitigados com interesses pessoais enquadrados por uma situação de favor público. E se essas paixões desordenadas não ganharam foros de cidade, com nomeações e reestruturações de serviços da intelligence sugeridos por pedidos à medida, foi, obviamente, porque os media divulgaram essas conexões desocultando relações perigosas. Isto é tão óbvio que não exige mais trabalho hermenêutico. E com nomes tóxicos divulgados na opinião pública nenhum membro do governo faria qualquer nomeação ou acedia a qualquer pedido ou situação de favor.


Qual é, então, a novidade em tudo isto?


- O problema, visto à luz da ciência política, é que há uma transição abrupta do conceito de interesse, muito associado ao bem comum regulado pelo Estado que a todos deve tratar por igual e sempre na prossecução do bem comum da colectividade, e cujo significado não se centra apenas nos aspectos materiais da riqueza dos homens, mas abrangia a totalidade das suas aspirações humanas. 

Essa transição no conceito de interesse, que nunca enganará, e foi divulgada na Europa no séc. XVII, conhece, hoje, em Portugal, mais até por certas intenções do que pela realidade (em potência) que aquelas intenções comportam ou indiciam, é que permite antever a efectiva vontade dos homens que hoje estão no centro do debate público em Portugal, e que envolve aquelas componentes e instituições do poder político, do poder grupal/empresarial e do poder individual no nosso país. 


De súbito, Portugal deixou de falar na sua política externa, na sua afirmação no seio da Europa, ou perante a lusofonia onde devíamos ter uma presença e até uma influência mais actuantes. Não. O que hoje coloniza o discurso público são as relações perigosas entre aqueles players, reforçando até a ideia - que aqui se pretende demonstrar - que não são os interesses de Portugal relativamente à Europa, ao Brasil, aos países africanos que falam o português, que estão em causa.


Esse discurso foi lamentavelmente substituído por uma política estruturada pelo baixo interesse, recortado pela tal transição abrupta do interesse do governante para os interesses dos diversos grupos empresariais e pessoais, ocultando toda a intencionalidade duma trama que estava em andamento no "comboio" da política em Portugal, apenas travada pelas investigações divulgada pelos media e por alguns lapsos cometidos por políticos pouco sofisticados e estruturados, ainda que seja essa a ideia pessoal que pretendam dar de si na esfera pública. Sem sucesso..


A palavra interesse sofreu, assim, uma deslocação no seu centro de gravidade, pois passou a haver o risco em Portugal de o chamado verdadeiro interesse público ser mitigado com o interesse empresarial do grupo A, B ou C ou do sujeito D ou E. Enquadrado pela repetição da palavra "honra", "direito ao bom nome" e demais conceitos que integram o sistema intelectual de justificação de players políticos em desespero de causa, que lutam pela sobrevivência. De facto, esses conceitos servem apenas para encobrir verdadeiros interesses de consciência, interesse de honra, interesse de riqueza, interesse de poder, influência e muitos outros interesses - que depois se misturam no grande caldeirão do poder político institucionalizado que alguns chamam Estado. 


Eis as conexões na cadeia dos factos e das intenções que subjazem a esses factos, que nos dão um fluxo de pensamento que permite supor que a "procissão ainda vai no adro", e que, doravante, a república testemunhará surpresas decorrentes das consequências daqueles factos, intenções e paixões desordenadas que permitirá que a justiça (se esta existir!!), se tais intenções e alegados factos se provarem, condenar alguém, ao mesmo tempo que a ciência política fará certamente progressos no seu campo de estudo, ainda que pela porta baixa da política. 


Mesmo sabendo que todos os homens buscam naturalmente o proveito próprio, mas este epifenómeno em Portugal tem demonstrado à saciedade que essas intenções e condutas não foram guiadas pela razão nem pelo interesse público; na maior parte dos casos, a gula por poder foi o seu único guia, e os seus desejos e juízos sobre o que é verdadeiramente benéfico ao interesse comum são afastados pelas tais paixões desmedidas dos homens, as quais não têm em conta, como diria Bento Espinosa, o futuro do seu país nem o que quer que seja, além do interesse imediato de tipo pessoal, grupal ou empresarial. 


Mas a vida é assim mesmo, para que uns percam alguém tem de ganhar...


Com esta "evolução" conceptual e epistemológica, talvez não seja demasiado desavisado passar a avaliar a política em Portugal já não com base no interesse público, mas assente no interesse individual, o que seria uma manifesta redução da política. Mas não espanta, se considerarmos o nível do escol dirigente que hoje (des)governa Portugal. 


PS: "dedicada" a todos aqueles que fazem da política uma arte de desvirtuação do bem comum, reduzindo-a a meros interesses privados, ainda que justificada e mascarada com valores e princípios de honradez, serviço ao bem público, transparência mais uma tonelada de mentiras, que são reinterpretações interessadas da realidade. 





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quarta-feira

Realidades e percepções. Evocação de William Shakespeare






Evocação do génio - Guilherme Shakespeare...
.. quem melhor compreendeu a alma (e o comportamento) humanos senão W.S. Foi, em nosso entender, um dos geniais psicólogos do nosso tempo cristão, de todos os tempos, de sempre. Dele guardo algumas lições, uma delas é a de que devemos ser cuidadosos das extração das interpretações que fazemos às coisas, aos textos, às condutas alheias - que nem sequer conhecemos. Misturando tudo, esquecendo ou omitindo o essencial. E é isto que importa, não o acessório.
O texto que ora se passa remete para os limites da interpretação que nem sempre observamos na ligação que fazemos ao mundo exterior. Retomemos, pois, a loucura do génio e tiremos as devidas ilações (até) acerca de nós próprios:
Vamos agora ao que mais interessa, à cereja no bolo: - Hamlet - Vês aquela nuvem que tem quase a forma de um camelo?
- Polónio - Santo Deus, parece mesmo um camelo!
- Hamlet - Acho que parece uma doninha.
- Polónio - Tem o dorso de uma doninha.
- Hamlet - Ou uma baleia?
- Polónio - É mesmo uma baleia.
(Hamlet, III, 2)




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Os interesses, sempre os interesses


Os interesses, sempre os interesses:

- Rohan ajuda-nos a compreender que os interesses são como "o tirano dos tiranos", qual príncipe dos príncipes, no caso do Portugal-político percorrendo um caminho sinuoso, repleto de tráfico de influências, promiscuidade, chantagens com os media - que o PM tenta desvalorizar - para sobreviver politicamente. Já não é apenas de relvas que se trata, é o próprio PM que se sente acossado. 

- Mas "em questões de Estado não devemos guiar-nos por apetites desordenados que frequentemente nos levam a assumir tarefas que transcendem as nossas forças; nem por paixões violentas que nos perturbam das mais diversas formas, mal se apossam de nós; (...) somente pelo nosso interesse, guiados apenas pela razão, a qual deve ser a regra das nossas acções".

- O problema é que as paixões individuais não coincidem mais com os factos que já foram expostos na esfera pública...

- Numa palavra: não é já relvas que está no fio da navalha, é o próprio passos coelho que começa a ser queimado em lume pouco brando.


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Democracia invertida: do visível ao invisível

Ao invés do poder legislativo e do poder executivo clássicos, o governo real da economia, da finança e da sociedade pertence, efectivamente, à esfera do poder invisível, já que se subtrai, senão formalmente, pelo menos na substância, ao controlo democrático e ao controlo da jurisdição. Com a agravante de, em Portugal, o país e a relações serem "relações de favor" e inexistir nesse quadro uma justiça (justa), celere e eficaz. 

Resultado: impunidade e anarquia e uma justiça dual: uma para ricos e influentes; outra para remediados e indigentes. Esta prática/patologia, tipicamente portuguesa, e não é só de agora, subverte a democracia e o rule of law, abrindo caminho à discriccionaridade, à corrupção, ao nepotismo e a uma miríade de formas de influenciação e de crimes tão inovadores que nem sequer estão tipificados na moldura penal. 

A democracia visa um ideal, o ideal do poder visível, ainda que saibamos que Portugal caiu no lodo e na opacidade potenciado por esse triângulo de relações dangereuses: poder político, alguma maçonaria e interesses empresariais que actuam na margem da criminalidade. 

Numa palavra, o ideal seria que a democracia portuguesa caminhasse para o máximo controlo do poder exercido pelos vários poderes públicos escrutinada por parte dos cidadãos; mas, paradoxalmente, o que assistimos é o inverso, i.é, o controlo dos cidadãos, ou melhor, dos súbditos exercido por quem detém os vários poderes: micro, meso e macro-poderes no seio dessa amálgama anónima que é o Estado. 


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Governo, sociedade e espionagem à portuguesa

Vivemos um tempo histórico conturbado a todos os títulos: a sociedade globalizada foi contaminada com a possibilidade sempre latente de se desencadearem ataques terroristas transnacionais a interesses ocidentais; o poder político, mormente em Portugal, não tem sabido disciplinar a intelligence que tutela e escolher os melhores para ocuparem esses lugares especiais; a sociedade vê-se invadida pela utilização abusiva, ilegal e alegadamente criminosa daqueles serviços para espiar pessoas e sobre elas fazer relatórios que as possa comprometer no futuro. 

Enfim, é este o quadro político, social e funcional altamente patológico que domina hoje a vida pública nacional. Sem que o PM consiga "arrumar a casa", credibilizar os serviços e afastá-los de polémicas que só os descredibilizam perante a sociedade, que deviam saber proteger de ameaças (internas externas), e preservá-los perante as agências de informações internacionais congéneres com quem Portugal coopera a fim de partilhar informação com vista à prevenção da contra-espionagem, seja ela de tipo militar, económico, político, tecnológico ou outro. 

Como temos má política, uma economia inexistente e a que há está endividada até ao pescoço, a nossa indústria está sendo vendida (ex., da Cimpor) e o parque tecnológico nacional é incipiente, é natural que os terroristas não se interessem por fazer estragos em Portugal, além do risco em que incorrem no planeamento do seus actos terroristas de nos confundirem geograficamente com Espanha e errarem o alvo. O que para nós será sempre uma benção, embora não desejamos mal aos outros. Nem aos espanhóis, que hoje estão suma situação pré-portuguesa e pré-grega. 

Ou seja, o que pretendo sublinhar é que a fiscalização dos serviços secretos não pode (nem deve) ser apenas feito a partir do Parlamento, que é facilmente partidarizado nas comissões especializadas, além de haver sempre interesses pessoais (e outros!!!) que acabam por paralisar uma efectiva fiscalização aos serviços, seja na sua componente de utilização de recursos, funcionamento e finalidade estratégica. A intelligence nacional não pode servir para ajustes de contas e vendettas pessoais e entre membros maçons, políticos ressabiados, subdirectores que desejam ser promovidos na carreira mais uma infinidade de situações que prefigura a actual anarquia em que os serviços caíram, desprestigiando a sua existência, funcionamento e utilidade.

Parece que hoje o PM irá falar do tema no Parlamento, ou centrar-se apenas na polémica lamentável em torno do caso do "super-espião" e do "ministro-anão", que já é um nado-morto na política em Portugal. Trata-se, pois, dum mau precedente o ambiente em que irá desenrolar-se esse debate, pois quando se fala em intelligence deve-se fazer um debate sem este tipo alegadamente criminoso de actuações que os media exaustivamente vêem noticiando, e não sem fundamento e preocupação. 

Se houve algo que animou o ideal democrático, volvidos os quase 40 anos de ditadura - coadjuvada pela PIDE-DGS, muita dela actuando à margem do próprio conhecimento de Salazar, e das orientações deste sobre essa polícia política, foi um certo ideal de transparência e responsabilidade trazida com a Revolução dos Cravos, valores conseguidos através de um forte controlo pelo poder legislativo e executivo sobre esse tipo de serviços, e não, como hoje ocorre na sociedade, que esses mesmos serviços, ou parte deles (instrumentalizada por alguns), estejam ao serviço de interesses pessoais e de grupos empresariais que, além de incorrerem em crimes de moldura penal, atentam contra o próprio estado de direito numa democracia representativa, e isso configura crimes de Estado e de traição à pátria que deveriam ser equacionados. 

Quer no futuro debate político a ter, quer no nível de responsabilidade e de responsabilização desses agentes/analistas de informação que, por terem um estatuto ultra-especial (e uma remuneração a dobrar relativamente aos restantes funcionários superiores da administração pública) sobre eles também deveria impender um nível de accountability excepcional. O que não tem havido, até porque aquele comissão de fiscalização na AR, com a finalidade de fiscalização, nunca passou duma anedota política, e isso também é gravíssimo. 

Se há efectiva diferença entre o poder democrático do poder autocrático, que conhecemos de perto, e não foi bom, é que só aquele, através da livre e responsável crítica e da licitude de expressão dos diversos pontos de vista, pode desenvolver anticorpos no seu seio e consentir diversas formas de desocultação, especialmente quando o bem comum a ser protegido é superior aos interesses particulares e pessoais em presença, como parece ser o caso neste polémica que envolve uma perigosa promiscuidade entre um poder político fraco e desnorteado, uma maçonaria actuante e empresários e interesses neocorporativos em guerra latente pela posse do controlo e influência dos media (a privatizar) em Portugal. 

Em suma: algo está podre no reino portucalense...

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Evocação de Espinosa

Todos os homens naturalmente procuram o proveito próprio, mas raras vezes guiados pela sólida razão; na maior parte dos casos, o apetite é o seu guia, e os seus desejos e juízos sobre o que é benéfico são afastados pelas suas paixões, as quais não têm em conta o futuro ou o que quer que seja.

The Political Works.

- Se compulsarmos esta cit. de Bento Espinosa com a realidade do escol dirigente nacional desde 1974 em Portugal, ficamos tão cheios da realidade que implodimos.

- Noutros casos, a proeminência do interesse é contestada, não tanto pela interferência poderosa das paixões, mas simplesmente pela incapacidade dos homens para se aperceberem dos seus interesses.

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terça-feira

Individualism and Civility: 2012 Reflections on de Tocqueville's 1831 America - por Vartan Gregorian



Opening sentence of Alexis de Tocqueville's Democracy in America.

Globalist Perspective > Global SocietyIndividualism and Civility: 2012 Reflections on de Tocqueville's 1831 America 

By Vartan Gregorian
 
Visiting the fledgling United States in 1831, French aristocrat Alexis de Tocqueville observed a unique quality about Americans: the ability to balance their individualism with a commitment to doing their part for the common good. Vartan Gregorian, president of Carnegie Corporation of New York, considers how contemporary social forces are putting this quality to the test.

n 1831, Alexis de Tocqueville, a young French aristocrat visiting the United States, saw a new phenomenon in America. In Democracy in America, the book that emerged from his experiences, he described it, with a word he coined, as "individualism." He was struck by Americans' individualism because of the contrast to Europe, where "Our fathers only knew about egoism."

De Tocqueville recognized that liberty requires constant effort and vigilance, for it is difficult to attain and is easily lost.
During the same decade, America was visited by an Englishwoman, Harriet Martineau. She agreed with de Tocqueville that Americans had great respect for "men as individuals." In contrast to her home country, she found that the "puerile and barbaric spirit of contempt is scarcely known in America." And she added, "Nothing in American civilization struck me so forcibly and so pleasurably as the invariable respect paid to man, as man."

From today's perspective, Martineau's praise seems problematic, because the civility, respect for differences among different groups of people and the high civic virtue to which they attest seem to be vanishing in many areas of our national life, particularly in American politics.

For de Tocqueville, the crucial question was how individuals would preserve their liberty in an age of equality. He recognized that liberty requires constant effort and vigilance, for it is difficult to attain and is easily lost. As he put it: "Its excesses are apparent to all, while its benefits may easily escape detection. The pleasures and advantages of equality on the other hand are immediately felt and require no exertion."

This situation is further compounded by another conflict inherent in the democratic society — its atomism. Each individual becomes the center of a small and private world consisting of himself or herself and one's immediate family and friends.

That has always been true. But the nature of the individual's relationship to the wider society has been greatly altered by how deeply social media — personified by such new communications tools as Facebook and Twitter — along with the relentless flood of news, opinion and information promulgated by the 24-hour news cycle have all come to dominate our lives.

While they promote what many have come to feel is an over-sharing of our individual likes and dislikes — our minute-by-minute activities, the state of our relationships, etc. — social media also allow us to limit our interactions with people we perceive to be outside of our sphere, different from us, or who hold different opinions.


While new technologies offer the opportunity to know more about the wider world, they also give us to power to limit interactions to only those that support one's own ideas.
Hence, while new technologies and new forms of communication offer the opportunity to know more about our communities as well as the wider world and thus increase civic engagement, the flip side of being able to interact with others in seemingly boundless ways is the ability to employ technology to limit those interactions to only those that support one's own ideas and beliefs about all aspects of society, culture and politics.

As a consequence, individuals may well lose sight of the overall community, society at large as well as the greater universe. People's focus and energies are ever more directed toward improving their own personal lives and immediate life circumstances.

Almost two centuries ago, de Tocqueville issued a warning when he pointed out that this tendency toward an exclusive preoccupation with personal well-being and the dogged pursuit of material comfort inevitably diverts the attention and talent of individuals of "superior intellect" from politics to business and from public life to private affairs.

That may, in fact, be just where we find ourselves today. With unswerving partisanship dominating almost every area of our national life, fewer people seem willing to serve in public office. And those who do often cite the difficulty of reaching across the political divide to institute actions and achieve agreements that are necessary for the progress of society.

This is potentially dangerous, for it downgrades the importance of public service, the community and politics, which are all crucial to the health of a democracy. Although de Tocqueville did not view America, or any other country, as having completely realized the principles of freedom and equality, he did feel that America approximated these ideals more closely than any other country.

We must now ask ourselves whether his judgment still holds — or whether the country has moved in the opposite direction, hollowing out its profound civilizational advantage by prizing partisanship over cooperation and entertainment over knowledge.


De Tocqueville'sDemocracy in America was an argument about citizenship — citizens recognizing the desirability of postponing the immediate gratification of their desires.
Does America still embrace the principles upon which a responsible democratic society might he constructed? Do all those stabilizing "expedients" that de Tocqueville highlighted — such as our local self-government, the separation of church and state, a free press, indirect elections, the encouragement and existence of voluntary associations and, above all else, an independent judiciary — still work to safeguard our natural passion for freedom?

De Tocqueville's Democracy in America was an argument about citizenship — citizens recognizing the desirability of postponing the immediate gratification of their desires. They did so in the expectation of more certain or greater degrees of satisfaction at a later time. It was this ability that enabled Americans to reconcile their personal well-being with the common welfare of the people.

In the final analysis, de Tocqueville believed that the delicate balance between freedom, equality and social order must be weighted by enlightened self-interest, public morality and patriotism. He believed that long-term self-interest and compassion would override short-term gratification and excesses of materialism. Individuals would learn that what is right is also useful.

If de Tocqueville returned to America today, what would his impressions be 180 years later? He would undoubtedly express anxiety over the disintegration of shared values, over lingering racism, extremes of poverty in the midst of ostentatious abundance, the continuing ravages on the environment, homelessness, the state of our public school system, and the national disgrace of having fully 14% of the population able to read at only a below-basic level and another 29% possessing only the most basic literacy skills — never mind widespread ignorance about America's heritage, history and the world.

He would also surely express his disquietude over the corrosion of public and private ethics and civic morality, and the decline of the quality of our sense of citizenship

Though we continue to see ourselves as "individualists," the reality of our connected, Internet-driven life seems to have grown more collective and more anonymous. "Individualism" is facing the danger of becoming a mere slogan. The fraying of the social safety net for at-risk families and individuals, the decline of social rituals and self-transcending ideas and ideologies combine to force the individual to create his or her own meaning.

While that is a trend prominent throughout the developed world, the heightened acrimoniousness in our civil discourse and the hardening of divisions across so many levels of our society, especially as they relate to socioeconomic conditions, seem to be increasing at a particularly alarming rate in the United States. Needless to say, we need a moral center. We need to be capable of moral outrage and sensitive to the pain and sorrow of our fellow men and women.


The United States was founded as a land of opportunity, not a land of opportunists. Understanding the difference is what made it a great country.
However, we cannot be bullish on ethics. It has no bottom line. It is not a commodity. Ethics is acquired. One's character is formed throughout one's life. Ethics cannot be bought and cannot be obtained through one or two courses taken in a law, medical or business school. Instead, we have to build meaning into our own life and build it through our commitments.

Our forefathers founded the United States as a land of opportunity, not a land of opportunists. Understanding the difference and acting accordingly is what made the United States a great country. De Tocqueville recognized that unique quality about Americans: the ability to balance their dedication to individual freedom with a commitment to doing their part to advance the common good.

In fact, that is one of the foundational ideas set forth inDemocracy in America, in which de Tocqueville predicted that modern socioeconomic developments would, by necessity, promote the cause of equality among individuals and that the legitimacy of power would be based on service to the people and the extent to which a government is free.

One can only hope that in the years to come we will live up to de Tocqueville's belief that American individualism would both flourish and grow stronger — not simply as a way to enhance the lives of some but as a force that provides opportunities for all who believe that along with rights come responsibilities, and that as Americans, we all share the responsibility for the progress of our nation and its citizens.

This essay is adapted from the author's May 28, 1987, commencement address at Johns Hopkins University in Baltimore, Maryland

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Efeitos não intencionais na política. O poder e a glória

Hoje ao ver um ainda ministro, ou nado-morto que anda por aí arrastando-se politicamente, defender profusamente o entendimento entre o Gov e as autarquias lembrei-me da história daquele sujeito que deseja ardentemente capturar a honra perdida para voltar a ter uma ponta de glória do mando que sempre o caracterizou. Quando a ambição é desmedida e notada a milhas, os esgares públicos acabam por denunciar os personagens. Contudo, o problema do poder é instrumental, em si de nada vale, ele só é útil se servir o interesse comum e não alimentar golpadas dentro do aparelho de Estado, ainda por cima tratando-se de serviços ultra-sensíveis como é a intelligence - vocacionada para a recolha e produção de informação estratégica que permite a defesa do Estado de actos de terrorismo ou de espionagem dirigidos de fora para dentro. Vi naquelas afirmações públicas um certo amor pela honra, como se esse alguém, de súbito, apenas se preocupasse com o bem comum e a redenção social. Que fantochada!!! A pose, o tom, todo aquele linguajar que, de súbito, aproximou Estado e autarquias para as grandes reformas das "províncias". Toda essa mise en scène seria caricata senão fosse grave para a história da república. Contudo, momentos há em que as paixões privadas têm de dar lugar a uma espécie de conspiração em prol do bem público. Na era cristã, o doutor da igreja Santo Agostinho definiu as linhas mestras do pensamento medieval, denunciando a cobiça pelo dinheiro e bens materiais como um dos três pecados do ímpio, sendo a libido dominandi (desejo de poder) e a luxúria sexual outros pecados. Mas aqui o que está em causa é um nítido descontrolo do poder aliado a uma incapacidade de saber em dar-lhe utilidade social. É como ter um bom carro e não saber conduzir ou viver uma vida desejando ser um génio e nunca passar da triste mediania. O actual poder em funções, até pela gritante inexperiência política da maioria dos ministros, ilustra esse defeito que depois se reflecte na deficiente qualidade e alcance das políticas públicas. Como diria um amigo, há governos que mais parecem "conselhos de gerência" de empresas em regime de pré-insolvência, e com esta "sofisticadíssima" asserção facilmente concluímos que pior do que um actor político aparecer na esfera pública buscando honra e respeitabilidade pela sociedade depois de ver o seu nome arrastado na lama política, qual Dulcineia de D. Quixote, só mesmo verificar que todos os pares do dito conselho de gerência contribuem para a riqueza geral, mas convencidos de que trabalham efectivamente para os seus interesses individuais. Por fim, até apetece dizer que com tanto amor-próprio, com tão elevada auto-estima o método ensaiado pela captura do poder a fim de conquistar a glória perdida só pode ser feito mediante a fuga para a frente, lembrando o Grande Salto em frente chinês, em 1958-60, ao tempo de Mao Tse Tung, cuja preocupação era igualizar as condições de vida das pessoas e acelerar o processo de urbanização naquele imenso país. Com sorte, em vez do n.º de freguesias diminuir, conforme intenção inicial da reforma administrativa da nação em curso, ainda acabará por aumentar agradando, assim, às populações. Se assim for, o país reencontra a sua reforma na contra-reforma. Até lá, quem demanda a glória perdida viverá entre o cerco e a espada de damôcles. Não deve ser fácil.  




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segunda-feira

Em lume pouco brando - por Paulo Baldaia -


Quem estiver livre de preconceitos partidários ou mesmo pessoais percebe que sendo tudo isto muito mau para o Governo, é muito mau para o País. Relvas tem nas mãos dossiês muito importantes (Reforma Administrativa e privatização da RTP) e é o coordenador político de um Executivo onde há muitos governantes sem experiência política. O exemplo de gestão política que agora lhes dá não é o melhor. Não é preciso ser especialista para perceber que estas polémicas, alimentadas por fontes bem informadas, não se resolvem com silêncio à espera que a tormenta passe e toda a gente esqueça. O Parlamento é o espaço natural para em Democracia o ministro Miguel Relvas esclarecer o que tem de ser esclarecido, mas a verdade é que os políticos acham que o meio mais eficaz é uma entrevista a um canal de televisão.

É um daqueles casos que a realidade supera a ficção. Silva Carvalho era há um ano, mais coisa menos coisa, um personagem respeitado e elogiado por muito boa gente que agora o vê como alguém que transporta uma má onda contagiosa. Quem com ele se encontrou, falou ou trocou sms fica suspeito de qualquer coisa. O espião cai com estrondo porque está a arrastar muita gente com ele.

O caso Relvas não é um daqueles casos típicos em que um Governo é queimado em lume brando. O lume está no máximo e arrisca deixar o primeiro-ministro esturricado.

Se Relvas não tivesse o peso que tem no Executivo já não estava lá, mas também é por ele ter o peso político que tem que este caso já chamuscou, e muito, o Governo de Pedro Passos Coelho. Alguma coisa vai ter de acontecer. O País precisa de um governo forte, coeso e concentrado na acção. Relvas vai ter de falar. Se for esclarecedor, sai de cabeça erguida, se não for, vai ter de sair.

Na verdade, e uma vez mais descontando os preconceitos partidários ou pessoais, é evidente que este governo precisa de Relvas. É igualmente evidente que a imagem exterior do País é frágil e, por isso, precisamos de um governo forte, mas a verdade é que podemos estar à beira da primeira grande remodelação. Se Relvas sair é certo que não sai sozinho, sairão com ele ministros que não conseguiram deixar a sua marca na pasta que tutelam.

*) Diretor da TSF



Obs: É sempre útil ler os artigos de Paulo Baldaia. Contudo, deixo aqui algumas notas desgarradas: 1) neste momento, provavelmente, o PM aguarda o pedido de demisão de relvas, ou este espera que o PM o demita. Ou nem uma coisa nem outra. Seja como for, a decisão de Coelho comporta sempre custos políticos enormes (pessoais e políticos), embora a demissão seja a opção que, perante a opinião pública, ainda permite restaurar alguma confiança no PM, apesar de já ninguém acreditar que este Gov devolve a Portugal um mínimo de credibilidade; 2) nunca como neste caso, e até talvez durante as últimas décadas de democracia em Portugal, os media passaram a exercer, de súbito, e em resultado da prepotência dum ministro que ainda não compreendeu que o poder pode ser uma arma de dois gumes (sobretudo se for utilizado discriccionáriamente), o papel da espada de damôcles sobre a cabeça do Gov., envolvendo relações dangereuses a vários planos, todos com enormes níveis de gravidade, quer para a segurança do Estado, a fiabilidade da intelligence nacional (e até perante as agências congéneres que passam a olhar para Portugal como um bando de amadores e chantagistas), facto que poderá condicionar a troca de informações sobre terrorismo e contra-espionagem, que é para isso verdadeiramente que aqueles serviços servem, ou deveriam servir. E não para espiar as seduções frustradas do dr. balsemão que, como alguma gente sabe, sempre arrastou a asa às alunas da Univ. Nova nos 80´s e 90´s, sobretudo quando ainda havia fôlego e poder de explosão.

- Mas há uma razão subjacente a tudo isto que poderá ter sido o fuel de todo este plano executado por um espião que, manifestamente, se excedeu e, claro, não sendo nenhum James Bond, cometeu erros de palmatória. Essa circunstância é a seguinte: N.vasconcelos tem (ou tinha) uma dupla ambição na esfera dos media: por um lado, minar o poder que o grupo Impreza detém nos media em Portugal, por outro alavancar o grupo de empresas que a Ongoing patrocinaria para contrabalançar aquela hegemonia.Objectivos interligados. 

Naturalmente, fá-lo-ía com recurso a capital estrangeiro, talvez brasileiro, mas seria o bastante para reequilibrar o poder e a influência dos media em Portugal, fazendo a recomposição do poder nos grupos de comunicação em Portugal. Não o conseguindo, balsemão terá - aqui e agora - todas as razões (e todos os pretextos do mundo) para destruir o seu "afilhado" de forma definitiva e absoluta, de modo a que ele nunca mais possa ter sequer o sonho de, um dia, vir a disputar com ele essa influência mediática em Portugal.

Afinal, são estas guerras empresariais na área da comunicação que levaram NV a aliciar gente da intelligence a vender serviços de Estado para carburar essa ideia, que hoje não passa dum sonho convertido em pesadelo com a justiça à perna. E seria essa narrativa, muito bem contadinha, que um dia gostaria de ver aqui narrada por Paulo Baldaia.



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domingo

Duas reflexões: o Poder e a Obediência enquadrados pela má-fé

A má-fé domina a vida pública portuguesa. Ela alimenta-se da negação dos factos e da realidade e tende a redefinir a verdade como uma pseudo-evidência que pretende impôr a terceiros.

1. O poder político é feio. O poder sobre os outros é feio. É desumano, porque ter poder sobre uma pessoa significa reduzir essa pessoa a uma coisa. Ela torna-se uma posse sua.

2. A obediência não requer inteligência, segundo Osho. Todas as máquinas são obedientes. Nunca ninguém ouviu falar duma máquina desobediente. A obediência tira dos seus ombros o fardo da responsabilidade. Não há necessidade de reagir, a pessoa só tem de fazer o que lhe dizem. Logo, a responsabilidade pertence a quem lhe dá a ordem.


PS: A semana que passou foi marcada por uma estranha relação entre "ministro-adjunto-secretas-poder político-opacidade-subgoverno-poder paralelo-criptogoverno" e o mais que só potencia a distância e a desconfiança do eleitorado da classe política neste nosso arcana imperii - que não passa dum quintal por cultivar. Como que a demonstrar que o que melhor caracteriza a vida política portuguesa são as três noções que acima descrevemos: má-fé, desvirtuação do poder e uma cega obediência por parte dos actuais "lacaios" do poder.
- De facto, é pena que assim seja. Mas a ser assim não se compreende por que razão mudaram os portugueses de governo!?

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sexta-feira

Princípio de Peter na política à portuguesa. Má-fé na política. Evocação de Kant





- Toda a Política, como na Publicidade, a mentira e a simulação são artes sempre constantes com vista à manutenção da opacidade, por vezes em demasia. Quem está a enganar quem? Qual é a diferença... entre Gigante e Jumbo? Quarto e Quarto Completo? Duas onças e duas grandes onças? O que quer dizer Extra Longo?

- E quando se apura o nível da responsabilidade, sacrifica-se primeiro quem? O topo, o intermédio ou o nível inferior? Por regra, é o mexilhão o primeiro a estourar, e é assim para se poupar o nível superior numa contínua rotação de iresponsabilidade política, ou de que esta "morre sempre solteira". E assim chegamos ao Príncipio de Peter - associado ao prémio da incompetência, especialmente quanto mais elevado for o nível da responsabilidade na organização, na sociedade ou, pasme-se, dentro do próprio aparelho de Estado.

- Portugal continua decadente e decrépito, finge não ver os problemas e quem os pratica, e, perversamente, acaba por premiar - ainda que por omissão - aquele(s) que nem para o lugar de motorista serviriam.

- Portugal tem, acima de tudo, um problema de miopia política, o resto são "bodes respiratórios" que em breve irão morrer à praia...
 
- Contudo, se quisermos elaborar um pouco mais o nível da análise, notamos que em Portugal a classe política tem uma mente selectiva, só vendo o que lhe interessa, ocultando o que não interessa. Tem sido assim desde 1974. Significa isto que o escol dirigente nacional, quiça resultado de quase 40 anos de ditadura em que todos desconfiavam de todos, e em que o delator era premiado quando denunciava o vizinho, padece do mal designado má-fé. Não a que se contenta com insultos, mas a que remete os comportamentos e as acções para a denegação da realidade, por vezes elevando os actores políticos em dificuldades ao patamar dop lirismo.
 
- É, pois esta má-fé, sem desculpar a classe jornalística que é, não raro, descuidada, pouco ilustrada e até iresponsável (porque politicamente inimputável), que se alimenta da negação da realidade que não interessa ao poder em funções e tende a gestionar uma verdade alternativa - que sirva os intentos desse poder - e que opere, ao nível da opinião pública, como uma espécie de evidência paralela ou realidade alternativa.
 
- No fundo, aquele que mente, ou oculta dados essenciais nos negócios do Estado, logo integrantes da vida da polis, como é (ou deveria ser!) a gestão de um assunto ultra-sensível como é a intelligence nacional, - e aquele a quem se mente, são a mesmíssima pessoa. Também é isso que distingue o homem de má-fé do cínico, que nem por um momento se preocupa em dissimular a si mesmo na sua intenção de mentir. Estas relações ganham foros de cidade quando o quadro das interacções entre as esferas política e mediática entram em modo de "sobre-aquecimento".
 
- Numa palavra, e dito doutro modo, sempre com o auxílio potente da reflexão filosófica, a mais abrangente no domínio das CSH, a má-fé distingue-se da mentira clássica, já que, contráriamente a esta, não supõe uma consciência da verdade ocultada. A esta luz, o actor político de má-fé mente - primacialmente - a si próprio, dado que o seu nível de cultura política e de consciencialização dos problemas (públicos) que tem em mãos são de tal modo relativizados (para não dizer ignorados) que ele se perfila num acto recortado pela auto-mentira, i.é, pela mentira interior de Kant.
 
- Quando assim é tudo é relativizado: o mal e o bem equivalem-se, o correcto e o incorrecto anulam-se, o politicamente aceitável e o politicamente inaceitável - passam a ser geridos por uma fina membrana que também se rompe nessa avaliação.
 
- E a este propósito até apetece citar o poeta-filósofo, Fernando Pessoa quando, vendo o cego parado no meio da estrada, se pergunta - verdade, mentira, certeza, incerteza são as mesmas. Ou será que qualquer coisa mudou numa parte da realidade que nem já a ciência tem capacidade de prever... 
 
- Afinal, o que é o real?! Será que relvas existe...


PS: Texto evocativo do imenso legado kantiano.
 

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quinta-feira

O poder dos pequenos é terrível

Cada vez mais me convenço de que M. Foucault tinha razão quando explicava coisas simples: o poder é fundado no Estado e nas suas instituições, e no monopólio da violência de que elas são portadoras, embora o psicólogo-filósofo tenha rotulado tudo o que aprendeu com Weber de microfísica do poder. Quer dizer, e de forma algo grosseira, como o linguajar de certas pessoas, a realidade é a mesma, mudam apenas os conceitos para cobrir os mesmíssimos factos (ainda que se passe do micro ao macro). Essas instituições e organizações integram a sociedade, e são escolas, escolhinhas, centros de investigação e de irradiação de soberba e arrogância disfarçada de má educação, hospitais, tribunais, prisões, etc...

É a partir dessas instituições que sai a energia negativa das pessoas que, talvez por não gostarem de serem como são e detestarem a imagem que o espelho lhes devolve diariamente, acabam por espelir o fel que as caracteriza, sendo essa, no final, a memória que deixam em terceiros. A comunicação simbólica entre as pessoas e a relação entre elas, não pode, nem deve, reduzir-se ao arregimentar de consumidores que, vistos do lado da procura/institucional apenas são vistos como números, ou seja, clientes a quem se pede paguem a factura antecipadamente, mesmo quando estão em crédito, o que é curioso!!!

Pela minha parte, recuso-me a alimentar este tipo de ervas daninhas que pululam na sociedade, que, não raro, confundem autoridade com arrogância, e quando têm algum poder acabam por não o saber utilizar, disfuncionalizando ainda mais a sociedade, v. q., do seu uso são mais as oportunidades de cooperação que destroem ab initio do que as oportunidades que edificam.

Por regra, não há uma 2ª oportunidade para demonstrar uma 1ª boa impressão.

Enfim, a sociedade está repleta de burros que se julgam doutores quando, afinal, nem educados e gratos sabem ser. Difícil, verdadeiramente, é ser simples, normal e correcto com as pessoas/instituições. A soma das milhares destas "soberbas" todas juntinhas traduz hoje bem a merda de país que criámos e o povo medíocre em que nos tornámos. E gente assim só pode eleger quem elegeu, dentro e fora dos lugares formais da representação pública.


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José Paulo Cavalcanti Filho.Li dez ou doze vezes as 30 mil páginas de Pessoa



Começou a fumar charutos quando o pai morreu, para trazê-lo sempre consigo, embrulhado no aroma de uma memória remota. Nem por acaso, foi nos versos da “Tabacaria” que em 1966 encetou outro vício. Um prazer obsessivo chamado Fernando Pessoa, amigo, parceiro íntimo, até fantasma, que jura ter avistado no Chiado. Ao longo de oito anos, visitou Portugal 30 vezes em busca de um autor que deixou escrito o equivalente a 60 livros com 500 páginas. Leu-o de uma ponta à outra, várias vezes. Colecciona tudo o que o deixam comprar. E chegou a ir a França, tentar levantar a urna de Mário de Sá-Carneiro em busca de cartas. Um brasileiro apaixonado pelo escritor e pela sua cidade. “Gostámos tanto que acabei comprando um apartamento em Lisboa. Já tenho conta no banco, sou sócio do Grémio Literário, da Biblioteca Nacional. E estou a seis horas e meia do Brasil.”, jornal i

Sei que ainda não foi hoje [ontem] que conseguiu comprar a mesa de Fernando Pessoa no Martinho da Arcada.

Não [risos]. Estou tentando fazer um museu particular, que provavelmente vou deixar para a Academia. Meus colegas vão saber o que fazer dele. Agora, tive a informação de que o Martinho estava para fechar e essa foi a primeira vez que voltei para ir lá falar com o dono para tentar comprar. Ele riu muito e disse que seria assassinado em hasta pública pelos portugueses se o fizesse.

Tem noção de quantas peças já tem?

Tenho várias edições originais da “Mensagem”, inclusive uma está toda anotada com a letra do Pessoa. Para minha sorte, as pessoas compram os livros, botam na estante e não abrem para ler. Senão o preço teria triplicado. Tenho edições dos sonetos, os manifestos originais, todos os números de todas as revistas que dirigiu, as revistas como a “Águia” e a “Presença”, praticamente todos os jornais e revistas em que escreveu, todos os livros que a editora dele, a Olissipo, produziu.

E objecto pessoais, como os óculos.

Sim, e a colecção de selos, papéis em que anotava nomes, cartões postais, fotos. Estou também alargando isso para pessoas próximas dele. De Eça de Queirós, tenho as 31 edições originais dos livros. De D. Sebastião, que era uma presença na vida dele, tenho a carta escrita à prima no ano de 1578, em que supostamente morreu. Cartas de D. Carlos e D. Amélia. Forma um universo grande que não será para os meus filhos.

Que acham eles disso?

Não têm que achar nada. Eu já avisei que o destino é outro. Essas coisas são feitas para servir a colectividade. Por exemplo, estamos doando um exemplar do livro a cada uma das 589 bibliotecas públicas de Portugal. Não quero direito autoral, não fiz isto para ganhar dinheiro.

E no entanto já ganhou o prémio Bienal de Brasília, que acaba de sair.

Ao dinheiro nem sei o que vou fazer. Sinto-me constrangido de ganhar dinheiro com isso. Acho que Pessoa é uma pessoa importante de Portugal e sinto-me satisfeito que quem não possa comprar o livro possa ir à biblioteca e ler.

Descobre Pessoa em 66, através da voz de João Villaret.

Não sabia nem que existia João Villaret ou Pessoa. Fiquei aterrado. Já havia sentido isso duas vezes antes. Primeiro, quando toquei Bach. Até aos 13 anos estudei para ser maestro, sei tocar tudo. Quando toquei Bach pela primeira vez percebi que não era como os outros. Estou convencido que Deus, sentindo muito tédio da perfeição divina, resolveu viver uma experiência terrena e foi baptizado como Bach. A segunda vez em que tremi foi quando tomei conhecimento com o realismo fantástico da América latina lendo o “Cem anos de solidão”. O terceiro, foi a “Tabacaria”, de Pessoa, que acabou de ser escolhido como o maior soneto do século XX na Inglaterra. Só uma inteligência superior é capaz de fazer aquilo. Foi ali que conheci. Aconteceu uma coisa curiosa. O livro que eu queria ler do Pessoa não existia. Há livros escritos por especialistas, mas estava pensando nos jovens, donas de casas. Queria saber como era o homem Fernando Pessoa, qual era a tabacaria da “Tabacaria”. Escrevi o livro que queria ler, pensando em mim. Estava-me lixando para o que os outros pensavam. Não ia mudar nada.

Que disse a editora?

A editora disse-me que a tiragem média de Pessoa é de 1000 exemplares. Achava que se vendesse o dobro já podia levantar as mãos para o céu. Tudo bem, mas não escrevi para ser um best seller. Quatro meses depois de sair, tinha vendido 30 mil exemplares. E só vendi 30 mil porque eles não estavam preparados, senão ia vender 60 mil. Subestimaram a importância que Pessoa tem para o Brasil, muito mais que para Portugal. Segundo, as pessoas afinal têm o livro que sempre quiseram ler. Procurei a precisão humanamente possível. A partir de certa altura percebo que Pessoa só escrevia sobre o que tinha à volta.

Diz que era um autor sem imaginação.

É, a imaginação tem dois sentidos. Ninguém teve a capacidade de sonhar como Pessoa, uma imaginação não no sentido prosaico, mas no estilo de escrever. Outros escritores referem pedaços da vida, experiências sensoriais. Pessoa não fez isso de vez em quando, Pessoa foi tudo aquilo que escreveu. A obra de Pessoa é um testamento que ele esperou 70 anos para alguém desvendar. Só para ter uma ideia, ninguém conhecia um amigo de Pessoa chamado Esteves. Contratei historiadores e analistas para o encontrarem. Leram todas as edições do “Diário de Notícias” dos dois anos antes de “Tabacaria” para encontrar os Esteves citados. Cheguei a três que pelas idades, profissões e residências não eram com certeza eles. Só depois descobri, lendo o atestado de óbito de Pessoa, que era mais simples. O Esteves era o Joaquim Esteves, um vizinho amigo íntimo da família. Mas ninguém vai acreditar que li dois anos de jornais para procurar um Esteves. As pessoas aceitam as coisas como elas estão.

Podia vasculhar-se muito mais?

Duas cartas de Ofélia foram censuradas. Ninguém nunca se preocupou com o que lá estaria. Localizei-as e descobri que ela falava na pobreza extrema da família e de doenças femininas. Quando um erra todos erram atrás. Morreu de quê, por exemplo? Formei uma junta com os dez melhores médicos da minha região, mostrei-lhes os textos em que falava de saúde. Até que chegámos à causa da apendicite. Fiz juntas médicas com psicólogos e psicanalistas para saber se era louco. Tinha essa obsessão em ser o mais fiel possível.

Os portugueses interessam-se menos do que deveriam por Pessoa?

Talvez não tenham a devoção que o brasileiro tem, que não tem limitações para adorar Pessoa. Recebemos a obra e essa merece ser venerada. Vocês ainda estão presos a certas características de Pessoa. Ele pressentiu isso, que os génios só seriam compreendidos em gerações vindouras. Gostava da monarquia, depois defendeu a república, mostrou-se a favor da Alemanha, falou contra a igreja católica, falou contra o marxismo, apoiou Salazar, criticou Salazar. Nós só recebemos os textos dele. Na exposição “Plural como o Universo”, às dez da manhã de um dia de semana a fila dobrava o quarteirão. Ali na Gulbenkian não tem fila.

Levou oito anos a escrever o livro.

Mudei a minha vida. Foram quatro horas e meia por dia, sem excepções. Há dois tipos de pessoas. Os felizes e os desesperados. Os felizes marcam um prazo para acabar e acabam. Depois tem o grupo dos infelizes eternos. Não é que a gente queira ser melhor que os outros – mentira, a gente quer ser melhor que os outros – mas não aceitamos fazer menos do que somos capazes de fazer. Só acabei o livro quando senti que não podia fazer melhor. Mais de um ano foi só redacção. O computador ajuda, apesar de escrever à mão.

Escreveu o livro todo à mão?

Tudo à mão. Não sei usar computador. Como tenho muitas secretárias trabalhando para mim, tirei uma e disse que não ia trabalhar para o dono do escritório, que sou eu, mas que ia trabalhar para Pessoa. Eu redigia, ela passava ao computador. Hoje, essas versões são deste tamanho [descreve uma sala ocupada]. Tinha essa obsessão de não ter erros, escrevendo como Pessoa. Não uso vírgulas. Pessoa usa duas antes do ponto. Troquei a minha maneira de escrever. Se abrir o livro, tem muito mais Pessoa que eu e se uma pessoa não souber onde são as aspas não se sabe quem é quem.

Leu as 30 mil páginas que Pessoa escreveu?

Li, umas dez ou doze vezes, era só o que faltava que não lesse! E fiquei louco com esse versinho de Pessoa [tira do bolso um papel] que não se sabe quando escreveu, nem onde, ou para quem. Encontrei na Biblioteca Nacional. Estava inacabado e completei. Sou parceiro íntimo de Pessoa. Eu vi-o no Chiado. Minha mulher fica dizendo que era um sósia mas ela não entende nada de fantasmas. Claro que era ele. Toda a gente que se aproxima de Pessoa acaba amigo dele. Borges virou tão amigo que lhe pediu para ser mais um heterónimo e disse que metade do que escreveu depois foi Pessoa que lhe ditou do além.

Descobre neste livro mais 55 heterónimos do que os identificados.

Sim, embora não lhe dê muita importância. No fim da vida, Pessoa estava a preparar-se para abandonar os heterónimos. Percebeu que só escrevendo em seu nome teria o Nobel, que deveria fazer um livro de poesia com umas 400 páginas. Se tivesse vivido um ano mais, teria publicado um livro assim, imortal. Mas acho que o tratei com tanto respeito e cuidado que se estiver em algum lugar lá em cima deve estar orgulhoso de ter despertado tanta paixão em alguém.

Costuma pensar-se que Pessoa não viveu porque estava ocupado a escrever, afinal estava a escrever a vida dele?

Concordo inteiramente. Deve ter sentido muita nostalgia por não ter vivido a vida que os outros viveram. Casar, ter filhos, morrer e deixar saudades. Por outro lado, tinha plena consciência da qualidade dos seus textos e sabia que seria imortal. Isso deve dar imensa felicidade para o autor. Tinha a certeza que ganharia o Nobel.

Tem mais novidades previstas?

O ebook saiu em Janeiro. Vai ser lançado o audiobook. Quero fazer um documentário sobre Pessoa, mas algo para cima, não quero esse negócio depressivo. Recusei duas capas. Nos livros de Pessoa é sempre tudo para baixo. “Então vamos botar o nosso melhor capista”. Deviam ter colocado desde o começo. Tenho outro livro para sair em Outubro mas a editora proibiu-me de falar mais de Pessoa. Eu infelizmente obedeço. Quem manda em mim é a minha mulher e a seguir são os editores.


Secretária e máquina de escrever de Fernando Pessoa vendidas por 80 mil euros.

A secretária e a máquina de escrever do escritor Fernando Pessoa foram vendidas ontem à noite em leilão por 80 mil euros a um advogado e escritor brasileiro. A secretária e a máquina de escrever que Fernando Pessoa utilizou no seu local de trabalho foram ontem a leilão, em Lisboa. José Paulo Cavalcanti Filho, autor da obra "Fernando Pessoa: Uma Quase Biografia", arrematou a secretária por 58 mil euros e a máquina de escrever por 22 mil.[...] in DN

 

Obs: A minha 1ª reacção (talvez mais epidérmica) seria exclamar: que vergonha!!! Mas como José P. Cavalcanti estudou e escreveu sobre a vida e obra do génio português mais cosmopolita, contribuindo para divulgar a sua obra no mundo inteiro e valorizando alguns aspectos da sua biografia, a reacção inicial é temperada por uma nota mais resignada. Os mecenas nacionais andam todos agarrados à vida, e a poesia não é preocupação essencial nos tempos que correm.., ainda que alguns, poucos, pensem que basta um poema para salvar o mundo.



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