segunda-feira

O Diabo veste Passos Coelho: um PSD sem pilhas no comando



A semana passada foi uma semana negra para Passos Coelho e para o seu PSD, que teima em não saber fazer oposição nem querer pensar numa estratégia para repensar as suas ideias e projectos para Portugal. Nem sequer, como deveria, equaciona fazer um congresso (extraordinário) para fazer emergir as suas elites de modo a gerar a necessária concorrência interna a fim de fomentar a competição saudável entre ideias e agentes da mudança que possam fazer o virar de página. Sim, virar de página - porquanto Passos Coelho está demasiado conotado com os 4 anos de austeridade imposta aos portugueses (2011-15), a qual se traduziu em impostos sobre impostos e mais impostos, provocando mais um milhão de pobres e meio milhão de quadros qualificados que foram convidados a emigrar ocultando, assim, as estatísticas acerca do desemprego em Portugal. 

Mas vamos por partes para avaliar em que termos a semana passada queimou ainda mais o já desconsiderado Passos coelho. Ao tempo da troika, Passos tinha a Europa de Schaubel a seu favor, pois quem não se lembra do sinistro ministro alemão das Finanças organizar pequenas conferências para passear a sua novel caniche: Mª Luís Albuquerque - que ainda acreditava na chamada "saída limpa", ainda que para isso tivesse de varrer para baixo do tapete o problemático caso Banif, que teve de ser resolvido pelo Governo da geringonça uns meses depois daquele cair em desgraça pela nova maioria (parlamentar) aritmética, que então se formara para destituir o delegado da troika em Lisboa: Passos coelho/Vitor gaspar/Mª L. Albuquerque. Cavaco teve de ceder, Portas percebeu que o seu fim na coligação tinha chegado e resolveu ir fazer dinheiro para a privada à custa dos contactos granjeados na esfera política - que passou a alocar ao serviço da Mota Engil, tamanha a sua ética e moral. 

Por outro lado, quem não se lembra de ver passos humilhar o comentador Marcelo, a quem chamou de "cata-vento". Passos fez até um congresso para definir o perfil político do candidato a ser apoiado pelo PSD para Belém, e nesse perfil não encaixava, naturalmente, o prof. Marcelo. Contudo, este conseguiu impor-se ao país sem o apoio de qualquer máquina partidária, e assim saiu o tiro pela culatra ao pobre Passos que caíra em desgraça, já que veria emergir na área do seu próprio partido uma personalidade que teria perfil vencedor e que não precisaria nem do PSD nem do seu presidente para ser eleito. Eis a prova provada de que Passos começara a sucumbir em todas as frentes da política nacional e comunitária.

Passos levou a sua estratégia diabólica a um tal limite que não hesitou em formar governo sem a maioria parlamentar na AR, já que negligenciou a capacidade de entendimento das esquerdas (depois corporizada na famosa geringonça); e mais, foi ao ponto de invocar a ideia de um segundo resgate a Portugal como método para forçar uma crise política, já que seria nela que veria a sua oportunidade de ouro para antecipar eleições e, desse modo, obter a tão desejada maioria absoluta que o salvaria do abismo político em que acabara por cair. Apostou tudo nessa diabólica estratégia mas, mais uma vez, e apesar de formar aquele governo ridículo (empossado pelo igualmente ridículo locatário de Belém/sr. silva), a votação parlamentar da geringonça acabou por matar o sonho da dupla de pantomineiros - Passos & Portas (e cavaco) - que durante quatro anos apenas impuseram a austeridade a Portugal e aos portugueses sem, com isso, conseguir eliminar a pobreza, o desemprego, as falências, a emigração em massa e o mais...

No desespero do desespero, e já na oposição e de face perdida, a "ética" de Passos ainda abre mão das sanções da Europa contra Portugal (como método para a sua salvação política!!). Mais uma vez, o diabólico Passos teve azar: não só o orçamento da geringonça se aprovou (como tem um segundo em vias de ser aprovado); na frente económica, o INE dá conta do crescimento do PIB e da saída da economia nacional do chamado procedimento por défice excessivo - o qual nos imporia as tais multas e promessas de congelamento de fundos, os quais seriam catastróficos para a nossa sustentabilidade. Ora, foi tudo isso que o governo da geringonça ultrapassou, e essa circunstância ajudou ainda mais a soterrar politicamente o pobre Passos Coelho, que hoje mais parece um leão velho e sem pelo a vaguear sem norte por um território que ele já não patrulha.

Nem a capital parece já interessar ao PSD, já que se afigura o apoio a Assunção Cristas/cds para candidata a Lisboa nas próximas eleições autárquicas. Ora, se isto não é o grau ZERO da política do PSD e de Passos Coelho em concreto - não sei o que representará essa falta de planeamento político por parte do maior partido nacional. 

Em suma: mesmo com a novela mexicana da CGD, Passos Coelho parece viver exilado no seu próprio país. E mesmo com a subida dos impostos dos combustíveis contrabalançada com a devolução de rendimentos aos fp´s e pensionistas - a despesa do Estado manteve-se, e tem sido essa sustentabilidade (precária!!) que tem permitido ao Governo da geringonça receber notas sofríveis da agências de notação financeiras e, ao mesmo tempo, obter luz verde da Europa para a continuação dos fundos à economia nacional, agora sob um velho-novo qualificativo de que somos, afinal, o melhor aluno da Europa.

No fundo, parece que a estória se repete, para mal dos nossos pecados. E apesar do alívio momentâneo na economia e nas finanças públicas, tudo o mais arde em lume brando nas divisões mais recônditas da casa dos portugueses.

Uma casa à portuguesa e em que o ex-PM e actual liderzinho da oposição não hesitou em vestir a pele do diabo para se tentar salvar do afundamento a que os portugueses há muito já o votaram. 

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