sexta-feira

Cristo diante Pilatos e os impostos


Numa passagem bíblica se diz que no tribunal romano levantaram Cristo diante Pilatos e começaram a acusá-Lo dizendo: "Encontrámos este homem a sublevar o povo, a impedir que se pagasse o tributo a César e a dizer-Se Ele próprio o Messias-Re...."

- Esta passagem bíblica deve ser verdadeiramente inspiradora para os 10 milhões de portugueses que hoje pagam impostos brutais e tem que se por termo a esse esbulho desmesurado, e o mais irónico é que repousa em Cristo a resposta a boa parte dos nossos problemas sociais e económicos.

- Ou seja, não vale a pena continuar a acusar Cristo, ou seja, o povo, porque Ele pode deixar de querer (continuar) a ser o bode expiatório...

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Evocação de Woody Allen


 - Embora eu não tenha medo da morte,
preferia estar noutro lugar quando ela ocorrer.

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Até quando? - por Viriato Soromenho Marques -

Nota prévia: envie-se uma resma de xerox para S. Bento e Belém.
 


Tomei conhecimento do duplo incidente com o ministro Relvas através de uma entrevista televisiva ao ex-ministro socialista Augusto Santos Silva. A indignação deste era tanta, por causa dos maus tratos de que o primeiro teria sido vítima, que julguei ter ocorrido uma nova "Noite Sangrenta" em Lisboa. Pensei que Relvas tinha sido metido numa camioneta, tal como António Granjo, Machado Santos e outros infelizes, assassinados na noite de 19 de outubro de 1921 por marinheiros revoltados. Felizmente, a III República não tem imitado, até agora, a cultura de violência da I. Nos tempos de abundância, Relvas seria uma figura de comédia. Os governados sempre gostaram de encarar alguns governantes com sarcasmo. Mas estes são tempos de escassez e tragédia. Convidar um homem que nunca escreveu uma linha digna de memória futura, e que só diz trivialidades, para uma conferência no Clube dos Pensadores (!) ou esperar que ele possa encerrar um colóquio sobre o futuro da comunicação social, quando a sua tarefa principal no Governo é a de lotear a rádio e televisão públicas, parecem-me dois gestos insensatos. Ficar condoído com o silêncio forçado de Relvas, e esquecer as vozes inteligentes que a sua ação tem afastado do serviço público de comunicação social, parece-me tão despropositado como acusar a poesia erótica de Bocage de pôr em causa as liberdades fundamentais do intendente Pina Manique. Em Berlim, um ministro que plagia uma tese sai do governo em menos de 24 horas. Em Lisboa, um homem cuja vida é um perpétuo faz-de-conta, esgota a agenda política. Só o primeiro-ministro não percebeu, ainda, que o caso Relvas não é uma questão de direitos constitucionais, mas um assunto de higiene pública. Contamina a pouca autoridade do Governo e mina o moral que resta ao País.in DN

sábado

Talleyrand, o génio do oportunismo

 
Quando rebentou a revolução de 1830, Talleyrand passou os primeiros dias a espreitar pela janela, sem sair de casa. De facto, ficou fechado em casa porque desconhecia de que lado poderiam vir os tiros. Ao 3º dia, já no final, assomou-se à janela e disse ao seu criado:
- Os nossos já estão a ganhar.
- E quais são os nossos? - perguntou-lhe o criado.
- Isso dir-te-ei amanhã - respondeu Talleyrand.
 
 
PS: Dedicada a todos os oportunistas do meu país, até aqueles que, por mero erro histórico e lamentável oportunismo, para desgraça de todos nós, foram locatários de S. Bento.
 

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sexta-feira

Tim Maia - Que Beleza -




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O nível vernacular entre os membros do XIX Governo Constitucional é "translumbrante" e um desafio aos humoristas e outros artistas


Os portugueses estão estourados, fartos de ser espoliados e confiscados por um Gov que só sabe decretar apoiado no imposto;
- Os portugueses estão em crise profunda, agonizam, são perseguidos de todas as formas - pelo fisco, pelos bancos, pelas entidades patronais, pelo diabo;
- Mas há uma coisa que os portugueses, com mais ou menos vernáculo, não perdem, pese embora tudo por que passam: a sua criatividade, ironia, humor, sarcasmo...
- Isto revela, entre outras coisas, que o povo não se deve confundir com aqueles que, cretinamente, o desgovernam; o povo é melhor, o povo é diferente ainda que sofra mais...
 
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quarta-feira

Cerca de um milhão e trezentos mil desempregados em Portugal

 
Recordo que quando Cavaco foi eleito PR, no seu 1º mandato deste dinossaurico trajecto político numa carreira de trinta e tal anos consecutivos de vida política activa (sem par em Portugal, talvez só irmanado por Portas..), alegou que a sua experiência de economista reputado do BdP e de PM durante 10 anos, poderiam ser uma mais-valia para, do farol de Belém, o PR ajudar os governos a governar com resultados líquidos em termos sociais, financeiros e económicos. Não podia estar mais errado.
 
Embora não podendo imiscuir-se nas áreas de competência do governo, o PR, segundo alegava, poderia representar uma voz experiente que trouxesse novas ideias, novos projectos e, acima de tudo, uma rede de contactos internacionais, designadamente no plano europeu, que pudesse beneficiar o crescimento sustentável da economia nacional.
 
O consulado Sócrates, apesar de tudo, investiu em I&D, colocou a economia a crescer, investiu em ciência e na sociedade do conhecimento, nas energias renováveis e deixou um lastro de indicadores que representaram progressos objectivos no país. Mas Cavaco, ao invés, não valorizou o tecido social com propostas interessantes, não apresentou uma única ideia no plano económico, a sua rede de contactos internacional circunscreve-se às áreas da Basílica da Estrela e da Lapa e, mais grave, tem-se dedicado a ratificar diplomas do XIX Governo Constitucional que violam direitos, liberdades e garantias dos portugueses. Diplomas para os quais nunca teve a coragem de pedir a fiscalização preventiva da constitucionalidade, basta-lhe a fiscalização sucessiva, assim cuida melhor da sua carreira e ambição pessoais, que coloca sempre acima do national interest.
 
Com isto não se procura demonstrar que se a taxa de desemprego em Portugal ronda os 17%, a culpa é de Cavaco. Embora, este actor político, por acção e omissão, seja cooresponsável pelo estado comatoso em que hoje a economia nacional e os portugueses se encontrem. Sem projecto, sem dinheiro, sem esperança, sem futuro. Apenas com o guia de marcha dado pelo Governo: emigrem...
 
Perguntamo-nos, muito legitimamente, para que tem servido ao país os doutos conhecimentos de economia do locatário de Belém? Qual a finalidade do seu majistério de influência, mormente junto dos empresários e dos agentes mais dinâmicos da sociedade?
 
Ou será que Cavaco só audita os empresários na véspera de fazer cair governos?
 
Com efeito, tem sido em jogos florentinos em torno da aprovação de diplomas que Cavaco mais tem penalizado o país. O facto de Cavaco assinar quase de cruz todos os diplomas que o governo lhe submete para promulgar faz dele uma espécie de Américo de Tomáz do séc. XXI, e é nesse caldo cultural que a economia nacional hoje vegeta, pois até as exportações entraram em queda deixando, assim, de ser o referente do Governo para explicar os magros resultados da vitalidade da economia nacional.
 
A especular sobre a própria especulação, sobre produtos derivados, sobre bancos que o Estado resolve apadrinhar e nacionalizar, canalizando fluxos financeiros vitais, manipulando movimentos de capitais, sem que o Estado possa fazer algo em nome da justiça social.
 
No fundo, vivemos hoje numa economia anárquica, mafiosa, sem regulação de espécie alguma, que se tem expandido sob um alibi: o da competitividade. Agravada agora pelo regime de protectorado imposto pela Troika que nos converte em verdadeiras colónias de um qualquer antigo império. A história, no fundo, nutre-se destas perigosas ironias, e é com base nessa mega-ironia que Portugal tem hoje uma economia assente em produtos sem realidade, que ela inventa em função do jogo especulativo, sem correlação ao activo real, de qualquer produção tangível.
 
Cavaco é, quanto a mim, um dos "obreiros" deste grande cemitério vivo que cavou o destino colectivo dos portugueses, e foi também alicerçado na esperança que infundiu nos portugueses, desde os 80´s, que a economia portuguesa redunda numa histeria inoperante baseada no vento, na virtualidade, nos investimentos externos que não chegam, enfim, nessa grande fraude política conhecida por "cavaquistão" e cujo passivo e lixo tóxico hoje não sabemos muito bem como gerir.
 
 
 

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El Papa renuncia para limpiar el Vaticano, El País

Um relato terrível publicado pelo El País, link




El Papa preside una audiencia en San Pedro mientras dos obispos conversan a su espalda. / Alessandra Benedetti

 

Unas semanas después de regresar de su viaje a Cuba y México, en marzo de 2012, durante sus vacaciones en Castel Gandolfo, Joseph Ratzinger se asomó a un pozo muy oscuro que solo sus ojos estaban autorizados a ver. Un informe, elaborado por tres cardenales octogenarios, sobre la masiva fuga de documentos secretos que sacudió al Vaticano y que solo cesó tras la detención de Paolo Gabriele, el ayudante de cámara de Benedicto XVI.
 
No se trataba de una componenda para cerrar el caso, sino de una investigación, llena de nombres y datos, sobre los protagonistas de las guerras de poder que desde hace años se vienen sucediendo en el Vaticano y de las que el llamado caso Vatileaks no era más que su escandalosa consecuencia.
 
Al cerrar el informe, Joseph Ratzinger ya tenía todos los datos. A los ángeles caídos se les puede combatir con la oración y el buen ejemplo, pero contra los príncipes de la Iglesia es más aconsejable una espada de acero templado y un brazo capaz de empuñarla. Y él ya no tenía fuerzas. Dicen que fue por aquella época cuando Benedicto XVI —un hombre tímido, incapaz de la confrontación directa, pero profundo conocedor de las intrigas vaticanas— decidió marcharse.
 
En la mañana de ayer, los quioscos de Roma dejaban claro que, además de la sorpresa, la prensa italiana e internacional resaltaba la coherencia de la decisión de Benedicto XVI. Su sinceridad al reconocer su cansancio, pedir perdón y marcharse. En una cafetería del Borgo Pío, el barrio de calles estrechas contiguo al Vaticano, un diplomático acreditado ante la Santa Sede pone la atención sobre un aspecto que no deja de ser llamativo: "Si se fija, prácticamente todos los diarios, cada uno con su estilo, dibujan al Papa como una víctima de las luchas de poder el Vaticano. Hace unos meses, o incluso unos años, quienes abordaban el asunto del desgobierno en la Iglesia lo hacían culpando a Ratzinger, a su falta de carácter, a su equivocada manera de elegir a los colaboradores. Está feo utilizar esta palabra refiriéndose a un papa, pero se podría decir que, con su renuncia, Joseph Ratzinger ha ejecutado la venganza perfecta. Él se va, pero con él caen todos los que le amargaron el papado e hicieron ingobernable el Vaticano".
 
Media hora después, en la sede romana de una congregación religiosa con fuerte arraigo en España, un prelado sonríe con la interpretación: "Es algo malvada, propia de un no creyente, inadecuada en un momento que lo único que hay que hacer es acompañar al Santo Padre que se va y prepararnos para recibir al Santo Padre que será elegido dentro de unos días, pero debo decirte que no se aleja de la realidad". Una realidad que, por su propio carácter, solo conoce Joseph Ratzinger y, tal vez, su único hombre de confianza, su secretario personal desde 2003, monseñor Georg Gänswein. La decisión de Benedicto XVI — que quiso dejar muy claro que no era la enfermedad la que lo empujaba a la renuncia, sino su falta de vigor espiritual para seguir manejando la barca de Pedro — puede conducir también al desmontaje de un organigrama de poder cada vez más alejado de las necesidades de los católicos, pero que sigue satisfaciendo la voracidad de la Curia. Cardenales enfrentados entre sí, instituciones religiosas en pugna por obtener privilegios, un secretario de Estado, Tarcisio Bertone, que hace mucho tiempo perdió la confianza de un Papa que, para evitar la piedra de escándalo de la sustitución, decidió sustituirse a sí mismo.
 
Por otra parte, el novelesco asunto de los cuervos — los topos, los traidores— dejó en un segundo plano otro suceso de mucha más importancia para entender que el Vaticano sigue siendo un Estado más oscuro que cualquier otro. En septiembre de 2009, Ratzinger nombró al financiero Ettore Gotti Tedeschi, próximo al Opus Dei y representante del Banco de Santander en Italia desde 1992, presidente del Instituto para las Obras de Religión (IOR), la banca del Vaticano. Según se dijo entonces, el nombramiento suponía un golpe de autoridad de Benedicto XVI, el último intento de poner en orden las finanzas de la Santa Sede, arrojar luz a lo que por definición nunca la tuvo. No hay más que recordar al cardenal estadounidense Paul Marcinkus y el escándalo del banco de Dios en los años setenta y ochenta, cuyo colofón fueron los asesinatos de Roberto Calvi, responsable de la quiebra del Banco Ambrosiano, y del banquero mafioso Michele Sindona, pertenecientes ambos a la logia masónica P2. Aquel septiembre de 2009, Gotti Tedeschi llegó al banco del Vaticano con la intención de limpiarlo, pero antes de que se cumplieran tres años se dio cuenta de que aquel trabajo era, efectivamente, muy peligroso.
 
Tanto que, en la primavera de 2012, Gotti Tedeschi redactó un informe secreto de todo lo que había visto en los últimos meses. Fue descubriendo que, tras algunas cuentas cifradas, se escondía dinero sucio de "políticos, intermediarios, constructores y altos funcionarios del Estado". Pero no solo. Como sostiene la fiscalía de Trapani (Sicilia), también Matteo Messina Denaro, el nuevo jefe de jefes de la Cosa Nostra, tendría su fortuna puesta a buen recaudo en el IOR a través de hombres de paja. Dicen que fue entonces cuando Gotti Tedeschi, quien se había tomado el encargo del Papa como una auténtica misión, empezó a tener miedo. Un miedo que lo llevó a procurarse una escolta y a elaborar, folio a folio, un expediente que solo vería la luz si era asesinado. Un miedo que se acrecentó cuando, coincidiendo con la detención de Paolo Gabriele por la difusión de documentos secretos, Gotti Tedeschi fue destituido al frente del banco del Vaticano. La operación de derribo al amigo del Papa, llevada a cabo por los consejeros del banco y bajo el respaldo del secretario de Estado, monseñor Bertone, incluía un "documento durísimo, que lo demolía moral y profesionalmente al dar a entender que estaba involucrado en la fuga de documentos robados al Papa", según explicó entonces Andrea Tornielli, un periodista experto en asuntos del Vaticano. No se trataba, por tanto, de deshacerse del amigo de Benedicto XVI. Se trataba de destruirlo. De ahí que cuando, por otros motivos, agentes de los Carabinieri se presentaron para practicar un registro en casa de Gotti Tedeschi, el financiero, ya despedido, se llevó un susto de muerte. "Ah, sois policías", les dijo aliviado, "creí que veníais a pegarme un tiro".
 
Los dos escándalos, el del mayordomo infiel y el del banquero despedido, se cerraron en falso. Paoletto recibió una condena simbólica y luego fue indultado, pero en el juicio quedó claro que se trataba de un apaño. Los silencios fueron más elocuentes que las palabras. También Gotti Tedeschi aceptó su despido en silencio, "por amor al Papa", y cuando los fiscales y los periodistas italianos intentaron indagar en el contenido del informe secreto del banquero, una nota del Vaticano los mandó callar. Y callaron, en un país donde los sumarios se airean en tiempo real. Paoletto y Gotti Tedeschi solo son los personajes pintorescos de una historia mucho más cruda, más oscura, la que vio el Papa en Castel Ganfolfo cuando se asomó a la investigación de los cardenales octogenarios.
 
Ese es también el Vaticano que abandona Ratzinger. Una estructura de poder tan anticuada, tan protegida de los cientos de millones de verdaderos católicos por altísimos muros de soberbia, que se ha mostrado incapaz durante décadas de escuchar, por ejemplo, el clamor contra la pederastia, el llanto de las víctimas, la protección infame de los culpables. El sucesor de Benedicto XVI ya sabe que para dirigir la barca de Pedro no solo son necesarias "la oración y las buenas palabras", sino también, o sobre todo, "el vigor tanto del cuerpo como del espíritu". La dimisión de Ratzinger no se puede interpretar por tanto como un acto de rendición. Sino como la única posibilidad de gritar de un hombre que jamás levantó la voz.
 

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Portugal, terra da desigualdade - por Gustavo Cardoso


Público

As próximas linhas não são um plágio mas antes uma proposta de jogo. Esse jogo consiste em adivinhar sobre que país estamos a falar nas frases seguintes.
 
“Nada ilustra melhor o que tem acontecido do que o apuro que vivem os que hoje têm vinte e poucos anos. Em vez de iniciarem uma nova vida, cheia de entusiasmo e esperança, muitos deles confrontam-se com um mundo de ansiedade e medo. Esmagados com o custo dos estudos e empréstimos, que sabem lhes ir custar muito a pagar e que não se reduzirão mesmo que se declarem insolventes, procuram empregos num mercado de trabalho disfuncional. Se tiverem sorte de encontrar um emprego, os salários serão um desapontamento, na maior parte das vezes tão baixos que terão de continuar a viver com os seus pais. Enquanto os pais de cinquenta e tal anos se preocupam com os seus filhos, também se preocupam com o seu próprio futuro. Irão perder a sua casa? Serão obrigados a reformar-se antes do tempo? Será que as suas economias, em grande parte depauperadas pela grande recessão, serão suficientes para continuar a viver? Eles sabem que face à adversidade pode não ser possível voltarem-se para os seus filhos em busca de ajuda. Do governo vêm ainda piores notícias: são discutidos cortes no sistema de saúde, que tornarão o acesso de algum grupos aos cuidados de saúde não suportáveis. Na segurança social, também parece estarmos numa onda de cortes”.
 
A que país nos estaremos a referir? A semelhança é extraordinária com o que se ouve falar nas ruas, transportes e na comunicação social em Portugal. Mas não é Portugal. São os Estados Unidos da América nas palavras de Joseph Stiglitz, prémio Nobel da economia e autor do livro The Price of Inequality publicado no final do ano passado e onde nas páginas 265-266 se encontra escrito o que, em tradução livre, aqui foi reproduzido.
 
Tal como é apresentado no relatório da OCDE, já velho de um ano, Divided We Stand ou se preferirmos, "Divididos Nos Mantemos", a crescente desigualdade é um problema de muitos países, ou melhor, de quase todos os países da OCDE nas últimas duas décadas - honrosa excepção feita ao Brasil.
 
Portugal não escapa a essa tendência e, porventura, merecerá na Europa, dos 24 países sob olhar da OCDE, o epíteto de “Terra da Desigualdade”.
 
A vida em Portugal é tão desigual, entre quem tem mais rendimentos e quem menos possui, que os nossos coeficientes de desigualdade do rendimento disponível nos colocam sempre pior que o Reino Unido (o país mais desigual da Europa do Norte) e logo atrás dos EUA (o país só destronado na desigualdade pela Turquia, México e Chile). Mesmo quando pensamos na desigualdade de rendimentos oriundos do chamado capitalismo popular, ou seja, da suposta “democratização” dos ganhos em bolsa, também aí conseguimos ser tão maus quanto o Reino Unido e ainda piores do que os EUA na concentração de riqueza nos mais ricos.
 
O que assistimos em Portugal, e nos restantes países da OCDE para os quais há dados, são duas décadas de aplicação da regra "Jesse James" (ou pelo menos como foi retratado o famoso fora-da-lei na história do cowboy que dispara mais rápido que a sua sombra, Lucky Luke). Isto é, “roubar muitos pobres equivale a roubar um rico” ou, adaptando esse dizer da BD à nossa análise, para que a concentração de riqueza nuns poucos continue a aumentar é necessário que muitos percam o seu pouco dinheiro. Pois, como sabemos, a evolução do modelo de mercado de capitais tem vindo cada vez mais a aproximar-se da lógica dos casinos em que para alguns ganharem é necessário que muitos percam, num jogo de quase soma nula.
 
No relatório da OCDE Divided We Stand é apontada a razão do crescente aumento da desigualdade nas sociedades estudadas, e também da portuguesa: a razão reside na crescente desigualdade de salários. Os dados sugerem que a desigualdade salarial entre cidadãos assenta no facto de o progresso tecnológico ter tido impacto salarial maior nos trabalhadores com mais competências e escolaridade; que as reformas laborais, introduzindo maior flexibilidade, criaram mais empregos, mas substituíram empregos mais bem pagos por empregos mais mal pagos; que o aumento de trabalho part-time e de contratos precários contribuiu também para maior desigualdade salarial; que as novas famílias tendem a ser constituídas por pessoas com o mesmo nível de rendimentos, em vez de demonstrarem diversidade salarial, criando menor mobilidade social e de rendimento; que os rendimentos oriundos de fora dos salários, nomeadamente os obtidos nos mercados de capitais, aumentaram ainda mais desigualmente do que os com origem em salários, concentrando-se ainda mais em menos pessoas; e que, por último, a redistribuição de rendimento via actuação dos Estados tem sido diminuída em muitos países pelos cortes de benefícios sociais, pelo apertar das regras de acesso e pelas falhas na capacidade da administração de efectuar transferências para quem mais delas necessita – embora em Portugal tais práticas tenham sido temperadas nas duas últimas décadas até à crise de 2008, pelos governos de diferentes cores, as mesmas foram depois aceleradas a partir do acordo com a Troika.
 
Tal como o Portugal de hoje, os Estados Unidos da América deixaram de ser a terra da oportunidade para todos e passaram a ser a terra das oportunidades de uns poucos. Daí que a população norte-americana se tenha manifestado (alguns) e apoiado (a grande maioria) o grito de que nós somos os 99% espoliados pelo 1% dos mais ricos – algo que seria inimaginável nesse país há duas décadas atrás. Como Robert Reich mostra no seu documentário “Desigualdade para Todos”, premiado em Janeiro no festival de Sundance, os desequilíbrios económicos estão agora a um nível histórico sem precedentes. A desigualdade de rendimentos na América só no ano de 1928 foi tão alta como em 2007 – isto é, os anos que antecederam os dois grandes desastres económicos dos dois últimos séculos foram também os mais desiguais de sempre.Em 1978 o trabalhador típico dos EUA ganhava em média anualmente 48,302 dólares enquanto o 1% dos mais ricos ganhava, em média, 393,682 dólares ano. Saltemos para 2010. Há três anos atrás, o mesmo trabalhador típico ganhava o equivalente a 33,751 dólares enquanto o 1% do topo da pirâmide salarial atingia a casa do milhão de dólares – mais concretamente 1,101.089 dólares. Ou seja, quem menos ganhava perdeu cerca de 30% do salário auferido na década de setenta, enquanto os detentores de salários mais elevados mais do que duplicaram o seu salário. Como Reich explica, hoje os 400 americanos mais ricos têm mais riqueza do que 150 milhões de norte-americanos juntos.
 
Mas o que tem a ver connosco, os portugueses, o que se passa nos EUA e no resto da Europa? Eu diria tudo, pois nós não nos limitamos a copiar estilos de vida, práticas de consumo e formas de estudar. Também copiamos formas de organizar a nossa sociedade, o nosso Estado e a forma como gerimos organizações. Para Portugal os Estados Unidos da América, em primeiro lugar, e depois a União Europeia, constituem o nosso benchmarking, ou se preferirmos, numa linguagem mais crua, são aqueles que copiamos. E isso é hoje terrível para nós. Pois estamos entalados entre a cópia de uma sociedade cada vez mais desigual, a americana, e sociedades obcecadas pelos cortes e a submissão de tudo o resto ao “corte” orçamental, ou seja, as sociedades da União Europeia, contribuindo assim ainda mais para aumentar as desigualdades.
 
Na União Europeia, quer na Comissão quer na maioria das práticas governativas nacionais, a grande preocupação é a estabilidade do euro – mesmo para os que estão fora dele. Isso faz com que, por exemplo, se considere que hoje as grandes ameaças à estabilidade dos mercados sejam as generalizadas suspeitas de corrupção em Espanha, que colocam em causa a credibilidade do actual primeiro ministro Rajoy e da restante cúpula directiva do Partido Popular ou a incerteza eleitoral em Itália quanto aos resultados das próximas eleições. Ou seja, estamos a chegar a um ponto onde podemos imaginar que alguém (um funcionário da Comissão ou um representante de um país da União) poderá afirmar em off, a outrém, que há um preço a pagar pela estabilidade do euro e que esse preço será pago em democracia! Pagar-se-á através do fazer de conta que não se liga às suspeitas de corrupção em Espanha, na crença de que é preferível tolerar a corrupção do que colocar em causa a estabilidade do euro, ou que se houver possibilidade de manipulação eleitoral da opinião publica em Itália, tal será desculpável desde que seja para o bem da estabilidade política no resultado de maiorias claras – a bem da estabilidade do euro, é claro. O problema reside no facto de ser precisamente o Estado a única entidade que pode reduzir as desigualdades mas que hoje se auto-limita nesse papel ora com medo da hipotética reacção dos mercados ora por ter adoptado genuinamente, sem ter a noção das suas consequências, práticas de gestão indutoras de desigualdades.
 
Portugal vê-se hoje colhido por este modo de pensar Europeu – por enquanto maioritário – ao mesmo tempo que foi adoptando, ao longo de duas décadas, um modelo de gestão importado das melhores escolas (pois foi oriundo das Business Schools dos EUA e dos seus MBA), causador das piores práticas de gestão (com resultados à vista na viabilidade de muitos dos nossos bancos e empresas) e produzindo a financialização da nossa economia. Ou seja, uma forma de praticar a gestão que implica a necessidade de apresentar sempre altas taxas de remuneração dos investidores que detêm acções das companhias industriais e de serviços. Criando, assim, uma “lógica” que contaminou a grande maioria das práticas de gestão portuguesas. Essa contaminação passa pela necessidade de apresentar não apenas lucros, mas também de optar por os não reinvestir nas empresas para poder pagar sempre altos dividendos aos accionistas.
 
Noutra esfera de decisão, essa contaminação da gestão leva a que se tenha sempre de actuar com o intuito de baixar os custos do trabalho numa lógica anual, podendo para tal tomar duas opções: despedir localmente ou deslocalizar a produção para outras zonas de salários mais baixos – introduzindo a actual crise a legitimação de uma terceira opção, a qual era antes tabu, a baixa de salários.
 
O que é singular nesta descrição é que não se trata de decisões motivadas pela necessidade de viabilidade económica das empresas, mas sim de decisões motivadas pela necessidade de remunerar financeiramente os acionistas em percentagens, senão de dois dígitos, pelo menos bastante acima do valor dos juros bancários. Este triunfo de uma nova moda da gestão, a da Gestão Financeira da Produção, tornou-se também num modelo para a prática política, naquilo que é hoje designado por Democracia de Gestão – por oposição à tradicional Democracia Política. A Democracia de Gestão é, no fim de contas, simplesmente a adopção dos valores da prática da gestão financeira da produção à gestão dos bens públicos e da democracia, algo retratado nas diferentes práticas governativas nacionais na Europa e que levaram à aprovação de um orçamento europeu de cortes – aumentando ainda mais as desigualdades europeias. O mais curioso é que, na maioria dos casos, os próprios actores políticos não têm a consciência de estarem a agir segundo esta lógica.
 
A análise realizada, ao longo dos diferentes scrolls de ecrã que fez até aqui chegar, não é uma declaração de ataque a quem mais ganha ou à diferenciação salarial ou ainda ao empreendedorismo, pois só com diversidade e liberdade há criatividade e inovação e se cria riqueza. Mas também sabemos que quando a desigualdade atinge certos patamares cerceia a capacidade criativa, o empreendedorismo, a democracia e a própria liberdade de negócio. Eu não quero viver num mundo assim, nem creio que a maior parte dos que lerem este artigo o desejem, porque já viveram em mundos melhores, ou porque já experimentaram mundos piores, ou porque simplesmente acreditam na nossa capacidade individual de fazermos coisas fantásticas em conjunto. Perceber que vivemos em “Portugal Terra da Desigualdade” e quais as suas causas são apenas um princípio para darmos juntos o próximo passo na sua resolução - pois mesmo na Europa há outros modelos menos desiguais à espera de serem experimentados (e quem o sugere é o liberal The Economist).

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Governo estuda criação do subsídio de renda para idosos

Nota prévia: De facto, não se compreende o que este Governo pretende fazer do Estado - assumir uma postura liberal, neoliberal ou, ao invés, profundamente interventora socialmente por via da concessão de subsídios!!! E o Gaspar irá nisso?! Fazer ambas as coisas ao mesmo tempo é contraditório e contraproducente. Quer, por um lado, privatizar serviços sociais importantes à comunidade, por outro procura resolver problemas decorrentes de más leis injectando subsídios nos idosos para pagar rendas. E tirados donde?! A confusão é muita, a incoerência gritante, o resto já se sabe... O costume. Isto revela que não apenas a natureza da preparação das pessoas escolhidas para governar foi deficiente, assim como deficiente são as leis e os mecanismos de comunicação (inexistentes) que deveriam preceder a sua aplicação. A barafunda está instalada - também - no sector do arrendamento com os idosos portugueses a anteciparem problemas de saúde por causa de mais este ataque de nervos.



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segunda-feira

The Man Who Killed Osama bin Laden... Is Screwed


The Shooter

The Navy SEAL who killed Osama bin Laden left the military with no pension and no protection for himself or his family.

The Man Who Killed Osama bin Laden... Is Screwed


The Shooter
Published in the March 2013 issue
Phil Bronstein is the former editor of the San Francisco Chronicle and currently serves as executive chairman of the Center for Investigative Reporting. This piece was reported in cooperation with CIR.

The Man Who Killed Osama bin Laden... Is Screwed

For the first time, the Navy SEAL who killed Osama bin Laden tells his story — speaking not just about the raid and the three shots that changed history, but about the personal aftermath for himself and his family. And the startling failure of the United States government to help its most experienced and skilled warriors carry on with their lives.
By Phil Bronstein
The man who shot and killed Osama bin Laden sat in a wicker chair in my backyard, wondering how he was going to feed his wife and kids or pay for their medical care.
 
It was a mild spring day, April 2012, and our small group, including a few of his friends and family, was shielded from the sun by the patchwork shadows of maple trees. But the Shooter was sweating as he talked about his uncertain future, his plans to leave the Navy and SEAL Team 6.
 
He stood up several times with an apologetic gripe about the heat, leaving a perspiration stain on the seat-back cushion. He paced. I didn't know him well enough then to tell whether a glass of his favorite single malt, Lagavulin, was making him less or more edgy.
 
We would end up intimately familiar with each other's lives. We'd have dinners, lots of Scotch. He's played with my kids and my dogs and been a hilarious, engaging gentleman around my wife.
 
In my yard, the Shooter told his story about joining the Navy at nineteen, after a girl broke his heart. To escape, he almost by accident found himself in a Navy recruiter's office. "He asked me what I was going to do with my life. I told him I wanted to be a sniper.
 
"He said, 'Hey, we have snipers.'
"I said, 'Seriously, dude. You do not have snipers in the Navy.' But he brought me into his office and it was a pretty sweet deal. I signed up on a whim."
"That's the reason Al Qaeda has been decimated," he joked, "because she broke my fucking heart."
 
I would come to know about the Shooter's hundreds of combat missions, his twelve long-term SEAL-team deployments, his thirty-plus kills of enemy combatants, often eyeball to eyeball. And we would talk for hours about the mission to get bin Laden and about how, over the celebrated corpse in front of them on a tarp in a hangar in Jalalabad, he had given the magazine from his rifle with all but three lethally spent bullets left in it to the female CIA analyst whose dogged intel work and intuition led the fighters into that night.
 
When I was first around him, as he talked I would always try to imagine the Shooter geared up and a foot away from bin Laden, whose life ended in the next moment with three shots to the center of his forehead. But my mind insisted on rendering the picture like a bad Photoshop job — Mao's head superimposed on the Yangtze, or tourists taking photos with cardboard presidents outside the White House.
 
Bin Laden was, after all, the man CIA director Leon Panetta called "the most infamous terrorist in our time," who devoured inordinate amounts of our collective cultural imagery for more than a decade. The number-one celebrity of evil. And the man in my backyard blew his lights out.
 
ST6 in particular is an enterprise requiring extraordinary teamwork, combined with more kinds of support in the field than any other unit in the history of the U.S. military.
 
Similarly, NASA marshaled thousands of people to put a man on the moon, and history records that Neil Armstrong first set his foot there, not the equally talented Buzz Aldrin.
 
Enough people connected to the SEALs and the bin Laden mission have confirmed for me that the Shooter was the "number two" behind the raid's point man going up the stairs to bin Laden's third-floor residence, and that he is the one who rolled through the bedroom door solo and confronted the surprisingly tall terrorist pushing his youngest wife, Amal, in front of him through the pitch-black room. The Shooter had to raise his gun higher than he expected.
 
The point man is the only one besides the Shooter who could verify the kill shots firsthand, and he did just that to another SEAL I spoke with. But even the point man was not in the room then, having tackled two women into the hallway, a crucial and heroic decision given that everyone living in the house was presumed to be wearing a suicide vest.
 
But a series of confidential conversations, detailed descriptions of mission debriefs, and other evidence make it clear: The Shooter's is the most definitive account of those crucial few seconds, and his account, corroborated by multiple sources, establishes him as the last man to see Osama bin Laden alive. Not in dispute is the fact that others have claimed that they shot bin Laden when he was already dead, and a number of team members apparently did just that.
 
What is much harder to understand is that a man with hundreds of successful war missions, one of the most decorated combat veterans of our age, who capped his career by terminating bin Laden, has no landing pad in civilian life.
 
Back in April, he and some of his SEAL Team 6 colleagues had formed the skeleton of a company to help them transition out of the service. In my yard, he showed everyone his business-card mock-ups. There was only a subtle inside joke reference to their team in the company name.
 
Unlike former SEAL Team 6 member Matt Bissonnette (No Easy Day), they do not rush to write books or step forward publicly, because that violates the code of the "quiet professional." Someone suggested they might sell customized sunglasses and other accessories special operators often invent and use in the field. It strains credulity that for a commando team leader who never got a single one of his men hurt on a mission, sunglasses would be his best option. And it's a simple truth that those who have been most exposed to harrowing danger for the longest time during our recent unending wars now find themselves adrift in civilian life, trying desperately to adjust, often scrambling just to make ends meet.
 
At the time, the Shooter's uncle had reached out to an executive at Electronic Arts, hoping that the company might need help with video-game scenarios once the Shooter retired. But the uncle cannot mention his nephew's distinguishing feature as the one who put down bin Laden.
 
Secrecy is a thick blanket over our Special Forces that inelegantly covers them, technically forever. The twenty-three SEALs who flew into Pakistan that night were directed by their command the day they got back stateside about acting and speaking as though it had never happened.
 
"Right now we are pretty stacked with consultants," the video-game man responded. "Thirty active and recently retired guys" for one game: Medal of Honor Warfighter. In fact, seven active-duty Team 6 SEALs would later be punished for advising EA while still in the Navy and supposedly revealing classified information. (One retired SEAL, a participant in the bin Laden raid, was also involved.)
 
With the focus and precision he's learned, the Shooter waits and watches for the right way to exit, and adapt. Despite his foggy future, his past is deeply impressive. This is a man who is very pleased about his record of service to his country and has earned the respect of his peers.
 
"He's taken monumental risks," says the Shooter's dad, struggling to contain the frustration that roughs the edges of his deep pride in his son. "But he's unable to reap any reward."
 
It's not that there isn't one. The U.S. government put a $25 million bounty on bin Laden that no one is likely to collect. Certainly not the SEALs who went on the mission nor the support and intelligence experts who helped make it all possible. Technology is the key to success in this case more than people, Washington officials have said.
 
The Shooter doesn't care about that. "I'm not religious, but I always felt I was put on the earth to do something specific. After that mission, I knew what it was."
Others also k
new, from the commander-in-chief on down. The bin Laden shooting was a staple of presidential-campaign brags. One big-budget movie, several books, and a whole drawerful of documentaries and TV films have fortified the brave images of the Shooter and his ST6 Red Squadron members.
 
There is commerce attached to the mission, and people are capitalizing. Just not the triggerman. While others collect, he is cautious and careful not to dishonor anyone. His manners come at his own expense.
 
"No one who fights for this country overseas should ever have to fight for a job," Barack Obama said last Veterans' Day, "or a roof over their head, or the care that they have earned when they come home."
 
But the Shooter will discover soon enough that when he leaves after sixteen years in the Navy, his body filled with scar tissue, arthritis, tendonitis, eye damage, and blown disks, here is what he gets from his employer and a grateful nation:
 
Nothing. No pension, no health care, and no protection for himself or his family.
Since Abbottabad, he has trained his children to hide in their bathtub at the first sign of a problem as the safest, most fortified place in their house. His wife is familiar enough with the shotgun on their armoire to use it. She knows to sit on the bed, the weapon's butt braced against the wall, and precisely what angle to shoot out through the bedroom door, if necessary. A knife is also on the dresser should she need a backup.
 
Then there is the "bolt" bag of clothes, food, and other provisions for the family meant to last them two weeks in hiding.
 
"Personally," his wife told me recently, "I feel more threatened by a potential retaliatory terror attack on our community than I did eight years ago," when her husband joined ST6.
 
When the White House identified SEAL Team 6 as those responsible, camera crews swarmed into their Virginia Beach neighborhood, taking shots of the SEALs' homes.
 
After bin Laden's face appeared on their TV in the days after the killing, the Shooter cautioned his older child not to mention the Al Qaeda leader's name ever again "to anybody. It's a bad name, a curse name." His kid started referring to him instead as "Poopyface." It's a story he told affectionately on that April afternoon visit to my home.
 
He loves his kids and tears up only when he talks about saying goodbye to them before each and every deployment. "It's so much easier when they're asleep," he says, "and I can just kiss them, wondering if this is the last time." He's thrilled to show video of his oldest in kick-boxing class. And he calls his wife "the perfect mother."
 
In fact, the couple is officially separated, a common occurrence in ST6. SEAL marriages can be perilous. Husbands and fathers have been mostly away from their families since 9/11. But the Shooter and his wife continue to share a house on very friendly, even loving terms, largely to save money.
 
"We're actually looking into changing my name," the wife says. "Changing the kids' names, taking my husband's name off the house, paying off our cars. Essentially deleting him from our lives, but for safety reasons. We still love each other."
 
When the family asked about any kind of government protection should the Shooter's name come out, they were advised that they could go into a witness-protection-like program.
 
Just as soon as the Department of Defense creates one.
 
"They [SEAL command] told me they could get me a job driving a beer truck in Milwaukee" under an assumed identity. Like Mafia snitches, they would not be able to contact their families or friends. "We'd lose everything."
 
"These guys have millions of dollars' worth of knowledge and training in their heads," says one of the group at my house, a former SEAL and mentor to the Shooter and others looking to make the transition out of what's officially called the Naval Special Warfare Development Group. "All sorts of executive function skills. That shouldn't go to waste."
 
The mentor himself took a familiar route — through Blackwater, then to the CIA, in both organizations as a paramilitary operator in Afghanistan.
 
Private security still seems like the smoothest job path, though many of these guys, including the Shooter, do not want to carry a gun ever again for professional use. The deaths of two contractors in Benghazi, both former SEALs the mentor knew, remind him that the battlefield risks do not go away.
 
By the time the Shooter visited me that first time in April, I had come to know more of the human face of what's called Tier One Special Operations, in addition to the extraordinary skill and icy resolve. It is a privileged, consuming, and concerning look inside one of the most insular clubs on earth.
 
And I understood that he would face a world very different from the supportive one President Obama described at Arlington National Cemetery a few months before.
 
As I watched the Shooter navigate obstacles very different from the ones he faced so expertly in four war zones around the globe, I wondered: Is this how America treats its heroes? The ones President Obama called "the best of the best"? The ones Vice-President Biden called "the finest warriors in the history of the world"?

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A resignação do Papa Bento XVI



Um acto tão nobre quanto consciente, raro na história do Vaticano em que, por regra, os papas ficam agarrados ao poder até à morte. Daqui pode (e deve) resultar uma nova indicação (doutrinária) segundo a qual os papas emergentes deverão ser mais novos, até porque ser idoso não é sinal de maturidade, sagesse ou competência para o delicado exercício do cargo.
- Este será um gesto certamente abençoado por Deus ou pela ideia que cada um de nós fará desse transcendente.

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sábado

Tulipas + Internet = fama



Por natureza, as notícias revelam coisas novas. Mas o fotógrafo amador Normann Szklop está a viver uma supreendente excepção.
 
Há dois anos, entusiasmou-se com o blogue de um piloto particular holandês, Clayhton Pender, e contratou um voo para fotografar campos de tulipas em flor na Holanda – um espectáculo único na Primavera.
 
No dia marcado, 26 de Abril de 2011, os campos do município de Anna Paulowna, cerca de 80 quilómetros a Norte de Amsterdão, estavam pintados com um arco-íris. O piloto baixou o avião Cessna 172 para 700 pés (210 metros), reduziu a velocidade para 70 nós (130 km/h) e Normann Szklop fez as fotos.
 
No mesmo dia, as imagens foram publicadas no site de partilha de fotografias Flickr. E ali ficaram durante dois anos, até serem republicadas em dois blogues de fotografia, no final de Janeiro passado. Foi o ponto de partida para saltarem para incontáveis sites, blogues, jornais e outros meios de comunicação em todo mundo, numa expansão viral que apanhou Normann Szklop de surpresa. “Foi uma loucura. Vários jornais contactaram-me”, conta, numa entrevista por email ao PÚBLICO.
 
“Fiquei mais do que surpreso. Este conjunto de imagens esteve no Flickr durante dois anos”, completa Szklop, que trabalha com tecnologias de informação no Parlamento Europeu, em Bruxelas e na verdade tem a fotografia apenas como um passatempo.
 
Numa série de recortes ou impressões de ecrã enviados pelo informático-fotógrafo ao PÚBLICO, contam-se publicações da Holanda, Estónia, Alemanha, Itália, Bulgária, Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Canadá, México, Coreia do Sul e Brasil.
 
E, já agora, Portugal.

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quarta-feira

Obra completa do Padre António Vieira editada pela primeira vez

EVOCAÇÃO DO IMPERADOR DA LÍNGUA PORTUGUESA, COMO DIRIA F.PESSOA.



Padre António Vieira



 

Pela primeira vez, vai ser editada a obra completa do Padre António Vieira.
A obra tem 30 volumes , mas os primeiros três serão apresentados esta quarta-feira.
 
A TSF falou com os coordenadores da investigação que permitiu, até, encontrar textos inéditos do homem que ficou mais con hecido pelo "Sermão aos Peixes", mas que é muito mais do que isso.

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segunda-feira

Robert Nozick e o famoso Estado-mínimo

 
Num momento em que em Portugal se pensa o papel e dimensão do Estado vale a pena recordar uma obra que fez carreira nas décadas de 80 e 90 do séc. XX, Anarquia, Estado e Utopia. Nozick foi, talvez, o seu principal intérprete e teórico desse neoliberalismo norte-americano que fez carreira nos anos da Administração Reagan, em plena Guerra Fria.
 
Resolutamente hostil a qualquer forma de social-democracia, não lhe custou assimilar o Estado providência a um Estado totalitário, tal o excesso de Nozick. O autor insiste no primado da liberdade individual e do direito de propriedade que lhe constitui o prolongamento. Ora, em Portugal a observação destes princípios pouco valem, porquanto a carga fiscal fonteira o confisco e impede a sua concretização.
 
Deste ponto de vista, Nozick está próximo dos "libertários" ou "anarco-capitalistas", de que se reclamam alguns neoliberais europeus. Mas distingue-se num ponto concreto: o Estado.
 
Nozick, em rigor, admite a necessidade de um "Estado-mínimo" e não considera imoral a existência deste. Na condição, porém, de se limitar a garantir a segurança dos cidadãos.
 
O problema, hoje, é bem mais complexo, na medida em que a segurança do cidadão é atravessada por um conjunto múltiplo de direitos que jamais poderá ser assegurado por esse papel miserável de "guarda-nocturno" que Nozick defendeu para o Estado.
 
Não deixa de ser curioso que, em Portugal, temos um governo que faz balancear as funções do Estado para um binómio paradoxal: por um lado, o Estado quer sair da economia social, desmontar o Estado providência e privatizar a água, os transportes, a educação, a saúde, etc; por outro lado, é o mesmo Estado que nacionaliza o Banif.
 

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